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New Trends in Qualitative Research

versão On-line ISSN 2184-7770

NTQR vol.15  Oliveira de Azeméis dez. 2022  Epub 07-Mar-2023

https://doi.org/10.36367/ntqr.15.2022.e747 

Artigos Originais

Mapeamento e reflexões sobre o uso da análise de conteúdo na SciELO-Brasil (2002-2019)

Mapping and reflections on the use of content analysis in SciELO-Brazil (2002-2019)

Rafael Cardoso Sampaio1 
http://orcid.org/0000-0001-5176-173X

Diógenes Lycarião2 
http://orcid.org/0000-0002-8924-7442

Adriano Codato1 
http://orcid.org/0000-0002-5015-4273

Djiovanni Jonas França Marioto1 
http://orcid.org/0000-0002-6485-5927

Maiane Bittencourt1 
http://orcid.org/0000-0001-5591-9143

Bruno Nichols1 
http://orcid.org/0000-0002-8103-5066

Cristiane Sinimbu Sanchez1 
http://orcid.org/0000-0002-0247-3579

1 Universidade Federal do Paraná (UFPR), Brasil

2 Universidade Federal do Ceará (UFC), Brasil


Resumo

A análise de conteúdo (AC) é uma das principais técnicas de análise de dados qualitativos nas ciências da vida e nas humanidades e tem sido aperfeiçoada há décadas visando elevar o seu rigor científico. Buscando-se verificar a situação da produção acadêmica nacional, apresentamos uma revisão cientométrica de 3.484 artigos que utilizam AC, publicados entre 2002-19 na SciELO Brasil. Fez-se uma análise de redes de cocitação e de acoplamento bibliográfico através do VOSviewer e uma avaliação das referências mais frequentes. O colégio de ciências da vida aparece em primeiro lugar na utilização da técnica, seguido pelo colégio de humanidades. Os resultados demonstraram predominância do manual de Bardin em ambos, confirmando achados anteriores, mas em uma escala de artigos, amplitude temporal e diversidade disciplinar inéditas. A concentração observada evidencia descompasso entre o avanço da literatura especializada e seu uso pela comunidade científica brasileira.

Palavras-chave: Análise de conteúdo; Revisão cientométrica; Métodos qualitativos; Métodos quantitativos

Abstract

Content analysis (CA) is one of the main qualitative data analysis techniques in life sciences and humanities and for decades has been improved aiming to increase its scientific rigor. To verify the Brazilian scientific literature, we present a scientometric review of 3,484 articles that use CA, published between 2002-19 in SciELO Brazil. We conducted a cocitation network analysis and bibliographic coupling through the VOSviewer, and also an evaluation of the most frequent references. The college of life sciences appears in first place in the use of the technique, followed by the college of humanities. The results showed a predominance of Bardin’s manual in all academic fields and years observed, corroborating previous findings on an unprecedented scale. The concentration observed is evidence of a pronounced mismatch between the improvement of the specialized literature and its use by the Brazilian scientific community.

Keywords: Content analysis; Scientometric review; Qualitative methods; Quantitative methods

1.Introdução

A pandemia da Covid 19 gerou uma enorme quantidade de documentos de todas as naturezas, como atas, relatórios, ofícios, memorandos, comunicados, prontuários, documentos clínicos, ambulatoriais e hospitalares; leis e regulamentações (projetos de leis, decretos, regulamentos, instruções normativas, resoluções, portarias, medidas provisórias, etc), materiais acadêmicos (papers, artigos, monografias, dissertações, teses e livros), material midiático (jornais, revistas, boletins, rádio) para não mencionar todo tipo de mensagens, vídeos e imagens em redes sociais e materiais gerados por pesquisadores. Diante da importância de análises sofisticadas de tais conteúdos, questiona-se o estado da arte da análise de conteúdo no Brasil.

A análise de conteúdo é uma das principais técnicas de pesquisa científica para análise de dados qualitativos, vulgo para uma sistematização e uma interpretação de conteúdos de diferentes naturezas (verbais, visuais, escritos). Dada sua alta flexibilidade e capacidade de adaptação às necessidades do pesquisador, a AC apresenta extensa capilaridade na pesquisa brasileira e é usada nas mais diversas áreas de ciências da vida, notadamente, em educação física, enfermagem, e saúde coletiva, como também de humanidades, a exemplo de administração, ciência política, comunicação, educação, psicologia, sociologia, dentre outros.

Essa notável difusão pela ciência brasileira levou diversos pesquisadores a investigarem o uso da técnica em suas áreas de atuação. A grosso modo, artigos bibliométricos que examinaram a aplicação da análise de conteúdo no Brasil identificaram uma predominância de Laurence Bardin (2016) como a principal autora empregada e concluíram que a maior parte das aplicações de AC é incompleta e/ou de baixa qualidade e rigor científico (Alves, 2011; Bastos et al., 2019; Gomes et al., 2020; Martinez & Pessoni, 2015; Nascimento et al., 2019; Quadros et al., 2014; Seramim & Walter, 2017; Silva et al., 2017). Entretanto, em nossa avaliação, a maioria destes estudos apresentou um N baixo de artigos analisados e frequentemente voltados para uma única área de pesquisa1.

Então, respondendo a duas demandas suscitadas por Vergara (2011), acreditamos que seja importante fazer um levantamento compreensivo da utilização da técnica e esclarecer quais são as controvérsias em torno da obra de Bardin, que frequentemente são ignoradas pela literatura. Desta forma, buscou-se responder: como se organiza a produção científica brasileira que faz uso da análise de conteúdo em termos de autores, periódicos e citações e qual é exatamente a proporção da predominância de Bardin na literatura brasileira? Para tanto, fizemos uma revisão cientométrica de toda a produção disponível na base SciELO Brasil pela Web of Science (n=3.484), de 2002 a 2019, e de uma análise de redes de cocitação e acoplamento bibliográfico de periódicos e obras nos colégios da ciência da vida e das humanidades (conforme classificação da CAPES) com apoio dos softwares Microsoft Excel, IBM SPSS e VOSviewer.

E, atendendo à segunda demanda de Vergara (2011), pela análise de cocitação, corroboramos outros estudos demonstrando que Bardin realmente é sobre presente na pesquisa brasileira que utiliza AC, ilustrando em que medida isso ocorre em termos de clusters de cocitações nos dois colégios estudados. Considerando que a técnica tem alcançado um crescente rigor científico com o desenvolvimento de diversos procedimentos que não se encontram no manual de Bardin (2016), refletimos, ainda, sobre a proeminência da autora ao questionar se tais aperfeiçoamentos têm sido incorporados pela produção científica brasileira.

2.Métodos

Diferentemente das revisões de literatura (escopo, integrativa, sistemática), as revisões cientométricas bibliográficas geralmente lidam apenas com os metadados dos materiais acadêmicos (título, resumo, palavras-chave, título do periódico, ano de publicação, autores, instituições e países dos autores, citações e referências citadas). A simples agregação de tais dados já facilita a apreensão dos principais atores acadêmicos (autores, instituições, países e periódicos mais relevantes), porém o cruzamento entre tais metadados permite compreender a organização de tais atores do campo acadêmico ou mesmo dos objetos e temáticas de pesquisa, através da análise de coocorrência de palavras-chave, do acoplamento bibliográfico de fontes ou citações, e da citação e cocitação de autores, fontes e periódicos por exemplo (Eck & Waltman, 2010; Grácio, 2020).

A fonte de dados desta pesquisa foi a SciELO Citation Index, indexada na Web of Science (WoS). A opção por essa base se deu pelos critérios exigidos para que um periódico seja indexado na coleção. A seleção por pares especializados e sua periodicidade de publicação é um dos critérios que configuram a maior confiança em utilizar seus dados, o que geralmente possibilita que os artigos mais qualificados de cada área sejam publicizados.

Conforme os estudos já apresentados, o uso exclusivo da expressão “análise de conteúdo” parece ser suficiente para detectar a utilização da técnica, especialmente no campo “tópico” no mecanismo de busca da WoS, que considera título, resumo e palavras-chave, todavia optamos por também incluir a expressão “análise do conteúdo”. Após essa primeira classificação, aplicamos os filtros da Web of Science research article e SciELO Brasil, Brazil entre 2002 e 2019, gerando 3.718 referências. A coleta foi realizada em 29 de novembro de 2020. A limpeza de referências duplicatas foi realizada no Excel e no SPSS em duas etapas.

Inicialmente, as duplicatas foram eliminadas pela checagem do DOI (Digital Object Identifier) ou título repetidos, representando a exclusão de 190 referências, restando o subtotal de 3.528 casos. Finalmente, todos os títulos e resumos foram lidos e 44 referências foram descartadas após conferência manual dos autores por não tratarem da técnica de pesquisa Análise de Conteúdo. Portanto, ao final do processo de limpeza do banco de dados, o N válido passou a ser composto por 3.484 referências.

