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New Trends in Qualitative Research

versão On-line ISSN 2184-7770

NTQR vol.18  Oliveira de Azeméis out. 2023  Epub 30-Nov-2023

https://doi.org/10.36367/ntqr.18.2023.e820 

Artigo Original

Confrontando o Desconforto: Uma Análise de Utilização de Grupos Focais em Assuntos Sensíveis

Confronting Discomfort: An Analysis of the Use of Focus Groups in Sensitive Topics

1 Universidade Federal de Alagoas, Brasil


RESUMO

Introdução: A pesquisa qualitativa está intimamente relacionada com as experiências dos indivíduos, destacando-se a metodologia de Grupos Focais (GF) como uma de suas ferramentas. Assim, a abordagem da Síndrome do Intestino Irritável - sob a perspectiva da saúde mental e rebaixamento da qualidade de vida - valida-se como um tema sensível passível de debate através da utilização dos GF, haja vista seu potencial para criar um espaço acolhedor. Objetivo: Analisar a aplicação dos Grupos Focais na abordagem de assuntos sensíveis. Métodos: Trata-se de um estudo de caráter quali-quantitativo transversal que, mediante a pesquisa “Síndrome do Intestino Irritável em Estudantes de Medicina de uma Universidade Pública”, visa compreender a sintomatologia da doença entre os estudantes da instituição através da utilização dos Grupos Focais. Sendo assim, para direcionamento do debate, foram utilizados Grupos Focais, utilizando de perguntas inspiradas na Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD) e no questionário Short-Form 6 (SF-6D), o qual versa sobre a qualidade de vida. Resultados: Os resultados indicam que a pesquisa qualitativa permite a implantação de mais significado aos elementos quantitativos. A adesão à fase qualitativa da pesquisa foi baixa, sendo que muitos participantes desistiram por desconforto de debater hábitos intestinais. Durante as conversas individuais, criou-se um ambiente acolhedor, permitindo que os participantes se sentissem confortáveis em compartilhar detalhes de temas íntimos. Já nos GF, os participantes utilizaram o humor para falar sobre assuntos constrangedores. Os resultados indicam que os distúrbios gastrointestinais afetam a saúde mental e o desempenho acadêmico dos estudantes universitários. Considerações finais: Foi notória a alta significância da metodologia de Grupos Focais on-line, haja vista a obtenção detalhada de de informações sobre as perspectivas dos participantes, as quais são pertinentes ao resultado da pesquisa. Ademais, foi observado o Grupo Focal como um ambiente acolhedor, de partilha de assuntos intimistas e experiências.

Palavras-Chave: Grupo Focal; Pesquisa Qualitativa; Digital; Estudantes; Temas Sensíveis.

ABSTRACT

Introduction: Qualitative research is closely related to individuals' experiences, with the methodology of Focus Groups (FG) standing out as one of its tools. Thus, the approach to Irritable Bowel Syndrome - from the perspective of mental health and decreased quality of life - is validated as a sensitive topic open to debate through the use of FGs, given its potential to create a welcoming space. Goals: To analyze the application of Focus Groups in addressing sensitive subjects. Methods: This is a cross-sectional qualitative-quantitative study that aims to understand the symptomatology of Irritable Bowel Syndrome among medical students of a public university through the use of Focus Groups, as part of the research project "Irritable Bowel Syndrome in Medical Students of a Public University". In order to guide the discussion, Focus Groups were conducted using questions inspired by the Hospital Anxiety and Depression Scale (HADS) and the Short-Form 6 (SF-6D) questionnaire, which assesses quality of life. Results: The results indicate that qualitative research allows for the incorporation of more meaning to quantitative elements. The adherence to the qualitative phase of the research was low, with many participants dropping out due to discomfort in discussing bowel habits. During individual conversations, a welcoming environment was created, allowing participants to feel comfortable in sharing details about intimate topics. In focus groups, participants used humor to discuss embarrassing subjects. The results indicate that gastrointestinal disorders affect the mental health and academic performance of university students. Final considerations: The high significance of the online Focus Group methodology was evident, given the detailed information obtained about the participants' perspectives, which are relevant to the research outcome. Furthermore, the Focus Group was observed as a welcoming environment for sharing intimate topics and experiences

Keywords: Focus Group; Qualitative Research; Digital; Students; Sensitive Topics.

