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New Trends in Qualitative Research

versão On-line ISSN 2184-7770

NTQR vol.7  Oliveira de Azeméis jun. 2021  Epub 23-Nov-2021

https://doi.org/10.36367/ntqr.7.2021.ii-xv 

Editorial

Investigação Qualitativa: uma forma complementar e robusta de investigação?

Investigación cualitativa: ¿una forma complementaria y robusta de investigación?

1 Universidade Federal de Goiás, Brasil.

2 Instituto de Estudos Superiores de Fafe - IESF, Portugal.

3 Universidade da Corunha, Espanha

4 Universidad Católica do Maule, Chile


Prefácio:

Este 7º (sétimo) volume da New Trends in Qualitative Research (NTQR) apresenta um conjunto de trinta e quatro artigos que foram selecionados para o 10º Congresso Ibero-Americano em Investigação Qualitativa (CIAIQ), que ocorreu on-line entre os dias 13 e 16 de julho de 2021. Os artigos selecionados e apresentados neste 7º volume da NTQR estão alinhados com a proposta do CIAIQ, que recebe de braços abertos e dá voz a pesquisadores e cientistas da comunidade multidisciplinar, cujo congresso possui como foco a pesquisa qualitativa.

Os trabalhos deste volume representam um desafio e uma conquista. Tal afirmação justifica-se pelo facto de a Metodologia Qualitativa não ser (ao menos até à presente data de publicação deste Prefácio) uma área ou tema de consensual (Alarcão, 2014; Minayo, 1992). De facto, se considerarmos que a ciência se caracteriza como forma de conhecimento objetivo, geral, racional, sistemático, verificável e reprodutível, seria compreensível que, durante muito tempo, a pesquisa qualitativa fosse considerada como sendo uma preferência pouco recomendada. Pesquisadores de diversas áreas que se atreviam (e se atrevem) a envolver-se neste tipo de estudos, não raro tinham os trabalhos rejeitados, e os seus resultados eram, eventualmente, considerados não-científicos.

É importante registar que muitos trabalhos/artigos julga-se que possuem falta de expressividade pelos dados numéricos que utilizam, quando apresentados sem um contexto e uma análise mais ampla/profunda, e, por isso, têm-se mostrado insuficientes para a compreensão da sociedade contemporânea, ao mesmo tempo complexa e multifacetada. Assim, poderemos afirmar que, em certos ambientes académico-científicos, o final do século XX foi marcado por debates/discussões acerca dos limites e possibilidades oferecidas por pesquisas que considerassem, não apenas os aspetos mais evidentes ou coletáveis de forma organizada e matematicamente categorizada, mas também os dados qualitativos categorizados fiavelmente.

A emergência de questões ligadas às novas formas de organização social, a emergência de novos problemas, como, por exemplo, os ligados às questões ecológicas ou ao uso desorganizado de produtos - inclusive de medicamentos - antes da compreensão dos seus resultados a longo prazo, resultam de uma ostensiva perda da influência do paradigma positivista e levam a uma reflexão muito mais ampla sobre o processo de construção do saber científico. Como consequência há uma crescente opção por metodologias que buscam a descoberta/produção/desenvolvimento de conhecimento e inteligibilidade de uma sociedade em constante mutação. Corroborado por Minayo (1992), verifica-se, com o passar do tempo, torna-se cada vez mais claro o uso - combinado/misto ou não - da pesquisa qualitativa como metodologia essencial quando o objetivo do estudo é buscar o entendimento do como e o porquê de certas coisas, para assim entender as subjetividades e o que está além da superfície fria dos dados puramente descritivos ou numéricos.

Características básicas, quanto à epistemologia, identificam as pesquisas baseadas em abordagens qualitativas. Estas abordagens pressupõem que tais fenómenos e/ou objetos de estudo podem ser melhor compreendidos dentro do contexto em que acontecem e do qual fazem parte e, portanto, podem ser compreendidos e analisados de forma adequada a partir da compreensão da sua natureza dual ou mista. Em decorrência dessa afirmação, os pesquisadores, sempre que possível, deveriam optar por essa abordagem do locus que contextualiza o seu estudo, para com isso captar o fenómeno em estudo a partir da perspetiva do contexto no qual ele ocorre. Diante de tudo isto, é certo afirmar que as pesquisas qualitativas são encaradas (ou deveriam ser) naturalmente multifacetadas, uma vez que necessitam que os vários tipos de dados sejam coletados e analisados, de forma a contribuir para a compreensão da dinâmica do processo no qual o material pesquisado se desenvolve. Em geral, a pesquisa qualitativa tem como ponto de partida questões amplas ou mais complexas que se desconstroem durante o próprio desenvolvimento da investigação. Estudos qualitativos (em associação ou não a estudos/abordagens quantitativos/as) podem ser realizados seguindo diferentes caminhos.

Segundo Pathak, Jena e Kalra (2013), em termos práticos, abordagens qualitativas oferecem inicialmente três possibilidades diferentes: pesquisas documentais, o estudo de caso e a observação em diferentes níveis, incluído a etnografia. Vale registar que, uma pesquisa com abordagem qualitativa possibilita ir além de propostas rigidamente estruturadas, e esses pontos iniciais desdobram-se em novos modelos e em novas aplicabilidades, advindas da experiência dos investigadores, que adaptam e recriam/modificam/melhoram propostas, nunca enviesando os dados, explorando novos enfoques e/ou trazendo novos usos, ou adentrando em novos ambientes e, portanto, em novas possibilidades. Nesse sentido, a pesquisa qualitativa tem-se mostrado sempre como possuindo um carácter inovador, de articulação nas, e das, inter e intra relações humanas nas suas diferentes possibilidades.

Em função de tudo o que foi apontado, o número de trabalhos/artigos que recorrem a pesquisas qualitativas vem aumentando nas últimas décadas, tornaram-se bem aceites inclusive nas ciências biológicas e médicas. De tal forma que, felizmente, atualmente muitas revistas científicas ligadas às áreas distantes das ciências sociais publicam pesquisas qualitativas com bastante frequência. Ainda assim, no entanto, o valor da abordagem qualitativa para compreender os respetivos fenómenos está num bom caminho para se tornar independente da pesquisa quantitativa.

Diferentemente de trabalhos puramente quantitativos, trabalhos que abordam métodos qualitativos apontam que não existem percursos metodológicos únicos e cada escolha supõe riscos e limites, mas também a abertura de novas possibilidades de compreensão (Minayo, 2017). É necessário acrescentar, no entanto, que o sucesso da pesquisa qualitativa está, principalmente, no embate bem orientado sobre autores diversos e na certeza de que assumir cegamente uma corrente é abrir mão de uma proposta dialógica. É necessário registar, também (ou ainda), a necessidade de ficar atento às armadilhas dos modismos e o fascínio por abordagens que, sendo sedutoras, podem também revelar-se superficiais e insuficientes.

Assim como qualquer outra metodologia, ou abordagem, a pesquisa qualitativa exige um diálogo constante entre diferentes áreas do saber, a busca de possibilidades que vão além da especificidade das diferentes áreas profissionais, para avançar na interpretação dos resultados.

Sabemos que é público que existe um certo consenso, na comunidade investigativa, de que a pesquisa qualitativa é um método de investigação científica que se foca no carácter subjetivo do objeto analisado, estudando as suas particularidades e experiências individuais. Ao manter um espaço para esse debate, o CIAIQ oferece oportunidade para que sejam consideradas as subjetividades e perspetivas culturais apresentadas nas (e por) diferentes pesquisas em diferentes áreas, de modo a ampliar a compreensão dos dados e dar profundidade à análise do quanto robusto e útil pode ser a pesquisa qualitativa.

Para finalizar, queremos convidar todas.os leitoras.es a conhecer os trabalhos apresentados neste 7º volume da NTQR e a aprofundar estudos baseados com recurso à metodologia qualitativa. Em tempo, e de forma mais que merecida, queremos agradecer a todas.os as.os autoras.es pela importante e inestimável contribuição ao submeteram os seus artigos e às.aos revisoras.es pela incansável análise e avaliação dos trabalhos submetidos. A relevância científica da publicação destes trabalhos no 7º volume da NTQR é um motivo forte para a sua consolidação, e um incentivo para que futuramente mais e mais participantes/autoras.es submetam trabalhos nos próximos CIAIQs.

Boa Leitura!

Prefacio:

En este 7º (séptimo) volumen de las New Trends in Qualitative Research (NTQR) se presentan un conjunto de treinta y cuatro artículos que fueron elegidos del conjunto de trabajos presentados en el X Congreso Iberoamericano de Investigación Cualitativa (CIAIQ), que se desarrolló de forma en línea entre los días 13 y 16 de Julio de 2021. Los artículos seleccionados, y recogidos en este séptimo volumen de la NTQR, están alineados con la propuesta del CIAIQ, que da la bienvenida, con los brazos abiertos, a las voces de los investigadores y científicos de la comunidad multidisciplinar que tienen como foco la investigación cualitativa.

Los trabajos de este volumen representan un desafío y una conquista. Esta afirmación se justifica por el hecho de que la Metodología Cualitativa no es (al menos hasta la fecha de publicación de este Prefacio) un área o tema de consenso (Alarcão , 2014; Minayo , 1992). De hecho, si consideramos que la ciencia se caracteriza como una forma de conocimiento objetivo, general, racional, sistemático, verificable y reproducible, sería comprensible que, durante mucho tiempo, la investigación cualitativa fuese considerada una preferencia poco recomendable. Investigadores de diversas áreas que se atrevieron (y se atreven) a comprometerse en la realización de este tipo de estudios, a menudo vieron rechazados sus trabajos, y sus resultados fueron considerados no científicos.

Pero también es importante señalar que se ha detectado que muchos trabajos/artículos adolecen de expresividad por los datos numéricos que utilizan, o porque se presentan sin un contexto y un análisis más amplio/profundo, lo que ha llevado a considerarlos insuficientes para la comprensión de la sociedad contemporánea, que se revela, además, compleja y multifacética. Así, podemos afirmar que, en determinados entornos académico-científicos, el final del siglo XX estuvo marcado por debates/discusiones sobre los límites y posibilidades ofrecidas por las investigaciones que consideraban únicamente los aspectos más evidentes o susceptibles de recogida de forma organizada y matemáticamente categorizable, frente a otros estudios que empleaban datos cualitativos categorizados bajo criterios de fiabilidad.

La emergencia de cuestiones ligadas a nuevas formas de organización social, la aparición de nuevos problemas como, por ejemplo, los relacionados con cuestiones ecológicas o con el uso desorganizado de productos -incluidos los medicamentos-, antes de comprender sus resultados a largo plazo, van a provocar la pérdida evidente de la influencia del paradigma positivista e invitan a una reflexión mucho más amplia sobre el proceso de construcción del conocimiento científico. Como consecuencia, se desarrolla un creciente interés por metodologías que buscan el descubrimiento / producción / desarrollo del conocimiento y la inteligibilidad en una sociedad en constante mutación. Como apunta Minayo (1992), se afianza, con el paso del tiempo, el uso -combinado/mixto o no- de la investigación cualitativa como metodología esencial cuando el objetivo del estudio es buscar la comprensión del cómo y el porqué de ciertas cosas, para comprender subjetividades o aspectos que están más allá de la fría superficie de los datos puramente descriptivos o numéricos.

Determinadas características básicas, desde el punto de vista epistemológico, identifican las investigaciones basadas en enfoques cualitativos. Estos planteamientos asumen que tales fenómenos y/o objetos de estudio han de ser interpretados dentro del contexto en que acontecen y del que forman parte y, por tanto, pueden ser comprendidos y analizados de forma adecuada a partir de la comprensión de su naturaleza dual o mixta. Acorde con esta afirmación, los investigadores, siempre que sea posible, deberían optar por ese planteamiento del locus que contextualiza su investigación, para así captar el fenómeno en estudio a partir de la perspectiva del contexto en el cual ocurre. En este marco, se puede afirmar que las investigaciones cualitativas se afrontan (o deberían encararse) con perspectiva multifacética, una vez que se necesita recoger y analizar datos de variada índole, para contribuir a la comprensión de la dinámica del proceso del que emergen los fenómenos.

En general, la investigación cualitativa toma como punto de partida cuestiones amplias o más complejas que se deconstruyen durante el desarrollo de la propia investigación. Los estudios cualitativos (en asociación o no con estudios / planteamientos cuantitativos) pueden realizarse siguiendo diferentes caminos.

Según Pathak, Jena y Kalra (2013), en términos prácticos, los enfoques cualitativos ofrecen inicialmente tres posibilidades diferentes: la investigación documental, el estudio de caso y la observación, en diferentes niveles, incluida la etnografía. Cabe señalar que, una investigación de enfoque cualitativo permite ir más allá de propuestas rígidamente estructuradas, y los planteamientos iniciales se despliegan en nuevos modelos y nuevas aplicaciones, surgidos de la experiencia de los investigadores, adaptando y recreando / modificando / mejorando propuestas, nunca sesgando datos, explorando nuevos enfoques y / o aportando nuevos usos, o penetrando en nuevos entornos y, por tanto, nuevas posibilidades. En este sentido, la investigación cualitativa ha mostrado siempre un carácter innovador, de articulación en las, y de las, inter e intra relaciones humanas en sus diferentes posibilidades.

En base a todo lo que estamos comentando, el número de trabajos/artículos que recurren a la investigación cualitativa han aumentado en las últimas décadas, siendo aceptados por la comunidad científica incluso en ciencias biológicas y médicas. De tal forma que, felizmente, en la actualidad, muchas revistas científicas ligadas a áreas distantes de las ciencias sociales publican investigaciones cualitativas con bastante frecuencia. El valor del enfoque cualitativo para comprender los respectivos fenómenos está en un buen camino para independizarse de la investigación cuantitativa.

A diferencia de los trabajos puramente cuantitativos, los trabajos realizados con métodos cualitativos apuntan a que no existen trayectorias metodológicas únicas y cada elección supone riesgos y límites, pero también la apertura a nuevas posibilidades de comprensión (Minayo, 2017). Es necesario señalar, además, que el éxito de una investigación cualitativa reside, principalmente, en el debate alimentado por autores diversos y en la convicción de que no es conveniente asumir ciegamente una determinada corriente sino en abrirse hacia propuestas dialógicas. Cabe permanecer atentos, también, a modas pasajeras, y a la fascinación por planteamientos que, aunque seductores, puedan revelarse superficiales e insuficientes.

Como cualquier otra metodología, o enfoque, la investigación cualitativa exige un diálogo constante entre diferentes áreas del saber, en la búsqueda de posibilidades que van más allá de la especificidad de las diferentes áreas profesionales, para avanzar en la interpretación de los resultados.

Existe un cierto consenso entre la comunidad investigadora acerca del supuesto de que la investigación cualitativa constituye un método de investigación científica que se centra en el carácter subjetivo del objeto analizado, estudiando sus particularidades y experiencias individuales. Al mantener un espacio para ese debate, el CIAIQ ofrece una oportunidad para que sean consideradas las subjetividades y perspectivas culturales presentadas en (y por) diferentes investigaciones en diversas áreas, con el objetivo de ampliar la comprensión de los datos y valorar las perspectivas de análisis que permitan vislumbrar lo robusta y útil puede ser la investigación cualitativa.

Para finalizar, queremos invitar a todos, lectores y lectoras, a conocer los trabajos presentados en este séptimo volumen de la NTQR y a profundizar en estudios basados en la metodología cualitativa. Queremos agradecer a todos los autores y a todas las autoras por sus importantes e inestimables contribuciones, y a los revisores y a las revisoras por su incansable labor de análisis y evaluación de los trabajos presentados. La relevancia científica de la publicación de estos trabajos en el 7º volumen de la NTQR es un fuerte motivo para su consolidación, y representa un incentivo para que, en el futuro, un número mayor de participantes presenten sus trabajos en los próximos CIAIQs.

¡Buena lectura!

Referências

Alarcão, I. (2014). “Dilemas” do Jovem Investigador. Dos “Dilemas” aos Problemas. In A. P., Costa, F., Neri de Sousa, & D., Neri de Sousa, (Orgs), Investigação Qualitativa: Inovação, Dilemas e Desafios. (pp. 103-123). Oliveira de Azeméis: Ludomedia. [ Links ]

Minayo, M. C. S. (1992). Conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo - Hucitec/Rio de Janeiro: Abrasco. [ Links ]

Minayo, M. C. S. (2017). Profundas Raízes de uma Árvore Frondosa: Fundamentos E Diversidade Em Pesquisa Qualitativa. In A. P., Costa, M. C., Sánchez-Gómes, & M. V. Cilleros (Orgs.), A prática na Investigação Qualitativa: exemplos de estudos (pp. 5-11). Oliveira de Azeméis: Ludomedia . [ Links ]

Pathak V., Jena B, & Kalra S. (2013). Qualitative research. Perspect Clin Res. Available from: https://www.picronline.org/text.asp?2013/4/3/192/115389Links ]

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