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New Trends in Qualitative Research

versão On-line ISSN 2184-7770

NTQR vol.17  Oliveira de Azeméis out. 2023  Epub 01-Dez-2023

https://doi.org/10.36367/ntqr.17.2023.e881 

Artigo Original

Noções de Bullying Escolar e sua Aproximação com Preconceito: Uma Revisão Integrativa da Literatura Científica

Notions of School Bullying and its Approach to Prejudice: An Integrative Review of the Scientific Literature

Letícia Leite Bessa1 
http://orcid.org/0000-0002-0502-1965

Luciana Maria Maia1 
http://orcid.org/0000-0003-1491-5685

Marília Maia Lincoln Barreira1 
http://orcid.org/0000-0003-0487-5472

1 Universidade de Fortaleza, Brasil


Resumo

Introdução: O bullying escolar é uma problemática social que tem preocupado educadores e pesquisadores. Apesar de existir uma noção tradicional sobre bullying, verificam-se, atualmente, outras compreensões que ampliam ou problematizam a visão hegemônica. Objetivo: compreender os sentidos de bullying presentes nas pesquisas científicas brasileiras que envolvem diferentes áreas de estudo, publicadas nos últimos 5 anos, observando aproximações e distanciamentos com a temática do preconceito. Método: pesquisa qualitativa, de natureza exploratória, por meio de revisão integrativa da literatura científica. Buscou-se artigos disponíveis no SciELO e PubMed usando os descritores Bullying AND Escola. Seguindo critérios de inclusão e exclusão, o corpus da pesquisa foi composto por 21 artigos de língua portuguesa. Resultados: Os estudos, em sua maioria, amparam-se no conceito tradicional de bullying e apenas um problematiza essa compreensão. No que diz respeito à aproximação ou distanciamento entre os conceitos de bullying e preconceito, apareceram três posicionamentos. Em sete artigos não foram observadas aproximações entre os conceitos de bullying e preconceito; em outros sete, a relação entre os conceitos aparece de forma indireta, sem problematização acerca dessa aproximação; por fim, em sete artigos, essa aproximação é explicitada e problematizada. Esses últimos discutem, por exemplo, a maior exposição à vivência de bullying, por parte de estudantes negros, da comunidade LGBT+ e mulheres. A recorrência desses perfis como alvo do bullying expõe a aproximação desse tipo de violência ao preconceito, intolerância e negação da diversidade. Conclusões: O sentido tradicional de bullying se faz presente nas pesquisas, contudo tensionamentos foram observados, como os estudos que aproximam bullying a diferentes expressões de preconceito. A abordagem qualitativa do estudo contribui para uma perspectiva crítica que coloca em evidência o bullying como um problema social e político e abre possibilidades para outras questões de pesquisa e intervenções no contexto do bullying escolar no caminho da transformação social.

Palavras-Chave: Bullying; Escola; Preconceito.

Abstract

Introduction: School bullying is a social problem that has worried educators and researchers. Although there is a traditional notion about bullying, currently there are other understandings that expand or problematize the hegemonic view. Objective: to understand the meanings of bullying in Brazilian scientific research involving different areas of study, published in the last 5 years, observing similarities and differences within the prejudice theme. Method: qualitative research of exploratory nature, through an integrative review of the scientific literature. Articles available in SciELO and PubMed were searched using the descriptors Bullying AND Escola. Following inclusion and exclusion criteria, the research consisted of 21 articles in Portuguese. Results: The majority of studies are based on the traditional concept of bullying and only one problematizes this understanding. Regarding the approximation or distance between the concepts of bullying and prejudice, three positions appeared. In seven articles, approximations between the concepts of bullying and prejudice were not observed; in another seven, the relationship between the concepts appears indirectly, without problematizing this approximation; finally, in seven articles, this approximation is explicit and problematized. The last one discusses, for example, the greater exposure to the experience of bullying by black students, the LGBT+ community and women. The recurrence of these profiles as a target of bullying exposes the approximation of this type of violence to prejudice, intolerance and denial of diversity. Conclusions: The traditional meaning of bullying is present in research, however tensions were observed, such as studies that bring bullying closer to different expressions of prejudice. The studies qualitative approach contributes to a critical perspective that highlights bullying as a social and political problem and opens up to possibilities for other research questions and interventions in the context of school bullying in the path of social transformation.