1. Introdução

A pesquisa qualitativa foi desenvolvida baseada na subjetividade das relações sociais, em que as experiências dos indivíduos e suas percepções sobre o meio em que vivem são utilizadas para nortear e embasar a pesquisa. Assim, a construção do conhecimento acerca dos objetivos propostos é realizada conjuntamente entre pesquisador e participante, não partindo de uma teoria específica pré-estabelecida, mas sim a partir das percepções dos sujeitos participantes sobre a pesquisa (Patias & Von Hohendorff, 2019). Dessa forma, a metodologia qualitativa vem sendo aplicada cada vez mais na área da saúde, uma vez que permite o pesquisador compreender a subjetividade dos participantes e incorporar significados aos seus atos, analisando de forma mais humanística o contexto em que estão inseridos e como as relações sociais interferem diretamente na qualidade de vida (Salvador, Alves, Rodrigues & Oliveira, 2020).

Assim, um dos pilares da pesquisa é a metodologia, sendo a responsável por estruturar o trabalho científico e sustentar a investigação, delineando os caminhos para atingir os objetivos propostos. A técnica de Grupo Focal (GF) é uma forma de metodologia qualitativa de coleta de dados, originalmente proposta pelo sociólogo Robert King Merton nos anos 1940 com o objetivo inicial de avaliar as reações da população às propagandas e às transmissões de rádio durante a Segunda Guerra Mundial. Com o passar dos anos, essa técnica foi aprimorada e expandida para outras áreas de pesquisa, ganhando importância nas áreas da saúde, psicologia e ciências sociais. A proposta dessa metodologia é obter informações sobre a vida dos participantes e como cada indivíduo no grupo pode ser influenciado com os relatos dos demais, utilizando um roteiro de perguntas pré-estabelecido com tópicos que guiem para o objetivo da pesquisa. Dessa forma, a finalidade é obter os sentimentos, opiniões e reações a partir das atitudes perante aos questionamentos realizados pelos entrevistadores (Gomes, 2005; Arantes & Deusdará, 2017).

Tradicionalmente, o GF era realizado apenas por entrevista presencial, porém com o desenvolvimento tecnológico esse cenário mudou. Na última década, as plataformas e mídias digitais ganharam espaço como facilitadoras de obtenção de dados, sendo observada principalmente durante a pandemia do SARS-CoV 2, em que se fez necessário a adaptação do mundo físico para o virtual em prol de proteger e minimizar os riscos sanitários envolvendo pesquisadores e participantes. Entrevistas on-line já eram realizadas antes mesmo da pandemia, principalmente por ser um recurso barato e atrativo para os participantes que não se sentem confortáveis em entrevistas presenciais. Vale ressaltar que o nível de conexão entre pesquisador e participante não é perdido ou diminuído nas entrevistas on-line, sendo similar às presenciais quando são utilizados os recursos de áudio e vídeo. Pode-se citar como vantagens dessa nova aplicação metodológica a maior abrangência geográfica, permitindo incluir e trocar experiências entre pessoas de diferentes locais, além da possibilidade em questionar sobre questões sensíveis, uma vez que os participantes não estão face a face com os demais e nem em locais públicos que possam sofrer julgamentos em relação às suas respostas (Palazzi, Schmidt & Piccinini, 2020; Ramos, de Souza, Silva, de Lima Silva & Barbosa, 2021).

