SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.23 número42Comunicação Popular, Comunitária e Alternativa na Era Digital: Entre Utopias Freireanas e Distopias índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Media & Jornalismo

versão impressa ISSN 1645-5681versão On-line ISSN 2183-5462

Media & Jornalismo vol.23 no.42 Lisboa jun. 2023  Epub 30-Jun-2023

https://doi.org/10.14195/2183-5462_42_0 

Apresentação

Comunicação e Mudança Social - Novos Rumos na Investigação e na Prática

Communication and Social Change - New Directions in Research and Practice

1 Institute for Media and Creative Industries Loughborough University London, UK t.tufte@lboro.ac.uk

2 ICNOVA. Universidade NOVA de Lisboa, Portugal ambarreto@fcsh.unl.pt; nbrito@autonoma.pt


O campo de investigação e prática em comunicação, desenvolvimento e mudança social está numa encruzilhada. Nós, académicos da comunicação, deveremos ter presentes vários fatores contextuais e conjunturais relevantes por forma a definir e entender melhor o papel da comunicação no apoio à justiça social, ao bem social e à mudança social.

No passado, o conceito de mudança social foi associado a vários paradigmas de desenvolvimento e mudança, com uma atenção crescente a ser dada a como os processos de comunicação podem influenciar as estruturas e dinâmicas de poder. Empiricamente, o foco tem sido colocado sobre diferentes stakeholders, desde organizações internacionais a governos, sociedade civil e empresas privadas. Hoje, não poderemos mais dizer que as discussões sobre comunicação e mudança social se referem exclusivamente ao campo da cooperação internacional para o desenvolvimento que, de outra forma, constitui o legado do campo (ou seja, Rogers 1962/2003, Schramm 1964, mas também mais recentes, como Tufte & Mefalopulos 2009 e Engel & Wilkins 2013). O escopo empírico é atualmente muito mais amplo, incluindo, por exemplo, uma atenção explícita aos movimentos sociais e ao uso que estes fazem da comunicação (Tufte 2017 e Thomas 2019) ou atentando também à justiça comunicativa em todo o pluriverso (Pedro-Carana et al, 2023). Associar a investigação e a prática da comunicação a questões de mudança social articula/convoca assim preocupações muito mais profundas.

Ao longo da história da comunicação para o desenvolvimento e a mudança social, o paradigma dominante esteve intimamente associado à cooperação para o desenvolvimento internacional e ao uso estratégico da comunicação neste campo. Tal frequentemente enquadrou os debates em termos muito técnicos e operacionais, concentrando-se em questões de eficiência, impacto e resultado da comunicação,e com um viés para as questões e as ciências comportamentais. Essa linha de pesquisa e prática ainda é forte, tendo inclusivamente experimentado um incremento com a influência da economia comportamental. No entanto, o que esse tipo de investigação muitas vezes não considera são os contextos socioeconómicos e políticos dentro dos quais qualquer projeto se desenvolve.

Um segundo contexto a considerar, intimamente ligado ao anterior, refere-se às consequências sociais fruto das economias neoliberais que estão na base da maioria das nossas sociedades. Como, por exemplo, Thomas Piketty (2014) demonstrou, tal modelo de sociedade tem impactos negativos sobre a igualdade social, e uma literatura crescente de crítica ao capitalismo e ao neoliberalismo tem vindo a ser incluída pela nova geração de investigações sobre/pela nova geração de investigadores em comunicação e mudança social. Tudo isto desafia fundamentalmente os paradigmas dominantes.

Em terceiro lugar, a crise climática que o mundo vive tem vindo a reforçar a necessidade de repensar o nosso modelo de sociedade. O crescente interesse e visibilidade das epistemologias do sul (Santos 2014), juntamente com, por exemplo, cosmovisões indígenas (Krenak 2022) e formulações das chamadas visões pluriversais - não apenas de decrescimento, mas também de outros caminhos de mudança (Escobar 2017) - estão a dar origem a um processo de pensamento crítico muito fértil e inovador em torno do desenvolvimento e mudança social. Epistemologias do Sul, perspetivas decoloniais, abordagens interseccionais e uma ampla variedade de críticas aos padrões ocidentais de desenvolvimento dominantes estão a abrir novos caminhos de investigação, permitindo que novas vozes sejam ouvidas e desafiando os paradigmas científicos de formas múltiplas. Embora a comunicação estratégica também faça parte dos esforços para articular a mudança pela ou com a comunicação, a matéria informativa que alimenta o campo da comunicação e da mudança social faz uso de novas fontes e abre-se para outros sistemas de conhecimento. Enquanto ainda lutamos na Europa com o que Iain Chambers chamou de “surdez epistemológica do ouvido europeu” (Chambers 2017, p. 9), muitos desses debates estão a florescer no Sul Global, lugares e espaços impactados por legados coloniais, capitalismo e os enormes desafios das mudanças climáticas.

Em quarto lugar, e mais próximo das ciências da comunicação, a “viragem digital” trouxe consigo inúmeros desafios. Em particular, o desafio das notícias falsas e da desinformação deu origem a uma preocupação com a confiança. Por exemplo, durante a crise da doença COVID, muita da insegurança e incerteza vividas foram provocadas pela circulação massiva de desinformação online de debates em torno das vacinas. Com a COVID também emergiu um aumento da digitalização e uma aclamação global de todos os seus méritos. No entanto, também tornou evidente quantos sectores da nossa sociedade global permanecem desconectados ou aqueles onde as soluções digitais se revelaram altamente insustentáveis para os desafios como, por exemplo, nos campos da saúde e da educação. Finalmente, a guerra da Rússia contra a Ucrânia também está a revelar o mundo digital como uma fronteira de guerra, um campo de batalha onde é travada a luta pela veracidade e pela confiança. Ao todo, esta lista nada exaustiva de fatores contextuais descritos acima tem vindo a produzir uma conjuntura civilizacional, uma crise em desenvolvimento, onde a desigualdade cresce, a política populista se encontra num momento alto, a comunicação confiável é desafiada e onde nós, de muitas maneiras, estamos sendo desafiados pela forma como os media digitais infligem e influenciam as nossas vidas quotidianas. Neste contexto, vemos reforçados os debates sobre que visões de sociedade nós, uma sociedade cada vez mais pluriversal, aspiramos desenvolver. A resposta é não uma, mas muitas visões, e nos últimos anos temos visto uma crescente articulação dessas múltiplas expressões de visões da sociedade.

Nesse sentido, o foco da chamada para esta edição especial foi convidar contribuições que permitissem a identificação de desafios e novos rumos na comunicação e mudança social. A chamada de artigos gerou mais de 40 envios de submissões. O que resultou do processo de revisão por pares-cego (double-blind peer review) é uma coleção de 8 artigos que, de diferentes formas, se conectam com alguns dos desafios acima.

Constatamos que vários destes artigos abordam questões conceptuais e empíricas relacionadas com formas de comunicação bottom-up, tanto comunicação cidadã, comunicação popular como comunicação alternativa, e relacionando estas diferentes abordagens em graus variados com as oportunidades e desafios da comunicação digital. Particular atenção é dada nos primeiros três artigos aos “coletivos de comunicação” - uma variedade de formas de comunicação bottom-up que emergem das comunidades locais, suas configurações e práticas, demostrando como alguns dos novos desenvolvimentos mencionados acima influenciaram o seu trabalho. Em alguns casos, o coletivo de comunicação articula-se como um espaço onde um diálogo de saberes pode desenrolar-se. Curiosamente, trata-se de articulações conceptuais e empíricas emergentes da região ibero-americana.

Outros três artigos enfocam a África do Sul, ambos com ênfase empírica na interação entre stakeholders do desenvolvimento internacional e organizações comunitárias locais. Por fim, os dois últimos artigos, centrados em Portugal, trabalham com a comunicação pública e com a comunicação do setor privado e como as empresas privadas se envolvem no ativismo de marca.

O que permeia esta edição da revista são contribuições que lidam com a exploração do papel da comunicação na sociedade, tanto como parte integrante dos processos de mudança social, onde a comunicação é processo; como uma prática social e uma ferramenta, aplicada pelas comunidades; ou como ferramenta utilizada em projetos de desenvolvimento internacional. Geograficamente, como referido, as contribuições abrangem estudos de caso da América Latina, África Austral e Portugal. Em resumo, a coleção de artigos que compõem esta edição da revista de comunicação “Media e Jornalismo” traz à discussão uma amplitude de novos rumos na pesquisa e prática em torno do uso estratégico da comunicação para alcançar

a mudança social. Permitam-nos apresentar brevemente abaixo as contribuições. Com base numa revisão de literatura, Cicilia Peruzzo, com o artigo “Popular, community and alternative communication in the digital age: between Freirean utopias and dystopias”, abre a secção temática com uma reflexão sobre a Comunicação Popular, Comunitária e Alternativa na era da Internet, investigando o poder dos media alternativos num contexto de intensificação do mediatismo (e seus desdobramentos) na construção de um mundo melhor.