Um processo de classificação externa desses dados foi aplicado na própria base da WoS. Ao utilizar as áreas de classificação da CAPES, filtramos as áreas que a SciELO Brasil oferece para aplicar o método comparativo. O primeiro colégio (colégio de ciências da vida) contou com 2.087 artigos (59.9%)2. O segundo (colégio de humanidades) com 1.211 (34.8%)3 e o último (colégio de ciências exatas, tecnológicas e multidisciplinares) com 186 (5.3%)4. Quando um filtro do WoS apareceu em mais de um dos colégios, aplicamos o critério Qualis-mãe como desempate, em que o maior número de estudos de um colégio foi o que obteve a classificação. Dessa forma, a classificação pelos colégios da CAPES possibilitou compreender as diferenças entre os dois primeiros colégios, enquanto o terceiro não foi analisado pelo baixo número relativo de artigos presentes.

Esses dados foram analisados no Excel e no SPSS para avaliar frequência e no VOSviewer versão 1.6.16 para análises bibliométricas (Eck & Waltman, 2010). Verificamos ano de publicação dos artigos, periódicos, autores, instituições dos autores e citações. Também utilizamos três mapeamentos bibliográficos, nomeadamente: (1) cited sources citation network, para verificar os periódicos com maior presença entre os documentos e suas redes de organização; (2) cited references co-citation network, para perceber quais as obras mais cocitadas nos artigos, e (3) bibliographic coupling, para compreender a organização dos principais periódicos de publicação de análise de conteúdo.

Como se trata de artigos sobre os mais diversos temas e objetos, a única conexão entre eles é assumidamente o uso da análise de conteúdo. Portanto, as referências mais cocitadas tendem a ser aquelas conectadas à aplicação da técnica. Conforme Grácio (2020), a cocitação identifica a ligação ou semelhança de dois documentos citados pela frequência de ocorrência conjunta em uma lista de referências posterior de autores citantes. Portanto, se dois autores ou documentos são citados juntos, em pesquisa posterior, há proximidade conceitual, temática ou metodológica entre os citados na avaliação do autor citante, sendo provável que estejam relacionados em termos de conteúdo. Por sua vez, para a visualização da organização do campo em termos de periódicos optamos pelo acoplamento bibliográfico entre artigos, ele ocorre quando dois ou mais artigos referenciam ao menos uma publicação em comum. “No método de Acoplamento Bibliográfico, parte-se da hipótese de que se dois artigos fazem referência a uma mesma fonte, eles apresentam proximidade teórica e/ou metodológica” (Grácio, 2020, p. 91).

3.Resultados

Ao realizar a classificação dos artigos transformando as áreas da Web of Science para a classificação das áreas da CAPES, vimos que, na verdade, colégio de ciências da vida (n=2.087) aparece em primeiro lugar, seguido pelo colégio de humanidades (n= 1.211) e de ciências exatas, tecnológicas e multidisciplinares (n=186). A figura 1 mostra a trajetória longitudinal das publicações sobre AC no Brasil, bem como as 10 revistas mais populares nos dois colégios analisados. Através dos dados, é possível evidenciar o crescimento constante das publicações brasileiras envolvendo análise de conteúdo, denotando as diferenças entre os colégios analisados.

Figura 1: Distribuição anual das publicações por colégios. 

Fonte: Scielo via WoS.

A figura 2 contém os dados sobre as 10 revistas mais populares estratificadas para os colégios ciências da vida e humanidades, respectivamente. A análise dos dados permite a conclusão de que há notável destaque aos periódicos de Enfermagem, com proeminência para Revista Brasileira de Enfermagem, Texto & Contexto - Enfermagem, Escola Anna Nery, Revista Gaúcha de Enfermagem e Revista da Escola de Enfermagem da USP, respectivamente. A Revista Interface aparece como destaque na área com 89 artigos.

Figura 2: Principais revistas de ciências da vida e humanidades a publicar artigos de AC. 

Fonte: Scielo via Wos, elaborado pelos autores.

Comparado ao colégio de ciências da vida, as cinco revistas mais populares do colégio de humanidades apresentam, significativamente, menor número de publicações. É patente que quatro dos cinco principais periódicos de humanidades a publicar pesquisas com análise de conteúdo são revistas de Psicologia, nomeadamente, Psicologia: Ciência e Profissão, Psicologia: Teoria e Pesquisa, Psicologia, Sociedade e Estudos de Psicologia (Campinas), além da revista Psico-USF no top 10 do colégio. Em seguida, em termos de área, a Administração seria a segunda mais vista em humanidades, apresentando três periódicos (Revista de Administração Contemporânea, Cadernos Ebape.br e Revista de Administração Mackenzie), seguida por Educação, representada pelas revistas Trabalho, Educação e Saúde e Ciência, Educação.

A primeira análise se deu pela verificação do acoplamento bibliográfico de fontes citadas nos artigos, gerada pelo VOSviewer, que evidencia (ver Figura 3) a já denotada prevalência de periódicos de Enfermagem e Saúde Coletiva no colégio de ciências da vida e de Psicologia e Administração nas Humanidades.

Figura 3: Grafo da rede de acoplamento bibliográfico de periódicos gerado no VOSviewer. 

Nota: Para termos de replicabilidade, usamos: type of analysis: bibliographic coupling, unity of analysis: sources, número mínimo de documentos: 5, número mínimo de citações 10, o que gerou 72 fontes com conexão entre si. O método de normalização escolhido foi o LinLog/Modurality, attraction: 2, repulsion: 1, weights: documents.

Conforme o software, formam-se três clusters principais. O cluster vermelho é formado por 25 itens e apresenta bastante homogeneidade, sendo basicamente composto por revistas de enfermagem, saúde coletiva e temáticas diversas na saúde. O cluster verde também conta com 25 itens e é formado essencialmente por revistas de ciências sociais aplicadas, notadamente de Educação (N=4), Administração e Contabilidade (N=12), e aquelas voltadas ao estudo de Políticas Públicas (=2), especialmente do ponto de vista da Educação Física (N=5), além de duas revistas de Ciência da Informação e Comunicação. E cluster azul é formado por 22 itens, ficando entre revistas de temas diversos de saúde (N=3), enfermagem (N=3), educação (n=3) e notadamente Psicologia (N=14).

Por sua vez, a Figura 4 evidencia as referências mais cocitadas nos colégios de ciências da vida e humanidades, respectivamente, baseados em arquivos de textos divididos por cada colégio conforme a divisão já especificada na sessão anterior. Para permitir um número aproximado de referências em ambos os mapas, usamos número mínimo de citações de uma referência citada como 15 no colégio de ciências da vida, o que gerou 63 referências, sendo que mantivemos apenas referências a livros, capítulos, papers e artigos5. Para o colégio de humanidades, a única diferença para a geração do mapa foi no número mínimo de citações de uma referência citada: 10, o que gerou 67 referências, que tiveram os mesmos critérios de descarte.

Figura 4: Grafo da rede de cocitações de Ciências da vida (15 citações). 

Nota: Para termos de replicabilidade, type of analysis: co-citation, unity of analysis: cited references, counting method: full counting, método de normalização LinLog/Modurality, Para attraction: 2, repulsion: 0 e weights: citations.

Fica notável, pelos grafos, que as várias edições de Bardin são vastamente utilizadas nas áreas dos dois colégios. No colégio de ciências da vida, formam-se três clusters principais. No cluster vermelho, de 19 itens, quatro são versões de manuais de Bardin (2006, 2010, 2011, 2016), outras três de versões do manual de análise qualitativa de saúde de Minayo (2014) (além de outros três textos da autora), complementadas por ligações com Campos, Fontanella et al., Oliveira, Mendes Turato. O cluster verde apresenta 17 itens, sendo quatro referências ao manual de Bardin (2002, 2004, 2008, 2009) e três ao manual de Minayo, completadas por citações a Campos, Ceccim, Machado, Mattos, Merhy, Moscovici, Peduzzi, Starfield e Yin. No cluster azul, o mais concentrado, temos 16 itens, sendo cinco as referências a edições da obra de Bardin (1977, 1979, 1995, 1997, 2000) e outras cinco para Minayo, seguidas de Ludke, Moscovici, Triviños, Turato, Polit e Hugler.

Por sua vez, analisamos as cocitações nas humanidades, (ver figura 5), no qual temos cinco clusters principais: o vermelho mais amplo conta com 13 itens, sendo quatro edições de Bardin (1995, 2008, 2009 e 2011), duas edições do manual de Minayo e referências a textos de Barney, Creswell, Fontanella et al., Gibbs, Gil, Moraes e Yin. O cluster verde, formado por 12 referências, conta com cinco edições de Bardin (1979, 1994, 2000, 2002, 2010), duas edições de Minayo e textos de Bauer, Bogdan, Franco, Ludke, Moscovici e Sá. O cluster azul é composto por 9 elementos, com uma edição de Bardin (2006) e uma de Minayo, complementado por Creswell, Flick, Godoy, Richardson, Triviños, Vergara e Yin. Enquanto o cluster amarelo, composto por sete itens, apresenta apenas uma versão do manual de Bardin (1977) e uma versão de Minayo, completado por textos de Brazelton, Gil, Laville e Dione e Stake. Finalmente, o cluster em roxo possui seis itens, sendo uma edição de Bardin (2004) e textos de Cooper, Eisenhard, Gil, Godoy, Yin.

Figura 5: Grafo da rede de cocitações de Humanidades (10 citações). 

Nota:co-citation, unity of analysis: cited references, counting method: full counting, método de normalização LinLog/Modurality, Para attraction: 2, repulsion: 0 e weights: citations

Finalmente, para uma melhor compreensão da área, montamos um quadro comparativo entre as principais obras referenciadas dos dois colégios estudados. Conforme evidenciado na tabela 1, confirmam-se os achados de Martinez e Pessoni (2015) e Seramim e Walter (2017): diversas edições de Bardin são reiteradamente citadas na análise de conteúdo brasileira. Olhando-se para o top 20 mais citados de cada colégio, em Ciências da Vida, são oito diferentes edições utilizadas, enquanto em humanidades são 10 edições diferentes.

Tabela 1: Referências mais citadas por colégio. 

Fonte: elaborado pelos autores com base em VOSviewer.

Nas ciências da vida, vemos uma segunda concentração com sete edições do manual de análise qualitativa de Minayo (2014). Olhando-se apenas para as citações, vemos referências específicas da área, como Fontanella, Janete e Turato, Fontanella et al., Polit e Hungler e também mais genéricas, como Triviños e Yin. Por sua vez, em humanidades, apesar da concentração maior de Bardin, nenhum outro manual ou referência domina o restante do top 20 e vemos várias outras referências mais generalistas de aplicação da técnica e/ou de epistemologia, como Laville e Dionne, Ludke, Moraes, Triviños, Richardson, Yin, além de Fontanella, Janete e Turato. Logo, o que provavelmente justifica a concentração vista nos grafos em humanidades está no fato de Bardin ser cocitada em maior frequência, dominando as ligações e consequentemente os clusters.

Por último, e mais importante em função do objetivo deste trabalho, o conjunto dos dados do grafo presente na figura 3 e do quadro 1 evidencia uma quase completa ausência de manuais especializados em análise de conteúdo, para além de Bardin, como, a título de exemplo, os handbooks de Neuendorf (2002) e Krippendorff (2004) e, que estão entre os mais utilizados pela literatura especializada mundial e já apresentam detalhadamente o passo a passo para etapas ignoradas ou apenas citadas por Bardin, tais como a elaboração completa do livro de códigos, técnicas mais sofisticadas de amostragens de textos, o treinamento dos codificadores, o teste de confiabilidade entre codificadores, formas de analisar os dados através de testes estatísticos e não apenas inferências, métodos específicos para validação dos dados, entre outros. Consequentemente, constata-se um uso vultoso de materiais acadêmicos exclusivamente disponíveis em português (o que não é o caso dos dois manuais supracitados acima), mas que não entram nos pormenores em relação aos procedimentos que conferem maior rigor científico à análise de conteúdo.

Não obstante, até o momento, em termos de citações, trabalhamos apenas com os dados agregados. Seria possível, por exemplo, que o manual de Bardin tivesse sido muito usado no início do período analisado e que sua utilização estivesse em queda, evidenciando que outros manuais e textos poderiam estar entrando em seu lugar? Para averiguar isso, optamos por transformar as citações a quaisquer edições de Bardin em uma variável dummy de presença ou ausência por artigo analisado e fazer o cruzamento desse dado pelo ano de publicação do artigo, conforme a figura 6.

Figura 6: Citações a Bardin por ano. 

Fonte: elaborado pelos autores.

O gráfico 1 deixa claro que nossas preocupações estão manifestas na literatura. Bardin não é apenas, de longe, a autora mais citada e cocitada pelos artigos que utilizam análise de conteúdo na SciELO Brasil, mas também as diferentes versões de seu manual continuam a ser mais citadas ao longo dos anos, acompanhando o crescimento da própria literatura que faz uso da técnica de análise de conteúdo6.

4.Discussão

Quando olhamos apenas para os dados longitudinais, apresentados na figura 1, percebe-se que o uso da análise de conteúdo mantém uma tendência de crescimento tanto na produção qualificada existente na base SciELO no geral quanto nos dois colégios analisados. No mapeamento dos dois colégios, percebe-se que os dois parecem seguir tendências e níveis de produção similares. Portanto, é possível afirmar que a AC mantém uma trajetória ascendente na pesquisa brasileira indexada na SciELO Brasil.

Com base nos estudos já realizados, a pesquisa mais compreensiva sobre o estado da arte da análise de conteúdo na ciência brasileira foi realizada por Palmeira, Cordeiro e Prado (2020), que apontaram a área de Educação como a predominante no uso da técnica. Porém, as autoras também levaram em conta a produção de teses e dissertações. Em termos de artigos científicos publicados na SciELO, nossos dados não confirmam isso, apresentando o colégio de ciências da vida como preponderante, notadamente com forte presença dos pesquisadores do campo da Enfermagem. Esse resultado é reforçado não apenas pelo volume do colégio de ciências da vida, superior ao de humanidades, mas também pela maior presença de artigos sobre AC em revistas de Enfermagem e Saúde Coletiva. Na verdade, ao menos neste momento, os dados também apontam que são os periódicos de Psicologia aqueles com maior produção e maior centralidade nas humanidades, conforme evidenciado pelo acoplamento bibliográfico das fontes citadas nos artigos. Grosso modo, o acoplamento bibliográfico nos evidenciou que, ao menos na SciELO, as áreas preponderantes em termos de produção acadêmica utilizando a análise de conteúdo são saúde coletiva e enfermagem, no colégio de ciências da vida, e Administração, Educação, e Psicologia em Humanidades7.

Esse resultado nos soa como esperado devido ao grande volume de publicação das revistas de saúde coletiva e enfermagem em comparação às revistas de humanidades na base SciELO, afinal. Porém, deve-se ressaltar que a) a análise de conteúdo, enquanto técnica, nasceu ligada a pesquisas de humanidades, no geral, e de comunicação política, em específico (Bardin, 2016; Krippendorff, 2004; Mozzato & Grzybovski, 2011a; Neuendorf, 2002), e b) tomando-se apenas os artigos científicos, não havia resultados anteriores que evidenciassem essa preponderância do colégio de ciências da vida.

Agora, o resultado mais singular (apesar de não surpreendente) está na presença massiva de diferentes versões do Manual de Laurence Bardin. Não se trata de um achado surpreendente, pois várias pesquisas anteriores já ressaltaram Bardin como a principal referência brasileira sobre AC (Castro et al., 2011; Gomes et al., 2020; Martinez & Pessoni, 2015; Nascimento et al., 2019; Quadros et al., 2014; Seramim & Walter, 2017). Não obstante, nenhuma das pesquisas anteriores fez uma verificação das redes de cocitações dos artigos verificados. Ao fazê-lo, percebe-se que Bardin não é apenas a autora principal, mas sua obra domina, de maneira atípica, a produção sobre a análise de conteúdo no Brasil. Nos grafos dos dois colégios analisados, os clusters são majoritariamente formados por diferentes versões do mesmo manual da autora. Notadamente, conforme a figura 6, essa preponderância não aparenta estar diminuindo, mas sim aumentando ao longo dos anos, acompanhando a própria produção acadêmica.

Chama-nos especial atenção como essa hegemonia de Bardin tem sido identificada nos diferentes estudos, mas naturalizada e, em certa medida, até valorizada, uma vez que certos artigos ainda buscam avaliar a qualidade da AC baseados exclusivamente nas definições de Bardin (Gomes et al., 2020; Seramim & Walter, 2017) ou só procurar e analisar artigos de AC que tenham se baseado no método da autora (Palmeira et al., 2020).

Primeiramente, é preciso considerar que o manual de Bardin foi publicado em 1977 e atualizado pela última vez no início dos anos 1990, segundo a própria Bardin (2016, p. 14). Não se trata, portanto, de se assumir uma ideia genérica de que novos manuais são necessariamente melhores, mas reconhecer que o manual de Bardin não reflete, em nossa visão, as principais discussões metodológicas e epistemológicas dos últimos 30 anos (Barbosa, 2020), que permitem atualmente procedimentos mais responsivos aos princípios da transparência, credibilidade, confiabilidade, replicabilidade e validade.

Por exemplo, se o manual for exclusivamente utilizado para uma AC quantitativa, o passo a passo para a criação de um livro de códigos, para uma técnica mais sofisticada de amostragens de textos, para o treinamento de codificadores, para o teste de confiabilidade entre codificadores, para testes estatísticos após concluída a codificação (apenas mencionados como possíveis e importantes pela autora) e para a validação geral dos dados (Bauer, 2007; Krippendorff, 2004; Neuendorf, 2002, Sampaio & Lycarião, 2021), entre outros quesitos, não estarão suficientemente detalhados ou sequer presentes.

Se, por sua vez, utilizado para uma AC qualitativa, o manual não abordará de forma satisfatória a criação de um corpus qualitativo, a elaboração do livro de códigos (se for uma análise dedutiva), a forma como se lidou com a subjetividade dos codificadores/juízes (teste de confiabilidade ou outra maneira), transparência metodológica para incremento da credibilidade (trustworthiness) da pesquisa e formas de validação dos dados qualitativos (triangulação de métodos ou validação transacional, por exemplo), assim como o uso de softwares CAQDAS (Computer - Assisted Qualitative Data Analysis Software), tais como Atlas.Ti, MAXQDA, Nvivo e WEBQDA, que estavam em suas primeiras edições no início da década de 90, quando da última revisão do manual de Bardin, e agora são mais fortemente recomendados para utilização na pesquisa qualitativa (Cf. Bauer, 2007; Graneheim & Lundman, 2004; Minayo, 2014; Mozzato & Grzybovski, 2011a, 2011b; Oliveira et al., 2003; Taquette & Borges, 2020; Vergara, 2011).

Ainda na seara qualitativa, quando usada para analisar o conteúdo gerado por técnicas de coleta com sujeitos, como entrevistas em profundidade, grupos focais e observação participante, houve uma grande evolução no debate ético em como tratar os resultados da análise, que também se encontra ausente no manual de Bardin, simplesmente porque tal discussão ainda não estava vigente como atualmente, porém agora é algo vital a ser considerado pela comunidade científica (Taquette & Borges, 2020).

Nas últimas três décadas, vimos a ascensão e consolidação de todo um novo meio de comunicação, que nos ofertou uma miríade de práticas, objetos e fenômenos ligados aos ambientes online digitais, que simplesmente não existiam no momento que o manual de Bardin foi elaborado e revisado. Além disso, não é possível ignorarmos os impactos dos meios digitais na própria pesquisa acadêmica em termos de acesso, visibilidade, impacto e colaboração. Só a título de outro exemplo, no caso da replicabilidade, o advento de repositórios online oferece uma revolução nas condições de transparência e replicação das pesquisas, uma vez que compartilhar os materiais originais (a exemplo de prontuários, revistas, vídeos, transcrições de entrevistas e grupos focais etc.), assim como materiais suplementares (o livro de códigos ou mesmo o próprio banco de dados codificado, por exemplo) implicava em altos custos. Com os repositórios online basta digitalizar e transferir tais materiais para esse tipo de serviço. Tal tipo de orientação não é possível de ser encontrada no manual de Bardin, pois tais condições sequer existiam ao tempo de sua publicação.

Dito de outra forma, em nossa visão, para além de uma diminuta variedade de autores e perspectivas metodológicas na análise de conteúdo brasileira, parece haver uma flagrante estagnação da mesma. Isso porque, tal como a literatura especializada demonstra (Bauer, 2007; Domíngez-Gómez, 2022; Graneheim & Lundman, 2004; Mendes & Miskulin, 2017; Neuendorf, 2002, Sampaio & Lycarião, 2021), essa técnica tem sido aperfeiçoada, com adição de procedimentos mais rigorosos ao escrutínio científico (transparência e credibilidade) e mais responsivos aos seus princípios epistemológicos, nomeadamente, os de validade, replicabilidade e confiabilidade.

Em segundo lugar, defendemos que a excessiva presença de apenas um manual metodológico pode levar a um ciclo vicioso em termos de seus problemas e limitações. Durante a leitura dos artigos metodológicos que compõem o corpus da pesquisa, a impressão inicial é que os mesmos também ensinam a aplicar a análise de conteúdo seguindo os passos indicados por Bardin, algo já notado em algumas obras sobre AC e/ou sobre análise de dados qualitativos que sugerem o uso da AC, que também ou se baseiam fortemente em Bardin ou indicam seus procedimentos como uma das principais formas de se aplicar a técnica (Franco, 2008; Mendes & Miskulin, 2017; Minayo, 2014; Mozzato & Grzybovski, 2011a; Rodrigues, 2019; Santos et al., 2019). É nossa intenção em futura pesquisa verificar empiricamente se isso, de fato, ocorre, todavia, já apresentamos dados de que a citação às diferentes versões do manual de Bardin continua em significativo crescimento, acompanhando o próprio uso da técnica no Brasil.

E não existe, até onde nos consta, uma discussão epistemológica e, principalmente, metodológica vibrante a respeito dos diferentes usos e das inovações possíveis da técnica na pesquisa brasileira, excetuando-se alguns esforços isolados8. Todo este cenário parece apontar para o que aqui compreendemos como um descompasso entre o aperfeiçoamento da metodologia e sua respectiva aplicação. Na prática, como já denotado por Gondim e Bendassoli (2014), a análise de conteúdo parece estar sendo utilizada de forma não crítica e ad hoc.

5.Conclusão

Este artigo realizou uma revisão cientométrica da produção científica brasileira que fez uso da técnica de análise de conteúdo entre 2002 e 2019, na base SciELO (n=3.484). A pesquisa apontou que o uso da técnica está não apenas em perceptível crescimento no período verificado, como também mais presente no colégio de ciências da vida que no colégio de humanidades, algo denotado pela produção em termos numéricos e também pelos periódicos que apresentaram maior produção.

Conforme pesquisas anteriores, a análise de redes de cocitação presente em nosso estudo demonstrou uma hegemonia de diferentes versões do manual de análise de conteúdo de Laurence Bardin. Porém, esse fato foi amplamente desnaturalizado sob os argumentos de uma estagnação metodológica de toda a aplicação da técnica no Brasil (uma vez que o manual não tem sido atualizado desde o início dos anos 1990). Essa estagnação seria difícil de romper, porque nos parece existir um “círculo vicioso” de que mesmo os artigos metodológicos mais recentes sobre análise de conteúdo continuam a ser fortemente baseados na abordagem de Bardin, dificultando avanços na área.

A pesquisa é limitada por lidar apenas com artigos científicos presentes na base indexadora SciELO. A prevalência de artigos e periódicos dos colégios de ciências da vida poderá ser desafiada ou significativamente alterada se outras bases com mais revistas de humanidades forem avaliadas, a exemplo de DOAJ, Redalyc, Latinindex e SPELL. Conforme visto na pesquisa de Palmeira, Cordeiro e Prado (2020), também podem existir alterações significativas ao se considerar trabalhos de conclusão de curso. Finalmente, nossa pesquisa se detém no nível dos metadados, não realizando uma efetiva leitura e avaliação dos artigos9.

Futuras pesquisas podem testar nossas hipóteses ampliando as bases indexadoras, os tipos de trabalhos acadêmicos analisados e por meio da realização da avaliação da qualidade de aplicações de análise de conteúdo na pesquisa brasileira. Também é pertinente semelhante mapeamento em outros países latino-americanos e também lusófonos.

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1 Os trabalhos de Deslandes e Iriart, (2012); e Palmeira, Cordeiro e Prado (2020) são exceções.

2As categorias classificadas em “colégio de ciências da vida” foram: nursing; public environmental occupational health; health care sciences services; health policy services; rehabilitation; geriatrics gerontology; medical ethics; pediatrics; nutrition dietetics; orthopedics; physiology; psychiatry; medicine general internal; audiology speech language pathology; dentistry oral surgery medicine; clinical neurology; gastroenterology hepatology; surgery; critical care medicine; environmental studies; neurosciences; acoustics; anesthesiology; obstetrics gynecology; pharmacology pharmacy; hematology; medicine research experimental; veterinary sciences; agronomy; biology; ophthalmology; parasitology; zoology; biodiversity conservation; cardiac cardiovascular systems; rheumatology; tropical medicine.

3As categorias classificadas em colégio de humanidades foram: education educational research; management; psychology multidisciplinar; sociology; sport sciences; psychology social; psychology educational; psychology; education scientific disciplines; public administration; education special; communication; social sciences; interdisciplinar; ethics; political Science; social issues; business finance; history philosophy of Science; psychology clinical; agricultural economics policy; language linguistics; law; women's studies; business; family studies; geography; social work; urban studies; linguistics; planning development; cultural studies; water resources; anthropology; art; geography physical; history; humanities multidisciplinar; international relations; literature german dutch scandinavian; literature romance; psychology psychoanalysis.

4As categorias classificadas em colégio de ciências exatas, tecnológicas e multidisciplinares foram: physics multidisciplinar; information science library Science; engineering manufacturing; computer science information systems; metallurgy metallurgical engineering; construction building technology; engineering civil; engineering environmental; materials science ceramics; materials science multidisciplinar.

5Foram descartadas referências a documentos, jornais e leis, como diário oficial da união, constituição federal, resoluções e atas/anais de congresso sem referência completa.

6Os gráficos entre a produção longitudinal de artigos e a citação de Bardin são tão similares que optamos por rodar uma correlação de Pearson entre as duas variáveis. A correlação é estatisticamente relevante a 0,001, apresentando um notável valor de 0,996, evidenciando que as duas curvas de crescimento estão fortemente correlacionadas. Como seriam necessários testes mais robustos para verificar tal questão, deixamos aqui como uma hipótese para futuras pesquisas.

7É claro que o próprio viés da base precisa ser considerado. Por exemplo, as revistas brasileiras de Comunicação, área muito afeita ao uso da análise de conteúdo, não são bem representadas no indexador. Agora, com exceção dessa área, os resultados nos parecem compreensivos da produção brasileira.

8Além do artigo de Gondim e Bendassolli (2014), as professoras Mozzato e Grzybovski (2011a, 2011b) promoveram uma interessante discussão a respeito de potenciais e limites do uso da AC, tendo o texto de Vergara (2011) como uma das interlocuções. Certamente, outros textos e discussões existem, entretanto, considerando-se a ampla utilização da técnica na ciência brasileira, fica claro que o debate está longe de ser contínuo, difuso e aprofundado.

9Chegamos a realizar a análise de coocorrência de palavras nos resumos e também nas palavras-chave dos artigos e não havia indícios de preocupação com validade, confiabilidade, transparência, replicabilidade e credibilidade das pesquisas, entretanto tais questões frequentemente não estão bem retratados em tais locais e optamos por não incluir na apresentação dos resultados.

Recebido: 20 de Setembro de 2022; Aceito: 30 de Dezembro de 2022

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