Os participantes do GF dialogam durante um determinado tempo sobre um tema específico, porém ao receber os estímulos apropriados dos entrevistadores, passam a aplicar suas experiências pessoais nas respostas, permitindo uma análise mais ampla sobre seus sentimentos e relação com o mundo ao redor. Essa técnica permite o nascimento de ideias a partir da troca de experiências e descobertas entre os relatos e respostas, com novas interpretações e visões acerca de crenças, valores e conceitos presentes no grupo. Nesse sentido, a habilidade do entrevistador em desenvolver perguntas norteadoras reflete em uma vivência de aproximação durante o GF, permitindo uma integração grupal descontraída para que os participantes sintam-se confortáveis em compartilhar sobre o seu cotidiano e temas sensíveis que envolvam sua intimidade. Em suma, essa técnica transforma-se em um elemento de conscientização para os participantes sobre as suas próprias concepções, por meio da escuta ativa dos outros e de si mesmo (Ressel et al., 2008).

Segundo Mével & Tutiaux-Guillon (2013) é definido como tema (ou tópico) sensível toda a temática que carrega emoções, politicamente sensíveis, intelectualmente complexas e importantes para o presente e o futuro em comum. Implica o confronto de valores e interesses, e para um determinado grupo pode tratar-se de um constrangimento quanto ao seu debate e tomada de decisões. Em geral são correlacionados à violação aos direitos humanos, porém não necessariamente envolvem situações de extrema violência, compreendendo também as áreas da saúde. Um bom exemplo enquadra-se na abordagem e debate da saúde mental - como a depressão -, doenças autoimunes como o HIV, além de sinais e sintomas clínicos que envolvem órgãos genitais e reto (Almeida, 2019).

O surgimento de um assunto sensível na área da saúde inicia-se com a estigmatização de uma patologia que geralmente aparece em condições ou doenças associadas a características socialmente indesejáveis, o que resulta em estereótipos e generalizações. Esses rótulos resultam em discriminação contra indivíduos estigmatizados e sua condição médica, muitas vezes levando à piores prognósticos de tratamento e inclusive exclusão social. Os estigmas surgem da discriminação e negatividade que a sociedade atribui às pessoas com determinadas condições médicas, o que acaba sendo internalizado pela própria pessoa afetada. Isso pode levar a consequências negativas para a saúde mental e física, além de prejudicar a qualidade de vida dessas pessoas (Hearn, Whorwhell & Vasant, 2020).

O método de GF é constantemente utilizado para avaliação e pesquisas voltadas à saúde, e demonstra-se como uma forma diferente de conversa acerca das práticas sociais e estilo de vida. É demonstrada uma importante contribuição no uso dos GF para com a abordagem de tópicos sensíveis à sociedade, fomentando o diálogo acerca de limites e a moralidade. Ou seja, infere-se que a utilização de GF - e particularmente quando compreendem uma conversação informal, lúdica e bem humorada entre o facilitador e o pesquisado - são úteis à estratégia metodológica de pesquisa para abordar estranhezas, tabus sociais e padrões éticos (Browne, 2016).

É notório que existem certas limitações quando relacionamos GF e temas sensíveis - pela necessidade da interação entre facilitador e pesquisado -, porém essa “performance” gera novos tipos de dados. Observou-se a possibilidade do desvelamento de emoções e sentimentos relacionados à depressão, e também a diminuição de crises de ansiedade, o que afirma o potencial dos GF como ferramenta científica capaz de promover um espaço acolhedor e revitalizador, propiciando segurança ao debate de temas sensíveis (Ressel et al., 2008).

Somado a isso, como exposto por Junior & da Silva Mesquita (2022), na formação de GF virtuais, muitos participantes se sentem mais confortáveis e desinibidos quando indagados sobre questões íntimas, pois não há o contato pessoal como fator constrangedor.