Os três artigos seguintes abordam casos específicos de novos coletivos de comunicação que influenciam processos de mudança. No primeiro caso, Raquel Paiva e Gisele Martins exploram como se consolidou a presença dos novos coletivos como força de ação na estrutura social brasileira durante a pandemia de COVID-19. Enquanto o retorno de tais coletivos no Brasil começou na década de 1990, marcadamente em torno de questões raciais e de género, a pandemia de COVID-19 e o contexto político e económico do país exigiram uma atuação enérgica em questões historicamente marcadas pelo abandono governamental. Neste artigo, o foco é a Frente de Mobilização da Maré, no Rio de Janeiro, e sua atuação nas diversas vagas que marcaram a pandemia.

Outro caso brasileiro, que enfatiza e explora o papel da comunicação em relação aos direitos humanos, é apresentado por Cinthya Pires Oliveira, com o artigo “Voice: Communication and mobilization networks for social changes”. O caso da ONG “Voz das Comunidades” é apresentado como um exemplo de como a comunicação pode contribuir para a construção da cidadania e das mudanças sociais, do contexto local ao nacional.

Communication and Living Well: educommunication in collectives from the peripheries of Colombia and Brazil” é o título do próximo artigo, escrito por Ángela Garcés Montoya, Juliana Salles de Souza e David Leonardo Jiménez García. A partir das suas experiências na Colômbia e no Brasil, os autores defendem a tese de que os coletivos locais de comunicação representam um elemento importante para a produção de processos sociais. Demostram como os colectivos de comunicação podem contribuir para a preservação e circulação de saberes e memórias locais, nomeadamente através da concepção e construção de alternativas de organização social, participação e incidência social.

Seguindo esta linha de construção de conhecimento com base em evidências empíricas, e explorando as experiências latino-americanas, os próximos dois estudos levam-nos para as experiências mais institucionalizadas da prática de desenvolvimento internacional na África Austral. No artigo “P(owe)r in communicative practice? HIV prevention communication and the Woza Asibonisane Community Responses Project (WACRP), South Africa”, escrito por Mkhonzeni L. Gumede, Lauren Dyll e Musara Lubombo, é analisada uma intervenção de comunicação de prevenção do HIV. O caso examina de forma subtil a dinâmica de poder dos stakeholders externos e das comunidades locais, contribuindo com uma análise mais realista e perspicaz sobre a dinâmica e eficácia dos programas de comunicação institucionalizados.

Em “Paralympics as a tool for communication for social change: audience perceptions, affect and the social change potential in rural Malawi”, escrito por Jessie Akambadi, Jessica Noske-Turner e Mufunanji Magalasi, a transmissão dos Jogos Paraolímpicos é apresentada como uma oportunidade útil e relevante para lidar com o estigma da deficiência. As Paraolimpíadas foram transmitidas na África Subsaariana pela primeira vez nos Jogos de Tóquio em 2020. Neste artigo, os autores concebem as transmissões paraolímpicas como uma forma de edutainment. Esta nova intervenção conceptual chama a atenção não apenas para como o público interpreta e dá sentido ao conteúdo dos media paraolímpicos, mas também para os processos dialógicos necessários para envolver as comunidades em processos de mudança. Os autores argumentam que as exibições móveis das Paraolimpíadas criaram uma consciência crítica, novas perspectivas sobre os direitos das pessoas com deficiência e serviram para gerar ideias para ação coletiva.

Os dois últimos artigos levam-nos ao Norte Global, explorando outros stakeholders dos processos de comunicação e de mudança. Com “The European Ecological Pact and Public Communication on Climate Change: a case study of the Lisbon City Council”, de Catarina Ribeiro e Sónia Sebastião, o estudo de caso explora a forma como a Câmara Municipal de Lisboa aborda as alterações climáticas nas suas iniciativas de comunicação, incluindo as suas páginas oficiais nas redes sociais (perfis de Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn), bem como nas páginas de Facebook e Instagram da Lisboa Capital Verde 2020.

