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População e Sociedade

versão impressa ISSN 0873-1861versão On-line ISSN 2184-5263

População e Sociedade  no.40 Porto dez. 2023  Epub 20-Jan-2024

https://doi.org/10.52224/21845263/rev40v2 

Varia

Do desastre ambiental à formação de uma rede migratória: o caso de Longarone e Urussanga

From environmental disaster to the formation of a migratory network: the case of Longarone and Urussanga

Diane Portugueis1 
http://orcid.org/0000-0002-8347-2761

Cecília Pescatore Alves2 
http://orcid.org/0000-0002-1455-6646

1Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Núcleo de Estudos e Pesquisas em Identidade-Metamorfose (NEPIM), vinculado ao Grupo Interdisciplinar de Pesquisa sobre Identidade Humana do CNPq, São Paulo, SP, Brasil.

2Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde, departamento Psicologia Social, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Identidade-Metamorfose (NEPIM), líder do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa sobre Identidade Humana do CNPq, São Paulo, SP, Brasil.


Resumo

O artigo traz a experiência e o relato da pesquisa de campo, que buscou compreender a gênese da constituição de uma rede migratória desde um desastre ambiental ocorrido na Itália, em 1963. Tal configuração forjou conexões entre Longarone no Norte da Itália e Urussanga, no Sul do Brasil, ocasionando consequências que perpassam a busca por laços culturais, resgate familiar e propagação da tradição italiana- aspectos transpostos pela dinâmica econômica engendrada. A metodologia utilizada foi a etnografia multissituada (Marcus, 1995) e observação participante. Almeja-se expor repercussões do estabelecimento de tal rede, que culminam no deslocamento de ítalo-brasileiros para trabalharem em sorveterias na Alemanha, alterando a configuração política, espacial e socioeconômica de sua cidade natal.

Palavras-chave: Redes; Etnografia; Desastre Ambiental; Relato de Campo; Multiterritorialidade.

Abstract

The article brings experience and report of field research, which sought to understand the genesis of the constitution of a migratory network since an environmental disaster occurred in Italy, 1963. This configuration forged connections between Longarone in Northern Italy and Urussanga, in Southern Brazil, causing consequences that permeate the search for cultural ties, family rescue and propagation of Italian tradition aspects transposed by the economic dynamics engendered. The methodology used was Multi Sited ethnography (Marcus, 1995) and participant observation. The aim is to expose the repercussions of the establishment of such a network, which culminate in the displacement of Italian-Brazilians to work in Germany, changing the political, spatial and socioeconomic configuration of their hometown.

Keywords: Networks; Ethnography; Natural Disaster; Field Report; Muti-territoriality.

Introdução

O presente artigo pretende discorrer sobre a constituição de uma rede migratória formada entre Itália, Brasil e Alemanha, forjada a partir de um desastre ambiental. Trará especificamente o caso das cidades de Longarone, no Norte da Itália e Urussanga, no Sul de Santa Catarina, Brasil e o desdobramento desta relação, que culminou em uma rede migratória laboral para a Alemanha. Para tanto, faz-se necessário explanar como elaboramos o tema, partindo de nossa pesquisa de campo, durante a composição da tese de doutorado (Portugueis, 2018).

Nosso estudo se deu junto a uma população de descendentes de imigrantes italianos nascidos no Brasil, cujo contexto da obtenção de sua cidadania italiana visa um objetivo específico. Trata-se de uma migração de trabalho, que de acordo com Savoldi (1998) e Serafim (2007) teve início no começo da década de 1990. Esta migração diz respeito aos descendentes de imigrantes italianos nascidos no Brasil, que atualmente emigram para a Alemanha com a finalidade de exercerem trabalhos em sorveterias administradas por italianos. Para tanto, adquirem a cidadania europeia por meio da obtenção de passaporte italiano, em um processo que envolve alto investimento, tanto econômico, como também emocional. Os brasileiros descendentes de italianos trabalham na Alemanha durante a temporada da venda de sorvetes, na primavera e no verão, retornando ao Brasil durante o inverno europeu. Permanecem na Europa por cerca de oito meses, retornam ao país natal e posteriormente, reiniciam o novo ciclo, na reabertura das sorveterias. Caracteriza-se uma relação de circularidade, cuja temporalidade do processo é um fator de escolha para este tipo de trabalho (Portugueis, 2018). Chama atenção o aspecto motivacional desta migração, que se torna um ideal de vida (Michel, 2012).

Piscitelli (2008, p. 269) aponta que “a falta de oportunidades laborais e de possibilidade de mobilidade social, sobretudo para alguns setores das classes médias, alimentaram o fluxo de migração ao exterior.” A autora ressalta que o fenômeno da emigração de brasileiros para o exterior, iniciado em 1980, teve motivação econômica e até a publicação de seu artigo, em 2008, era esta ainda a principal razão.

Verificamos que o fluxo de jovens urussanguenses para a Alemanha mantém a mesma condição, tal como traz Piscitelli (2008). Mesmo em momento de maior estabilidade e crescimento econômico no Brasil, no período que abrangeu o primeiro e segundo mandatos do presidente Lula, por exemplo, tal fluxo não se alterou. Ao contrário, seguiu crescendo, inclusive posteriormente, no período pandêmico que abrangeu os anos de 2020 à 20221. Houve apenas breve alteração nos deslocamentos para as sorveterias nas primeiras e segundas ondas da propagação do vírus, mantendo-se principal rota migratória dos jovens da região.

Destacam-se as relevantes mudanças na dinâmica do Município, como alterações na paisagem em razão das remessas econômicas e construção civil (Rocha & Cardoso, 2021) e o pronunciado papel da socialização de jovens e crianças, que no período escolar são estimuladas a aprenderem o idioma italiano para trabalharem emigrarem para a Europa em idade adulta. As crianças são nomeadas pelos cidadãos de Urussanga como “órfãs de Urussanga” em razão dos longos períodos aos cuidados de terceiros, enquanto os pais trabalham na Alemanha (Portugueis, 2018; Portugueis, Miranda e Alves, 2023). O estudo e acompanhamento da formação e estabelecimento desta rede migratória envolve questões pertinentes, em perspectiva multidisciplinar, sejam estas da Política à Economia, Educação, Saúde, Psicologia, História, Sociologia, Relações Internacionais, entre outros.

De acordo com depoimentos de jovens sorveteiros na Alemanha (Portugueis, 2018), a região em que vivem no sul de Santa Catarina não proporciona meios para que alcancem seu principal objetivo- a aquisição da casa própria, sendo então a Alemanha construída desde sua socialização na infância/juventude como possibilidade de ascensão econômica. Há ainda um suposto prestígio creditado aos brasileiros que vão morar na Europa (Piscitelli, 2008), podendo este também ser fator motivacional para a emigração.

A partir das informações obtidas acerca do fluxo migratório de jovens da região de Urussanga para a Alemanha, surgiu a necessidade de conhecermos tal realidade à fundo. Caberia averiguar como a rede migratória se constituiu, como funciona, se mantém e perpetua. O objetivo deste texto visa descrever como se deu a coleta de dados e a compreensão acerca do estabelecimento da rede migratória, em forma de relato de nossa incursão em campo, com posterior discussão crítica à respeito da relação que se estabeleceu entre os partícipes da rede migratória instaurada.

A metodologia contemplada foi a observação participante, entrevistas e a etnografia multissituada (Marcus, 1995). Postula Geertz (2008) que a etnografia não se trata apenas de um método, mas esforço intelectual do pesquisador, que estabelece relações, seleciona informantes, transcreve textos, levanta genealogias, mapeia o campo e mantém um diário, entre outros (Geertz, 1989). A etnografia trata-se da “escrita do visível” Mattos (2011, p. 54), sendo parte desta elaboração o “conhecimento sobre o contexto estudado, inteligência e imaginação científica do etnógrafo” (ibidem).

Uma pesquisadora, o campo e suas revelações

Partimos da Alemanha rumo a Longarone na Itália em busca de maiores informações sobre a relação desta cidade com os jovens ítalo-brasileiros de Santa Catarina. Através de entrevistas com associações italianas de Urussanga, soubemos que anualmente é comemorado o aniversário da assinatura do acordo gemellaggio2 com a cidade, algo que nos motivou a observar pessoalmente tais comemorações.

Longarone é uma cidade italiana da região do Vêneto, Província de Belluno, com cerca de 4.119 habitantes. Estende-se por uma área de 103 km², com densidade populacional de 40 hab/km². É conhecida pela arte de fazer sorvetes. Desta região, emigraram muitos italianos para a Alemanha, onde possuem/administram sorveterias desde os anos 50, após a Segunda Guerra Mundial3. Na cidade, também é realizada a Feira e Mostra Internacional do sorvete4 e interessados do mundo inteiro visitam a região para participarem da Mostra.

Chegamos na cidade dia 5.10.2016, fizemos a viagem de carro partindo da Alemanha. Foi interessante observar como a paisagem mudava à medida que adentrávamos a região. A impressão que tivemos é que o acesso é dificultado para quem não possui carro, assim, colocamo-nos a imaginar como fora outrora, na época em que os italianos rumavam a pé até Belluno para chegarem ao Porto de Gênova, na época da grande emigração italiana. Atravessamos uma região serrana, cujo terreno acidentado leva a uma área relativamente isolada, circundada por uma cadeia montanhosa. Longarone se situa em um vale rodeado por montanhas.

Ainda que não fosse inverno, fazia bastante frio. A paisagem e a arquitetura local demonstram que é um lugar de baixas temperaturas e talvez, devido ao cair da noite, não encontramos muitas pessoas na rua quando de nossa chegada. Chamou nossa atenção, logo na entrada da cidade, a existência de uma placa incitando Urussanga como cidade irmã de Longarone.

No local onde nos hospedamos, conversamos brevemente com o proprietário. Comentamos o motivo de nossa visita à cidade e este tinha conhecimento da relação desta com Urussanga no Brasil, bem como sabia sobre a relação de sorveterias alemãs com os longaroneses, demonstrando ser esta uma relação antiga de trabalho e migração temporária dos italianos da região.

Quando o dono da hospedaria pediu nossos documentos para registro em sua pensão, estranhamos sua reação ao comentar a data de nosso aniversário, impressa no nosso documento de identificação: “sinto muito por seu aniversário ser exatamente neste dia”, disse ele. Sem entendermos o comentário, salientamos que passaríamos o dia de nosso aniversário na cidade, o que muito nos alegrava. Fizemos tal comentário com o intuito de agradar o anfitrião...

Foi então que ele, senhor Antônio5, revelou um fato marcante da cidade e região, que explicaria sua reação ao comentar com pesar sobre o nosso aniversário. Fato este, que mais tarde, seria um dos motivos principais que vinculariam Longarone à Urussanga, vindo a formar a grande rede de deslocamentos de jovens ítalo-brasileiros para sorveterias alemãs.

Antônio nos mostrou vários quadros com fotos dependuradas na sua hospedaria sobre o “Desastre de Vajont.” Explicou que a cidade mantém viva a memória sobre o desastre e que não seria difícil encontrarmos pelos locais por onde passaríamos vários marcos, estátuas e fotos representando o ocorrido. Ele nos disse ainda que o dia 9 de outubro (data de nosso aniversário) é um dia de luto oficial. Tudo na cidade se fecha e nos dias que antecedem a data do desastre, acontecem missas, reuniões e eventos diversos na prefeitura, como este que participaríamos, ligado ao gemellaggio. Até aquele momento ainda não conseguíamos entender como o pacto entre cidades irmãs era comemorado junto à data de um desastre ambiental.

A Barragem de Vajont, atualmente em desuso, foi completada em 1960 no vale do Rio Vajont, próximo do Monte Toc, 100 km ao norte de Veneza, Itália. Um deslizamento de terra na encosta, em 9 de outubro de 1963, causou a transposição da barragem e mais de 4.000 mortes. Tratava-se de uma das barragens mais altas existentes: 262 m de altura, 27 m de espessura na base e 3,4 m no topo. A transposição em 1963 ocorreu quando os projetistas ignoraram a instabilidade geológica do Monte Toc, no lado sul da bacia. Nos estágios iniciais do projeto os sinais de alerta e comentários negativos foram negligenciados. O deslizamento de terra sobre a represa provocou uma enorme onde, equivalente a um tsunami, que inundou e destruiu o vale do Rio Piave, incluindo várias cidades. Em 12 de fevereiro de 2008, a UNESCO incluiu a trajédia do Vajont aos cinco contos de advertência ocasionados por falha humana.6

A tragédia, amplamente noticiada, foi também destaque no jornal brasileiro Folha de São Paulo, edição de 11 de outubro de 1963:

Cerca de 50 mil metros de terra se desprenderam do Monte Toc, caíram sobre a represa de Vajont e provocaram o transbordamento das águas que, em ondas de mais de cem metros de altura, tragaram o Vilarejo de Longarone, no Vale de Piave, onde viviam cerca de 4.500 pessoas. As águas alcançaram, posteriormente, mais quatro povoações da localidade, a 80 quilômetros ao norte de Veneza. De acordo com informações, não há sobreviventes em Longarone. Quanto à demais povoações, não se tem notícia exata do número de baixas. Até o momento, foram recolhidos cerca de 500 cadáveres. O piloto que sobrevoou a região afirmou: “a vida cessou em Longarone”. O espetáculo é desolador. Veem-se cadáveres sobre as águas. (Folha de São Paulo, 1963)

Após a conversa com o senhor Antônio, seguimos para jantar em um restaurante próximo. No caminho, avistamos mais uma vez a placa da entrada da cidade, com menção a Urussanga e uma bandeira brasileira.

Durante o jantar, a garçonete veio conversar conosco. Notou que não éramos da cidade e propôs-se contar um pouco sobre a região. O assunto principal foi o Desastre do Vajont, algo que expôs com riqueza de detalhes e grande tristeza no olhar. Pudemos perceber que era algo muito próximo e que os cidadãos pareciam reviver com grande realismo, como algo que acabara de ocorrer. A garçonete nos avisou que nos próximos dias muitos comércios estariam fechados, a cidade decreta luto oficial e assim o faz todos os anos desde o ocorrido.

O restaurante era muito agradável e acolhedor. O mesmo também era um hotel e lá havia outros clientes, que jantavam conosco. Percebemos que as pessoas, mesmo que comendo e bebendo, mantinham-se em silêncio. A atmosfera era de luto e começava a ficar claro o clima que os dias que antecediam o aniversário do desastre significavam.

A decoração do restaurante/hotel retratava em seus detalhes a emigração de Longarone para várias localidades na Europa, Estados Unidos e também Brasil. Eram fotos dependuradas em quadros nas paredes e também versos recitados pelos italianos que deixaram a cidade, remetendo-nos à importância da emigração e destas memórias para a pequena Longarone.

A atenciosa garçonete revelou que o restaurante era do avô de seu sogro e que a família gostava de manter as lembranças daqueles que partiram da região, algo iniciado pelo antigo proprietário na disposição de fotos pelo restaurante.

Ao relatarmos a razão de nossa visita, a atendente prontamente compartilhou sua experiência com sorveterias:

[...] nossa família era proprietária de uma sorveteria aqui na Itália e outra na Alemanha. Eu trabalhei quase a vida toda com isso e posso dizer que é um trabalho muito duro, muito difícil e penoso. Posso entender porque os jovens italianos hoje em dia não querem mais trabalhar com isso e aí acabam vindo os estrangeiros, até os brasileiros, com cidadania italiana. Isso já é algo comum (Francesca, 2016)7.

A atendente, então, compartilhou que os jovens italianos “de hoje em dia” já não querem trabalhar “pesado” como antigamente e que os estrangeiros (no caso, os brasileiros) aceitam trabalhar mais e ganhar menos. Ela salientou que é um ramo de trabalho familiar e que, na verdade, os italianos prefeririam continuar o trabalho em família a terem que contratar pessoas de fora, “mas os tempos mudaram” (Francesca, 2016).

Segundo nossa interlocutora “os tempos mudaram” em meados dos anos 90, quando se iniciou a transição econômica com a tomada do euro como moeda oficial e o fortalecimento do acordo entre os países componentes da União Europeia. Com isto, apontou a informante, os italianos poderiam ganhar mais trabalhando menos em outras atividades, ou mesmo ganhar por hora, por exemplo, no mercado de trabalho alemão. O negócio de sorveterias já não seria mais rentável, só o seria caso fossem proprietários.8 Começava assim o movimento de contratação de estrangeiros para o trabalho em sorveterias na Alemanha.

Após o jantar nos despedimos, ansiosos pelo que nos aguardaria nos próximos dias em Longarone. A cidade pequena apresentava um clima contraditório: efervescente e ao mesmo tempo em luto.

No dia seguinte, 6 de outubro, por volta das 9 horas da manhã, aconteceria uma sessão solene na Prefeitura de Longarone. Fizemos o caminho a pé e foi possível observar, na saída de uma escola em frente à Prefeitura, o movimento de crianças com bandeirolas da Itália e do Brasil, saudando um grupo de pessoas que se dirigiam ao local. Deduzimos que seria o grupo de brasileiros e italianos que acompanharíamos.

Na entrada da Prefeitura avistamos as bandeiras da Itália, do Brasil e da União Europeia, que demonstravam um lugar concreto, a existência do Brasil na comunidade longaronense.

No interior da Prefeitura pudemos assistir à sessão solene. Em uma sala grande e lotada era possível escutar os sotaques “português de Santa Catarina” e “italiano de Longarone”, bem como os diálogos entre urussanguenses e longaroneses, às vezes em italiano e por vezes em português e italiano, em uma mistura amigável de pessoas que pareciam já se conhecer.

Foram feitos discursos (em italiano) tanto pelo prefeito de Longarone como o vice-prefeito de Urussanga. Foi então assinado (assim é feito todos os anos) a renovação do acordo gemellaggio entre as duas cidades, com a promessa de um novo encontro e nova solenidade em Urussanga, no dia 26 de maio de 2017.

Alguns vídeos de crianças em Urussanga em escolas onde o idioma italiano é ensinado foram apresentados. Destes, destacou-se um em que o coral de crianças entoava a canção Mérica Mérica9 considerada um Hino entre os italianos e descendentes- a canção retrata com detalhes a partida para a América. Foi reafirmada a importância deste acordo para ambas as cidades e ressaltada, pelo vice-prefeito de Urussanga a importância do pacto de amizade entre as cidades, também para as crianças, pois têm a possibilidade de aprenderem o idioma italiano e assim conhecerem outra cultura, em suas palavras. Segundo ele, os usos e costumes italianos foram intensificados após este acordo.

Falou-se no Desastre de Vajont, da importância dos urussanguenses participarem deste momento de memória para Longarone. A todo o momento foi ressaltada a relevância do pacto gemellaggio para as duas cidades. Percebemos em meio à solenidade, os brasileiros um tanto nervosos em suas vestimentas oficiais (ternos, vestidos, casacos bem cortados, mulheres bem maquiadas etc.) tivemos a impressão da tentativa de inserção em um lugar que não lhes era comum, mesmo com a existência do pacto de amizade desde os anos 90 e as sucessivas trocas entre culturas. Seu comportamento, vestuário, atitude, nervosismo, destoavam dos italianos presentes na mesma solenidade, em sua maioria, vestidos de modo esportivo e bastante à vontade com a situação.

Após a solenidade o grupo caminhou para a principal igreja da cidade. Em frente a esta, uma escultura fazia menção ao desastre e havia também uma placa com os nomes das pessoas que neste faleceram. A igreja em questão foi reconstruída exatamente no mesmo local onde ficava originalmente, antes de ser destruída pela onda gigante.

Em frente à igreja existe também uma placa que menciona o acordo gemellaggio com menções aos longaroneses que emigraram para o Brasil. No mesmo espaço foram hasteadas as bandeiras do Brasil e da Itália e também se entoaram dois Hinos, o brasileiro e o italiano. Observamos que os italianos cantavam seu Hino, ao contrário dos brasileiros, que permaneceram em silêncio durante o Hino do Brasil. No local, em frente à mencionada placa, foi colocada uma coroa de folhas envoltas por uma fita com as cores da Itália e com as inscrições Longarone e Urussanga.

Depois deste momento seguimos juntos em grupo para o interior da igreja. Ali foi celebrada uma missa em homenagem aos mortos no desastre. Tudo transcorreu em italiano, mesmo com a presença de um grupo considerável de brasileiros, ao menos 30 pessoas.

No interior da igreja foi feito um museu com peças remanescentes da destruição promovida pelas águas. Além das peças restantes, o museu possui réplicas de construções da época anterior ao desastre, fotos de famílias residentes em Longarone e registros do antes e do depois do assolamento da cidade.

Neste museu há uma grande parede, com os nomes de todas as pessoas que morreram no desastre. Neste momento, enquanto fomos encaminhados ao museu acompanhados por um guia que fazia explicações, foi possível observar muitos urussanguenses comovidos, em silêncio, alguns com lágrimas nos olhos e outros procurando os nomes de seus parentes ou conhecidos de Urussanga. “Não encontrei ninguém de nossa família aqui, talvez já estavam todos no Brasil antes do desastre.” Ou “Ah a gente fica até emocionado aqui ...” e ainda “não, de nossos parentes não morreu ninguém aqui”. Foram alguns dos comentários. Caracterizava-se um momento de reconhecimento de origens e também de (re)atualização de seu pertencimento.

Na época da grande emigração dos italianos para o Brasil, Longarone teve um número expressivo de pessoas que fixaram moradia em Urussanga e adjacências. Desta forma, foi compreensível encontrar pessoas que procuravam nas placas existentes sobrenomes de familiares.

Após a visita à igreja e ao museu em seu interior, fomos convidados a conversar com o Prefeito de Longarone. Chamou nossa atenção o modo como fomos atendidos pelo prefeito. Ele prontamente colocou-se à disposição para nos contar sobre a cidade, tirar dúvidas e gentilmente se desculpou por somente falar italiano e não ter tido tempo de organizar um intérprete para nos acompanhar. O prefeito demonstrou com seu cuidado e atenção a importância dada ao acordo gemellaggio e o contato com o Brasil. O mesmo se disse honrado em receber uma pesquisadora, sendo mais uma vez comentada a relação de Longarone com a Alemanha e também com o Brasil. Devido às sorveterias na Alemanha, também o prefeito de Longarone tem conhecimento do fluxo de jovens sujeitos de nosso estudo. Foi ficando claro o desdobramento da rede que propicia e mantém a imigração dos brasileiros que estudamos.

Logo após esta conversa seguimos de ônibus para as montanhas onde antigamente existia a barragem Diga de Vajont. O caminho durou cerca de 20 minutos morro acima. No interior do ônibus encontravam-se em sua maioria brasileiros, que comentavam sobre suas impressões da viagem, sobre sua relação com Longarone “daqui vêm nossos antepassados” e falavam também da expectativa em passearem em Veneza e arredores, nos próximos dias. Pelo que pudemos entender a viagem de urussanguenses para Longarone é um plano fixo e anual organizado por iniciativas particulares e pelas Associações italianas da cidade. Os interessados viajam para as celebrações do acordo gemellaggio, reencontrando conhecidos em Longarone. Aproveitam também para fazer excursões na região do Vêneto. Tamanho era o clima amistoso no ônibus que rapidamente nos sentimos parte da excursão, como se estivéssemos em um pedacinho do Brasil na Itália. As pessoas falavam alto, riam muito, gesticulavam e faziam muitos selfies com seus celulares. Os poucos italianos presentes (já em menor número em relação aos que participaram da solenidade na prefeitura e na missa) eram velhos conhecidos do grupo de brasileiros e articuladores do acordo gemellaggio com Urussanga, desta forma conhecidos desde o final dos anos 80.

Durante o caminho até a antiga barragem um sobrevivente da tragédia foi contando sua história ao microfone. Muito simpático e bem articulado, o senhor Mazzuco10 sabia falar português, pois viaja uma vez por ano a Urussanga para participar das festividades do acordo gemellaggio que acontecem junto ao aniversário da cidade, no mês maio.

Mazzuco contou que no dia do desastre ele dormia, assim como todos em sua casa. Eram aproximadamente 22 horas e tudo parecia normal. Ele relata ter sentido um estrondo e percebeu água a sua volta. Sua reação foi se esconder embaixo da cama, enquanto percebia os cômodos se enchendo.

Emocionado, mesmo que acostumado a contar esta história, Mazzuco tem consciência de que é um dos poucos que sobreviveu à tragédia. No dia seguinte, como de costume, teve o ímpeto de seguir para a escola. Foi difícil observar durante o percurso que a cidade já não tinha mais casas e nem pessoas... Longarone se transformara em escombros e restos mortais. Mazzuco contou com detalhes a aparência dos corpos que viu e sobre sua torcida para não encontrar nenhum amigo seu entre os mortos, desejo que não se realizou. Também não foi surpresa escutar em seu relato que sua escola não mais existia, assim como a igreja da cidade e tantos outros locais que frequentava.

O narrador relata que o que salvou uma parte da população foi o fato de ser feriado durante os dias que antecederam o acidente, de modo que muitas famílias viajavam. Aqueles que permaneceram e estavam dormindo em suas casas no horário do desastre não tiveram chances. Mazzuco acredita que ele se salvou devido à localização de sua residência, especialmente de seu quarto, em uma área elevada cujo terreno não cedeu à força da onda gigante.

Nosso interlocutor revela que o desastre poderia ter sido evitado. Os engenheiros responsáveis pela barragem não quiseram admitir possíveis erros de cálculo no projeto. De acordo com Mazzuco, a população, acostumada a lidar com animais, já vinha percebendo um movimento diferente das ovelhas, que desciam das montanhas mais rapidamente do que usualmente, algumas semanas antes do desastre ocorrer. Os animais perceberam movimentos na terra que antecipavam o deslizamento e tentaram se salvar, sinalizando que algo estava errado.

Chegando ao local da antiga barragem andamos por todo o terreno ainda preservado e aberto a visitações. No espaço foi construído um museu e lá um guia acompanhou a visita fornecendo explicações.

Depois da visita guiada fomos convidados a participar de um grande almoço feito para recepcionar os brasileiros, em um bar localizado próximo de onde outrora era a casa do senhor Mazzuco. Ele mesmo nos contou e mostrou onde se encontrava sua casa. O café ali localizado é hoje um ponto de encontro de pessoas que vão visitar o museu da antiga barragem.

Foi possível conversar com Mazzuco durante o almoço e obter uma informação bastante relevante. Devido à perda de seus familiares e boa parte de seus conhecidos, o Desastre de Vajont marcou sua vida profundamente. Mazzuco relatou que por toda a juventude sentiu um vazio e tristeza muito grandes que o motivaram, assim como outros sobreviventes, a ajudar na reconstrução de Longarone. Nosso entrevistado foi por muito tempo funcionário da prefeitura, esteve em contato com outras cidades e regiões em busca de informações sobre a antiga emigração dos longaroneses para as Américas.

Em meados dos anos 80, um padre de Urussanga visitou Longarone e conheceu Mazzuco. Em uma conversa o padre revelou dados sobre a emigração de italianos para Urussanga vindos de Longarone, no final do século XIX e início do XX. Mazzuco sabia a partir daí que encontraria algo especial caso fosse ao Brasil.

Tal viagem não tardou. Mazucco, junto com outras famílias de Longarone visitou Urussanga, no final dos anos 80. Ele descreve este encontro com muita emoção. Relata que Urussanga era como Longarone, antes de sua destruição; a arquitetura das construções, o jeito das pessoas e principalmente, o uso do dialeto. Ele encontrou muitos sobrenomes conhecidos, inclusive o seu, sentindo-se desta forma, em família. Em suas palavras: “em Urussanga eu encontrei minha família”.

Mazzuco, então funcionário da Prefeitura de Longarone, começou junto com um grupo de interessados o movimento de preparação dos papéis oficiais que atestariam Urussanga como cidade irmã de Longarone. Tal movimento foi também possível, porquê havia em Urussanga grupos e Associações ligadas à manutenção da cultura italiana interessados na concretização desta proposta.

Além do pacto gemellaggio, Mazzuco sabia sobre a possibilidade de os jovens da região terem acesso ao passaporte italiano e, por perceber que estes não tinham grandes perspectivas de trabalho em Urussanga, aproveitando seu contato com conhecidos de Longarone, proprietários de sorveterias na Alemanha, teve a ideia de promover um encontro: “pensei que seria uma oportunidade de ajudar esses jovens”, disse ele. Mazucco acrescentou que logo os belluneses começaram a ir para Urussanga para recrutar jovens ítalo-brasileiros para o trabalho na Alemanha. Em 1991, foi firmado um contrato com a Uniteis11 para que mais jovens com o passaporte italiano pudessem emigrar e trabalhar sem restrições. O que facilitou o contato entre os empregadores e futuros funcionários foi o dialeto usado em Urussanga, muito próximo do dialeto falado em Longarone. Para Mazzuco o gemellaggio foi “algo que mudou totalmente Urussanga, foi uma alavanca econômica”.

Assim, no início dos anos 90 começava a rede migratória de jovens urussanguenses para a Alemanha. Para Urussanga esta rede representou uma oportunidade de desenvolvimento econômico e para Longarone, tratou-se de um encontro subjetivo com os antepassados e de certo modo, com famílias que não teriam sobrevivido caso tivessem permanecido na Itália.

O pacto gemellaggio selaria a amizade entre as cidades irmãs depois de mais de 100 anos de separação, trazendo vida frente ao cenário de morte e luto, tão propagado e vivenciado até os dias atuais em Longarone. Nossa impressão durante a visita a este campo foi da relação com Urussanga ser afetiva e de renascimento, muito além do aspecto econômico, gerado pela ligação com as sorveterias.

Desdobramentos do Gemellaggio e do estabelecimento da rede migratória Urussanga- Longarone- Alemanha

Se para Longarone o sentido do gemellaggio e formação da rede com Urussanga visava união e renascimento, nossa hipótese, pensando-se o papel desta rede para Urussanga, era de que o fenômeno da imigração de trabalho dos jovens fosse pontual, ou seja, que apenas alguns casos isolados de conhecidos que indicavam outros para o trabalho na Alemanha acontecessem, não influenciando, necessariamente, a dinâmica da cidade. Observou-se, entretanto, nas incursões no campo12 que tal hipótese não se confirma. Constatou-se que tanto os jovens entrevistados nas sorveterias na Alemanha, como aqueles retornados, entrevistados em Urussanga e moradores da região sofrem influência direta da manutenção do fluxo migratório e das resultantes remessas financeiras.

A dinâmica de Urussanga gira em torno da partida dos jovens para a Alemanha e do momento esperado em que retornam para as férias. O comércio se aquece e acontece toda uma movimentação e logística que visam estes acontecimentos. Seja o fluxo de aumento das vendas no comércio em geral, até agências de viagens que facilitam o contato com sorveterias na Alemanha ou organizam pacotes para que os familiares visitem seus filhos no exterior, até a oferta específica de lojas de móveis de alto padrão para que as casas dos sorveteiros sejam decoradas, até ofertas de material de construção, formação de redes de imobiliárias que fazem propaganda desde a Alemanha, visando o público de jovens retornados durante as férias no Brasil.

Outro ponto observado foi a preocupação dos moradores com os idosos e com as crianças, chamadas pela população como “órfãs” de Urussanga. Estas passam a ser cuidadas pelos avós ou outros parentes enquanto os pais trabalham na Alemanha, sem saber quando estes definitivamente se fixarão no Brasil. Outro aspecto relevante é a rede de saúde e apoio psicológico. Constatou-se a partir de entrevistas com psicólogos da cidade aumento significativo de casos de depressão em idosos, tentativas de suicídio e problemas de adaptação das crianças na escola, prejuízos no desenvolvimento infantil, assim como transtornos de ansiedade em retornados, caracterizando-se como relevantes questões de saúde pública, que carecem atenção.

Notas finais

A população da região mostra-se dividida em suas opiniões. Por um lado, acreditam que a migração dos jovens traga avanços para a cidade, aquecimento do comércio e melhoria na infraestrutura local. Por outro lado, observa-se aos poucos o processo de gentrificação, devido ao elevado padrão das novas construções. Os aluguéis de quem permanece vivendo na região central da cidade aumentam, de modo que muitos precisam se realocar em localidades periféricas.

Há uma perspectiva crítica trazida por moradores mais idosos e servidores públicos da saúde, que percebem o esvaziamento da cidade e a tendência a um desenvolvimento que não resulta em benefícios à longo prazo para a comunidade. Não há geração de novos empregos e estímulos para que os jovens estudem e permaneçam em Urussanga, não necessitando emigrar para conquistarem seus anseios e objetivos.

Compreendemos que a partir do Desastre de Vajont a necessidade de resgate da vida orientou a busca pelo contato dos longaronenses com Urussanga, corroborando o estabelecimento de uma rede de contatos que veio a se transformar em uma rede de transações econômicas. Neste âmbito, faz-se necessária a reflexão sobre a construção subjetiva e real sentido que os jovens ítalo-brasileiros formulam a partir da vivência intensa em rede, que impacta expressivamente a região e o cotidiano dos moradores. A vida entre lugares resultante do movimento migratório circular empreendido parece não ter fim, devido à dificuldade que os jovens que retornam têm de sustentar e se manter nas casas que construíram ao longo dos anos trabalhados na Alemanha.

Configura-se uma vida em liminaridade e abismo entre o projeto inicial do gemellaggio, enquanto resgate da cultura e dos antepassados após o desastre ambiental e a falsa ideia de italianidade, pertença e desenvolvimento econômico para Urussanga, que faz uso da rede migratória visando remessas financeiras que findam em si mesmas, não promovendo de fato a emancipação dos jovens envolvidos, bem como do Município, a longo prazo.

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11. Dados de nossa pesquisa sobre trajetórias e rearranjos de projetos de vida de ítalo-brasileiros trabalhadores em sorveterias na Alemanha (Portugueis, 2021, 2022).

22. Pacto entre cidades irmãs.

33. O papel das sorveterias na reestruturação da Alemanha, Volk (2012).

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55. Nome fictício.

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77. Nome fictício.

88. Esta informação coincide com o a época em que se inicia a ida de jovens brasileiros para o mercado de sorveterias.

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1010. Durante a entrevista nos foi autorizada a divulgação do nome do entrevistado em trabalhos acadêmicos.

1111. A Uniteis é a união dos proprietários de sorveterias, funciona como uma grande sociedade. Sua sede está localizada na Alemanha.

1212. Primeiramente entrevistamos ítalo-brasileiros em sorveterias na Alemanha, depois visitamos Longarone na Itália e posteriormente acompanhamos as comemorações do pacto gemellaggio em Urussanga, no Brasil

Recebido: 14 de Julho de 2023; Aceito: 28 de Novembro de 2023

Correspondence to: Diane Portugueis E-mail: dportugueis@gmail.com

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