Com isso, os GF podem ser particularmente úteis no entendimento da experiência de pacientes com Síndrome do Intestino Irritável (SII) - temática abordada na pesquisa “Síndrome do Intestino Irritável em Estudantes de Medicina de uma Universidade Pública” e norteadora do presente artigo. Isso pode ser percebido pois, conforme exposto por Hearn, Whorwhell & Vasant (2020), a compreensão inadequada e falta de familiarização está frequentemente associada à maior estigmatização dos indivíduos com síndrome do intestino irritável, de forma que esses indivíduos são afetados tanto pela internalização de percepções negativas sobre si mesmos, quanto pela falta de compreensão da doença por parte de outras pessoas e inclusive por profissionais de saúde. Dessa forma, compreende-se o motivo do desconforto ao discutir atividades intestinais, uma vez que a natureza pessoal e privada das questões intestinais pode levá-las a se sentirem envergonhadas ou culpadas, dificultando a discussão desses tópicos com estranhos, e validando a importância de maiores discussões e familiarização sobre a temática tendo em vista que isso fundamenta maiores atitudes positivas perante o quadro de SII.

A SII é uma das doenças heterogêneas frequentes relacionadas aos distúrbios gastrointestinais, a qual acomete 5 a 10% da população mundial, e sendo responsável por 12% das consultas assistenciais primárias e 28% das consultas aos gastroenterologistas (Hills et al., 2019; Ribeiro, Alves, Silva-Fonseca & Nemer, 2011). Por se tratar de uma doença crônica, é possível nortear uma melhor promoção da saúde através da abordagem da SII dentro dos GF, mediante a compreensão de como os pacientes lidam com os sintomas e consequências. É importante destacar que pacientes com a SII terão que conviver com uma patologia crônica pouco compreendida pela ciência, o que provoca alterações importantes em eixos cotidianos - tais como alimentar, social e de saúde -, culminando num rebaixamento da sua qualidade de vida.

2. Objetivos

2.1 Objetivo específico

Analisar a aplicação dos Grupos Focais na abordagem de assuntos sensíveis.

2.2 Objetivo específico

Demonstrar a utilização de Grupos Focais On-line.

3. Métodos

Este trabalho foi realizado mediante a pesquisa “Síndrome do Intestino Irritável em Estudantes de Medicina de uma Universidade Pública” feita na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) de modo quanti-qualitativo e transversal, com estudantes do 1º ao 8º período do curso de medicina, o qual visou compreender a sintomatologia da doença entre os estudantes da instituição.

Para tanto foi realizada uma intensa revisão bibliográfica com artigos produzidos entre os anos de 2002 a 2021, nos idiomas inglês e português, a partir das ferramentas de busca PubMed, Scielo e Google Scholar e Periódicos Capes, sendo selecionados aqueles com maior relevância para o estudo acerca da Síndrome do Intestino Irritável - sendo priorizados aqueles publicados na última década, com objetivos e metodologias quali-quantitativas semelhantes e publicados em fontes seguras e de renome.

Ademais, também foi realizada uma busca acadêmica intensa sobre metodologias de pesquisa e Grupos Focais nas Ciências da Saúde, visto a sua eficácia de coleta de dados subjetivos, eficiência em maior quantidade de material e interatividade na construção de reflexões coletivas (Canuto et al., 2021).

Inicialmente, devido à quarentena necessária durante a pandemia de SARS-COV-2, para rastreamento dos estudantes dentro do critério de inclusão, e estabelecimento de um contato inicial, foram utilizados convites compartilhados em grupos no Whatsapp de discentes da instituição, bem como pelos e-mails institucionais contatados pela Coordenação de Medicina. Nessas mensagens explicitava-se a temática da pesquisa, tornando nítidas as nuances que seriam analisadas e possibilitando, no caso daqueles que se disponibilizaram a participar, aplicar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) conforme instituído na Resolução 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) para pesquisas envolvendo seres humanos.

Sob essa conjuntura, embora este artigo tenha como foco a análise qualitativa, destaca-se, conforme descrito por De Jesus Soares (2019), que as abordagens qualitativas e quantitativas não se opõem, e sim complementam-se e fornecem uma base mais sólida de análise da realidade; além disso, as pesquisas qualitativas podem, ainda, servir de arcabouço para validação das análises quantitativas, uma vez que permitem também a incrementação dos estudos. Sendo assim, mencionam-se os questionários utilizados para rastreamento da sintomatologia de SII, além de outros relacionados à ansiedade e depressão e à qualidade de vida, esses dois últimos serviram de base para a montagem de perguntas norteadoras que posteriormente direcionaram as entrevistas individuais e os GF.

Sendo assim, para a análise da presença de sintomas da SII, o trabalho utilizou um questionário baseado na Gastrointestinal Symptom Rating Scale (GSRS), criada para avaliar pacientes com SII e sintomas de doença péptica, que foi traduzida para o português por Souza et al. (2016). O questionário contém 15 questões divididas em 5 domínios que abrangem o sistema gastrointestinal: diarreia, prisão de ventre, dor abdominal, refluxo e indigestão. As respostas são organizadas de forma que “1” indica ausência de sintomas e “7” demonstra o desconforto muito forte, e dessa forma é possível classificar o grau da sintomatologia.

Dessa maneira, o questionário foi aplicado na ferramenta virtual Google Forms e, posteriormente, os discentes foram separados nas categorias “Leve”, “Moderado” e “Severo”, mediante os scores da sintomatologia. Quanto às bases para as entrevistas individuais e GF, para introduzir a discussão sobre ansiedade e depressão utilizou-se como inspiração para as perguntas gatilhos a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD), validada em português por Castro et al. (2006), e para abordar nas conversas a influência na qualidade de vida foi utilizado como inspiração o questionário Short-Form 6 Dimensions (SF-6D), idealizado por Brazier, Roberts & Deverill (2002), faz-se importante dizer que perguntas sobre a autopercepção do desempenho acadêmico também foram levantadas, haja vista a importância dessa abordagem qualitativa no contexto de uma pesquisa realizada em meio estudantil.

A parte essencialmente qualitativa desta pesquisa foi dividida em duas etapas: em primeira instância foram realizadas entrevistas individuais assíncronas por Whatsapp com os discentes que responderam o questionário GSRS e estavam de acordo em dar prosseguimento com as etapas do trabalho. Esta primeira fase foi necessária para saber o que os participantes entendiam por GF, bem como obter informações sobre como se sentiriam em falar sobre temas íntimos (hábitos intestinais, saúde mental e desempenho acadêmico) em grupo e para uma pesquisa. Em relação à etapa de entrevistas individuais, destaca-se que, além da divisão por gravidade da sintomatologia, os entrevistados foram divididos por gênero e nível de gravidade da sintomatologia e os pesquisadores responsáveis pela condução da entrevista possuíam o gênero correspondente, de modo que mulheres foram entrevistadas por pesquisadoras do gênero feminino e os homens, por pesquisadores do gênero masculino. Tal estratégia apoia-se no fato de que as discussões envolveram temáticas sensíveis e pessoais, havendo evidências de que tais assuntos podem ser mais bem abordados no âmbito de pessoas de mesmo gênero, sobretudo no que tange à maior sensação de conforto e confiança entre mulheres (Bailey, Hutter & Hennink, 2020; Tourangeau, Rips & Rasinski., 2000).

Já na segunda fase, em data posterior, foram realizados os GF. Nesse momento, estavam presentes todos os cinco pesquisadores responsáveis, sendo um responsável por mediar a conversa e os outros quatro responsáveis por observar a chamada, realizando gravação de áudio e tela para posterior transcrição da discussão. Para Barbour (2009), é importante que os GF, ainda que apresentem contextos similares de vida ou de atuação, possuam opiniões, atitudes ou comportamentos heterogêneos, haja vista a diversidade de reflexões que cada individualidade-coletiva possibilita. Sendo assim, mediante os scores obtidos no questionário GSRS, foi realizada uma randomização para escolher aqueles que participaram dos GF de cada categoria oriunda da aplicação deste questionário, sendo esses compostos por 4 a 6 participantes visto que, conforme explícito por Junior & da Silva Mesquita (2022), é a quantidade ideal para realização desse método de modo on-line. Além disso, conforme deixa claro o mesmo autor, foi definido um tempo limite de uma hora e meia para as discussões, com o fito de diminuir o cansaço e as distrações, os quais são gerados pelo uso de tela.

É válido salientar que ao abordar tópicos sensíveis ou constrangedores socialmente, como os desta pesquisa, a utilização de GF pode ser considerada um desafio, haja vista o desconforto gerado nos participantes em falar em público. Por isso, para contornar tal embate, faz-se necessário que seja criado um clima acolhedor e receptivo, passando uma imagem profissional, com o fito de obter respostas mais honestas e completas (Morgan, 1996).

Para tanto, o mediador dos diálogos deve, além de manter uma conversa clara e respeitosa, utilizar de técnicas “quebra-gelo”, como atividades lúdicas, jogos ou exercícios de relaxamento (Souza, Wall, Thuler, Lowen & Peres, 2018). Assim, os mediadores utilizaram de experiências próprias para que os participantes se sentissem mais confortáveis.

Em relação a análise das conversas oriundas da pesquisa qualitativa, foi utilizado o CAQDAS (Computer Aided Qualitative Data Analysis Software) IRAMUTEQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires); um software francês, com tradução para o português já reconhecido por sua eficiência. Além disso, a fim de gerar uma melhor compreensão das informações coletadas, foi utilizada a ferramenta da nuvem de palavras. Para tanto, fez-se necessária a leitura do manual do software disponibilizado no site oficial para que esse fosse utilizado de maneira verdadeiramente potencializadora à análise de discurso (Camargo & Justo, 2018).

A nuvem de palavras do IRAMUTEQ é uma ferramenta que permite visualizar de maneira gráfica e intuitiva quais são as palavras mais frequentes em um texto ou conjunto de textos analisados por meio da análise de correspondência. A partir da análise, o IRAMUTEQ gera uma lista de palavras ordenadas por frequência, sendo a nuvem de palavras uma representação gráfica dessa lista, em que as palavras mais frequentes aparecem em maior tamanho e as menos frequentes aparecem em menor tamanho. Esta ferramenta pode ser útil para identificar padrões de frequência de palavras e temas em um conjunto de textos, permitindo uma análise mais visual e rápida do material. Sendo assim, ajuda a gerar hipóteses e interpretações sobre as relações entre as palavras e as categorias temáticas que emergem dos dados. Isso pode fornecer insights valiosos para a pesquisa, ajudando a identificar tendências, padrões e lacunas no corpus analisado. Além disso, a nuvem de palavras pode ajudar a simplificar a complexidade dos dados e a torná-los mais acessíveis e compreensíveis para os pesquisadores e leitores (Santos et al, 2017; Camargo & Justo, 2018; Silva & Ribeiro, 2021).

O IRAMUTEQ é uma ferramenta útil para auxiliar na análise de grandes volumes de dados de forma sistemática e objetiva, mas é importante que o pesquisador esteja familiarizado com os conceitos teóricos e metodológicos por trás das técnicas de análise de texto para garantir uma interpretação adequada dos resultados obtidos (Souza et al, 2018).

Em suma, este artigo se baseia em referências sólidas e importantes para a temática, com o fito de contribuir na geração de ciência e potencializar a metodologia qualitativa no cenário acadêmico das ciências da saúde.

4. Resultados

Primariamente, foram efetuados os convites para a participação na pesquisa através de mensagens de texto utilizando as ferramentas on-line WhatsApp e Google Gmail. Observou-se que o engajamento à pesquisa foi mais elevado para convites realizados por WhatsApp em comparação às respostas obtidas através do Google Gmail.

Supõe-se que tal fenômeno aconteceu pois, conforme exposto por Fonseca, Escola, Carvalho & Loureiro (2019), o perfil do estudante universitário possui média de idade de 21,48 anos, somando-se ao fato de que o público predominante da plataforma corresponde a essa faixa etária - conforme os dados da GlobalWebIndex (2021) -, sendo mais fácil manter-se o contato inicial com o universitário. Considerando-se as respostas aos convites realizados através das duas plataformas, houve um total de 102 respostas à participação no estudo quantitativo.

Em consonância com De Jesus Soares (2019) foi observado que a pesquisa qualitativa em relação a quantitativa permite um olhar diferenciado sobre os dados obtidos ao longo do processo. Nesse sentido, a metodologia de GF permitiu aplicar um olhar profundo em relação aos sentimentos e interações dos participantes com os demais e o meio em que estão inseridos, indo além dos dados lógicos obtidos nos questionários. Dessa forma, observou-se que o método qualitativo permite implantar significados aos elementos quantitativos, promovendo análises mais fidedignas e humanizadas das respostas dos participantes, trabalhando de forma complementar com os dados positivistas.

Quanto à adesão à parte qualitativa da pesquisa, 51 participantes se mostraram dispostos a continuar na fase de entrevista individual, mas apenas 32 desses prosseguiram disponíveis para participar dos GF. Entre os motivos principais para a desistência de quase 69% dos participantes destaca-se, principalmente, o desconforto em falar dos hábitos intestinais em público. Assim, dos 32 participantes da segunda fase qualitativa, 18 foram mulheres e 14 foram homens. Em relação às mulheres, 7 se enquadram na sintomatologia “leve”, 7 na categoria “moderada” e 4 na “severo”. Quanto aos homens, 5 na categoria “leve”, 5 na categoria “moderada” e 3 na “severo”. Para a segunda fase, houve especificamente um sorteio aleatório para escolha de 6 mulheres para o grupo “leve” e 6 mulheres para o “moderado”; tal sorteio ocorreu em virtude do número em cada um desses grupos de sintomatologia ser superior ao limite exposto por Junior & da Silva Mesquita (2022) para GF virtuais.

A primeira fase da pesquisa qualitativa possibilitou criar o primeiro vínculo entre pesquisador e entrevistado, demonstrando a importância de uma escuta atenciosa principalmente para os temas íntimos tratados ao longo da conversa. Como previsto, observou-se que ao realizar perguntas estratégicas e conduzi-las de maneira direcionada aos objetivos propostos, foi possível criar um ambiente acolhedor e permitir que os participantes se sentissem confortáveis em compartilhar com o pesquisador sobre detalhes de temas íntimos do seu cotidiano. Concomitante a isso, realizar essa etapa de forma individual foi essencial para os entrevistados desenvolverem segurança em compartilhar sobre seus sentimentos, bem como sanar suas dúvidas sobre o funcionamento do GF e motivar a adesão na próxima etapa, para que então compartilhem e troquem experiências com os demais do grupo. Porém, vale ressaltar que alguns participantes ao serem indagados sobre saúde mental não se sentiram confortáveis para falar sobre tal. Ademais, outros participantes não possuíam diagnóstico prévio de transtornos emocionais, mas relataram sentimentos de ansiedade, angústia e melancolia relacionados aos períodos de distúrbio gastrointestinal que interferiram diretamente no seu desempenho acadêmico.

