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Cadernos do Arquivo Municipal

On-line version ISSN 2183-3176

Cadernos do Arquivo Municipal vol.ser2 no.18 Lisboa Dec. 2022  Epub July 15, 2022

https://doi.org/10.48751/cam-cfw4-zf71 

Dossier

A favor ou contra Castilho? Rede de apoiadores no império brasileiro

For or against Castilho? Network of supporters in the brazilian empire

Suzana Lopes de Albuquerquei 
http://orcid.org/0000-0002-9865-5552

i Suzana Lopes de Albuquerque, IFG - Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, 74055-110 Goiânia, Goiás, Brasil. suzana.albuquerque@gmail.com


Resumo

O poeta português António Feliciano de Castilho (1800-1875) criou o Método Castilho para o ensino de leitura e veio para o Brasil em 1855, para realizar sua divulgação. Objetivando contribuir com o ensino da leitura e da escrita, propôs diferentes reformas na instrução primária e secundária em Portugal e no Brasil, incorporadas ao projeto da Modernidade, em que a escola calcada no tradicionalismo foi projetada como um palco de experimentações em um projeto de redenção pedagógica e social. Apesar de ter recebido várias resistências e o cancelamento de seu curso na corte brasileira, compareceram nas fontes históricas sujeitos brasileiros e portugueses que viviam na corte brasileira e que foram considerados “amigos” pelo poeta. O maior desafio metodológico deste artigo consistiu em rastrear esta rede de apoiadores deste projeto de instrução no império brasileiro. Esta análise será fundamentada em autores como Albuquerque (2019), Boto (2012) e obras memorialistas de Castilho (1902).

Palavras-chave: Método Castilho; Leitura e escrita; Brasil; Império; Apoiadores de Castilho

Abstract

The portuguese poet António Feliciano de Castilho (1800-1875) created the Castilho Method for teaching reading, and came to Brazil in 1855 to disseminate it. Aiming to contribute to the teaching of reading and writing, he proposed different reforms in primary and secondary education in Portugal and Brazil, incorporated into the Modernity project, in which the school based on traditionalism was designed as a stage for experimentation in a project of pedagogical and social redemption. Despite having received several resistances and the cancellation of his course, Brazilian and Portuguese subjects who lived in the Brazilian court and who were considered “friends” by the poet appeared in the historical sources. The major methodological challenge of this article consisted in tracking this network of supporters of this educational project in the Brazilian empire. This analysis will be based on authors such as Albuquerque (2019), Boto (2012) and Castilho’s memorialist works (1902).

Keywords: Castilho Method; Reading and writing; Brazil; Empire; Castilho Supporters

Introdução

O poeta português António Feliciano de Castilho deslocou-se em 1855 para a corte brasileira para divulgar seu Método Castilho (1853) e encontrou diversos representantes da instrução pública da corte e de diferentes províncias brasileiras. A partir de um estudo de fontes foram localizadas ações de inúmeros sujeitos que se tornaram adeptos ao Método Castilho, bem como ações de um grupo liderado pelo brasileiro José da Costa Azevedo que suscitou inúmeras polêmicas e oposições relacionadas aos fundamentos e práticas do método.

Para compreender a trajetória do poeta português “por terra, por ares, por bosques e por ondas” (Castilho, 1897, p. 426), faz-se necessário debruçar sobre suas obras Método Castilho para o ensino rápido e aprasível do ler impresso, manuscrito, e numeração e do escrever (1853), Felicidade pela agricultura (1942) e Felicidade pela Instrução (1854).

A partir do contato com inúmeras “cartilhas portuguesas e estrangeiras, antigas e modernas” (Castilho e Leite, 1857, p. 72) e de suas experiências iniciais na docência nas escolas rurais de primeiras letras, em 1848, na ilha de São Miguel (Açores), Castilho elaborou seu método de ensino de leitura e de escrita. Além de trazer este histórico sobre a elaboração de seu método, o prólogo de sua obra Método Castilho para o ensino rápido e aprasível do ler impresso, manuscrito, e numeração e do escrever (1853) apresenta também a definição.

Preocupado com questões sociais que assolavam a ilha, como o analfabetismo, Castilho procurou pela via da instrução e da civilização elaborar um método considerado por ele como eficaz no derramamento de luzes sobre a população a partir de uma pedagogia redentora. Ao intitular a escola de seu tempo como “velha” e marcada pelo tédio de práticas memorialistas, Castilho anunciou rupturas e características inovadoras e defendeu o princípio ativo e pragmático, angariando para si inúmeros adeptos em Portugal e no império brasileiro, conforme testemunho do diretor da Instrução-Geral dos Estudos da província da Bahia, Abílio César Borges, acerca de seu método.

Pelo método moderno decora-se o abecedário, termo médio, em 5 a 6 horas, e alegremente, com toda a perfeição, ficando impossível o confundi-lo [...]. Pelo método antigo consumia-se largo tempo num silabário tedioso, excusado, e inexatíssimo: no moderno desde que se entram a conhecer as letras, entram se a ler palavras, e dentro em pouco tempo (Relatorio sobre a Instrucção…, 1856, p. 55-56).

Considerado como “porta-voz de uma religião nova, o evangelista de uma ideia redentora” (Brasil-Portugal, 1900, p. 1), Castilho apresentou um método regulado pela frequência de canto, palmas e marchas para a decomposição da palavra falada e para a leitura auricular, conceituada como “biforme repetição do mesmo processo” (Boto, 2012, p. 57), pela ‘mnemonização’ por figuras e histórias de todos quantos caracteres e sinais pudessem apresentar e, preocupado com a escuta da linguagem dessas palavras faladas, compreendia que a oralização precederia o ato da escrita. Esta preocupação em tomar a palavra falada como ponto de partida do ensino da leitura estava em consonância com o princípio do método fônico1, tornando-o inovador para seu tempo histórico.

Se o princípio ativo de Castilho angariou inúmeros adeptos para seu método, outras questões suscitaram resistências em solo brasileiro. As apropriações de Castilho e as lutas de representações entre seus defensores e opositores exemplificam como Castilho “era um polemista; mas era também um poeta; e era finalmente um homem público de seu tempo, que, indubitavelmente, soube fazer uso de sua popularidade” (Boto, 2012, p. 50); e como o poeta desenhou “uma escola intitulada por ele moderna e travou embates com diversos sujeitos portugueses e brasileiros que para ele se tornaram seus oponentes” (Albuquerque, 2019, p. 30). Uma questão central levantada neste artigo é: quais fontes possibilitam rastrear a rede de apoiadores, levantada por António Feliciano de Castilho após sua vinda para o Brasil, em 1855?

Traçando caminhos de castilho em diferentes fontes históricas

Neste primeiro tópico serão apresentadas fontes históricas que auxiliaram a análise sobre a rede de apoiadores de Castilho em solo brasileiro decorrente de seu processo de deslocamento em 1855, atentando para os processos educativos vividos e as suas formas, em uma perspectiva transnacional com interesse na constituição de estratégias, produção, circulação e tentativa de vulgarização de seu método de ensino. O conhecimento da trajetória de Castilho foi possibilitada pela análise de fontes históricas como o impresso pedagógico Revista da Instrucção Pública para Portugal e Brasil (1857), escrito por ele e Luis Filippe Leite, seu “afetuoso discípulo, desde os dezanove anos, secretário e dedicadíssimo auxiliar do mestre na cruzada da instrução” (Castilho, 1942, p. 251); periódico este que apresenta vários posicionamentos de Castilho acerca do ensino da leitura e suas discussões políticas na promoção da instrução pública em Portugal e no Brasil.

A presença do português António Castilho no império brasileiro para apresentação de seu método de ensino simultâneo de leitura passou por momentos de rejeição nacional, inclusive com o cancelamento de seu curso, suscitando assim diversas perguntas. Inserindo esse debate em um contexto de lutas de representações, observa-se que tais sujeitos pertencentes aos grupos no poder da instrução pública oitocentista brasileira ficaram divididos quanto à recusa ou à aceitação do projeto reformista de Castilho, tornando central o questionamento: quais representações estão presentes na recusa ou aceitação do projeto reformista para a instrução primária e secundária proposta pelo português António Feliciano de Castilho? Considerando já respondidas algumas destas questões elencadas acima, referentes aos oponentes de Castilho na tese de Albuquerque (2019), este artigo pretende dar visibilidade aos inúmeros apoiadores brasileiros e portugueses residentes na corte imperial brasileira e em diversas províncias que se apresentam em diferentes fontes históricas.

As fontes jornalísticas brasileiras registraram vários admiradores fervorosos filiados ao método de Castilho como se observa no relato do Sr. José Martins Pereira de Alencastre, representante da província do Piauí e enviado à corte para estudar o Método Castilho, registrado na matéria do jornal O Liberal Pernambucano (1854), em que defende o método português tecendo crítica ferrenha aos nacionalistas brasileiros Costa Azevedo e Valdetaro.

Dessa forma, o objetivo deste artigo é trazer a visibilidade aos adeptos do projeto de instrução de Castilho que engendraram uma rede de apoiadores ao poeta português, apresentando elementos para a historiografia no que tange às tentativas de rupturas evocadas por Castilho em seu intitulado novo, fácil e rápido método de ensino da leitura e da escrita.

Para responder aos questionamentos elencados será necessário um levantamento de fontes arquivísticas referentes aos desdobramentos das ações do poeta português António Feliciano de Castilho na instrução pública no período imperial brasileiro, a partir do levantamento de vestígios circulados em materiais das escolas de primeiras letras, mapas de professores, compêndios, relatórios de inspetores e diretores gerais da Instrução Pública, fontes jornalísticas, cartas escritas por Castilho, biografias e memórias registradas por seu filho, dentre outras (Albuquerque, 2019, p. 36).

O uso de fontes tem sido ampliado por ter sido tratado como qualquer traço ou vestígio deixado pelas sociedades passadas; neste artigo comparecem vários vestígios levantados na tentativa de entender a rede de apoio que Castilho recebera no império brasileiro, registrando seu curso e angariando adeptos para o uso de seu método em algumas províncias brasileiras.

Albuquerque (2019) registrou em sua tese a obra Correspondência Pedagógica (1975), composta de inúmeras cartas de António Castilho às associações, sociedades, ministros, inspetores, dentre outras autoridades, que continham desabafos pessoais acerca de sua desilusão na ministração de seu curso na corte brasileira. A organização destas cartas de Castilho que envolveram questões pedagógicas e que foram destinadas a inúmeros sujeitos, instituições, jornais, dentre outros, remete às coleções publicadas pelo Centro de Investigação Pedagógica do Instituto Gulbenkian de Ciência (1975) de Lisboa.

Outra carta de Castilho foi localizada na obra A instrução e as províncias, escrita por Primitivo Moacyr (1939) trazendo relatórios sobre a instrução pública em diferentes províncias brasileiras.

Nesse sentido, insere-se também como fonte histórica a biografia de Júlio de Castilho (1890). Narrada envolta em sentimentos e admiração pelas pelejas de António Feliciano de Castilho, Memórias de Castilho apresentou vivências que se eternizaram na memória de um filho, agregando também conversações dos parentes e amigos de seu pai, além de vasculhar manuscritos inéditos do poeta, jornais, “obituários, dos boletins de navios entrados, dos noticiários [...] e o cartório da irmã do poeta, a qual, por ser primogênita, guardara os papéis da família” (Castilho, 1942, p. 250). Estas fontes foram analisadas a partir do cruzamento com outras fontes, para fugir do perigo de aceitar sem interrogar seus modos de reconhecimento e de veracidade.

Para além destas fontes históricas, foram consultadas matérias jornalísticas referentes à rede de apoiadores de Castilho em diferentes obras digitalizadas e disponíveis no website da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional de Rio de Janeiro2 onde comparece o embate envolvendo Castilho com os brasileiros Valdetaro e Costa e Azevedo. A retomada nestas fontes, agora, será necessária para trazer visibilidade aos sujeitos considerados por Castilho como amigos e que deram apoio em sua visita ao Brasil, em 1855.

Outro rastro a ser seguido em solo brasileiro é a vida de José Feliciano de Castilho Barreto e Noronha (1812-1879) que, residente no império brasileiro, intensificou a saga de seu incansável irmão António Feliciano de Castilho, para além da instrução primária com seu Método português de ensino de leitura, na circulação dos impressos pertinentes à instrução pública secundária no século XIX, no Brasil. As obras dos irmãos foram abordadas em diferentes fontes de diversas províncias e da corte brasileira e nestas fontes também comparecem nomes de outros colaboradores de Castilho.

Rede de apoiadores de Castilho no império brasileiro

Albuquerque (2019) apresentou os embates envolvendo a vinda de Castilho ao Brasil em 1855 para a apresentação de seu método de ensino de leitura e escrita, momento em que o poeta português se deparou com uma série de resistências por parte dos adeptos da filosofia Panecástica3, criada pelo francês Joseph Jacotot. Castilho apresentou Costa e Azevedo, diretor da Escola Normal de Niterói e criador de impressos para ensino da leitura no Brasil, como o principal motivador desta resistência em solo brasileiro. Tais querelas fundamentavam-se em disputas pedagógicas entre método sintético e analítico e, para além das marchas metodológicas, em projetos políticos e de constituição da nação, uma vez que a matriz republicana do grupo de Costa e Azevedo e dos apropriadores da Panecástica contrastavam com a defesa da monarquia constitucional de Castilho.

Apesar das resistências, Castilho angariou para si inúmeros adeptos brasileiros e portugueses em sua estadia no Brasil. O poeta apresentou nominalmente alguns de seus apoiadores na Revista da Instrucção Pública para Portugal e Brazil, periódico de autoria do poeta português António Feliciano Castilho juntamente com seu secretário Luiz Filippe Leite, em uma matéria que circulou no ano de 1857.

Seria precisa uma força sobre humana para fazer voltar ao regresso os Silveiras Lopes, da capital deste império; os Ibirapitangas, e Albertos, da Bahia; os Soares, de Alagoas: os Mennas, os Drimons, os Farias Simões, Fonsecas, Silvas, Viannas, Maximos Figueiredos, e Adrianos, de Pernambuco; os Carneiros da Cunha, os Liberatos, no Rio Grande; os Ruys Florencio, e padre Medeiros, no Apody e Ceará (Castilho e Leite, 1857, p. 1).

Este artigo apresenta alguns destes sujeitos cujos caminhos foram rastreados após serem citados por Castilho como seus apoiadores. Na busca por fontes históricas referentes ao apoiador “Silveira Lopes, da capital deste império”, foi localizada uma carta escrita por este professor para Castilho, relatando as experimentações exitosas advindas da utilização do Método Castilho.

Conforme havia anunciado na minha última carta, dei as provas públicas no dia 13 de dezembro próximo passado, perante um auditório escolhido e respeitável e em resultado obtive uma completa adesão ao Método Castilho. Principiei por fazer a exibição das letras com todas as suas combinações gráficas e fônica, e as regras cantadas; - em seguida, leitura auricular e visual em livro, aberto ao acaso pelos espectadores, tendo a satisfação de apresentar discípulo de 4, 3 e mesmo 2 meses, a ler corrida e desembaraçadamente havendo começado analfabetos! (Castilho e Leite, 1857, p. 82).

O português Valentim José da Silveira Lopes apareceu na Revista da Instrucção Pública para Portugal e Brazil como um dos adeptos do Método Castilho na cidade de Macahé, na província do Rio de Janeiro, e como sujeito que “estabeleceu ali um excelente colégio, que as notícias ultimamente chegadas nos dizem achar-se no mais satisfatório pé, e gozando da estima e confiança geral. O Método português adotado para o ensino do ler e escrever, goza das simpatias públicas” (Castilho e Leite, 1857, p. 25).

Esta carta escrita por Silveira Lopes foi registrada no periódico publicado por Castilho, ao registrar que “com o maior prazer extraímos d’uma carta que de Macahé (Brasil) nos dirigiu o excelente educador, o Sr. Valentim José da Silveira Lopes” (Castilho e Leite, 1857, p. 25).

Em terras pequenas, como esta, há a vantagem de se conhecerem todos, de modo que ninguém duvida que o progresso seja devido ao método, e não a pedantescas fantasmagorias, pelo que o entusiasmo foi real. As provas foram dadas em sessão geral das duas escolas (masculina e feminina) o que não deixou de concorrer para que produzissem o melhor efeito (Castilho e Leite, 1857, p. 82).

Primitivo Moacyr (1939) apresentou o envolvimento dos “Ibirapitangas e Albertos, da Bahia”, citados por Castilho também como seus apoiadores. Trata-se dos professores Felipe José Alberto e António Gentil Ibirapitanga, ambos da província da Bahia, que tiveram contato com o Método Castilho mesmo antes de sua vinda à corte brasileira. Nesta carta registrada por Moacyr, Castilho solicita a permanência destes professores em um curso prático, após o encerramento de seu curso teórico.

Os professores da Bahia que vieram seguir o meu curso normal possuem completamente a teoria do novo ensino, mas para que possam ir propagá-lo por lá tão segura e frutuosamente como sei que V. Ex. deseja, conviria que se demorassem ainda aqui um pouco mais para regerem sob a minha direção um curso prático a crianças analfabetas para o que já se pediu autorização ao benemérito ministro do Império que a diligências tais se presta sempre com a melhor boa vontade. Rogo, portanto, zelosos professores, a licença de se conservarem aqui até perfazerem essa obra, cujas vantagens serão até para a própria capital do Império, e daí mais até abranger a todo ele. Permita-me assinar-me de V. Ex. amigo respeitoso. A. F. de Castilho, 15 de maio 1855 (Moacyr, 1939, p. 97).

Outro apoiador de Castilho na província da Bahia foi o diretor da Instrução-Geral dos Estudos da província da Bahia, Abílio César Borges, o futuro barão de Macaúbas que se tornou um adepto do Método Castilho, defendendo a adoção de seu método no Relatório sobre a Instrucção Publica da Provincia da Bahia apresentado ao ILLmº. e Ex.mº SNR Presidente Commendador Álvaro Tibério de Moncorvo e Lima, em 1856.

Método Castilho: o dr. Abílio é um convertido ao método novo de leitura depois de uma visita à escola do professor Felipe José Alberto (que praticou com o autor na Côrte). O método tem tido adversários mesmo em Portugal, a terra do autor. “Eu, pois, devoto como estou por alma e coração desse método redentor das pobres crianças não quisera vê-lo exercido por mãos inábeis, por indivíduos menos aptos e mal preparados que, em vez de concorrerem para sua propagação, o levariam a risco de descrédito; e por isso opinaria para que dos alunos-mestres da Escola normal escolhessem 5 ou 6 anualmente, por indicação do respectivo diretor, daqueles que mais talento, aptidão e vocação houvessem manifestado para o magistério, e que fossem eles nomeados pelo governo professores adjuntos à escola do professor Felipe José Alberto, com uma gratificação qualquer, podendo no fim de um ano de exercício ser nomeados professores efetivos do método Castilho, sob atestado de habilitação passado por aquele professor e prova dada perante o diretor geral de estudos. Estou convencido que com um tal processo, o método Castilho grangeará na província o acolhimento que merece com grande vantagem para ela. Far-se-ia todos os anos igual seleção entre os alunos mestres da Escola normal, e a pouco e pouco iria sendo generalizado em sua pureza, subindo em breve a instrução pública a ponto que pelo antigo não lograria atingir talvez em duplicado espaço de tempo” (Moacyr, 1939, p. 113).

Conforme apresentado em Memórias de Castilho, Castilho realizou um serão na casa do bahiano Ibirapitanga.

Depois de espairecer no Passeio público, passou o poeta o resto do serão, por convite, em casa de um inteligente homem, com quem me parece tinha já algumas relações epistolares, Antonio Gentil de Ibirapitanga, professor hábil pelo Método Castilho e verdadeiro fanático da instrução primária. Este Ibiparitanga, de quem ainda hei de ter ensejo de falar, tinha muito merecimento, consagrava todo o seu tempo ao ensino, e era chefe de numerosa família: quatorze filhas vivas, além de seis já falecidas! Por isso nos escrevia Castilho, com aquele chiste só dele (Castilho, 1902, p. 109).

Já os “Soares, de Alagoas” (Castilho e Leite, 1857, p. 1), refere-se a Francisco José Soares4, professor de primeiras letras do 2o distrito da província de Alagoas, que foi enviado no dia 26 de março de 1855, para estudar o Método com o próprio António Castilho, conforme consta no ofício5 à Diretoria de Instrução Pública de Alagoas, em 9 de maio de 1855. Neste relatório, Soares informou sobre a interrupção do curso por António Castilho, por ter sido rejeitado por motivos nacionalistas e políticos. Castilho, entretanto, propôs a reposição das trinta aulas que faltavam em sua casa somente para os interessados.

A matéria intitulada “propagação do Método Castilho mais de três adeptos”, publicada no Diário de Pernambuco, em 1855, foi assinada pelo professor Francisco de Freitas Gamboa, apoiador do Método Castilho, e apresenta os nomes de outros adeptos de Castilho.

O Sr. Bernardo Fernandes Viana, que tantos anos há exercido dignamente o magistério da instrução primária, no bairro do Recife, e cujos discípulos abonam a capacidade do mestre, reconhecendo a superioridade do método Castilho, sobre o antigo método, manda vir de Lisboa as 44 estampas e os livros competentes; com esta aquisição está já fruindo as vantagens inerentes ao novo método, e longe de incençar fantasmas no alteres de Molóc, segue o progresso, e a exemplo do Sr. Gentil da cidade da Bahia, padre Maciel, de Maceió, e Faria Simões, do Rio Formoso, vem reforçar o campo dos seguidores do método Castilho (Diário de Pernambuco, 1855a, p. 3).

Na busca por fontes históricas referentes ao apoiador “Farias Simões, de Pernambuco”, localizou-se o Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Província de Pernambuco (1864, p. 128) que deixou registrado o nome deste apoiador do Método Castilho. Trata-se do professor Manoel José de Farias Simões, que tinha uma escola particular do sexo masculino no Largo do Livramento, número 20, na província de Pernambuco.

Na matéria “Aceitação do método Castilho” que circulou no Diário de Pernambuco, o professor Manoel José de Faria Simões deixou registrada uma carta destinada ao Sr. Gamboa relatando suas experiências exitosas com o Método Castilho.

Sr. Gambôa. Amigo e senhor. Aqui cheguei com saúde. Estabeleci o ensigne método Castilho no 1º de fevereiro, e tenho sofrido uma guerra contínua, mas como tenho franqueado a assistência de várias pessoas as lições têm cedido alguma cousa essa guerra; mas o que me tem valido, é, os continuados elogios que V. S, tem recebido pelos periódicos, e juntamente o professor da Bahia, pois com isto parece ir melhorando o negócio: estou com 15 meninos e 4 homens, e tudo vai as mil maravilhas. De V. S. amigo certo, Manoel José de Faria S. Cidade do Rio Formoso, 13 de março de 1855 (Diário de Pernambuco, 1855b, p. 3).

Outro adepto citado por Castilho foi “Mennas, de Pernambuco” (Castilho e Leite, 1857, p. 1). Trata-se do Dr. Menna Callado da Fonseca, diretor do colégio de meninas educandas, citado na Revista da Instrucção Pública para Portugal e Brazil como um dos honrados homens que receberam tão bem Castilho em solo americano.

O serão que desfrutamos na residência do senhor Menna, pedia para ser descrito, à pena de Méry, o inimitável pintor das delícias Italianas. Imagine uma das mais formosas noites da América! Um dos arrabaldes mais campestres de uma das mais sedutoras cidades! Uma casa vasta, franca, hospedeira, cercada por toda a parte de profuso jardim (Castilho e Leite, 1857, p. 30).

Além de trazer visibilidade aos apoiadores citados por Castilho na Revista da Instrucção Pública para Portugal e Brazil, no próximo tópico deste artigo serão elencados alguns sujeitos portugueses, residentes no império brasileiro e que também foram citados por Castilho como adeptos ao seu método e de seu projeto reformista.

Rede de apoiadores portugueses residentes no império brasileiro

Ao destinar uma carta em 1857 aos seus apoiadores portugueses residentes na província de Porto Alegre, Castilho registra sua gratidão nominalmente a inúmeros concidadãos portugueses residentes no império brasileiro. Esta carta foi endereçada “aos portugueses de Porto Alegre” e encontra-se na obra Correspondência pedagógica, um compilado de cartas de Castilho organizado por Fernando Castelo-Branco.

Dignai-vos a aceitar os protestos da minha admiração, da minha reverência e do meu agradecimento e afeto para convosco. Ilmos Srs. Concidadãos portugueses residentes em Porto Alegre, no Império do Brasil: António Maria do Amaral Ribeiro, digníssimo cônsul da nação Portuguesa, Joaquim José de Macedo F. da Silveira, Manuel José de Carvalho Bastos, Inácio Pinto da Fonseca, Francisco Pereira da Rocha Paranhos, Francisco José Belo, Joaquim Caetano Pinto, João de Araújo Viana, Domingos Gonçalves Martins de Oliveira, José Luís do Vale, João Caetano Ferraz, António Ribeiro da Silva, José Gomes Pereira Bastos, António da Silva Santos Paranhos, Manuel Pinto da Costa Guimarães, A. V. Porto, Jacinto Gomes do Vale Quaresma, Franciso Ventura Perfeito, Joaquim Teixeira do Vale, Augusto César do Vale, António José Gonçalves Bastos, António José da Silva Guerra, Joaquim António Nunes, José Leite da Fonseca (Castilho Apud Castelo-Branco, 1975, p. 308-309).

A obra Memórias de Castilho apresenta esta exata sequência de nomes como um abaixo-assinado dos “súditos portugueses” residentes em Porto Alegre que buscavam felicitar e destinar uma pena de ouro com diamantes para Castilho como “homenagem e sinal de respeito, estima e veneração que cordialmente tributam à vastidão de seu profundo saber e capacidade” (Castilho, 1902, p. 317), destinando milhares de réis, conforme apresentam as Figuras 1 e 2.

Figura 1 Relação dos portugueses que presentearam Castilho (Castilho, 1902, p. 317). 

Figura 2 Relação dos portugueses que presentearam Castilho (Castilho, 1902, p. 317). 

No conteúdo da carta registrada na obra de Castelo-Branco, Castilho descreveu sua alegria com esta coroação. A carta foi datada de 6 de julho de 1857.

Viestes vós com a vossa pena de ouro, com as vossas expressões de afeto, mais preciosas que ouro e brilhantes, cobrir-me de uma glória que excede todas as ambições do tempo em que eu as tinha, e com a qual todavia o meu coração se entende perfeitamente. E com efeito, ser amado assim lá tão longe por quem nunca nos viu, e coletivamente, não é como se um homem se estivesse ouvindo festejar na posteridade? Bem hajais Senhores! Bem hajais! Que no liberalizar-me esta coroa excessiva, talvez criastes um possante incentivo a outros melhores engenhos, para se converterem da poesia individual, egoísta e estéril, para esta outra poesia mais sólida, mais ampla, mais nobre, mais produtiva, que já quer vir nascendo do consórcio do cristianismo antigo, com a jovem formosa e amante filosofia social (Castilho Apud Castelo-Branco, 1975, p. 307-308).

Na busca por fontes históricas que apresentassem as ações destes sujeitos, foram localizadas algumas destas trajetórias. Castilho apresentou António Maria do Amaral Ribeiro como o cônsul de Portugal em Porto Alegre e como o responsável pelo envio da carta com a relação das pessoas que ofereceram esta homenagem a Castilho.

Aparece no relatório do Diretor de Instrução pública como responsável por uma escola particular com 23 anos de existência em 1853. Consta como vice-cônsul de Portugal em Porto Alegre em 1853, conforme o Relatório da Repartição dos negócios estrangeiros apresentado à Assembléa Geral Legislativa na primeira sessão da nova legislatura, pelo respectivo ministro e secretário de Estado Paulino José Soares de Souza [...]. Em fevereiro de 1854 participa da fundação da Sociedade Beneficente e Hospitalar da colônia portuguesa de Porto Alegre. E publica diversos textos sobre o Rio Grande do Sul, no Almanaque de Lembranças Luso-brasileiro entre 1857 e 1863 (Gomes, 2012, p. 96).

Segundo Sampaio (2019), António Maria do Amaral Ribeiro foi um grande divulgador da cultura sul-rio-grandense no Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro enquanto “fornecedor6 de impressos vindos de Portugal como representante autorizado, desde 1845. O autor português foi responsável por apresentar lendas, provérbios, chistes, aspectos da flora e da fauna, da culinária, e modos de ser e viver típicos do estado meridional” (Sampaio, 2019, p. 59).

O Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro surgiu numa altura em que este gênero de publicações alcançara não apenas em Portugal mas também no Brasil, incontestável importância e expansão. Os intelectuais dos dois lados do Atlântico perceberam os seus benefícios e, em particular a possibilidade de atingir um vasto público e, com isso, melhor contribuir para a aproximação de culturas entre as duas nações e para o interesse pela literatura e a cultura de ambas, bem como de outros territórios de língua portuguesa (Romariz, 2011, p. 16).

Na edição de 1858 do Almanach de Lembranças Luso-Brasileiro, o português Amaral Ribeiro teceu uma homenagem à sua província, em matéria intitulada “Província do Rio Grande”.

Se não é o mais belo e importante florão da coroa imperial do Brasil, a nenhum outro cede a primazia. Não são 25 anos de residência nela, nem relações de amizade contraídas nesse largo prazo, que fazem com que assim me expresse. Nada mais faço do que prestar culto e homenagem à verdade. O solo do Rio Grande é pingue e fertilíssimo [...] (Ribeiro, 1858, p. 370).

Quevedo (2016) apresentou em sua tese de Doutoramento a questão “quem melhor para auxiliar portugueses que portugueses?”, colocada por António Maria do Amaral Ribeiro para se referir à dor que a comunidade lusa sentia, frisar o patriotismo português, mesmo em terras não mais portuguesas, além de evidenciar “a necessidade de amparo com que todos os súditos do Reino de Portugal, até aqueles com menos posses, deveriam contar” (Quevedo, 2016, p. 81).

Esta indagação justificou a abertura da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Porto Alegre, criada após várias reuniões entre portugueses e descendentes, no dia 26 de fevereiro de 1854, na sala de sessões da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (Quevedo, 2016, p. 81).

Os nomes contidos na lista dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Porto Alegre, conforme consta na Figura 3, coincidem com os inseridos na carta que Amaral Ribeiro juntamente com os portugueses residentes em Porto Alegre enviaram a Castilho homenageando-o com uma coroa de ouro.

Figura 3 Fundadores da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Porto Alegre (Quevedo, 2016, p. 84). 

Observa-se que estes sujeitos portugueses residentes em Porto Alegre engendraram um projeto de sociedade, instrução e associações consonantes com o projeto civilizador de Castilho.

Conclusão

Ao atravessar o além-mar, António Feliciano Castilho (1800-1875) almejava divulgar seu método de ensino de leitura e de escrita, elaborado a partir de princípios de uma escola intitulada por ele próprio como atrativa e moderna. Estas ideias pedagógicas que atravessaram o além-mar ecoavam o som da voz do poeta que clamava pela defesa de uma escola regeneradora da sociedade, a partir de um projeto liberal, civilizador e cristão.

A reforma proposta por Castilho esboçava-se em um projeto de sociedade e de escola ativa, alegre e regulada. Pela alegria das marchas, palmas, cantos e “coros” (Castilho, 1853, p. 11), o criador do método propagandeava uma ruptura com a escola que conservava os corpos em sua imobilidade, impetrando no espaço escolar os tempos e ritmos que a modernização das máquinas a vapor na indústria e agricultura esboçavam. De um ensino individual, partia-se para a defesa da simultaneidade regulada pela “orquestra escolar: o mestre” (Boto, 2012, p. 57), trazendo a novidade de princípios do método fônico de alfabetização.

Entre as idas e vindas do português António Feliciano de Castilho nos debates sobre os métodos de ensino da leitura, tanto em Portugal como no Brasil, observam-se embates, resistências e negações em um espaço denominado pelo próprio autor como repleto de opositores. Além destes opositores apresentados na tese de Albuquerque (2019), compareceu em diferentes fontes históricas uma rede de apoiadores de Castilho no império brasileiro, sendo apresentado neste artigo o papel destes sujeitos brasileiros e portugueses que vivenciaram e defenderam a escola metódica proposta por Castilho em diferentes províncias e na corte no império brasileiro. Rastrear a vida destes sujeitos considerados adeptos pelo próprio Castilho ampliou a compreensão de sociedade, instrução e associações engendradas no projeto civilizador do poeta português.

É imprescindível este movimento de historicizar o processo de alfabetização a fim de repensar os caminhos em uma nação consolidada. Afinal, quais embates compareceram no império brasileiro e que precisam ser revisitados para não restringirmos o processo de alfabetização a uma questão técnica de marcha metodológica?

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1Esse método fônico puro abrevia extraordinariamente a aprendizagem da leitura, substitui a monotonia do trabalho mecânico pela atividade intelectual e se dirige tanto à memória quanto à reflexão, mostrando desde o começo e sempre não letras estéreis, e sim sons e articulações que essas letras produzem e representam. E as crianças e também adultos aprendem, não somente com rapidez admirável mas também com interesse e consciência, educando outrossim, o sentido da audição de um modo simples, distinto e gradual (Quaglio, 1920, p. 498).

2https://bndigital.bn.gov.br/hemeroteca-digital/

3A definição do termo Panecástica advém de um princípio da igualdade dos seres falantes, fundamentado na máxima expressa em seu Ensino Universal elaborado pelo francês Joseph Jacotot (1770-1840) que “tudo está em tudo”. Rancière traz essa reciprocidade como da filosofia Panecástica, termo esse batizado por Jacotot, a partir da junção de duas palavras gregas, pan = todo e ekastos = cada um, “buscando o todo da inteligência humana em cada manifestação individual” (Rancière, 2015, p. 64).

4Francisco José Soares foi mestre e proprietário da escola primária de Maceió, Colégio de São José.

5Arquivo Público de Alagoas, Ofícios e Relatórios da Instrução Pública do Estado de Alagoas (1855-1857), Relatório da Directoria da Instrucção Pública das Alagoas, 26 de março de 1855, caixa 60.

6Segundo Gomes (2012, p. 120), António Maria do Amaral Ribeiro era responsável pela distribuição d’ O Panorama na capital.

Recebido: 07 de Abril de 2021; Aceito: 08 de Abril de 2022

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