O último artigo apresenta uma reflexão corporativa sobre “Brand Activism Effectiveness: The Predictors and Potential Effects of Brand Activist Actions”, da autoria de Alexandra Miguel e Sandra Miranda, que apresentam um modelo teórico da eficácia do brand activism, sustentado numa revisão da literatura sobre o tema. Este modelo oferece uma ferramenta, útil tanto para os gestores de marca quanto para a academia, para alcançar ou prever resultados favoráveis em ações de ativismo de marca. Encerramos este número especial com a inclusão de duas resenhas de livros: Freire and the Perseverance of Hope (2022), editado por Ana Suzina e Thomas Tufte, do Institute of Networked Cultures, revisto por Leonardo da Costa Custódio; e The Routledge Handbook of Nonprofit Communication, (2023) editado por Gisela

Gonçalves e Evandro Oliveira, Londres: Routledge, revisto por Samuel Mateus.

Freire and the Perseverance of Hope é um livro que marca o centenário de nascimento do autor brasileiro Paulo Freire conhecido pelas suas ideias democráticas de empoderamento e esclarecimento popular por meio da educação e da alfabetização universal. Custódio argumenta que os editores do livro por meio de uma analogia sobre uma mangueira numa favela conduziram uma investigação e uma apreciação do impacto do legado de Freire e do seu método: “Diálogo, empatia, respeito e compromisso com a justiça social”, tendo feito o método Freireano frutificar localmente.” (Custódio, neste número).

O Routledge Handbook of Nonprofit Communication providencia investigação atual sobre comunicação sem fins lucrativos, especificamente focada nos diferentes tipos de processos de comunicação das organizações não governamentais, relacionamentos com stakeholders assim como discursos em evolução e campanhas de comunicação de uma perspectiva comunicativa.

Communication and Social Change - New Directions in Research and Practice

The field of research and practice in communication, development and social change is at a crossroad. We, communication scholars, are to review several major contextual and conjunctural factors in order to define and better understand the role of communication in support of social justice, social good and social change.

The concept of social change has in the past been associated with several paradigms of development and change, with shifting attention given to how communication processes can influence power structures and dynamics. Empirically, focus has been on different stakeholders, from international organisations to governments, civil society and private companies. Today, we can no longer say that discussions about communication and social change exclusively refer to the field of international development cooperation, which otherwise constitutes the legacy of the field (ie Rogers 1962/2003, Schramm 1964, but also more recent such as Tufte & Mefalopulos 2009 and Engel and Wilkins 2013). The empirical scope today is far broader, including for example an explicit attention towards social movements and their use of communication (Tufte 2017 and Thomas 2019) or attention towards communicative justice across the pluriverse (Pedro-Carana et al, 2023). Connecting communication research and practice to questions of social change thus articulates far deeper concerns.

Throughout the history of communication for development and social change, the dominant paradigm has been closely associated with international development cooperation and the strategic use of communication in this field. That has often framed debates in very technical and instrumental terms, focusing on questions of communication efficiency, impact and outcome, and with a bias towards behavioural questions and behavioural sciences. This line of research and practice is still strong, and has even experienced a surge with the influence of behavioural economics. What this sort of research often doesn’t address are the socio-economic and political contexts within which any project for that matter unfolds. A second context to consider, tied closely to the above, refers to the social consequences emanating from the neoliberal economies that are at the foundation of most of our societies today. As for example Thomas Piketty (2014) has demonstrated, such a model of society has negative impacts upon social equality, and a growing literature of critique of capitalism and of neoliberalism is being included into the new generations of research around communication and social change. It fundamentally challenges the dominant paradigms.

Thirdly, the climate crisis the world is experiencing is reinforcing the need to rethink our model of society. The growing interest in and visibility of epistemologies of the south (Santos 2014) along with for example indigenous cosmovisions (Krenak 2022) and formulations of pluriversal visions - not only of degrowth but of other pathways of change (Escobar 2017) - are leading to a very fertile and innovative process of critical thinking around development and social change. Epistemologies of the South, decolonial perspectives, intersectional approaches and a broad variety of critiques of dominant western paradigms of development are opening new avenues of inquiry, enabling new voices and challenging scientific paradigms in multiple? ways. While strategic communication also is part of the efforts to articulate change through or with communication, the thinking informing the field of communication and social change draws on new sources and is opening to other knowledge systems. While we are still struggling in Europe with what Iain Chambers has called an ”epistemological deafness of the European Ear” (Chambers 2017; p.9) many of these debates are flourishing in spaces in the Global South, places and spaces impacted by colonial legacies, wild capitalism and massive climate change challenges.