Mesmo com o recuo de muitos participantes durante a fase de conversas individuais, foi observado que, durante as reuniões virtuais em grupo, apesar da timidez no início das conversas, após os moderadores iniciarem falando da segurança das informações ali coletadas e relembrar aos participantes que esses não seriam identificados em materiais publicados, houve o início de grandes interações e compartilhamento de experiências. Observou-se, também, que os participantes utilizaram de humor para falar assuntos constrangedores acerca dos seus hábitos intestinais, ficando claro que foi uma ferramenta para superar a vergonha. Quanto aos assuntos de saúde mental e desempenho acadêmico foram percebidas maiores travas para adentrar aos assuntos, entretanto, a partir do momento que algum indivíduo iniciava uma das suas experiências o restante conseguiu relatar suas vivências.

Analisando o grupo da categoria leve, observou-se que o diálogo foi mais curto, em que os participantes compartilharam poucas vivências com os demais, possivelmente por não terem experiências diversas dos questionamentos realizados pelo entrevistador. Já em relação ao grupo das categorias moderado e severo a conversa fluiu consideravelmente por mais tempo, com a troca de vivências distintas, criando um ambiente rico na escuta ativa e crescimento pessoal.

Para aprofundar as possibilidades de análise desta pesquisa, também é necessário destacar as diferenças entre os gêneros feminino e masculino. Nesse sentido, menciona-se, inicialmente, que para todos os graus de sintomatologia - leve, moderada, ou severa -, entre os pesquisados que aceitaram participar da fase de GF, as mulheres foram prevalentes. Nesse contexto, destaca-se que em todos os GF femininos a palavra prevalentemente citada foi “ansiedade” e “atrapalhar” (fig. 1), sendo possível concluir a relação da sintomatologia com o grau de influência na saúde mental e aproveitamento estudantil. Destaca-se, ainda, que a palavra “ansiedade” não foi prevalente entre os discursos do grupo masculino, porém ainda aparente (fig. 2), possibilitando concluir o menor grau de comprometimento - em termos de saúde mental desse grupo - frente à sintomatologia. Além disso, a média de palavras ditas por mulheres dos GF foi superior às mencionadas por homens, validando a relevância de utilizar moderadores do mesmo gênero que os entrevistados nas entrevistas individuais e participantes dos GF, sobretudo no estabelecimento do conforto e confiança para as mulheres, conforme mencionado anteriormente (Bailey, 2020; Tourangeau et al., 2000).

A utilização do software IRAMUTEQ permitiu dinamizar os dados colhidos durante o GF, organizando as informações de acordo com a maior prevalência de cada termo abordado pelos participantes, contribuindo positivamente para enriquecer a análise metodológica proposta pelos pesquisadores. Dessa forma, observou-se uma maior eficiência e direcionamento durante as análises das informações colhidas dos relatos das experiências vivenciadas pelos participantes (Souza et al, 2018).

Figura 1:  Nuvem de palavras do grupo feminino da categoria moderada. Feito pelo IRAMUTEQ. 

Figura 2: Nuvem de palavras do grupo masculino da categoria moderada. Feito pelo IRAMUTEQ. 

5. Considerações Finais

Acerca da experiência dos autores com a utilização de GF on-line e a influência do mesmo no presente estudo, foi notória a alta significância dessa metodologia de coleta de dados. Isso em virtude do GF on-line proporcionar um contato pessoal com o objeto de estudo sem a presença física, a qual poderia envolver limitações no diálogo e na obtenção de informações detalhadas e específicas sobre as experiências e perspectivas dos participantes, as quais demonstraram-se extremamente pertinentes ao resultado da pesquisa.

Portanto, foi observado que os GF não se mostraram um empecilho na construção de diálogos considerados tabus e/ou sensíveis, sendo, na verdade, um local de partilha para assuntos intimistas, no qual os membros se sentiram representados e incentivados a compartilhar seus pensamentos e sugestões, já que não se viram sozinhos em relação ao que passavam. Além disso, a utilização do ambiente virtual não dificultou a interação entre os participantes. Por fim, faz-se necessário aprofundamento dos estudos da área para a progressiva melhoria das metodologias de pesquisa.

6. Referências

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Recebido: 30 de Março de 2023; Aceito: 30 de Setembro de 2023

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