Keywords: Bullying; School; Prejudice.

1.Introdução

A violência entre pares no contexto escolar é uma problemática social que nas últimas décadas tem alertado educadores e pesquisadores. Dentro desse campo, tem se destacado o fenômeno bullying. Para alguns autores, o bullying é um tipo específico de violência, ou uma subcategoria do comportamento agressivo que, embora não ocorra apenas no espaço escolar, tem nele suas principais expressões (Lopez et al., 2011; Coelho, 2016; Chaves & Souza, 2018).A identificação e conceituação do bullying são atribuídas a Dan Olweus, na década de 1970, na Noruega (8). No Brasil, o tema recebeu bastante interesse a partir dos anos 2000 (Bazzo, 2020). Muitos estudiosos têm se interessado e se preocupado por essa violência no âmbito escolar por considerarem o bullying um grave e complexo problema social (Chaves & Souza, 2018; Batista, 2013). Em termos gerais, o bullying se refere a: a) situações em que são empregadas a violência física e/oupsicológica contra um indivíduo ou grupo, b) de modo repetitivo e intencional, c) em desigualdade de poder entre os envolvidos (Chaves & Souza, 2018; Coelho, 2016; Bazzo, 2020). Além desses três fatores que caracterizam o bullying, um quarto fator seria aausência de motivação evidente como elemento que contempla essa violência (Lopes, 2005). Ou seja, por mais que seja possível identificar aspectos comuns aos estudantes que são vítimas da violência (por exemplo, obesidade), estes não são considerados mobilizadores do bullying (Chaves & Souza, 2018).A definição de Olweus é a mais popular nos textos acadêmicos (Valle & Stelko-Pereira, 2020) e muito difundida entre autores brasileiros. Para essa perspectiva, existe uma dinâmica específica do bullying, nomeadabullying circle, composta de papéis em virtude das atitudes manifestadas por cada pessoa envolvida (Chaves & Souza, 2018). Nesse sentido, há uma categorização a respeito dos papéis de quem pratica (autor/agressor/bully); de quem recebe a violência (alvo/vítima/deal); de quem assiste (testemunha) e de quem tanto pratica quanto recebe a violência (autor/alvo), existindo, ainda, uma subdivisão entre a vítima passiva e a vítima provocadora (Fante, 2005; Silva, 2015; Chaves & Souza, 2018).Além disso, os autores delimitam o provável perfil de quem experimenta esses papéis. Segundo Lopes (2005), o aluno-alvo seria uma pessoa pouco sociável, com baixa autoestima, insegura e que não se reconhece adequada ao grupo; o aluno-agressor teria como característica ser popular e impulsivo, apresentar comportamentos antissociais, considerar sua agressividade como um aspecto positivo, ter opiniões favoráveis acerca de si mesmo, ser geralmente mais forte que seu alvo, apresentar prazer e satisfação em dominar, controlar e causar danos e sofrimentos a outras pessoas.Essa visão iniciada por Olweus, compartilhada por autores e pesquisadores brasileiros, também é bastante disseminada entre os gestores educacionais e educadores. É comum que o bullying apareça nos discursos dos gestores e professores como um fenômeno autoevidente, ou seja, ao se enunciar alguma situação como bullying, parece que tudo já foi dito, cabendo apenas informar quem são os agressores e quem são as vítimas. Dessa forma, os episódios são explicados a partir dosdesvios de estudantes, o que leva a uma despolitização da violência, em que as questões sociais, culturais e institucionais, que atravessam o bullying, são deixadas em segundo plano (Barros & Bessa, 2021).

A problematização feita por Barros e Bessa (2021)abre espaço para o entendimento de que a noção de bullying apresentada até este momento neste artigo é uma visão dominante, mas não unânime e consensual. Existem diferentes visões a respeito de bullying, desde uma perspectiva tradicional/dominante, em queo situa no contexto das relações interpessoais, amparado em características da personalidade, até perspectivas mais críticas que defendem, por exemplo, que o conceito de bullying pertence a uma ciência pragmática que atende à manutenção da ordem social desigual vigente em detrimento da emancipação dos indivíduos (Antunes & Zuin, 2008). Desta forma, problematizar a definição e a classificação do bullying se faz necessário em virtude da importância da compreensão acerca do cerne da violência (Antunes & Zuin,2008). Pesquisadores têm demonstrado atravessamentos macrossociais nos fenômenos de bullying, compreendendo seu entrelaçamento com questões que remetem a violências estruturais e comuns na sociedade contemporânea. Araújo et al. (2021) identificam episódios de bullying LGBTQIA+fóbico presenciados por alunos em contexto universitário. Souza et al. (2015) verificam a aproximação entre os fenômenos bullying e homofobia em âmbito escolar. Gonçalves et al. (2021) falam do racismo e da LGBTfobia como bases para práticas do bullying. Batista (2013) observa preconceito étnico-racial manifesto nos comportamentos de bullying em escola. Batista e Zan (2013, p. 93) analisam bullying no meio educacional relacionando-o às diferenças e discutem a presença de concepções estereotipadas e preconceituosas no que diz respeito às diferenças, quanto aos padrões de beleza, raça, cor, gênero e sexualidade. Costa et al. (2012) discutem sobre o bullying relacionado à obesidade infantil. Seguindo essa perspectiva crítica, o bullying é visto como uma expressão da violência com fatores determinantes. Nesse sentido, autores aproximam sua definição ao conceito de preconceito, principalmente quando se observam os fatores sociais que determinam os grupos-alvo, e os indicativos da função psíquica para aqueles considerados como agressores (Antunes & Zuin, 2008). Para Souza et al. (2020), o bullying é uma expressão de preconceito e a escola reproduz a violência estrutural da sociedade. Elas entendem que os indivíduos alvos de bullying são membros de minorias sociais e situam essa violência como consequência de relações sociais assimétricas. Batista (2013) problematiza o fenômeno bullying relacionando-o às diferenças, que são entendidas, por sua vez, como uma questão política. Para esta autora, avisão hegemônica acerca do bullying ignora o racismo estrutural brasileiro. Chaves e Souza (2018) denunciam possível processo, no contexto escolar, de naturalização do bullying, além de entenderem uma “estreita relação desse fenômeno com o preconceito como reatualizações da barbárie na atualidade” (p. 3). Reis e Carvalho (2017), na mesma direção, entendem que o bullying é a manifestação de preconceitos contra aqueles que escapam dos padrões normativos da sociedade, como acontece no bullying homofóbico, em que quem foge do padrão heteronormativo se torna alvo de violência física e/ou psicológica.Em outra perspectiva, Carapello (2020) distingue a violência do racismo da violência do bullying, mas argumenta que o bullying camufla o racismo. Para a autora, se o bullying, na definição tradicional, não tem uma motivação específica, o racismo, que tem uma origem, um alvo e uma motivação distinta, não é bullying. Contudo, no dia a dia escolar, as situações de racismo não são identificadas desta forma e sim como bullying, o que dificulta seu combate e sua transformação.

Quando o bullying é usado para identificar todas as violências presentes na escola de forma generalizada, corre-se o risco de ser banalizado, de se naturalizar ou menosprezar as suas consequências (Silva et al., 2021).É possível identificar, portanto, uma disputa de sentido nas noções de bullying na literatura contemporânea brasileira. A partir desse panorama, este artigo apresenta uma revisão integrativa da literatura científica, com o objetivo de compreender os sentidos de bullying presentes nas pesquisas científicas brasileiras que envolvem as áreas da saúde, educação e psicologia, nos últimos 5 anos, observando aproximações ou distanciamentos com a temática do preconceito. Importa esclarecer que esse estudo tem como premissa o entendimento de que preconceito, assim como teorizado por Allport (1954), é qualquer atitude aversiva ou hostil direcionada a uma pessoa simplesmente pelo fato dela pertencer a um determinado grupo socialmente desvalorizado.

2.Método

2.1 Tipo de estudo

A pesquisa qualitativa é uma importante estratégia para o estudo das relações sociais e das negociações de sentido presentes nessas relações. Sem se pretender universal, neutra, objetiva ou rígida, a pesquisa qualitativa permite ao pesquisador escrever, compreender e interpretar os fenômenos de forma profunda, reconhecendo seus próprios valores e crenças (Flick, 2009). A pesquisa qualitativa também se caracteriza por ser uma investigação flexível que se constrói ao longo da própria pesquisa (Jungenson, 2012). Além disso, permite construir novos argumentos e desenvolver novas descobertas, o que é extremamente importante para o avanço da ciência (Flick, 2009; Sampiere et al. 2013). A revisão da literatura é um tipo de pesquisa qualitativa e constitui-se uma etapa crucial na pesquisa científica. A revisão fornece um conhecimento profundo sobre o assunto e permite que se reconheçam fatores que são relevantes para o levantamento de problemas de pesquisa, bem como que se identifiquem lacunas que podem ser preenchidas por pesquisas futuras (Sampiere et al. 2013). Desse modo, ao realizar uma revisão da literatura com base em dados qualitativos, é possível explorar questões abordadas e construir argumentos mais sólidos para chegar a conclusões seguras. Isso é fundamental para que novas descobertas sejam possíveis.Entre as diferentes revisões de literatura, a revisão integrativa possibilita, por meio de uma ampla pesquisa literária, a identificação, análise e síntese de resultados de estudos independentes sobre o mesmo assunto, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento de uma temática investigada (Souza et al., 2010). O presente estudo trata, portanto, de uma pesquisa de abordagem qualitativa, de natureza exploratória, por meio de uma revisão integrativa da literatura brasileira acerca dos sentidos de bullying e suas aproximações ou distanciamentos com a temática do preconceito, tendo partido da seguinte questão: quais os sentidos de bullying presentes nas pesquisas científicas brasileiras que envolvem as áreas da saúde, educação e psicologia, nos últimos 5 anos?

2.2 Bases indexadoras e unitermos empregados

O levantamento dos atigos foi realizado nas bases de dados SciELO e PubMed, a partir dos descritores Bullying e Escola, associados ao operador Bullying AND Escola. Embora exista a intenção de correlacionar o termo bullying ao termo preconceito, optou-se por não incluir preconceito como um descritor. O intuito foi permitir uma busca abrangente para, justamente, captar as diferentes noções de bullying presentes nos artigos disponíveis. A escolha por pesquisas científicas mais recentes, entre 2018 e 2022, justifica-se no reconhecimento que, nos últimos anos, a sociedade brasileira, incluindo crianças e adolescentes em idade escolar, vem sofrendo recrudescimento concernente aos casos de violação de direitos, de um modo geral, e de preconceito, de forma mais específica (Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2021); além de achados de pesquisas que indicam relações entre casos de bullying escolar e contextos favoráveis ao preconceito (Souza et al. 2020).

2.3 Critérios de Inclusão e de Exclusão

Os critérios de inclusão adotados foram: estudo qualitativo ou quantitativo original; publicado em formato de artigo em periódicos científicos; realizado no Brasil; texto completo redigido em português; estar dentro do período de 2018 a 2022 e apresentar dados sobre bullying no ambiente escolar. Foram critérios de exclusão: estudos que não respondam à questão norteadora ou que se distanciem do objetivo; artigos de revisão de literatura; artigos que tratam de cyberbullying.

2.4 Procedimento de Coleta de Dados

O levantamento dos dados foi realizado no mês de outubro de 2022 e seguiu as seguintes etapas: busca inicial nas bases de dados SciELO e PubMed a partir dos termos e da combinação definida; aplicação de filtros de acordo com os critérios de inclusão e exclusão; leitura dos títulos e resumos para segunda filtragem em concordância com os critérios estabelecidos; recuperação dos artigos; leitura na íntegra dos artigos que compuseram o corpus deste trabalho; preenchimento de planilha com os tópicos título, autores, ano de publicação, periódico, região de origem do 1º autor, delineamento do estudo, objetivos, participantes, instrumentos, principais resultados, noções/sentidos de bullying, o que aparece relacionado ao preconceito e o que aparece relacionado ao público-alvo do bullying;por fim, discussão dos artigos.

2.5 Análise de Dados

A análise dos artigos se deu em duas etapas: uma inicial em que foram feitas sínteses dos dados objetivos e uma segunda em que os discursos foram analisados por meio da Análise de Discurso Crítica (ADC), situada na tradição qualitativa interpretativista (Magalhães et al., 2017).

Para a ADC, os elementos textuais são artefatos para a compreensão das práticas discursivas e sociais. Assim, intentou-se explicitar as tensões e negociações de sentido dos conceitos de bullying, buscando aprofundamento na relação entre bullying e preconceito, sobretudo no que diz respeito às questões ideológicas e ao acesso desigual ao poder, segundo os preceitos de Fairclough (2001) e Chouliaraki e Fairclough (1999).

3.Descrição e Discussão dos Resultados

O corpus final desta revisão foi composto por 21 artigos, de acordo com as etapas descritas no fluxograma (Figura 1). Os anos de maior evidência foram os de 2018 e 2020, com seis publicações cada. Com relação ao país/região de origem dos autores,apenas um artigo tem seu autor da Espanha, os demais são brasileiros, distribuídos em regiões do país: Norte (n = 1); Nordeste (n = 5); Sul (n = 3); Sudeste (n = 11). A distribuição no país demonstra que a preocupação com o bullying se dá em quase todas as regiões, mas com relativa concentração na região sudeste (52,39%). Ao todo, apareceram 15 periódicos, sendo a maioria com escopo na área da saúde (n = 11), seguido de quatro na área da educação e psicologia. Isso sugere que os estudos que envolvem bullying estão sendo relacionados a uma questão epidemiológica e de saúde coletiva. O periódico que mais apareceu foi o Ciência & Saúde Coletiva, com cinco artigos, seguido pelos periódicos Psicologia Escolar e Educacional e Revista Brasileira de Epidemiologia com dois artigos cada.

Figura 1 Fluxograma de busca, seleção e elegibilidade dos estudos. 

Quanto ao delineamento do estudo, 14 artigos apresentaram pesquisas quantitativas, cinco apresentaram pesquisas qualitativas e dois delineamento misto. No que se refere aos objetivos, sete artigos pretenderam estimar a prevalência de algum indicador relacionado ao fenômeno bullying (Malta et al., 2022; Silva et al., 2021; Malta et al., 2019; Silva et al.,2019; Santos & Faro, 2018; Mota et al., 2018; Mello et al.,2018); quatro tiveram como interesse investigar fatores relacionados à ocorrência de bullying (Russo, 2020; Veloso et al., 2020; Sousa et al., 2019; Silva et al., 2018); quatro investigaram as vivências, autopercepções ou sentidos sobre o bullying entre estudantes (Faria et al., 2022; Oliveira et al.,2018; Santos & Silva,2021; Zamprogno et al., 2020); dois avaliaram as percepções ou atitudes de educadores no contexto de bullying escolar (Mezzalira et al., 2021; Bitencourt et al., 2020); doisinvestigaram os efeitos de alguma intervenção de combate ao bullying (Alencastro et al., 2020; Bottan et al., 2020); um se interessou pelo impacto do bullying no bem-estar subjetivo (Alcantara et al., 2019); e outro pela produção subjetiva do cuidado (Pigozi, 2018). Esses dados mostram a maior presença de estudos quantitativos, que se interessam mais por analisar prevalências e fatores relacionados à ocorrência do fenômeno bullying, totalizando 11 artigos.

3.1 Noções de bullying

Acerca da definição de bullying adotada nos estudos, dos 21 artigos analisados, apenas um não se fundamenta na visão tradicional (Mezzalira et al., 2021). Neste artigo, intitulado “Os desafios e as estratégias da Psicologia Escolar no enfrentamento do bullying”, os autores recorrem, por umviés histórico, ao conceito tradicional, mas esclarecem que esse entendimento tem sido questionado por vários pesquisadores, por representar uma compreensão simplista, de caráter individualista, amparado na culpabilização e vitimização dos envolvidos. Segundo os autores, isso gera equívocos no enfrentamento do bullying escolar, bem como, dificulta o combate às outras formas de violência como a LGBTfobia, misoginia e racismo. Além disso, Mezzalira et al. (2021) dissertam sobre como o bullying escolar tem sido compreendido como um problema pontual, que não reconhece a ligação entre a totalidade social, institucional e individual, ao passo que deve ser entendido como um reflexo das relações sociais, atravessado por causas sociais e individuais que se afetam mutuamente.Pontua-se que o artigo “O corpo no ensino médio: uma análise da percepção corporal dos estudantes do Rio de Janeiro” (Santos & Silva, 2021) é o único que não apresenta uma definição para o que entende por bullying, o que faz parecer que, na percepção dos autores, trata-se de um conceito auto evidente, que não precisa ser explicado para se saber o que é.Os demais 19 artigos conceituam esse tipo de violência fazendo referência aos principais aspectos de definição de bullying a partir de Olweus e seus seguidores, a saber: (a) intencionalidade; (b) repetição e (c) relação desigual de poder. Alguns acrescentam, na definição, a classificação quanto ao modo de violência, se direta ou indireta (Faria et al. 2022; Gomes & Modena, 2022; Zamprogno et al., 2020; Santos & Faro, 2018; Mota et al., 2018; Bottan et al., 2020); quanto à forma de violência, se física, verbal ou psicológica (Silva et al., 2021; Russo, 2020; Zamprogno et al., 2020; Santos & Faro, 2018; Silva et al., 2018; Mota et al., 2018; Bottan etal., 2020); quanto às formas de envolvimento, se na condição de autor, alvo, alvo/autor e testemunha (Sousa et al., 2019; Mota et al., 2018; Mello et al., 2018; Bottan et al., 2020) e quanto à ausência de uma motivação evidente (Faria et al., 2022; Silva et al., 2021; Santos & Faro, 2018).O artigo “Prevalência de bullying e fatores associados em escolares brasileiros, 2015” (Malta et al., 2022), ao conceituar bullying, recorre à Lei brasileira nº 13.185/15, que institui o Programa de Combate à IntimidaçãoSistemática (Bullying).

Acerca dessa Lei é importante pontuar que, por um lado, ela ajuda a chamar atenção da sociedade para a situação da violência dentro do contexto escolar, bem como, a problematizar o que antes era considerado brincadeira, mas que deixava muitas marcas negativas entre os envolvidos. Por outro lado, fortalece a visão do bullying como um fenômeno restrito às relações interpessoais (Chaves & Souza, 2018), em sintonia com a perspectiva dominante, e deixa intacta a influência da sociedade em diversos aspectos que podem contribuir para a emergência dessa prática, como a violência estrutural pautada em diferentes formas de preconceito (Souza et al., 2020), bem como gerada pela individualidade, desigualdade e competitividade, próprias do sistema capitalista neoliberal (Safatle, 2021; Dardot & Laval, 2016). De um modo geral, com exceção de um artigo (Mezzalira et al., 2021), os estudos que compõem o corpus dessa revisão, por mais que façam alguma correlação às questões macrossociais, amparam-se no conceito tradicional de bullying. Segundo Antunes e Zuin (2008), quando a violência (que eles nomeiam de barbárie) passa por um tratamento de classificação e de quantificação, existe uma tentativa de controlá-la. “O conceito de bullying coloca tudo em seu lugar, tenta arrumar e justificar aquilo que fere a ideologia democrática, e acaba por mascarar as tensões e contradições que estão na base da própria barbárie” (Antunes & Zuin, 2008, p. 39-40). Desse modo, esquadrinhar cientificamente o fenômeno do bullying acaba por naturalizá-lo, pois, ao convertê-lo em números e dados estatísticos, deixa de lado a raiz de sua existência (Antunes & Zuin, 2008; Chaves & Souza, 2018). Nesse ponto, pode-se perceber que a literatura científica analisada reforça o discurso hegemônico sobre bullying, situando-o no contexto das relações interpessoais e amparando-o em características da personalidade dos envolvidos. Assim, age ideologicamente na manutenção das desigualdades de poder, uma vez que as ideologias se reproduzem como se fossem uma estratégia natural e válida por aqueles que as elaboram e compartilham (Oliveira, 2015) e que os discursos encontrados, com exceção de Mezzalira et al. (2021), não problematizam os diversos fatores sociais e institucionais que atravessam o bullying escolar.

3.1 Bullying e Preconceito

A respeito das aproximações e distanciamentos entre as noções de bullying e preconceito, foi possível organizar os estudos em três eixos discursivos: ausência dessa relação; relação indireta e sem problematização; relação direta e com problematização. Em sete artigos, entre os selecionados, não foi observada nenhuma aproximação entre bullying e preconceito (Malta et al., 2022; Alcantara et al., 2019; Sousa et al., 2019; Silva et al., 2018; Pigozi, 2018; Bottan et al., 2020; Alencastro et al., 2020). Nos sete artigos que fazem uma relação indireta entre bullying e preconceito, mas que não problematizam essa aproximação, aparecem dados acerca de características que aumentam os riscos para algum estudante tornar-se alvo do bullying. Zamprogno et al. (2020) afirmam que um grupo de risco para bullying tem sido os escolares com dificuldades comunicativas ou transtornos da linguagem. No estudo de Santos e Faro (2018), as meninas foram as vítimas mais frequentes.

Bitencourt et al. (2020) referem-se aos termos obeso e cor da pele como aqueles relacionados às crianças mais suscetíveis a se tornarem vítimas de bullying. Russo (2020) fala da aparência do próprio corpo como um dos principais motivos de ocorrência de bullying e aponta resultados em que as meninas pretas e que os escolares abaixo ou acima do peso apresentam maior probabilidade de vitimização por bullying. A autora esclarece que as questões culturais podem explicar essa relação, contudo não aprofunda essa discussão. Esses quatro trabalhos não discutem a origem dessa violência, nem fazem menção ao racismo, à gordofobia ou ao sexismo, embora os motivos de ocorrência do bullying falem de elementos associados a esses tipos de preconceito. Além desses artigos supracitados, Veloso et al. (2020) falam da relação entre a maior propensão para sofrer bullying o fato de o estudante se considerar como uma pessoa gorda. Na análise desses autores, a dificuldade da vítima em aceitar suas próprias características físicas estaria relacionada à maior probabilidade em sofrer bullying, o que chama atenção por parecer culpabilizar a vítima. E, em outra situação, os autores Silva et al. (2021) fazemrelação entre preconceito e bullying apenas para o caso de o agressor ter sido discriminado com relação à cor da pele ou à orientação sexual ou à aparência física.De um modo geral, os resultados desse segundo posicionamento discursivo, ao indicarem fatores associados ao risco de sofrer bullying, tensionama versão de Olweus acerca da ausência de motivos para esse tipo de violência. O “bullying, tal como conceituado, não é, de maneira alguma, uma simples manifestação da violência sem qualquer fator determinante” (Antunes & Zuin, 2008, p. 36). Se fatores estão presentes, não basta mencioná-los. Eles devem ser analisados, problematizados e interpretados (Antunes & Zuin, 2008). Por fim, sete artigos reconhecem a relação direta entre bullying e preconceito, além de problematizarem essa relação. Faria et al. (2022) discutem sobre os riscos que a comunidade LGBT+ sofre por ser recorrentemente alvo de bullying. Mezzalira et al. (2021) dissertam sobre as reflexões da equipe escolar acerca das perseguições constantes e repetitivas em interligação com o preconceito presente na escola. Os educadores chegam a questionar: “haveria bullying em uma sociedade em que não houvesse preconceito?" (Mezzalira et al., 2021, p. 3). Mota et al. (2018) discutem sobre a predominânciade adolescentes mulheres como vítima e de homens como agressores a partir da desigualdade de gênero que forma a identidade masculina e feminina no Brasil. Os autores também problematizam, a partir do racismo institucional, a maior exposição dos estudantesde raça negra à vivência de bullying. Já Mello et al. (2018, p. 11) asseveram que “o bullying é expressão de preconceito, da intolerância, a negação da diversidade”, sendo, portanto, o reflexo dos contextos sociais de exclusão em que os estudantes estão inseridos, como a família, a escola e a sociedade. E Malta et al. (2022), ao analisarem que, na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), o relato de sofrer bullying foi mais frequente entre as meninas, discutem sobre a masculinidade hegemônica presente no contexto escolar brasileiro. Oliveira et al. (2018) falam da importância de os programas de prevenção e intervenção escutarem os sentidos atribuídos ao bullying por parte dos estudantes. No ínterim da pesquisa, esses autores percebem que há uma ampliação do conceito de bullying, por parte dos adolescentes participantes, ao se referirem explicitamente às situações de preconceito e discriminação.

Por fim, Silva et al. (2019) levantam a possibilidade de as características multiculturais e étnico-raciais do território brasileiro corroborarem para as diferenças entre as regiões geográficas e servirem de marcadores de vulnerabilidade para a ocorrência do bullying entre pares. “Nesse sentido, a desigualdade e a diversidade, as formas de convivência e (re)construção das relações se materializam na violência, exclusão e segregação do próximo ou daquele diferente de si." (Silva et al., 2019, p. 7). Diante dos dados que apontaram que os meninos praticam mais bullying do que as meninas, os autores levantam também apossibilidade de isso ser justificado pelas exigências culturais relacionadas à imagem da masculinidade hegemônica dessa sociedade.Os discursos desses últimos artigos desnaturalizam a visão hegemônica do bullying, ao relacionarem esse tipo de violência às problemáticas sociais, características da sociedade brasileira também presentes no cotidiano escolar, tais como desigualdade de gênero, racismo e lgbtfobia. Ao colocarem luz nas questões sociais, culturais e institucionais associadas ao bullying, esses estudos entram na disputa discursiva (Chouliaraki & Fairclough, 1999) acercados sentidos de bullying e explicitam o caráter político desse tipo de violência.

4.Considerações Finais

A presente revisão integrativa, de cunho qualitativo, pretendeu compreender os sentidos de bullying presentes nas pesquisas brasileiras que envolvem as áreas da saúde, educação e psicologia publicadas entre 2018 e 2022, identificando aproximações ou distanciamentos com a temática do preconceito. Para tanto, pretendeu capturar as definições de bullying e a relação entre bullying e preconceito nos 21 artigos que compuseram o corpus dessa revisão. Os estudos analisados, com exceção de um, amparam-se no conceito tradicional de bullying. Já com relação à aproximação ou distanciamento do conceito de bullying ao de preconceito, apareceram artigos que não fazem essa aproximação, outros que aproximam, mas de forma indireta e sem problematização e ainda artigos que fazem explicitamente essa aproximação, problematizando o bullying escolar a partir de uma visão contextualizada com as questões macrossociais. Esses últimos tensionam os sentidos tradicionais de bullying, abrindo possibilidades para novas reflexões com educadores e pesquisadores acerca desse tipo de violência, considerando as dimensões sociais, culturais e institucionais que o atravessam, bem como convocando a escola para que repense as estratégias voltadas para o seu enfrentamento.Entende-se como limitação dessa pesquisa o não aprofundamento com relação ao que os estudos que fizeram menção ao preconceito entendem acerca desse termo, uma vez que foram percebidas diferentes apropriações teóricas ao seu respeito. Outra limitação foi a quantidade de base de dados pesquisada, sinalizando, portanto, abertura para estudos futuros que ampliem essas bases, bem como que incluam outros descritores, contemplando também estudos realizados em outros países.Embora façamos essas considerações, esta revisão integrativa da literatura contribuiu com um conhecimento aprofundado e crítico sobre a relação entre bullyinge preconceito, destacando fatores essenciais na análise e aproximação desses construtos teóricos.

Defendemos que, a partir dos achados apresentados, estudos futuros possam contribuir para preencher lacunas ainda existentes nesse campo de investigação, fornecendo argumentos mais sólidos e conclusões mais precisas que contribuam para a evolução do conhecimento sobre o bullying. Por fim, ressaltamos que o uso da abordagem qualitativa neste trabalho contribuiu para uma perspectiva crítica que coloca em evidência o bullying como um problema social e político, abrindo possibilidades para outras questões de pesquisa e intervenções no contexto do bullying escolar no caminho da transformação social.

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Recebido: 30 de Março de 2023; Aceito: 30 de Setembro de 2023

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