Fourthly, and closer to communication sciences, the digital turn has brought numerous challenges with it. In particular, the challenge of fake news, disand misinformation, where a concern for trust has emerged. For example during the COVID crisis, a lot of insecurity and uncertainty was sparked by the massive circulation of misinformation online around the vaccine debates. With COVID also came a surge in digitalization, and a global acclamation of all the merits of digitalization. However, it also revealed just how many segments of our global society remain disconnected or the ones where digital rollouts proved to be highly unsustainable solutions to challenges like, for example, in health and education. Finally, Russia’s war on Ukraine is also revealing the digital world as a war frontier, a battlespace where the struggle for veracity and trust is fought.

Altogether, this far from exhaustive list of contextual factors, outlined above, is producing a civilisational conjuncture, an unfolding crisis, where inequality is growing, populist politics have their hey-days, trustful communication is challenged, and where we in so many ways are being challenged by how the digital media inflict upon and influence our everyday lives. In this context we see reinforced debates about what visions of society we, an increasingly pluriversal society, aspire to develop. The answer is not one but many visions, and we have in recent years seen a growing articulation of these manifold expressions? of visions of society.

On this basis, the focus of the call for this special issue was to invite contributions that enable the identification of challenges and new directions within the communication and social change scholarship. The call for papers sparked 40+ article submissions. What emerged as a result from the double-blind peer review process is a collection of 8 articles that in different ways connect with some of the challenges above. We see a number of the papers tackling conceptual and empirical questions related to bottom-up forms of communication, both citizen communication, popular communication and alternative communication, and relating these different approaches in varying degrees to the opportunities and challenges of digital communication. Particular attention is given in the first four articles to ‘communication collectives’ - a variety of forms of bottom-up communication emerging from local communities, their configurations and practices, showing how some of the new developments mentioned above have influenced their work. In some cases, the communication collective is articulated as a space where a dialogue of knowledges can unfold. Interestingly, these are conceptual and empirical articulations emerging from the Ibero-american region. Another two of the articles focus on Southern Africa, both with an empirical emphasis on the interaction between international development stakeholders and local community organisations. Finally, the last two of the articles, focusing on Portugal, work with public communication and with private sector communication and how private companies engage in brand activism.

What cuts across this journal issue are contributions that all deal with exploring communication’s role in society, as either; an integral part of social change processes, where communication IS process; as a social practice and a tool, employed by communities; or as a tool used in projects within international development. Geographically, as said, the contributions cover case studies from both Latin America, Southern Africa and Portugal.

In summary, the collection of articles that compose this issue of the communication journal “Media e Jornalismo” bring to discussion a breadth of new directions in the research and practice around the strategic use of communication to achieve social change. Allow us below to briefly introduce the contributions.

Based on a literature review, Cicilia Peruzzo with her article “Popular, community and alternative communication in the digital age: between Freirean utopias and dystopias” opens the thematic section with a reflection regarding the Popular, Communitarian and Alternative Communication in the Internet age, investigating the power of alternative media in a context of intensification of mediativism (and its developments) in the construction of a better world.

The following three articles go into specific cases of new communication collectives that influence processes of change. In the first case, Raquel Paiva and Gisele Martins explore how the presence of the new collectives as a force of action in the Brazilian social structure was consolidated during the COVID-19 pandemic. While the return of such collectives in Brazil began in the 1990s, markedly around racial and gender issues, the COVID-19 pandemic along with the political and economic context in the country demanded energetic action on issues historically marked by government abandonment. In this article, the focus is on the Maré mobilization front in Rio de Janeiro, and its performance in the various waves that marked the pandemic. Another Brazilian case, emphasizing and exploring the role of communication in relation to human rights, is introduced by Cinthya Pires Oliveira, with the article “Voice: Communication and mobilization networks for social changes”. The case of the NGO “Voz das Comunidades” (in English; “Voice of Communities”) is presented as an example of how communication can contribute to the construction of citizenship and social changes, from a local to a national context.

“Communication and Living Well: educommunication in collectives from the peripheries of Colombia and Brazil” is the title of the next article, written by Ángela Garcés Montoya, Juliana Salles de Souza, and David Leonardo Jiménez García. Drawing from their experiences in Colombia and Brazil, the authors support the thesis that local communication collectives represent an important element to produce social processes. They show how the communication collectives can contribute to the preservation and circulation of local knowledge and memories, namely by designing and building alternatives of social organization, participation and social incidence.

Following this line of knowledge construction based on empirical evidence, and exploring the Latin American experiences, the next two studies draw us into the more institutionalized experiences of international development practice in Southern Africa. In the article “P(owe)r in communicative practice? HIV prevention communication and the Woza Asibonisane Community Responses Project (WACRP), South Africa”, written by Mkhonzeni L. Gumede, Lauren Dyll, and Musara Lubombo, an HIV-prevention communication intervention is analyzed. The case examines in a nuanced fashion the power dynamics of external stakeholders and local communities, contributing a more realistic and insightful analysis regarding the dynamics and effectiveness of institutionalized communication programs.

In “Paralympics as a tool for communication for social change: audience perceptions, affect and the social change potential in rural Malawi”, written by Jessie Akambadi, Jessica Noske-Turner, and Mufunanji Magalasi, the broadcasting of the Paralympic Games is presented as a useful and relevant opportunity for addressing disability stigma. The Paralympics were broadcast in Sub-Saharan Africa for the first time in the 2020 Tokyo Games. In this article the authors conceive of the Paralympic broadcasts as a form of edutainment. This novel conceptual intervention brings attention to, not only how audiences interpret and take meaning from Paralympic media content, but also to the dialogical processes required to engage communities in processes of change. They argue that mobile screenings of the Paralympics created a critical awareness, new perspectives on disability rights, and served to spark ideas for collective action.

The final two articles bring us to the Global North, exploring other stakeholders in communication and change processes. With “The European Ecological Pact and Public Communication on Climate Change: a case study of the Lisbon City Council”, by Catarina Ribeiro and Sónia Sebastião, the case study explores how the Portuguese Lisbon city council addresses climate change in its communication initiatives, including its official pages on social media sites (Facebook, Instagram, Twitter, and LinkedIn profiles), as well as on the Facebook and Instagram pages of Lisboa Capital Verde 2020. The last article introduces a corporate reflection on “Brand Activism Effectiveness: The Predictors and Potential Effects of Brand Activist Actions”, authored by Alexandra Miguel and Sandra Miranda, who present a theoretical model of the effectiveness of brand activism sustained by a literature review on the topic. It offers a useful insight to both brand managers and academia to achieve or predict favorable results with brand activism actions.

We end this special issue with the inclusion of two book reviews: “Freire and the Perseverance of Hope” (2022), edited by Ana Suzina and Thomas Tufte, Institute of Networked Cultures, reviewed by Leonardo da Costa Custódio; and The Routledge Handbook of Nonprofit Communication, (2023) edited by Gisela Gonçalves and Evandro Oliveira, London: Routledge, reviewed by Samuel Mateus.

Freire and the Perseverance of Hope is a book that marks the centenary of the birth of the Brazilian author Paulo Freire known by his democratic ideas of popular empowerment and enlightenment through education and universal literacy. Custódio argues that the editors of the book through an analogy about a mango tree in a slum have curated an investigation into and an appreciation of the impact of Freire’s legacy and his method: “Dialogue, empathy, respect, and commitment to social justice”, having made the Freirean method bear fruit locally.” (Custódio, this issue).

The Routledge Handbook of Nonprofit Communication provides state-of-the-art research on nonprofit communication, specifically focused on the Non-Governmental Organizations’ different types of communication processes, stakeholder relationships and also evolving discourses and communication campaigns from a communicative perspective.

References

Chambers, I. (2017). Postcolonial Interruptions, Unauthorised Modernities. Rowman & Littlefied. [ Links ]

Enghel, F., & Wilkins, K. (Eds). (2012). Mobilizing Communication Globally. Nordicom Review, 33 (Special-Issue), 9 - 14. https://doi.org/10.2478/nor-2013-0021 [ Links ]

Escobar, A. (2017). Designs for the Plurivers. Radical Interdependence, Autonomy, and the Making of Worlds. Duke University Press. [ Links ]

Krenak, A. (2022). Eating, Drinking, Dancing, Singing and Lifting the Sky. In A.C. Suzina & T. Tufte (Eds), Freire and the Perseverance of Hope. Exploring Communication and Social Change (pp.71-76). University of Amsterdam, Theory on Demand. [ Links ]

Pedro-Carañana, J., Herrera-Huérfano, E., & Almanza, J.O. (2023). Communicative Justice in the Pluriverse. An International Dialogue. Routledge. [ Links ]

Piketty, T. (2014). Capital in the 21st Century. Harvard University Press. [ Links ]

Santos, B.d. S. (2014). Epistemologies of the South. Justice against Epistemicide. Paradigm Publishers. [ Links ]

Thomas, P. N. (2019). Communication for social change: context, social movements and the digital. Sage. https://doi.org/10.4135/9789353287658 [ Links ]

Tufte, T. (2017). Communication and Social Change A Citizen Perspective. [ Links ]

Rogers, E. (2003). Diffusion of Innovations. Simon and Schusters. [ Links ]

Schramm, W. (1964). Mass Media and National Development: The Role of Information in the Developing Countries. Stanford University Press. [ Links ]

Polity. Tufte, T., & Mefalopulos, P. (2009). Participatory Communication. World Bank. [ Links ]

Professor Thomas Tufte is an internationally leading scholar in the field of communication for social change. A cultural sociologist by training, Professor Tufte has a longstanding experience working with communication and social change. He also holds positions as Extraordinary Professor at the University of the Free State and as Senior Research Associate at University of Johannesburg, both in South Africa. Tufte is a member of Academy of Europe. His expertise and experience lie in critically exploring the interrelations between media texts/flows/genres, communicative practices and processes of citizen engagement and social change. He has for the past many years focused on citizen engagement, often in the context of social movements, and inquired into the condition of communication in everyday life and how it relates to processes of social change and democratic development. Tufte’s publications include 18 books and more than 100 peer reviewed journal articles and book chapters. His latest book, co-edited with Ana Suzina (2022), is ‘Freire and the Perseverance of Hope - Exploring Communication and Social Change’ (https://networkcultures.org/blog/publication/freire-and- -the-perseverance-of-hope-exploring-communication-and-social-change/) Scopus Author ID: 55914596800 Address: Loughborough University London Institute for Media and Creative Industries HERE East Building Queen Elizabeth Olympic Park E15 2GZ, London, UK

Ana Margarida Barreto has a PhD from Universidade NOVA de Lisboa in Communication Sciences, with specialization in Strategic Communication, having completed a post-doc at Tel Aviv University, where she studied attention, perception, and memory in the Neuroeconomics and Neuromarketing lab. She was a visiting researcher at some of the most prestigious universities (University of Texas at Austin, Westminster University, King’s College of London, and Columbia University), an experience that led her to found and coordinate the research line in Strategic Communication and the Research Laboratory in Applied Communication (LICA), of the Research Centre ICNOVA (being also a founding member). Her work has been recognized with invitations to participate as reviewer in different international and national scientific journals, having twice received the Outstanding Reviewer Award at the Emerald Literati Network Awards for Excellence (2015 and 2017), among other awards and grants. Her research aims, among other interests, to study the effectiveness of communication applied in different contexts, with special interest in the areas of social development, energy consumption and health. Ciência ID: 951D-F2D7-89B3 Scopus Author ID: 55761978300 Address: Universidade NOVA de Lisboa Faculdade de Ciências Sociais e Humanas Av. de Berna, 26 C1069-061 C1069-061 Lisboa, Portugal

Nuno Correia de Brito is Invited Assistant Professor at Communication Science Department at the Universidade Autónoma de Lisboa Luís de Camões, he completed his MSc in Communication, Culture and Information Technologies at ISCTE University Institute of Lisbon, in 2011, and his PhD in Communication Science at the same university, in 2017. He works in the area of Social Sciences with emphasis on Communication Sciences and develops his research in Strategic Communication, Political Communication, Journalism and New Media and Social Movements. He is an Integrated Researcher at ICNOVA of FCSH Nova and integrates SOPCOM (Portuguese Society of Communication Sciences) and APCE (Portuguese Association of Corporate Communication). Ciência ID: 5213-EAF4-ED32 Address: Universidade Autónoma de Lisboa Palácio Dos Condes Do Redondo, R. de Santa Marta 56, 1169-023 Lisboa, Portugal

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons