SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 número36"A noção de cuidado e as suas possíveis mudanças de significado em contexto pandémico" - Outro olhar sobre a vulnerabilidade dos humanosOs planos municipais de integração de refugiados em Portugal (2015-2022) índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


População e Sociedade

versão impressa ISSN 0873-1861versão On-line ISSN 2184-5263

População e Sociedade  no.36 Porto dez. 2021  Epub 15-Set-2022

https://doi.org/10.52224/21845263/rev36a2 

Dossier Temático

Entre o local e o global: a Pandemia da Covid-19 sob a ótica da História do Tempo Presente no Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Paraná (UFPR-Brasil)

Between the local and the global: the Covid-19 Pandemic from the perspective of the History of Present Time in the Postgraduate Program in History at the Federal University of Paraná (UFPR-Brasil)

1Universidade Federal do Paraná, Humanas, DEHIS - Departamento de História, Paraná, Brasil.


Resumo

Ancorado na perspectiva da História do Tempo Presente e no seu processo dialético com a História Global, este artigo discute os impactos ocasionados pela Pandemia da Covid-19 no Programa de Pós-Graduação em História, vinculado à Universidade Federal do Paraná. Para a viabilidade da pesquisa, foi considerado o período de março de 2020 a setembro de 2021. Como fonte, a equipe privilegiou informações coletadas através de formulários elaborados para este estudo, aplicados de maneira remota com docentes, discentes e técnicos administrativos do programa, totalizando 120 respondentes. As questões contemplaram aspectos relacionados à vida pessoal, saúde mental, vida acadêmica e acesso a recursos tecnológicos desses grupos, buscando compreender as dificuldades e adaptações realizadas no cotidiano. Dentre os autores que nortearam esta proposta de investigação do ponto de vista teórico-metodológico, estão François Dosse, Marieta de Moraes Ferreira, Eric Hobsbawm e Boaventura de Sousa Santos.

Palavras-chave: História do Tempo Presente; História Global; Pandemia; Covid-19.

Abstract

Anchored in the perspective of the History of Present Time and its dialectical process with Global History, this article discusses the impacts caused by the Covid-19 Pandemic on the Postgraduate Program in History, linked to the Federal University of Paraná. For the feasibility of the research, the period from March 2020 to September 2021 was considered. As a source, the team favored information collected through forms prepared for this study, applied remotely with professors, students and administrative technicians of the program, totaling 120 respondents. The questions covered aspects related to personal life, mental health, academic life and access to technological resources of these groups, seeking to understand the difficulties and adaptations carried out in daily life. Among the authors who guided this research proposal, from a theoretical-methodological point of view, are François Dosse, Marieta de Moraes Ferreira, Eric Hobsbawm and Boaventura de Sousa Santos.

Keywords: History of Present Time; Global History; Pandemic; Covid-19.

Introdução

Historicamente, nas Ciências Humanas, muitas produções acadêmicas voltaram-se para a discussão de grandes eventos na busca de compreender as sociedades, as instituições e as relações políticas, assim como os impactos desses eventos no cotidiano de diferentes grupos. O século XX tem sido considerado palco de grandes mudanças e tensionamentos, seja em decorrência de conflitos armados como as Guerras Mundiais, ou pela modificação de regimes políticos e consolidação da oposição entre nações capitalistas e socialistas. Se esses acontecimentos resultaram em grandes angústias e incertezas em relação ao futuro, também as crises sanitárias e o avanço da medicina foram pontos de destaque do século.

Na segunda década dele, a gripe espanhola, por exemplo, reformulou as formas de se viver e demandou mudanças em relação à higiene dos espaços, mas também do comportamento dos sujeitos. Com o avanço da medicina, em decorrência do aumento de pesquisas e desenvolvimento de novos medicamentos, assim como, pela adoção de novas formas de se relacionar com a saúde - de modo a pensar-se na profilaxia de doenças e não somente no tratamento delas - houve uma aceleração e necessidade de controle imediato diante do desafio desconhecido.

O aperfeiçoamento da tecnologia, de modo geral, também contribuiu para a busca de soluções mais rápidas e adequadas para possibilitar a continuidade do sistema capitalista e, por sua vez, da desigual disputa entre nações ricas e pobres. Ainda que essa desigualdade de produção e acesso à elas, à informações e tratamentos tenham sido tão díspares, o que aproximou as nações ou sociedades plurais foi o sentimento de incerteza, ansiedade, medo e angústia diante da experiência de viver o tempo presente. Se para o século XX isso foi acentuado, para o século XXI, isso se manteve e, de certo modo, podemos afirmar que se intensificou. O surgimento de uma nova epidemia evidenciou ainda mais as diferenças entre as nações do mundo capitalista, colocou em pauta a discussão dos negacionismos acerca da saúde, e trouxe à tona a necessidade de adaptação e reformulação das sociedades em períodos de crise. Reconhecendo esse contexto, esse artigo procura compreender como o grupo analisado foi impactado e de que modo reagiu diante da nova pandemia do Coronavírus.

Entre o Global e o Local

Ao final do ano de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) tomou conhecimento de uma série de casos de pneumonia se espalhando pela cidade de Wuhan, na República Popular da China, causados por um coronavírus1 que até então não havia sido identificado em seres humanos. Era o vírus da Covid-19, doença infecciosa que se manifesta de maneira semelhante a um resfriado, mas que pode evoluir para quadros graves, causando insuficiência respiratória, com necessidade de intubação.

No início de 2020, a OMS declarou que o caso era uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), questão que demandava uma cooperação mundial para salvaguardar a saúde pública de outros Estados. Com a ampliação do contágio em várias partes do mundo, em março, a Covid-19 já era caracterizada como uma pandemia (OPAS, 2020, s/n). A deflagração deste novo cenário mobilizou pesquisadores, grupos de pesquisa, instituições científicas e Universidades de diversas partes do mundo na investigação da doença, tanto no que tange ao contágio e efeitos na saúde, como seus impactos na vida em sociedade. No Brasil não foi diferente, e as instituições públicas, dentre elas a Universidade Federal do Paraná (UFPR), participaram ativamente deste processo.

A UFPR é uma das mais antigas universidades brasileiras em funcionamento, tendo iniciado suas atividades de ensino e pesquisa após a sua fundação, em 1912. Ao longo de sua trajetória foi se ampliando, tanto de maneira geográfica, criando novas instalações por todo território do estado do Paraná, como também na variedade de cursos ofertados. Assim como outras universidades públicas brasileiras, a UFPR oferece ensino gratuito, sendo a admissão dos alunos realizada por meio de processos seletivos com aplicação de prova - uma vez que as vagas são variáveis dependendo dos cursos e áreas de interesse. Atualmente, ela possui cursos de graduação, de mestrado, de doutorado, especializações lato sensu, cursos técnicos e à distância, além de variadas atividades de extensão que envolvem a comunidade externa (Pró-Reitoria de Planejamento, Orçamento e Finanças, 2012). Em um cenário mais amplo, ela está entre as 10 melhores Universidades federais do Brasil, e entre as 35 melhores da América Latina2 (Superintendência de Comunicação Social, 2021).

No âmbito da pós-graduação, a UFPR possui mais de 90 programas voltados para diferentes áreas do conhecimento e dentre eles está o Setor de Ciências Humanas, do qual o Programa de Pós-Graduação em História (PPGHIS) faz parte. Este foi criado no ano de 1972, inicialmente apenas com o Curso de Mestrado, inaugurando dez anos depois, o Curso de Doutorado. O PPGHIS/UFPR possui uma área de concentração de pesquisa chamada de História, Cultura e Sociedade, que se divide em quatro Linhas de Pesquisa, a saber: Arte, Memória e Narrativa; Cultura e Poder; Espaço e Sociabilidades e Intersubjetividade e Pluralidade: reflexão e sentimento na História. Estas abarcam diferentes períodos históricos, abordagens e debates teóricos, e contam com um quadro docente altamente especializado (Programa de Pós-Graduação em História, s/d). Da origem do PPGHIS/UFPR até o ano de 2020, mais de 811 pesquisadores se formaram, entre doutores e mestres.

À vista disso, a UFPR se insere no rol das instituições públicas brasileiras que desde o início da pandemia têm produzido pesquisas sobre os impactos da Covid-19 a nível local e regional. Em um levantamento bibliográfico por meio do Google Acadêmico, foram encontrados dezenas de trabalhos publicados entre 2020 e 2021 no Brasil. Como era de se esperar, grande parte dessas produções estão vinculadas às áreas da saúde, porém, outros setores têm se preocupado em compreender os impactos da pandemia a nível pessoal, social e institucional. É o que mostram pesquisas que investigam questões no eixo de Trabalho e Sociedade (Bridi et al., 2020), Comunicação (De Miranda & Mazeto, 2021), Desenvolvimento Urbano (Porsse, Souza, Carvalho & Vale, 2020), Geografia e Estatística (Bezerra et al., 2020), Letras (Veloso & Walesko, 2020), Engenharias (Biotto & Serra, 2020), Educação Física (Teodoro et al, 2020; Da Silva, 2021), Designer (Zacar, 2021), Psicologia (Mello, 2020), Matemática (Da Rocha et al., 2020), Contabilidade (Lopes, Meurer & Souza, 2020), Educação (Farias, 2020; Vercelli, 2020; De Almeida, 2021), entre outros.

Porém, há uma aparente defasagem na produção das Ciências Humanas, e em especial da área de História. No que diz respeito às pesquisas brasileiras que investigam os impactos da pandemia nos cursos de pós-graduação, existem poucos trabalhos (Pimentel, Lima, Silva Junior & Ferreira, 2020; Teodoro et al., 2020; Wanderley et al., 2020; Araújo-Jorge et al., 2020; Farias, 2020; Biloto, 2020; Lima, Pacheco & Ribeiro, 2020; Cardoso et al., 2020; Rocha et al., 2020; Maciel, Quaresma & Neto, 2021; Viana & Souza, 2021; Toso et al., 2020; Zotesso, 2021; Luiz et al., 2021; De Almeida, 2021; Lopes et al., 2020). Em muitos deles a coleta de informações por meio de relatos de experiência e questionários online se mostrou bastante frequente, o que se justifica, considerando as medidas de isolamento e maior uso de ferramentas tecnológicas durante o período pandêmico.

Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)3, o primeiro caso confirmado do vírus da Covid-19 no Brasil foi registrado em São Paulo, no início de fevereiro de 2020 - e ao final deste mês já era identificada a transmissão comunitária (Albuquerque, 2020). O estado também registrou oficialmente a primeira morte por Covid-19 no país, de uma mulher de 57 anos, em 12/03/2020 - e desta data em diante, o país contabilizou mais de 600.000 mortos pelo coronavírus. À vista disso, diversas medidas a nível nacional, regional e municipal para enfrentamento da pandemia foram realizadas. No estado do Paraná, o Decreto n.º 4230 de 16/03/2020 (Governo do Estado do Paraná, 2020), estabeleceu algumas diretrizes com o intuito de conter a disseminação do vírus, entre elas: a adoção da quarentena e do teletrabalho, suspensão das aulas presenciais em todos os níveis, investigações epidemiológicas acerca da Covid-19, entre outros.

Na mesma data, a Universidade Federal do Paraná (UFPR), declarou a suspensão das aulas presenciais, inicialmente por 14 (catorze) dias (Superintendência de Comunicação Social, 2020a). Porém, em decorrência do aumento dos casos e mortes, cerca de um mês depois, o calendário acadêmico foi suspenso por tempo indeterminado (Superintendência de Comunicação Social, 2020b) - normativa que, no momento, está sendo revista com o avanço da vacinação. A decisão afetou cerca de 30.000 discentes, na graduação e pós-graduação, e 6.000 servidores, entre docentes e técnicos-administrativos. Além da paralisação das aulas, muitos serviços médicos, veterinários, jurídicos, sociais e educacionais prestados pela Universidade à comunidade, também foram temporariamente suspensos.

Tendo em vista que a pandemia se estendeu para além do previsto inicialmente, a UFPR criou uma série de ações de apoio estudantil para grupos em situação de vulnerabilidade, como o empréstimo de notebooks, auxílio para pagamento de pacotes de internet, auxílio refeição, serviços de atendimento psicológico, entre outros, em caráter emergencial. Muitos setores, em especial da saúde e áreas correlatas, readequaram suas atividades científicas para desenvolver pesquisas voltadas para o monitoramento, atendimento e prevenção da Covid-194. Dentre as ações mais recentes iniciadas pela UFPR, está o desenvolvimento de uma vacina própria, que está sendo estudada desde 06/2020, com uma tecnologia integralmente nacional e com baixo custo de produção5. É diante deste cenário, e em um recorte mais específico, o PPGHIS/UFPR, que se ancorou a presente investigação.

Abordagem Teórico-Metodológica

Ao definirmos como objetivo desta pesquisa a compreensão dos impactos da Pandemia da Covid-19 no âmbito do PPGHIS/UFPR é preciso ter em vista uma perspectiva histórica. Isso implica considerar: I) que a pandemia é um evento histórico de proporção mundial; II) que o contexto globalizado desta pandemia é diferente de outros eventos do passado; III) que o impacto da pandemia é diverso se considerarmos variáveis econômicas, políticas e sociais locais; IV) e que há uma dificuldade imposta pela própria doença no que se refere à pesquisas sobre ela, afinal, a pandemia ainda não está controlada e muitas atividades ainda não voltaram por completo. Todas essas questões foram fundamentais para nortear quais seriam as escolhas teórico-metodológicas mais adequadas para pensar este problema historicamente. Diante disso, as reflexões desenvolvidas pela História do Tempo Presente se apresentam como fundamentais na análise de eventos históricos em curso, que articulada com a História Local e Global, permite compreender o recorte de pesquisa dentro de um espectro macro.

Como destacam os historiadores João Júlio Gomes e Monique Sochaczewski, não existe uma definição unânime sobre o que é a História Global, sendo variadas as estratégias historiográficas que se inserem nessa perspectiva. Entre elas, a História Comparada desenvolvida pela Escola dos Annales, os Subaltern Studies, que se voltam para contextos locais e/ou periféricos, a História Atlântica ou Transatlântica, entre outras abordagens que consideram relevante, do ponto de vista científico, ir além das fronteiras nacionais e superar perspectivas eurocêntricas (2017). O surgimento desta grande corrente ocorre no final do século XX, em um contexto de globalização, desenvolvimento de novas tecnologias, encurtamento de distâncias, mas também de aprofundamento de desigualdades fruto do sistema capitalista (Gomes & Sochaczewski, 2017). À vista desse debate, compreendemos como fundamental partir dessa perspectiva global tendo em consideração que pandemias são históricas, extrapolam as barreiras nacionais e que a Covid-19 contribuiu para o aprofundamento das desigualdades (Brasil de Fato, 2021).

Devido à amplitude de abordagens possíveis dentro da História Global, a interdisciplinaridade com outras áreas do conhecimento constitui-se como um pilar de pesquisa fundamental. Neste caso, as áreas da saúde e da sociologia são particularmente importantes, pois, enquanto uma enfatiza o ponto de vista biológico, a outra volta-se para o social. Quanto ao último ponto, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos (2021) em sua recente obra O futuro começa agora: da pandemia à utopia, faz importantes reflexões sobre a atualidade. Segundo ele, pandemias como a de Covid-19, despertam em nós sensações de medo e caos frente à possibilidade de morte, questões que se intensificam diante de um inimigo comum que é invisível, o vírus. Porém, para além desses sentimentos, que são vivenciados de maneira individual por cada pessoa, existem impactos em diferentes dimensões da vida, seja ela social, econômica, política e até religiosa. A incerteza acarretada pela pandemia carrega, segundo o autor, uma mensagem pedagógica e cruel que nos faz refletir sobre o presente, e repensar as formas de consumo, de transporte, nossas relações com o ambiente e com as pessoas. Nessa nova relação com o tempo, em que há uma preocupação com o futuro, a ciência reafirma sua importância, mas é obrigada a disputar espaço com versões negacionistas dos fenômenos históricos e sociais, que oferecem respostas rápidas para problemas que exigem investigação e rigor científico. Ao longo da pandemia, ela foi insistentemente abandonada em prol da emergência de outras soluções que não possuíam nem rigor científico, nem veracidade - como o uso indiscriminado de hidroxicloroquina e a cloroquina para o combate à Covid-19 no Brasil6.

A importância da ciência e o compromisso em produzir respostas para a sociedade, reforçada por pesquisadores e profissionais de saúde, que trabalharam incansavelmente contra o inimigo invisível, são eixos fundamentais também para as ciências humanas, cujas análises se pautam nas evidências e rigor teórico e metodológico, ao invés de ideologias políticas que pregam a negação da ciência. As saídas “fáceis” apresentadas por elas, encobrem ainda outros problemas, que segundo Boaventura de Sousa Santos (2021) não podemos em nenhum momento deixar de lado, como as desigualdades produzidas pelo colonialismo, pelo capitalismo, e pelo patriarcado e reafirmadas durante a pandemia. Segundo o citado autor, essas três formas de dominação, presentes na sociedade global, desde o século XVII, e mais atualizados que nunca, marcam profundamente as desigualdades escancaradas com a pandemia do coronavírus, sobretudo em sociedades cuja populações vulneráveis já se encontravam em relações absolutamente desiguais.

Nesse sentido, os estudos de François Dosse à frente do Instituto da História do Tempo Presente na França, são importantes contribuições para pensar o papel dos historiadores diante de eventos históricos em curso, como a pandemia. Segundo o autor, pensar a partir da história do presente ou no presente, demanda do pesquisador uma postura ética e analítica acerca do objeto de estudo, que exige reflexão, crítica e problematização das fontes que ele se propõe analisar, mas também, compreensão acerca do local do qual ele fala e as mediações que ele se utiliza. Desta forma, a História do Tempo Presente entende que os(as) historiadores(as) fazem parte do próprio processo histórico, no qual a experiência pessoal se inscreve no âmbito coletivo concomitantemente. Ao buscarmos historicizar o processo pandêmico, pelo qual toda a humanidade se vê afetada, temos diante de nós uma profusão de dados, imagens, narrativas e lugares de enunciação que podem, pelo próprio processo de produção de informação, tornar a análise mais difícil.

Há por um lado a proximidade vivida e por outro a necessidade de pensarmos nos desdobramentos históricos de um fenômeno que afeta todos os níveis da vida humana em suas diferentes particularidades, que nesse momento tem como marco, a pandemia. O desafio dessa pesquisa é ser parte desse processo histórico e ainda assim, buscar compreendê-lo a partir dos rigores da pesquisa histórica, considerando-a um conjunto de acontecimentos que afetam a saúde coletiva global e atravessam nossas vidas cotidianas.

Neste sentido a reflexão sobre o produzir historiográfico feita por Eric Hobsbawm (1995), historiador britânico, nos parece pertinente. Diz o autor

(...) quando se escreve não sobre a Antiguidade Clássica, nem sobre o século XIX, mas sobre seu próprio tempo, a vivência pessoal desse tempo molda inevitavelmente a forma como o vemos, e até mesmo o modo como determinamos a evidência à qual todos nós devemos apelar e nos submeter, independentemente de nossos pontos de vista. (Hobsbawm, 1995, p. 105).

Para Hobsbawm, esse é o desafio, a descoberta de que podemos nos enganar nas nossas reflexões sobre o tempo presente, mas ainda assim, produzirmos importantes análises sobre o tempo vivido agora. Esta é uma tarefa que nos aproxima de nossas responsabilidades como intérpretes de processos históricos vividos a “contrapelo”, como homens e mulheres vivendo a dramática experiência de vida em um momento pandêmico que perpassa nossas práticas diárias das mais simples às mais elaboradas instâncias da vida.

À vista desses debates, os estudos da historiadora brasileira Marieta de Moraes Ferreira (2000) chamam a atenção para a relevância das experiências individuais (incluindo dos pesquisadores), as concepções de memórias e as relações da história com o passado, mas também, para as possibilidades de articulação dessas perspectivas com uma análise quantitativa. Desse modo, a análise que propomos, parte principalmente da problematização de questionários aplicados junto aos discentes, docentes e técnicos administrativos do Programa de Pós-Graduação em História da UFPR. As questões formuladas pela equipe permitem explorar esses dois aspectos dos quais Marieta de Moraes disserta, entendendo a comunidade do PPGHIS como um coletivo, mas também cada respondente como testemunhas de um evento histórico em curso, do qual as pesquisadoras são parte e no qual a humanidade toda se insere.

Impactos da Pandemia da Covid-19 no PPGHIS/UFPR

Para a realização dessa pesquisa foi utilizada a plataforma de questionários gratuita da empresa Google, intitulada Google Forms. Através dela foram elaborados três questionários específicos para aplicação com os grupos de técnicos-administrativos, discentes e docentes do PPGHIS/UFPR. As questões apresentadas foram variadas (de múltipla escolha, discursivas e de gradação), adaptadas à realidade de cada grupo e separadas em diferentes blocos, sendo eles: a) dados pessoais e familiares; b) saúde e Covid-19; c) saúde mental e Covid-19; e d) impactos da Covid-19 na vida acadêmica/profissional. Os questionários foram enviados para os três grupos por e-mail, através da equipe administrativa do programa, sendo disponibilizados do dia 27 de setembro até 06 de outubro de 2021. Dos 193 membros da comunidade, 120 deles responderam ao questionário.

Antes de cada um dos blocos, uma breve apresentação da pesquisa, objetivos e e-mail da equipe foram disponibilizados para dúvidas relativas aos questionários ou projeto. Quanto aos blocos, para cada um foi estabelecido um objetivo prévio e um conjunto de questões foi elaborado. No primeiro deles, cujo intuito era conhecer o perfil dos entrevistados, foram feitas perguntas gerais como gênero, idade, renda familiar, modo de vida, uso de equipamentos tecnológicos, entre outros. No segundo bloco foram feitas perguntas relativas à saúde e a Covid-19, nelas o objetivo era identificar se os entrevistados ou pessoas de seu convívio contraíram Covid, a gravidade do quadro ou sequelas decorrentes dele, além de investigar se estes recorreram aos serviços de saúde da Universidade e tomaram vacina contra a doença.

O terceiro bloco teve como objetivo compreender em que medida a pandemia da Covid-19 e a própria doença interferiram em aspectos da vida mental dos entrevistados. Elementos como ansiedade, solidão, desenvolvimento de vínculos foram abordados, assim como a necessidade de intervenção medicamentosa no período. Por fim, o último bloco enfatizou os impactos na vida acadêmica ou profissional, procurando elucidar se para além de impactos negativos, também se criaram possibilidades que somente foram ocasionadas em decorrência da aderência ao ensino e trabalho remoto. Entre eles, foram feitas questões sobre a realização de cursos e eventos, sejam eles nacionais ou internacionais, na tentativa de compreender esse novo cenário proporcionado pela pandemia, e os novos contatos possibilitados por meio de recursos tecnológicos que foram incorporados ao longo dos quase um ano e meio de ensino remoto.

Achados da Pesquisa

Das 120 respostas, obtidas a partir da aplicação dos questionários, 101 foram dos discentes, 18 de docentes e 1 de um dos técnicos-administrativos do PPGHIS/UFPR. Tendo em vista a expressividade do primeiro grupo, a análise partirá dele para os demais, especialmente docentes, pois do último grupo apenas uma pessoa respondeu o questionário7.

Antes de analisar os impactos da Covid-19 no PPGHIS/UFPR, foi necessário compreender, de maneira geral, quais os perfis daqueles que o compõem. Para isso, as perguntas realizadas no primeiro bloco foram fundamentais. Do total de respondentes, 52,5% disseram se identificar como do gênero feminino, 45,5% do masculino e 2% como não-binários. No que se refere às faixas etárias, optamos por separar o grupo discente do docente, tendo em vista que as idades estão distribuídas de modo bastante heterogêneo. Desta forma, as idades mais representativas no perfil discente corresponderam à faixa etária de 20 a 29 anos (57,4%), seguido da faixa etária de 30 a 39 anos (32,6%). Já para os docentes o número mais expressivo se deu nas faixas etárias de 40 a 49 anos e de 50 a 59 anos, totalizando cerca de dois terços dos participantes.

As diferenças de idade entre os dois grupos, assim como suas posições dentro do PPGHIS/UFPR permitem evidenciar duas fases da vida acadêmica bastante diferentes. De um lado, um grupo que ainda não se estabeleceu de maneira consistente no mercado de trabalho e busca, através da pós-graduação, melhorar o currículo e se desenvolver intelectualmente. E de outro, um grupo com ampla experiência na área e que já possui alguma estabilidade financeira. Tais questões se confirmam quando comparamos alguns dados familiares dos dois grupos.

Sobre a condição de vida dos discentes, a maioria (60,4%) declarou que a renda média da unidade familiar está entre R$2.201 e R$7.7008, sendo que uma pequena parcela (16,8%) tem rendimento acima de R$7.700, e a outra parte (22,8%) vive com valores abaixo de R$2.200, como é possível visualizar na Figura n.º 1. Nesse sentido, as bolsas de pesquisa9 pagas pelas instituições de fomento do governo federal se mostram imprescindíveis para ter as bases materiais mínimas para o desenvolvimento das investigações, sendo muitas vezes a única fonte de renda da unidade familiar dos discentes.

Apesar disso, não existem bolsas para todos os alunos do PPGHIS/UFPR. Dos 101 alunos que responderam o formulário, a maioria (54,5%) não possui bolsa de pesquisa10. Isso explica o fato de que grande parte (45,5%) declarou desempenhar atividades remuneradas que não são bolsas, sendo que destes, a maioria (60%) dedica entre 20h e 40h semanais para isso, e alguns (15%) acima de 40h/semana. Já no formulário dos docentes, a maioria (66,7%) possui valores acima de R$11.000,00 como renda média da unidade familiar. Questionando discentes e docentes sobre os membros da unidade familiar, constatamos que os primeiros ganham menos e vivem com mais pessoas em casa, mostrando uma grande diferença nos perfis dos respondentes. Apesar disso, do total, poucos declararam morar sozinhos (12 discentes e 4 docentes), ou com amigos (7 discentes), sendo 97 aqueles que responderam morar com familiares (14 docentes, 1 técnico administrativo e 82 discentes).

Fonte: Elaboração própria (2021)

Figura n.º 1  Renda média da unidade familiar de discentes e docentes do PPGHIS/UFPR 

Feito um levantamento sobre o perfil dos respondentes, o segundo bloco de questões tinha como objetivo obter dados gerais desse grupo em relação à Covid-19, de contágio, ao controle e prevenção. Um dado inicial que chama atenção é que 100% dos respondentes afirmaram já ter se vacinado com ao menos uma dose das vacinas contra a Covid-19, de modo que 60% estavam com a imunização completa, 37% com ao menos uma dose e 3% com dose de reforço. Dos docentes, todos afirmaram já estar com a imunização completa, dado que contrasta um pouco com a imunização dos alunos, dos quais só 53% completaram o ciclo, tendo em vista o avanço por idade e condição de saúde adotado no esquema de vacinação.

Apesar dos dados positivos sobre a vacinação no PPGHIS/UFPR, docentes, discentes e técnicos-administrativos nem sempre estiveram mais seguros em relação à doença. Dos 120 respondentes, 15 declararam terem sido infectados com a Covid-19, sendo estes, docentes (4 dos 18) e discentes (11 dos 101). Nestes formulários, tivemos 18 respostas de incerteza da infecção. Apesar disso, os contaminados correspondem a uma pequena parcela do total, fator que pode indicar a possibilidade de isolamento, e grande acesso à informação por parte dos grupos no que se refere à doença e prevenção - fator que deve ser levado em consideração tendo em vista a quantidade de fake news associadas a Covid-19 no Brasil e o negacionismo da doença.

Para aqueles que afirmaram terem sido infectados (15), a maioria avaliou o quadro de desenvolvimento da doença como pouco grave (6) ou moderado (6). Dos principais sintomas citados constam: febre, dores no corpo e cabeça, tosse, perda de olfato, indisposição, sono, enjoo, dificuldade para respirar, coriza, perda de apetite. Poucos mencionaram apresentar sequelas, sendo que as mencionadas se relacionam ao olfato/paladar, perda de cabelo e memória. Para além da infecção do grupo de análise, o questionário também abordou se pessoas próximas ou do convívio familiar teriam adquirido a doença ou falecido em decorrência dela. Pouco mais da metade (57%) dos respondentes afirmou que pessoas do círculo íntimo contraíram Covid-19, e pouco mais de um terço afirmou ter perdido alguém do círculo de relacionamentos para a doença.

Haja vista que a UFPR possui serviços de atendimento ligados à saúde, sendo o mais conhecido o Hospital de Clínicas (HC), também foi questionado se os respondentes ou seus familiares fizeram uso dos serviços da Universidade no âmbito da saúde, o que nos surpreendeu com o fato de que a maioria (71%) não utilizou os serviços de maneira individual e nem para familiares (89%). Esses dados são muito expressivos, tendo em vista que ao longo de todo tempo pandêmico a UFPR disponibilizou diferentes tipos de teste para a análise de infecção da Covid-19, ao mesmo tempo que o HC, foi um hospital de referência para o tratamento da doença.

O terceiro bloco de perguntas visava aprofundar a questão da Covid-19, porém, com ênfase na saúde mental, nele o intuito era de compreender a percepção dos respondentes dos impactos da pandemia e da própria doença no seu cotidiano, mas também nos relacionamentos ao longo desse período. Cabe ressaltar que partimos da definição da OMS acerca de saúde mental, em que afirma que esta não é somente a ausência de perturbações mentais, mas de modo geral, o funcionamento mental e comportamental do indivíduo, especialmente no que se refere ao bem-estar a partir das habilidades que o sujeito possui para enfrentar os conflitos e dificuldades de sua vida (OMS, 2002). Tendo em vista essa ampla definição, também recorremos ao conceito de perturbações ou transtornos mentais propostos pela Organização. Para ela, os transtornos normalmente são caracterizados por uma combinação de pensamentos, percepções, emoções e comportamentos anormais, que também podem afetar as relações com outras pessoas (OPAS, s/d). Dentre esses transtornos, podemos incluir depressão, ansiedade, bipolaridade, esquizofrenia, demência, entre outros. O diagnóstico nem sempre é seguido de medicalização, mas sim, por acompanhamento médico e/ou psicológico.

À vista disso, consideramos pertinente nesse bloco, dar ênfase na dimensão pessoal de como os sujeitos perceberam esse evento histórico, o que incluiu tanto questionamentos sobre realização de acompanhamento psicoterapêutico e o uso de medicamentos controlados, quanto percepções individuais sobre o período de isolamento. A primeira pergunta realizada nos formulários foi se os respondentes consideraram que a pandemia de Covid-19 impactou negativamente sua saúde mental. Quase todos os discentes (99%), e a maioria dos docentes (88,8%) respondeu de maneira afirmativa para esta questão. Apesar disso, a forma como cada grupo percebeu isso variou.

Para medir esse impacto colocamos uma questão condicionada pela resposta anterior com uma escala com as opções: pouco, razoavelmente ou muito. Enquanto a maioria dos alunos (53%) assinalou que o impacto negativo na saúde mental foi muito, ou razoável (41%), a maioria dos professores assinalou que foram razoavelmente (44,4%) ou pouco impactados (38,8%). A diferença foi sentida também em uma questão sobre a existência de um impacto negativo no desenvolvimento de vínculos dentro do PPGHIS/UFPR em decorrência da pandemia, para a qual a maioria dos discentes respondeu de maneira afirmativa (88,1%), enquanto os docentes ficaram divididos (50%).

Com o objetivo de investigar sentimentos mais específicos, elaboramos questões para saber se os respondentes se sentiram ansiosos, sozinhos ou sem motivação durante a pandemia, todas, seguidas de uma escala de gradação como apresentado anteriormente. Os resultados, apresentados na Figura n.º 2, comparam a totalidade de respostas de docentes e discentes em relação a tais questões. Como é possível observar, em todas as categorias os alunos são os que mais respondem de maneira afirmativa quando questionados sobre essas percepções.

Figura n.º 2  Respostas afirmativas por grupo 

Além dos discentes responderem mais afirmativamente que os docentes em relação à ansiedade, solidão e estar sem motivação, a escala de impactos para cada uma dessas percepções também apresenta variação. Se compararmos as Figuras n.os 3 e 4, nos quais as respostas de ambos os grupos estão sistematizadas, é possível perceber que nas três categorias a maioria dos alunos assinalou a opção “muito” sobre os impactos na saúde mental, seguido da opção “razoável” e só então a opção “pouco”11.

Fonte: Elaboração própria (2021)

Figura n.º 3  Impactos da Covid-19 na saúde mental dos discentes 

Do ponto de vista docente os impactos são melhor distribuídos, chamando atenção o fato de que a maioria se situa na opção “razoavelmente”, seguida de “pouco” e só então a opção “muito”.

Fonte: Elaboração própria (2021)

Figura n.º 4 Impactos da Covid-19 na saúde mental dos docentes 

Apesar dos dados refletirem impressões pessoais, se considerarmos que a quantidade de discentes que respondeu o formulário representa a maioria dos alunos do PPGHIS/UFPR e que as respostas são muito aproximadas, temos um indicativo grave no que se refere às questões de saúde mental dentro do programa, aparentemente agravada pela pandemia. Um outro conjunto de questões permitiu levantar esta hipótese, tendo em vista que foram investigadas questões relativas ao acompanhamento psicológico e uso de medicamentos controlados antes e durante a pandemia. Nesses quesitos, em ambos os grupos houve um aumento da procura por profissionais da área da saúde mental, assim como, a necessidade de iniciar um tratamento medicamentoso ou ajustar a dose durante o período de pandemia.

Fonte: Elaboração própria (2021)

Figura n.º 5  Acompanhamento psicológico (AP) e uso de medicamentos controlados (UMC) por parte de docentes e discentes do PPGHIS/UFPR 

Os dados da Figura n.º 5 confirmam uma tendência observada nas respostas anteriores do formulário que se refere ao grande impacto que a pandemia trouxe para a saúde mental daqueles que compõem o PPGHIS/UFPR, em especial os discentes. Observamos que nas respostas docentes há um aumento em torno de 50% quanto a busca por acompanhamento psicológico (de 16,7% para 27,8%) e ajuste ou início de medicação controlada (de 22,2% para 33,3%). Para os discentes, o ajuste ou início de uso de alguma medicação controlada praticamente duplica (de 15% para 28,7%), enquanto a busca por acompanhamento psicológico cresce de 28,7% para 48,5%.

Para além dos impactos da pandemia na saúde e família da comunidade do PPGHIS/UFPR, um dos blocos abordou questões relativas ao trabalho acadêmico remoto durante o período. Para tanto, se fez necessária a adaptação de algumas questões de modo a adequar as atividades desempenhadas por docentes e discentes, haja vista que possuem atribuições distintas dentro do Programa de Pós-Graduação e da própria Universidade. Feita essa observação, nossa análise verificou que ambos os grupos compreenderam que a pandemia da Covid-19 impactou negativamente suas produções acadêmicas, conforme assinalaram os alunos (90%) e professores do programa (73%). Dentre as principais dificuldades levantadas por eles temos: a de concentração para realizar leituras, de produção da escrita e organização da rotina, seguidos por acesso a fontes bibliográficas. Contudo, essa questão possibilitava a inserção de respostas que não haviam sido contempladas no formulário elaborado pela equipe, e nas respostas dos discentes chamou a atenção que alguns indicaram a falta de perspectiva com o futuro profissional e muitas vezes a dúvida em estar na pós-graduação. Como dito anteriormente, compreendemos que essa falta de perspectiva, ocorre em razão da atual situação da pesquisa científica no Brasil, que vem sofrendo com o corte sistemático de financiamento e de investimento na ciência e educação, por parte do Governo Federal.

Ainda que tenha sido formulada em outro bloco de questões, achamos pertinente abordar a questão do acesso a documentação em conjunto com a abordagem das dificuldades. Isso porque, no que tange o acesso a elas, a resposta dos discentes foi bastante equilibrada sendo: 27,7% nada afetados, 20,8% pouco, 16,8% razoavelmente, 16,8% muito afetados e 17,8% excessivamente afetados com o acesso às fontes. Para os docentes não houve a resposta excessivamente, mas também houve equilíbrio, sendo 33,3% nada afetados, 22,2% pouco afetados, 27,8% razoavelmente afetados e 16,7% muito afetados. Nos comentários finais dos questionários obtivemos algumas respostas que contribuíram para a compreensão desses números, uma vez que muitos alunos desenvolvem suas pesquisas através da metodologia da História Oral e, desse modo, tiveram o acesso a seus entrevistados restritos; ou também, alguns utilizam fontes que não se encontravam disponíveis online, somente em cópia física em arquivos que ou estavam com acesso restrito ou eram em outras localidades fora de Curitiba.

Considerando a adaptação dos formulários, aos discentes foram formuladas questões relativas à participação em cursos, disciplinas e eventos externos ao PPGHIS de forma online. Do total de respondentes (101), apenas 38 realizaram cursos de aperfeiçoamento, sendo que desses, 58% realizou entre 1 e 3 cursos. Quanto à realização de disciplinas externas à UFPR, 26 estudantes responderam afirmativamente, dos quais 80% cursaram pelo menos uma disciplina. Aos docentes, as perguntas envolveram participação em bancas, eventos e a inserção de alunos externos à UFPR em suas disciplinas da pós-graduação. No caso de participação em bancas e eventos, dos 18 respondentes, 12 afirmaram que já participavam de modo remoto dessas atividades, sendo que 77% deles afirmaram participar ao menos uma vez por semestre deste modelo. Quando questionados se no período pandêmico eles continuaram participando dessas atividades de forma remota, 100% afirmou que sim, contudo 14 deles (77,8%) respondeu que participaram mais que 3 vezes por semestre; o que nos possibilita afirmar que a adoção do modo remoto para bancas e eventos científicos contribuiu para a trocas intelectuais entre docentes e instituições. Em relação à matrícula de alunos externos à UFPR nas disciplinas da pós-graduação, 55,6% afirmou que ministrou disciplinas com estudantes de fora, sendo que a totalidade dos respondentes (10) afirmou que esse número foi de mais de 3 alunos por disciplina.

Ambos os grupos foram questionados se, durante a pandemia, participaram de eventos nacionais ou internacionais que não teriam participado de maneira presencial. Quanto aos eventos realizados no Brasil, a maioria dos discentes (74,3%) e docentes (61,1%) respondeu que sim. Porém, em relação àqueles realizados fora do país, somente 41,6% dos alunos responderam afirmativamente à questão, enquanto para os professores esse número foi de 55,6%. Desta forma, concluímos que salvo as diferenças nas respostas, para ambos a adesão de eventos acadêmicos no formato remoto contribuiu para sua participação. Esta informação nos parece pertinente, haja vista que compreendemos essa possibilidade como um aspecto positivo a ser ressaltado do período pandêmico e que poderá ser mantido após a pandemia - nem que para isso seja adotado (como já vem ocorrendo) o modelo híbrido. A possibilidade de participação e apresentação em eventos sem deslocamento é uma maneira de democratizar o conhecimento, minimizar custos e facilitar a inserção dos alunos, que enfrentam um período de incerteza acadêmica, de diminuição de bolsas e dificuldades no mercado de trabalho.

Na segunda parte deste bloco, os formulários versavam sobre a rotina dos nossos respondentes, cujo objetivo era observar as mudanças ocorridas durante o período de isolamento. Ainda pensando na utilização do espaço remoto para desenvolvimento de atividades acadêmicas, eles foram questionados sobre a existência de dificuldades para acompanhar as aulas da pós-graduação, que foram realizadas por meio de plataformas online. Para essa questão, grande parte dos discentes assinalou a opção nenhuma (27,7%), pouca (19,8), razoável (26,7%) e muita ou excessiva (25,7%). Os dados dos docentes foram semelhantes, sendo que grande parte afirmou que não houve dificuldade (38,9%), ou se ocorreu, ela foi pouca (33,3%) ou razoável (22,2%), e somente um deles afirmou ter tido dificuldade excessiva no acompanhamento (5,6%). Em relação ao uso de plataformas digitais para esta e outras atividades, ambos os grupos responderam de maneira igualitária para nenhuma, pouca e razoável dificuldade, o que demonstra certa adaptação ao ambiente virtual. Isso, contudo, não significou ausência de dificuldades. Questionados sobre os maiores entraves no ensino remoto, ambos assinalaram com frequência o cansaço físico e visual pelo uso e tempo excessivo em frente a tela do aparelho utilizado (superando a marca de 82%). Outras dificuldades marcadas com frequência foram: a de concentração (72,3%), de participação nas aulas em função da lógica da plataforma12 (60,4%) e a dificuldade em dividir a rotina doméstica e a rotina acadêmica (57,4%) - questão que será abordada a seguir.

Quanto à participação das atividades remotas promovidas pelo PPGHIS/UFPR, os dados foram um pouco diferentes. Apesar da maioria de discentes (43,6%) e dos docentes (61,1%) ter respondido possuir nenhuma ou pouca dificuldade em participar de tais atividades, ou assinalado a opção razoável (24,8% dos discentes e 27,8% dos docentes), surpreende que muitos alunos tenham encontrado dificuldades grandes (19,8%) ou excessivas (11,9%) para participar delas, enquanto para os professores tais opções, quando somadas, não ultrapassam os 11,2%. Tendo em vista que muitos alunos possuem rendimentos não vinculados à concessão de bolsas, e que muitos trabalham entre 20 e 40h/semanais, a dificuldade encontrada por eles pode ser em parte explicada. Apesar disso, outros dados investigados no final deste bloco podem ajudar a compreender essa e outras barreiras encontradas pelos alunos e professores também.

A parte final do questionário se dedicou a pensar acerca de questões relativas aos desafios encontrados durante o período de isolamento e trabalho remoto. Com o objetivo de compreender os impactos da pandemia na rotina e pesquisa dos respondentes, elaboramos perguntas sobre o impacto das aulas remotas, a paralisação dos serviços da Universidade, o aumento de cuidados domésticos ou de pessoas durante esse período, além de possíveis dificuldades no acesso a fontes, temática que abordamos anteriormente.

Diante disso, questionamos se a mudança de aulas presenciais para aulas remotas afetou a rotina dos respondentes, questão para a qual eles poderiam assinalar as opções: nada, pouco, razoavelmente, muito ou excessivamente. Para docentes e discentes, a maioria assinalou a opção “excessivamente” (38,9% e 31,7%, respectivamente). Porém, se somarmos as respostas dos dois grupos juntando as duas últimas categorias, percebemos que para quase metade dos alunos (47,5%), e mais da metade dos professores (61,1%), ocorreram mudanças drásticas na rotina, com o período de pandemia13.

Tendo em vista que essa pergunta era ampla, não permitindo compreender se o que mudou na rotina dos pesquisadores com as aulas remotas era positivo ou negativo, também obtivemos alguns comentários de perguntas abertas ou específicas que podem contribuir para entendermos esses dados. Alguns dos discentes afirmaram que o fato das aulas serem remotas possibilitou o melhor acompanhamento delas, tendo em vista que não havia mais a preocupação de trânsito, horários corridos, preparo de refeições, entre outros. Em oposição, alguns estudantes também indicaram que a falta de separação entre a vida acadêmica e a vida pessoal ou laboral dificultou o desenvolvimento de uma rotina mais saudável e tranquila.

Nesse sentido, entendemos que o espaço físico da Universidade desempenhava um papel fundamental na rotina dos pesquisadores, seja pelos serviços ofertados, ou pela separação da vida pessoal e laboral. Em uma questão sobre o uso de serviços da UFPR, discentes (75,24%) e docentes (66,6%) afirmaram que recorriam a eles no ensino presencial, sendo que aqueles que mais os afetaram pela paralisação foram das Bibliotecas da UFPR, seguido dos Restaurantes Universitários e dos Laboratórios de Pesquisa. Para os discentes, a paralisação temporária dos serviços de saúde (odontologia, nutrição, clínica médica e outras especialidades) também os afetaram.

Diante dessa mudança de espaço e adequação das atividades, buscamos investigar quais as condições de desempenho do trabalho remoto e como foi a rotina dos pesquisadores em casa. Em uma das questões, elencamos uma série de opções que poderiam ser consideradas dificuldades durante a pandemia, partindo da experiência das pesquisadoras e também de colegas, para as quais os respondentes poderiam marcar mais de uma opção14, ou incluir novas categorias15.

Considerando que uma das preocupações da Universidade durante a pandemia foi de disponibilizar equipamentos de informática para a comunidade UFPR, um dado que gostaríamos de saber era referente ao acesso dos respondentes do PPGHIS. Nesse quesito, os alunos foram o único grupo a assinalar a opção “não ter espaço físico adequado para estudo” como uma dificuldade (29,7%). Quanto aos meios de acesso, a maioria declarou fazer uso de notebooks (89,1%) e celulares (73,3%), sendo que 19,8% deles precisavam compartilhar equipamentos com outras pessoas da unidade familiar. No grupo docente, somente um respondente afirmou compartilhar equipamento, e não houve nenhuma indicação de espaço inadequado para o trabalho. Apesar dos equipamentos utilizados serem praticamente os mesmos, esses dados indicam que os docentes tiveram mais estrutura física e de equipamento para o desenvolvimento das atividades remotas quando comparados com os discentes.

Outra questão realizada em todos os formulários foi sobre rotina doméstica, buscando compreender se essa se modificou para mais durante o período de pandemia. No caso dos discentes, houve uma sobrecarga nessas atividades, sendo que a maioria assinalou a opção "excessivamente" (30,7%), seguindo de "muito" (27,7%), “razoavelmente” (22,8%), "pouco" (14,9%) e nada (4%). Já para os docentes, o impacto foi um pouco diferente, a maioria acredita que a rotina doméstica aumentou “pouco” (33,3%), seguido de “razoavelmente” e “muito” (27,8% em ambos), sendo igual a porcentagem daqueles que acredita não ter mudado “nada” ou “excessivamente” (5,6%). Outro questionamento foi quanto ao aumento dos cuidados com pessoas próximas. Para os dois grupos, a maioria assinalou que não houve aumento (35,6% para discente e 44,4% para docentes), ainda que no caso dos discentes a segunda opção mais assinalada tenha sido de aumento excessivo de cuidados (22,8%).16

Considerações Finais

Neste artigo procuramos apresentar dados sistematizados acerca do impacto da pandemia da Covid-19 no PPGHIS/UFPR, assim como, as adaptações realizadas no cotidiano e na academia em decorrência do período pandêmico. Através dos questionários aplicados com docentes, discentes e técnicos-administrativos, encontramos diferentes experiências que permitem pensar a história do tempo presente através de sujeitos que são parte de um evento histórico em curso: a pandemia de Covid-19. Com ele, uma série de modificações se impôs na vida e rotina da comunidade do PPGHIS/UFPR, nas quais a tecnologia se apresentou como um componente fundamental para a continuidade das atividades relativas à pós-graduação. Apesar das dificuldades de realizar uma análise na qual as pesquisadoras são parte do estudo e também agentes históricas que vivenciam o mesmo contexto dos respondentes, a investigação permitiu compreender as diferentes perspectivas, modos de vida e impactos da pandemia dentro do programa. Diante disso, dois aspectos são particularmente importantes.

O primeiro é que, ainda que o grupo selecionado para análise seja específico e pequeno, muitos elementos que sobressaem neste estudo refletem as atuais condições de pesquisa no Brasil e quais as perspectivas que se apresentam para a área das Ciências Humanas. As dificuldades sinalizadas pelos discentes são um grande indicativo dessas condições. Suas experiências, dentro do mesmo espaço, o PPGHIS/UFPR, são, em diversos pontos, muito diferentes dos docentes. Isso se explica, em grande parte, pelos distintos momentos da vida dos dois grupos e suas condições materiais. Se retomarmos os dados iniciais dos questionários, vimos que a faixa etária dos discentes está entre 20 e 40 anos, enquanto para os docentes está entre 40 e 60. Enquanto de um lado temos um grupo que inclui recém-formados e pessoas com menor experiência no mercado de trabalho, de outro temos indivíduos com carreiras já consolidadas. Em razão disso é que vemos também uma diferença da renda média de suas unidades familiares. Os alunos vivem com mais pessoas e possuem uma renda média familiar menor, sendo que quase um quarto deles vive com menos de R$2.200,00 mensais. Somam-se a isso as dificuldades financeiras para se manter no âmbito acadêmico, que com a escassez de bolsas impele os alunos para um mercado de trabalho que exige muitas horas distante da academia, a fim de garantir as bases materiais mínimas para viver e continuar estudando.

Fatores como estes explicam em parte a falta de motivação apresentada pelos discentes nos questionários e a desilusão com o futuro. Em análise comparada, pudemos perceber que para eles o impacto da pandemia foi mais profundo e gerou mais sofrimento do que para os docentes. Os comentários ao final dos questionários nos chamaram atenção para a ênfase dada pelos estudantes tanto ao sofrimento mental de angústia e ansiedade, bem como da falta de perspectiva em relação ao mercado de trabalho e a possibilidade de bolsas. Muitos comentários passavam por reflexões como “não vejo mais razão para realização da minha pesquisa”, “não tenho ânimo para continuar no mestrado ou doutorado”. Outro aspecto que também gostaríamos de ressaltar, indicado pelos estudantes, foi a dificuldade de cumprimento de prazos junto às instituições de ensino e pesquisa do Governo Federal, assim como os próprios prazos propostos pelos professores nas disciplinas. A ausência de qualquer comentário ou observação nesse sentido por parte dos docentes, nos parece indicar que houve uma certa discrepância na percepção ou nos modos de lidar com os impactos da pandemia.

Apesar de discentes e docentes entenderem que ocorreram muitos impactos negativos nas suas produções acadêmicas e que a pandemia trouxe consequências negativas, a comparação de questões iguais aplicadas a estes grupos, revelou maiores impactos financeiros, psicológicos e no cotidiano dos alunos, questão que pode ser associada a idade, incerteza com o futuro, e com o próprio cenário de pesquisa, econômico e social do Brasil, que foi ainda mais abalado durante a pandemia. Dessa forma, acreditamos que a experiência positiva dos docentes nesse contexto pode ser associada às suas questões materiais, assim como, o próprio fato de possuírem uma estrutura física adequada para trabalho, contribuindo com o desempenho nas atividades acadêmicas.

Por outro lado, existe um diagnóstico acerca das experiências dos sujeitos que permite compreender as modificações engendradas pela pandemia, e adaptação ao modelo remoto, para além das vivências negativas, como a questão da democratização de participação em eventos e atividades acadêmicas pelo modelo online. Neste sentido, chamamos atenção para o comentário final realizado no questionário dos técnicos administrativos. Nele, o (a) servidor (a) afirmou ter conseguido desempenhar bem suas funções de modo remoto, a ponto de a equipe propor para a coordenação da Pós-Graduação a adoção do modo híbrido no exercício das funções (alguns dias de trabalho remoto e outros dias previamente combinados de trabalho presencial no intuito de atender demandas específicas).

Considerando que a proposta do dossiê discute sobre o impacto das novas tecnologias nas relações transnacionais, foi possível afirmar que a tecnologia facilitou o desenvolvimento do trabalho remoto e acadêmico durante o período de pandemia. Apesar de todas as dificuldades mencionadas pela comunidade do PPGHIS/UFPR, os respondentes demonstraram que muitas delas eram provenientes da inexperiência e que com o passar do tempo houve certa adaptação. Um dado muito significativo foi que o ambiente remoto facilitou o desenvolvimento de relações transnacionais e nacionais do ponto de vista acadêmico, facilitando trocas entre pesquisadores e instituições. Muitos docentes e discentes relataram participação em cursos, eventos e disciplinas que não seriam acompanhados se não fossem realizados no ambiente virtual. O dado relativo ao questionário dos professores de que alunos externos participaram das disciplinas do programa reflete também um movimento de troca que possivelmente foi aproveitado por outras instituições de pesquisa no Brasil.

Longe de retomar uma perspectiva da antiga História Global de valorizar as possibilidades do mundo globalizado sem ponderar as desigualdades provenientes do sistema capitalista, através desse estudo foi possível compreender a existência de diferentes perspectivas do ambiente acadêmico durante a pandemia. Tendo em vista que os sujeitos precisaram seguir suas vidas e realizar adaptações na rotina diante do novo contexto, a tecnologia foi uma importante aliada dos pesquisadores que puderam, por meio dela, manter reuniões, realizar orientações, buscar materiais de pesquisa digitais e participar de eventos científicos, além de permitir o desenvolvimento de novas formas de se relacionar e trabalhar. Por outro lado, uma série de problemas decorreram dessas adaptações, no que se refere não só às questões domésticas (finanças, infraestrutura, cuidados de pessoas) bem como as relacionadas ao bem-estar (uso excessivo da tecnologia, aumento de transtornos mentais e problemas de saúde decorrentes da Covid-19), dentre outros. Desta forma, ainda que a pesquisa tenha propiciado o contato com múltiplas experiências no âmbito do PPGHIS/UFPR, incluindo aspectos positivos e negativos decorrentes da pandemia, a tragédia brasileira nesse período, com mais de 600 mil mortos, o sofrimento e a perda irreparável de amigos e familiares, é sem dúvida um dado que não pode ser comparado a qualquer aspecto positivo que possa ter vindo com ela.

Referências Bibliográficas

Albuquerque, Ana Luiza. (2020). Novo coronavírus começou a circular no início de fevereiro, diz estudo da Fiocruz. Folha de São Paulo. Retirado de https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/05/novo-coronavirus-comecou-a-circular-no-brasil-no-inicio-de-fevereiro-diz-estudo-da-fiocruz.shtmlLinks ]

Dosse, François. (2012). História do Tempo Presente e Historiografia. Tempo e Argumento , v.4, n.1, 5-22. http://dx.doi.org/10.5965/2175180304012012005 [ Links ]

Ferreira, Marieta de Moraes. (2000). História do tempo presente: desafios. Cultura Vozes , v. 94 , n. 3, 111-124. http://hdl.handle.net/10438/6842Links ]

Governo do Estado do Paraná. (2020). Decreto 4230 de 16 de março de 2020. Diário Oficial n.º 10646. Retirado de https://www.legislacao.pr.gov.br/legislacao/pesquisarAto.do?%20action=exibir&codAto=232854&indice=1&totalRegistros=12&dt=21.2.2020.18.10.40.695Links ]

Hobsbawm, Eric. (1995). O presente como história: escrever a história de seu próprio tempo. Novos Estudos, 43 (nov .), 103-112. https://pt.calameo.com/read/000886600233638b59948Links ]

OPAS. (2020). Histórico da pandemia de COVID-19. Retirado de https://www.paho.org/pt/covid19/historico-da-pandemia-covid-19Links ]

OPAS. (s/d.a). Transtornos mentais. Retirado de: https://www.paho.org/pt/topicos/transtornos-mentais. [ Links ]

Programa de Pós-Graduação História (s/d). Áreas de Concentração e Linhas de Pesquisa. Portal PPGHIS. Retirado de http://www.prppg.ufpr.br/site/ppghis/pb/linhas-de-pesquisas/Links ]

Pró-Reitoria de Planejamento, Orçamento e Finanças. (2012). Relatório de Atividades da UFPR. Portal UFPR. Retirado de http://www.proplan.ufpr.br/portal/rel_atv/relatorio_de_atividades_2012.pdfLinks ]

Santos, João Júlio Gomes dos, & SOCHACZEWSKI, Monique. (2017). História global: um empreendimento intelectual em curso. Tempo , v. 23 , n. 3, 483-502. https://doi.org/10.1590/TEM-1980-542X2017v230304. [ Links ]

Santos, Boaventura de Sousa. (2021). O futuro começa agora: Da pandemia à utopia. São Paulo, Brasil: Editora Boitempo. [ Links ]

Superintendência de Comunicação Social. (2021). A UFPR é a 32.ª melhor universidade latina, de acordo com o QS Latin American University Rankings. Portal UFPR. Retirado de https://www.ufpr.br/portalufpr/noticias/ufpr-e-a-32a-melhor-universidade-latina-de-acordo-com-o-qs-latin-america-university-rankings/Links ]

Superintendência de Comunicação Social. (2020a). Nota oficial sobre pandemia de Coronavírus: UFPR suspende aulas a partir de segunda-feira (16). Portal UFPR. Retirado de https://www.ufpr.br/portalufpr/noticias/nota-oficial-sobre-pandemia-de-coronavirus-ufpr-suspende-aulas-a-partir-de-segunda-feira-16/Links ]

Superintendência de Comunicação Social. (2020b). O Calendário acadêmico da UFPR é suspenso por tempo indeterminado; leia as resoluções que adaptam atividades. Portal UFPR. Retirado de https://www.ufpr.br/portalufpr/noticias/calendario-e-suspenso-por-tempo-indeterminado-e-resolucoes-adaptam-atividades/Links ]

Universidade Federal do Paraná. (2020). A mais antiga do Brasil. Portal UFPR. Retirado de https://www.ufpr.br/portalufpr/a-mais-antiga-do-brasil/Links ]

Valery, Gabriel. (2021, 11 de julho). Covid-19 aumentou pobreza, fome e desigualdade; ‘Catástrofe geracional’, diz Nações Unidas. Brasil de Fato. Retirado de https://www.brasildefato.com.br/2021/07/11/covid-19-aumentou-pobreza-fome-e-desigualdade-catastrofe-geracional-diz-nacoes-unidasLinks ]

Organização Mundial da Saúde, OMS. (2002). Relatório Mundial da Saúde. Saúde mental: nova concepção, nova esperança. Retirado de https://www.who.int/whr/2001/en/whr01_po.pdf Links ]

1Definido como um vírus que afeta a capacidade respiratória.

2A pesquisa investigou dados de produção e impacto científico, internacionalização, entre outros, de 418 universidades latinas.

3Instituição nacional de pesquisa e desenvolvimento na área de Ciências Biológicas, localizada no estado do Rio de Janeiro, e vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil.

4Como a realização de testes do vírus para a comunidade interna e externa, e acompanhamento médicos para alunos e professores que apresentavam diagnóstico positivo.

5Os pesquisadores envolvidos no projeto esperam a conclusão dos testes pré-clínicos para encaminhar uma solicitação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a autorização para testes em humanos.

6Segundo dados da OMS, embora esses produtos sejam utilizados e funcionem para tratamento de doenças autoimunes e malária, não há comprovação científica de eles sejam eficazes e seguros para casos de Covid-19, podendo resultar em diversos efeitos colaterais e não trazer nenhum benefício contra o novo coronavírus.

7Neste caso, optamos por inserir esta pessoa nos dados gerais, como de quem contraiu o vírus da Covid ou não, e consideramos também as respostas abertas que permitem uma análise melhor que a quantificável.

8Atualmente um euro corresponde a aproximadamente 6,45 reais. Isso faz com que a renda de R$5.500,00 corresponda aproximadamente a 845 euros, enquanto R$11.000,00 corresponda a 1700 euros. O cálculo foi feito com a média da variação do mês de outubro de 2021.

9O valor atual das bolsas pagas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é de R$1.500,00 para Mestrado e de R$2.200,00 para Doutorado. Comparativamente, o valor do salário-mínimo para 2021 foi de R$1.100,00.

10Dos discentes que responderam o formulário, 43 deles estão no mestrado (42,6%), dos quais 37% com bolsa de pesquisa, e 58 estão no doutorado (57,4%), sendo que pouco mais da metade (52%) recebe bolsa.

11Sobre sentir-se só, ressaltamos que não evidenciamos comportamento destoante nas respostas dos indivíduos que moram sozinhos em relação ao todo dos entrevistados, logo não houve necessidade de separar essas informações.

12Microfones desligados, velocidade de transmissão diferente entre emissor e receptor, espera para poder interferir etc

13Vale destacar que para muitos alunos não houve nenhuma mudança (19,8%), se houve, foi pouca (14,9%) ou razoável (17,8%). Enquanto para os professores nenhum assinalou a opção nenhuma, e os demais assinalaram pouca (16,7%), razoável (22,2%) ou muita (22,2%)

14Entre elas: não ter espaço físico adequado, problemas relativos à equipamentos (ausência deles ou compartilhamento com outras pessoas), problemas técnicos relativos à equipamentos (conexão, atualização, travamento), problemas de conexão com a internet, dificuldade de concentração, cansaço visual pelo uso excessivo da tela (celular, computador, etc), cansaço físico pelo tempo excessivo em frente ao computador, problemas com a tecnologia (links, plataformas, etc), dividir o tempo da aula com outros cuidados domésticos.

15Das incluídas tivemos: falta de treinamento ou familiaridade com a tecnologia, por parte dos docentes; e, dos discentes, cancelamento de disciplinas por problema de internet e sentimento de não pertencimento ou irrealidade por estar em uma plataforma digital.

16Vale recordar que 33 discentes afirmaram ter dependentes do ponto de vista do cuidado enquanto no caso dos docentes esse número foi de 3

Recebido: 20 de Outubro de 2021; Aceito: 11 de Dezembro de 2021

Correspondência: Roseli Boschilia - roseli.boschilia@gmail.com

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons