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Cadernos do Arquivo Municipal

versão On-line ISSN 2183-2176

Cadernos do Arquivo Municipal vol.ser2 no.7 Lisboa jun. 2017

 

ARTIGO

Arquitetura e supremacia: analogias entre a decoração de portais e arcos no contexto das festividades filipinas e brigantinas

Architecture and supremacy: analogies between decoration of portals and arches in the context of the Habsburgs and Braganza festivities

 

Maria João Pereira Coutinho*

IHA – Instituto de História da Arte, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas / Universidade NOVA de Lisboa, 1069-061 Lisboa, Portugal.

 

RESUMO

O propósito do presente estudo centra-se na relação existente entre o portal arquitetónico, nas suas dimensões civil e religiosa, este último elemento menos considerado pela historiografia portuguesa, e os arcos triunfais efémeros, erigidos no âmbito de solenizações dos períodos filipino e brigantino na cidade de Lisboa, bastante estudados nas últimas décadas. As parecenças existentes entre modelos de molduras de portais mediterrânicos (que chegaram a Portugal através de diversas vias), a produção efémera de arcos e os exemplos concretizados e perenizados na arquitetura civil e religiosa, permitem traçar uma perspetiva alargada na área da contaminação artística produzida no contexto da Época Moderna, bem como reconhecer possíveis processos de transferência de arquétipos. Aspetos como a mimetização de soluções de festividades europeias, cuja entrada se processou através da vinda de estrangeiros, da deslocação de artistas portugueses a outros países, a integração de vocabulário arquitetónico veiculado pelos Tratados de Arte, a valorização de diversas áreas da cidade (i.e. praças e arruamentos), bem como de diversos equipamentos do mesmo (i.e. portas e arcos), são focados ao longo deste ensaio.

 

PALAVRAS-CHAVE

Arquitetura / Arte efémera / Arcos triunfais / Portais / Festividades

 

ABSTRACT

This study focuses on the relationship between the architectural portal in their civil and religious dimensions, this last element least considered by Portuguese historiography, and the ephemeral triumphal arches, erected under festivities of Filipino and Brigantino periods in Lisbon, extensively studied in recent decades. The similarities between types of Mediterranean portal frames (who arrived in Portugal through various ways), the ephemeral arcing and civil and religious architecture examples, help to establish a wide area of artistic contamination produced in context of the Modern Age, as well as recognize possible transfer processes of archetypes. Situations such as the contamination of European festivals solutions, whose input is processed through the coming of foreigners, the movement of Portuguese artists to other countries, such as the integration of architectural vocabulary disclosed by the Treaties of Art, the valuation of various areas of the city (i.e. squares and streets), as well as many of the same equipment (i.e. doors and arches), are focused throughout this essay.

 

KEYSWORDS

Architecture / Ephemeral art / Triumphal arches / Portals / Festivities

 

 

ARQUITETURA E SUPREMACIA: ANALOGIAS ENTRE A DECORAÇÃO DE PORTAIS E ARCOS NO CONTEXTO DAS FESTIVIDADES FILIPINAS E BRIGANTINAS1

1. Nota prévia

Não é novidade que a arquitetura, nas mais diversas dimensões: a perene e a efémera, foi um dos suportes físicos a que a Igreja e o Rei e a Coroa recorreram para alcançar a população em épocas críticas (QUADRO I e QUADRO II). O portal, com toda a sua carga simbólica, foi habilmente reaproveitado em Portugal, durante os períodos filipino e brigantino, épocas que escolhemos analisar, para cativar as massas através de uma iconografia, que, no contexto do Rei e da Coroa, serviu ideais propagandísticos, e que, no caso da Igreja, se associou predominantemente aos dogmas tridentinos2.

No caso das festas de Lisboa, o embelezamento de algumas das portas e arcos da cidade, bem como os modelos criados autonomamente em praças e outros locais de maior amplitude para as entradas régias, assim como para as festas litúrgicas, foi determinante para a plena compreensão desse elemento arquitetónico3. Aliás, a relação existente entre os modelos efémeros e aqueles perenizados na arquitetura e na arte retabular haviam já sido notados por Reinaldo dos Santos, Robert Smith, Nelson Correia Borges e Carlos Ruão, entre outros autores, confirmando a ideia de uma constante contaminação entre essas manifestações artísticas4.

As entradas régias e as uniões matrimoniais foram meios estratégicos de notoriedade junto das populações, o que motivou os monarcas para um maior investimento nessas ações. Um dos primeiros casos que recorreu a esse formulário de matriz imperial que foram os arcos triunfais, no contexto português, foi o das festas por ocasião do matrimónio de D. João (1537-1554), filho de D. João III (1502-1557), com D. Joana de Áustria (1536-1573), onde se erigiram várias dessas estruturas na rua Nova, e artérias limítrofes, no ano de 15525. A essa festa sucederão outras de igual natureza, que mobilizaram indivíduos de vários ofícios, e que foram determinantes para a efetivação de um modelo de celebração que vingaria no período dos Filipes, e que, apesar de ter decaído no seio da Casa de Bragança, voltou a ter sucesso no período onde essa Sereníssima Casa se tornou soberana6.

Outro aspeto bastante significativo, e menos referido, transversal no que ao tempo concerne, foi o aformoseamento de várias portas da cidade7 que também adotaram esquemas compositivos e plásticos “ao moderno”, e ao sabor de modelos veiculados pela tratadística e subsequentemente pelos sobreditos arcos efémeros que se inspiraram nas suas pranchas arquitetónicas (QUADRO III). Esses melhoramentos, empreendidos pelo Senado da Câmara, ocorreram em diversas épocas, e tiveram diversas intenções. Confirma esta preocupação a autorização concedida por Filipe II em 1618 à mesma instituição para adossar às principais portas da cidade letreiros com a invocação de Nossa Senhora, afirmando que fora concebida sem pecado original, de acordo com a ampla propagação desse dogma da Imaculada Conceição8. Essa ação, essencialmente propagandística, e que não esteve só vinculada ao vocabulário brigantino9, como aliás também foi notado por Pedro Cardim, conduziu a uma comunhão entre o civil e o religioso, de que estas portas foram exemplo10. Este aspeto torna-se assim importante para confirmar esta associação constante entre modelos religiosos e civis, que, são modelos com uma dupla valência, laicizados no contexto das festividades e consagrados ao Divino no contexto da fachada religiosa. Assim, não é de causar espanto que um mesmo modelo se converta à festa através da presença de alegorias ou à prática devocional através da presença de veneráveis.

 

2. A importação de modelos internacionais

A importação de modelos internacionais, muito anterior ao período abordado neste estudo, foi uma evidência que abriu portas para a fixação de tipologias mais clássicas. O conhecimento provindo do exterior, que decorreu essencialmente dos Tratados arquitetónicos, como tem sido de sobremaneira divulgado, e que abriu igualmente horizontes para a concretização de exemplares portugueses, filiados em modelos ítalo-flamengos, onde soluções diversas no que ao emprego de ilhargas, remates e vocabulário ornamental refere, foram adequadas à escala dessa construção11.

Embora não seja nosso propósito elencar os vários Tratados que inspiraram a criação dos construtores portugueses, não é de menosprezar alguns casos concretos que contribuíram para esse modo internacional de conduzir a produção de fachadas em Portugal e particularmente os acessos aos interiores. Comprova esta asserção, no caso do recebimento de novos formulários plásticos, os exemplos fixados por Francisco de Holanda (1517-1585), não num Tratado, mas sim na obra Da Fábrica que Falece à Cidade de Lisboa, que, ao conceber em 1571 a “Porta da Cruz” e uma “Porta para um castelo e para uma fortaleza”, mimetiza o conhecimento da realidade italiana, projetando no contexto português essa dimensão internacional12.

O Tractado de Architectura do arquiteto António Rodrigues (c. 1525-1590), de 1579, é outro dos casos que revelou uma apetência pelo registo de portas13. As portas de acesso às fortificações, que proliferaram com a pacificação inerente à União Ibérica, foram em larga medida outra das formas de propagação de uma estética provinda de Tratados Artísticos. A atenção concedida a esse elemento no Tractado de Architectura, onde o autor refere “Por a mesma regra dada na proporção do olho, se pode fazer um portal e ficaraa em sua debita proporção com se guardar a dita regra (...)”14, confirma a ideia da fixação de modelos, que, neste caso, resultaram da estadia de António Rodrigues em Itália, à semelhança do que acontecera com Francisco de Holanda.

Na sequência da anterior ideia, sobre modelos de sabor internacional inclusos em tratados de cariz militar, importa referir o caso daqueles registados pelo tenente francês Nicolau de Langres (?-1665), em 1661, contantes no álbum “Desenhos e plantas de todas as praças do Reyno (...)”, que, apesar de se tratarem de exemplares aplicados à arquitetura militar, espelham tipologias a que alguns dos portais das edificações civis da cidade são devedores, tais como o palácio dos condes da Figueira, o palácio Galveias ou a quinta dos marqueses de Abrantes, na rua do Açúcar, todos em Lisboa15 (QUADRO II). Em qualquer um destes casos, a utilização de aparelho rusticado, também filiado nos desenhos veiculados no Tratado de Sebastiano Serlio (1475-1554), juntamente com a carga bélica patente na decoração de alguns, aproxima estes exemplos da realidade militar (QUADRO III).

Quanto à dimensão internacional das festividades, objeto maior da nossa atenção neste estudo, ocorridas nos períodos filipinos e brigantinos, atente-se ainda ao envolvimento de alguns estrangeiros nas suas realizações, bem como à deslocação de alguns portugueses ao estrangeiro, que consigo transportaram saberes e ideias para a concretização dessas efemérides. Filipe Terzi (1520-1597), como é sabido, foi um dos intervenientes na preparação da entrada de Filipe II, e Teodósio de Frias I foi enviado a Madrid com a incumbência de estudar as decorações realizadas aquando do casamento do monarca, por forma a mimetizar o seu estilo16. Já o francês Claude Laprade (1682-1738) terá executado obras para a procissão dos Corpus Christi em 171917, obra essa ideada, e que anos mais tarde viria a ser avaliada, pelo alemão Frederico Ludovice (1673-1752), a pedido de D. João V18.

 

 

 

 

 

3. As festas filipinas

Os aparatos efémeros decorrentes das entradas de Filipe I (1527-1598), em 1581, e Filipe II (1578-1621), em 1519, são talvez dos mais significativos no contexto das celebrações régias19. Com efeito, e tal como já foi notado por diversos autores, a vinda do primeiro monarca Habsburgo a Lisboa conduziu a uma transformação do Terreiro do Paço, que se alargou a várias artérias da zona baixa da cidade20. Na descrição das festas que se fizeram nessa ocasião, compreende-se claramente a importância concedida aos arcos triunfais, quer aqueles que mimetizavam e integravam fachadas, como os de ordem dórica que imitavam pedra e que se encontravam no cais da Alfândega, quer aqueles autónomos, concebidos por indivíduos de outras nações (como os mercadores alemães), ou por mesteirais (como ocorreu com o arco erigido pelos ourives da prata)21. Para além desse óbvio destaque dado a alguns oficiais mecânicos, o relato deixa compreender ainda uma particular atenção dada a determinados arruamentos, que receberam arcos triunfais em lugares estratégicos, como sucedeu com os que decoravam as portas da Ribeira, a rua de A-Ver-o-Peso, a rua da Padaria, a porta dita “do Ferro”, o poço da Açoteia, a rua da Tanoaria ou a travessa de São Francisco22. Embora não haja uma relação direta conhecida entre estas festas e a produção lisboeta de portais dessa época, com modelos austeros de vergas direitas e frontões triangulares ou semicirculares, o impacto que esta ação performativa teve na cidade, não podia deixar de ser assinalado.

 

 

Já as celebrações aquando da Joyeuse Entrée de Filipe II foram muito mais elaboradas no que concerne aos preparativos para essa ocasião. O monarca começa logo no ano de 1612 a preparar a sua chegada a Lisboa, solicitando ao Senado da Câmara um rol de diligências necessárias para o bom sucesso da sua entrada23. Todavia, só em 1619 é que iria concretizar o seu desejo de visitar essa cidade, para jurar herdeiro o seu filho nas cortes de Lisboa, conforme se sabe, quer pelos processos que decorreram para a adequação de alguns espaços ao recebimento do rei, quer pelas crónicas que perenizaram a memória desse acontecimento24. Aliás, a marca que essa entrada régia deixou impressa na cidade foi igualmente testemunhada no Memorial de Pero Roiz Soares onde se pode compreender o grau de demolições empreendidas25. No que à expressão que os arcos triunfais tiveram nesse contexto, atente-se quer à narrativa de João Baptista Lavanha (c. 1550-1624)26, quer às gravuras abertas por Hans Schorkens, segundo possíveis desenhos de Domingos Vieira Serrão (c. 1570-1632), que muito manifestaram o peso socioeconómico dos homens de negócios e de alguns grupos de mesteirais (como correeiros, atafoneiros, oleiros, sapateiros, cerieiros, pintores, ourives, lapidários, moedeiros e alfaiates), bem como de indivíduos de outras nações (ingleses27, italianos, flamengos e alemães) e Familiares do Santo Ofício.

 

 

 

28

 

Curioso é observar num pormenor de uma pintura de Lisboa, hoje no castelo de Weilburg, a representação de um destes arcos justaposto à fachada da Sé29 e que Lavanha descreve como sendo dos italianos e de “(...) mui boa architetura, que pintado de branco, & negro representava ser todo de pedraria. Tinha este Arco huma so entrada grande (...)”30. Dos arcos descritos e representados, salientam-se particularmente o Arco dos Ourives e Lapidários, e dos Alfaiates, por ostentarem no vão principal peanhas, similares aos modelos de tronos desenvolvidos na retabulística, e o Arco dos Moedeiros, pelo tipo de remate em edícula ladeado por nichos que albergavam imagens, neste caso as alegorias às minas de ouro e prata das conquistas portuguesas, com clara analogia a modelos replicados no contexto religioso, com imagens devocionais. O modelo preconiza mesmo o que, como voltaremos a referir mais adiante é o esquema compositivo utilizado no portal da igreja do convento dos Cardais de Lisboa (QUADRO I).

 

 

 

 

Na esfera religiosa, importa salientar a festa realizada em torno da vinda das relíquias ofertadas por D. João de Borja aos padres da igreja de São Roque, que mobilizou a corte, assim como a clerezia, no ano de 158831. O relato menciona alguns arcos, nomeadamente o que se armou junto ao postigo da Trindade, com obra coríntia, pirâmides nas ilhargas e dupla face, onde se exibiam uma pintura dedicada a Nossa Senhora (o que patenteia mais uma vez a preocupação com as invocações marianas), vários hieróglifos e empresas. Para além desse, armou-se ainda outro arco na rua Nova, perto do templo dedicado a Nossa Senhora da Oliveira, onde também abundavam empresas e hieróglifos a enquadrar os Doutores da Igreja32.

 

4. As festas brigantinas

As festas régias mais significativas no contexto das primeiras décadas do período brigantino foram indubitavelmente as que se encontram associadas aos esponsórios e matrimónios dos filhos de D. João IV (1604-1656): D. Catarina (1638-1705), D. Afonso (1643-1683) e D. Pedro (1648-1706)33. Na ocasião da partida de D. Catarina de Bragança para Inglaterra, os cortejos e outras manifestações de alegria registadas graficamente nas gravuras de Dirk Stoop em 1662, particularmente aquele que representa a sua passagem pelo Terreiro do Paço, continuam a refletir o gosto pela construção de arcos triunfais34. Os arcos erigidos, em número de doze, nos locais onde estrategicamente os monarcas passaram, deram continuidade a uma tradição festiva, onde as várias comunidades de estrangeiros e os mesteirais marcavam a sua presença através da construção dessas estruturas35. Apesar de se desconhecerem os intervenientes nessas obras, foram aventados os nomes de João Nunes Tinoco (c.1616-1690) e de Luís Nunes Tinoco (1642-1719)36, como sendo os mais prováveis arquitetos associados a essa empreitada37. Aliás, a sua ligação, antes e após este evento, ao mosteiro de S. Vicente de Fora, onde os mesmos acompanharam obras de portais (como o da portaria, os do claustro, um deles datado de 1691, ou o da porta da sacristia) reforça a ideia de projetarem este tipo de objetos38.

 

 

 

 

 

 

Outra das realizações no âmbito dos matrimónios a que não podemos ser indiferentes é o casamento de D. Afonso VI com D. Maria Francisca Isabel de Saboia (1646-1683) em 1666, ideado programaticamente por António de Sousa de Macedo (1606-1682)39 e perenizado no álbum de desenhos Festas que se fizerão pelo Cazamento del Rey D. Affonso VI, onde se fixou todo o programa decorativo, com responsabilidade de membros das Academias dos Singulares e dos Generosos40. Um conjunto de arcos, a cargo dos pasteleiros, vinhateiros, alfaiates, ourives do ouro, ourives da prata, cerieiros e mercadores, juntou-se mais uma vez ao dos franceses, ingleses, alemães, e embora as ornamentações convergissem genericamente para a temática da fertilidade, pululavam outras temáticas como o Mar, a Guerra e a União entre Portugal e França41. O casamento em 1687 de D. Pedro II com D. Maria Sofia de Neuburgo (1666-1699) foi outra das festas que, na senda das anteriores, mobilizou uma parte significativa da população42. A chegada de D. Maria Sofia foi o primeiro momento alto desse aparato régio, construindo-se para esse fim um portal que dava para o pátio da capela “(...) com duas columnas por cada lado, & no meio huma que dividia as duas entradas (...)”43 que tinha o sobredito portal. Apesar da austeridade e classicismo da descrição, sabemos que, por aquilo que nos é dado a visualizar no álbum de João dos Reis, foi uma das festividades dessa centúria que maior excentricidade ostentou no que à produção de modelos efémeros concerne44. Com efeito, ao observarmos o Arco dos Alemães compreende-se toda uma exuberância decorativa que transforma planimetricamente e visualmente um arco triunfal numa construção de maior porte. Atente-se no entanto ao facto de essa mesma estrutura exibir no seu último registo colunas de fuste espiralado45, elemento compositivo por excelência comum à arquitetura, à retabulística e aos portais do período barroco, como ainda hoje se observa no portal do nártex da igreja de Santa Engrácia e como se verifica em muitas memórias desses últimos espécimes desse momento cronológico, que figura como moldura e simultaneamente como suporte de remates de diversas morfologias. Aliás, esse recurso decorativo é visível no Arco dos Moedeiros, no dos Alfaiates, no dos Mercadores e nos Arcos dos Italianos e dos Ingleses. Outra das soluções empreendidas neste conjunto, à qual não podemos ser indiferentes, prende-se com a diversidade de remates em edícula, com nichos albergando imagens, em tudo idênticos aos produzidos em pedra no contexto religioso. Note-se particularmente os modelos dos Arcos dos Confeiteiros e dos Esparteiros, muito idênticos aos que ainda hoje se observam nos portais da igreja e da portaria do convento dos Cardais ou da igreja do antigo cenóbio de Santa Mónica, todos em Lisboa (QUADRO III).

 

 

O casamento de D. João V com D. Mariana de Áustria (1683-1754), em 1708, também foi profícuo no que à construção de arcos diz respeito. Através de várias fontes46 e estudos47, sabe-se hoje da proliferação destes espécimes pelas várias artérias da capital, sendo particularmente curioso aquele erguido junto do Pelourinho, pelos pormenores que o contrato para a sua feitura nos dá48. Esse arco, com acabamento pictórico encomendado a 19 de outubro de 1708 aos pintores Manuel Miranda e Pedro Baptista, apresentava “(…) o enuazamento e pilares capiteis frizos e simalhas tudo fingido de pedras embutidas de varias cores (…)”49. Outro arco, a propósito da mesma celebração, delineado pelo maltês Carlos Gimac, dava, por sua vez, pela seguinte descrição:

A ordem Jonica formaua a architectura do primeiro corpo ornado de duas columnas, que sahindo mais do ordinário, servião de Atlantes à fac[h]Ada de huma grande varanda com quatro pilares, cujos pedestaes assentados em hum cepo de altura de hum pé, & hum terço, tinhão aberto nas faces a meyo relevo de claro escuro em tarjas amoresinhos, no meyo armados de arcos, & alfavas, & com coraçoens abrazados enlaçados com diversos festões de flores ao natural, para fazer mais agradavel a vista, & mais própria a allusão, & com semelhantes trofeos do amor estavão ornados os seguintes do Arco”50.

Embora os portais da Lisboa joanina não comportassem toda esta carga escultórica, a verdade é que nas propostas para remates desse período e das duas décadas que o antecederam abundavam os amorini a ladear cartelas, com emblemas heráldicos indicadores dos seus proprietários. São exemplo disso, os casos do portal principal do palácio dos condes de Óbidos e do portal do palácio Palhavã (QUADRO II e QUADRO III).

O casamento de D. José (1714-1777) com D. Mariana Vitória de Bourbon (1718-1781) em 1729, deixou-nos um dos mais importantes legados gráficos do que eram os arcos efémeros do final do período barroco, não só fixado nas memórias coligidas, como também registado numa das mais significativas narrativas azulejares, de c. de 1746-1748, a que se encontra no claustro da Ordem Terceira de São Francisco na Baía51. Para além desse registo, importa ainda reconhecer outros aspetos de pormenor que nos foram deixados, não pela via gráfica, mais esquemática, mas sim por testemunhos, como aqueles expressos na documentação camarária52, ou ainda os de alguns cronistas, como Manuel Coelho da Graça, que refere que

(…) por ordem do Senado destas cidades se tinhão mandado concertar as ruas, por onde havia de passar a comitiva (…) em observância do mesmo Edito mediavão as ruas vinte triunfaes Arcos, que tinhão mandado levantar todos os Officios das Cidades (…)53.

Todavia, é na mimetização dos arcos, supostamente desenhados por Quillard (c. 1700-1733), que encontramos similitudes com a realidade dos portais de edificações religiosas. O Arcos dos Confeiteiros, assim como o de S. José, recorreram abundantemente a cartelas circulares ou ovais com baixos-relevos, tal como ocorreu com o remate do portal da igreja da Pena em Lisboa, um dos poucos que remanesceu dessa época, apontando já para uma nova linguagem e subsequentemente para um novo formulário visual.

Embora as festas régias tenham um peso significativo face às religiosas, importa salientar que estas últimas também marcavam uma posição no que à arte efémera diz respeito, mormente ao nível da presença de arcos triunfais. A entrada do núncio Giorgio Cornaro (1658-1722) na capital lusa, ocorrida em 1692, e efetivada com toda a pompa e solenidade no ano seguinte, foi um dos acontecimentos que pontuou o final do séc. XVII, como se observa numa pintura que fixa esse acontecimento54. Esta representação dessa chegada testemunha a necessidade de aformosear o espaço de consagração da efeméride, quer através da quase total decoração do edificado, quer através da construção de alguns arcos triunfais. Apesar destes não diferirem formalmente dos que foram anteriormente mencionados, este é um dos poucos exemplos na esfera da receção religiosa.

Já em 1717, e apesar de não estar associado a nenhuma celebração mais concreta, é realizado um aviso ao Senado para que se enfeitem as ruas, na ocasião da passagem do Cardeal Patriarca, determinando-se que algumas das portas da cidade deviam ser especialmente decoradas com as armas reais a par das cardinalícias55. Tal procedimento, volta a enfatizar estes elementos arquitetónicos, que, apesar de não constituir o principal objeto do nosso trabalho, configura um importante vetor para a perceção da sua importância no domínio dos cortejos litúrgicos.

Outro dos momentos de grande significado na cidade foi a procissão do Corpus Christi, que, embora a saibamos com outros rituais desde épocas mais recuadas, atingiu maior fausto no reinado de D. João V56. Na muito citada memória coligida por Inácio Barbosa Machado, o cronista refere-se curiosamente a propósito da capela patriarcal que a porta, de notável altura, excedia “(...) no elevado a muitos arcos triunfaes, na perfeição da arte, às melhores de Lisboa, não tendo semelhança na grandeza, e symetria (...)”, observação assaz singular no que à relação entre a arquitetura pétrea e a efémera diz respeito57. Não obstante este tipo de afirmação, o relato enuncia ainda alguns dos arcos que se encontravam em diversas vias, como aquele por onde se saía para a Tanoaria, ou mesmo aquele que se rasgou para o acesso ao Terreiro do Paço ficar mais desafogado.

 

5. Nota final

Embora, tal como afirmámos no início desta síntese, o estudo das festividades ocorridas nos períodos filipino e brigantino na cidade de Lisboa não seja inédito, a relação existente entre os portais pétreos das edificações religiosas e civis e possíveis mimetizações de modelos utilizados em arcos de festividades, era algo que ainda estava por fazer. Com efeito, como pudemos constatar através da discrepante produção bibliográfica sobre portais, arcos de festividades e tratados, a historiografia de arte portuguesa, privilegiou muito mais a análise da arte efémera do que da perene.

Tendo, portanto, como propósito o entendimento de possíveis analogias entre portais e arcos, a nossa abordagem não se cingiu à constatação de semelhanças, mas também a uma tentativa de perceber que fontes poderão ter estado na génese dos programas aplicados. Suportando o estudo a partir do que considerámos ser a área mais estruturada pela historiografia – a dos arcos triunfais em festividades – traçámos um breve percurso em torno daqueles que sabemos terem sido erigidos no âmbito de algumas dessa solenizações, e procurámos abrir portas para a identificação de uma das vias de conhecimento a que os construtores portugueses não foram indiferentes para a concretização de portais, nas várias dimensões arquitetónicas.

Apesar de muitos dos espécimes efémeros que foram erigidos terem sido exuberantes no que à componente decorativa refere, e sobredimensionados de acordo com a escala dos espaços para onde se destinavam, a verdade é que mimetizaram um gosto internacional, veiculado através de tratados e de registos gráficos de artistas portugueses que se deslocavam a outros países, ou ainda através da vinda de artistas estrangeiros que consigo transportavam outros saberes.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Fontes

Fontes Iconográficas

Arquivo Municipal de Lisboa

BÁRCIA, José Artur Leitão – Palácio dos condes da Figueira: portal. [entre 1890 e 1945]. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/BAR/000098

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DUARTE, António da Silva Fernandes – Igreja de Santa Engrácia: pedra de armas, porta principal e igreja de Santa Engrácia: baixo-relevo de Santa Engrácia. 1969. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/AND/S00561 e PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/AND/S00573

DUARTE, António da Silva Fernandes – Palácio Óbidos-Sabugal, brasão em alto-relevo na porta principal. 1969. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/AND/S00560

Filmarte – Palácio dos marqueses de Abrantes.[19--]. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/FIL/000136

PORTUGAL, Eduardo – Convento das Comendadeiras de Avis. [entre 1935 e 1955]. PT/AMLSB/POR/059197

PORTUGAL, Eduardo – Convento dos Cardais. 1929. PT/AMLSB/POR/003394 e PT/AMLSB/POR/003397

PORTUGAL, Eduardo – Convento do Sacramento. [entre 1935 e 1955]. PT/AMLSB/POR/059712

PORTUGAL, Eduardo – Praça Luís de Camões. [entre 1935 e 1955].PT/AMLSB/POR/050800

PORTUGAL, Eduardo Macedo – Palácio do marquês de Gouveia, Portal. [194-]. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/EDP/000828

PORTUGAL, Eduardo Macedo – Convento de Nossa Senhora da Conceição de Arroios: depois hospital de Arroios. Porta brasonada. 1948. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/EDP/000841

PORTUGAL, Eduardo Macedo – Igreja das Mónicas: portal com nicho. 1949. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/EDP/000892

PORTUGAL, Eduardo – Igreja de São Luís da Pena ou de França: fachada principal. [194-]. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/EDP/001643

SERÔDIO, Armando Maia – Museu Nacional de Arte Antiga: palácio Alvor-Pombal. Portal brasonado. 1959. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/SER/I00804

SERÔDIO, Armando Maia – Palácio Almada ou da Independência: portal e janela armoriada 1959. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/SER/I00800

SERÔDIO, Armando Maia – Palácio dos condes de São Miguel: portal. 1959. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/SER/I00799

SERÔDIO, Armando Maia – Palácio dos condes de Mesquitela. 1959. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/SER/I00809

SERÔDIO, Armando Maia – Palácio Palhavã: portal nobre. 1959. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/004/SER/I00198

MACHADO & SOUZA – Largo de São Cristóvão: igreja de São Cristóvão. 1901. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/003/FAN/001854

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MACHADO & SOUZA – Pátio de Dom Fradique. 1907. PT/AMLSB/CMLSBAH/PCSP/003/FAN/000938

 

Biblioteca Nacional de Portugal

Secção de Reservados

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LANGRES, Nicolau de – Desenhos e plantas de todas as praças do Reyno de Portugal Pello Tenente General Nicolao de Langres Francez que serviu na guerra da Acclamação. c. 1661. Cód. 7445.

 

Fontes Manuscritas

Arquivo Municipal de Lisboa

Livro 1º de D. Filipe II

Livro 1º de consultas e decretos de D. Afonso VI

Livro 9º de consultas e decretos de D. Pedro II

Livro 1º de consultas e decretos de D. João V do Senado Ocidental

Livro 5º de consultas e decretos de D. João V do Senado Ocidental

Livro 9º de consultas e decretos de D. João V do Senado Oriental

Livro de festas

 

Arquivo Nacional da Torre do Tombo

Cartório Notarial de Lisboa, N.º 7 A (atual n.º 15), Cx. 85, f. 84 –85 v.º.

Cartório Notarial de Lisboa , N.º 9 A (atual n.º 7), Cx. 18, L.º 80, f. 132-133.

 

Biblioteca da Ajuda

Carta e relação do recebimento que se fes as Santas Reliquias que deu Dom João de Borja em Janeiro de 88”.54-XI-38 (a).

 

Fontes Impressas

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PAIVA, Sebastião da Fonseca e – Segunda parte da relaçam do triumpho que fez a cidade de Lisboa, quando os monarcas de Portugal forão á Sé desta Côrte, & noticia dos arcos triumphaes. Lisboa: Officina de Domingos Carneyro,1687.

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submissão/submission: 31/07/2015

aceitação/approval: 20/03/2017

 

Notas

* É doutora em História (especialidade em Arte, Património e Restauro) pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Entre 1998 e 2005 foi docente na ESAD-FRESS e entre 2006 e 2009 foi bolseira de doutoramento da FCT. Entre 2010 e fevereiro de 2013 foi bolseira do projeto “Lisboa em Azulejo antes do Terramoto” do IHA, FCSH/UNL, de que é membro integrado. É desde março de 2013 bolseira de pós-doutoramento pela mesma instituição. Correio eletrónico: mjpereiracoutinho@gmail.com

1Este estudo integra uma parte do projeto Pórtico: estruturas de pedraria em fachadas de igrejas do distrito de Lisboa do domínio filipino ao Terramoto, do Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, para o qual nos foi concedida uma bolsa de pós-doutoramento pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (SFRH/BPD/85091/2012), com financiamento comparticipado pelo Fundo Social Europeu e por fundos nacionais do Ministério da Educação e da Ciência.

2 Embora se note uma significativa escassez de estudos sobre portais, veja-se para a cidade de Lisboa: Documentário olisiponense, portas brasonadas de Lisboa. Lisboa: A Peninsular Editores, 1920; DIAS, Pedro – Os portais manuelinos do Mosteiro dos Jerónimos. Coimbra: Instituto de História da Arte da Universidade de Coimbra, 1993; GOITIA, Fernando Chueca – Herrera y la composición de las fachadas de los templos. In SIMPOSIO JUAN DE HERRERA, 1, Camargo, 1992 – Juan de Herrera y su influencia: actas del simposio. Santander: Fundación Obra Pía Juan de Herrerra, 1993. p. 183-195; QUINTÃO, José César Vasconcelos – Fachadas de igrejas portuguesas de referente clássico. Porto: Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, 2005; SANTOS, Joaquim Rodrigues dos – As Portas da Jerusalém Celeste: proposta de síntese formal para as fachadas de duas torres na arquitetura religiosa portuguesa entre os séculos XVI e XVIII. Artis. Lisboa: Universidade de Lisboa. N.º 7-8 (2009), p. 55-280; SANTOS, Miguel Ferreira dos – O portal da Igreja de Nossa Senhora da Conceição Velha. Da ornamentação de Grottesche à representação da Mater Omnium. Artis. Lisboa: Universidade de Lisboa. N.º 7-8 (2009), p. 43-72 e SOROMENHO, Miguel – A arquitectura do ciclo filipino, (arte portuguesa da pré-história ao século XX). [s.l.]: FUBU, 2009.

3 Não podemos deixar de mencionar os mais significativos contributos individuais para o conhecimento das festas civis e religiosas da Época Moderna por parte de: BORGES, Nelson Correia – A arte nas festas do casamento de D. Pedro II. Porto: Paisagem Editora, [1986]; JANEIRO, Helena Pinto – A procissão do corpo de Deus na Lisboa barroca: o espaço e o poder. In JORNADAS SOBRE FORMAS DE ORGANIZAÇÃO E EXERCÍCIO DOS PODERES NA EUROPA DO SUL, SÉCULOS XIII-XVIII, 1, Lisboa, 1988 – Arqueologia do Estado: comunicações. Lisboa: História & Crítica, 1988. vol. II, p. 723-742; XAVIER, Ângela Barreto; CARDIM, Pedro; ALVAREZ, Fernando Bouza – Festas que se fizeram pelo casamento de Afonso VI. Lisboa: Quetzal, 1996; CARDIM, Pedro – O subtexto do cerimonial: a dimensão simbólica da solenidade cortesã no Portugal do século XVII. In SIMPÓSIO INTERNACIONAL STRUGGLE FOR SYNTHESIS, Braga, 1996 – Struggle for Synthesis: a obra de arte total nos séculos XVII e XVIII. Lisboa: Instituto Português do Património Arquitectónico, 1999. vol. II, p. 345-368; TEDIM, José Manuel – Festa régia no tempo de D. João V: poder, espectáculo, arte efémera. Porto: [s.n.], 1999. Tese de doutoramento em História da Arte apresentada à Universidade Portucalense Infante D. Henrique; TEDIM, José Manuel – A festa e a cidade no Portugal barroco. In CONGRESSO INTERNACIONAL DO BARROCO, 2, Porto, 2001. Congresso Internacional do Barroco: actas. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2001. p. 317-323; PAIVA, José Pedro – As festas de corte em Portugal no período Filipino (1580-1640). Revista de História da Sociedade e da Cultura. Coimbra: Universidade de Coimbra. N.º 2 (2002), p. 11-28; BUESCU, Ana Isabel – Festas régias e comunicação política no Portugal Moderno (1521-1572). Comunicação & Cultura. Lisboa: Universidade Católica. N.º 10 (2010), p. 35-55; ROQUE, Maria Isabel – Pompas e circunstâncias da arte efémera. Lumen Veritatis: Boletim da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa. N.º 24 (novembro de 2011), p. 4-6; PAIS, Alexandre Manuel Nobre da Silva – Fabricado no Reino Lusitano o que antes nos vendeu tão caro a China: a produção de faiança em Lisboa, entre os reinados de Filipe II e D. João V. Porto: [s.n.], 2012. Tese de doutoramento em Artes Decorativas apresentado à Universidade Católica Portuguesa; MARTINS, Nuno Gomes – Império e imagem: D. João de Castro e a retórica do Vice-Rei (1505-1548). Lisboa: [s.n.], 2013. Tese de doutoramento em Ciências Sociais, vertente Sociologia Histórica apresentada ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa; RAGGI, Giuseppina – “A formosa maquina do Ceo e da terra”: a procissão do Corpus Domini de 1719 e o papel dos arquitetos Filippo Juvarra e João Frederico Ludovice. Cadernos do Arquivo Municipal [Em linha]. Lisboa: Câmara Municipal 2.ª Série N.º 1 (janeiro-junho de 2014), p. 101-123. [Consult. 2014.06.27]. Disponível na Internet: http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/fotos/editor2/Cadernos/num1/artigo05.pdf, e ALVES, Ana Maria – As entradas régias portuguesas. Lisboa: Livros Horizonte, [19--].

Considere-se para o mesmo efeito os vários textos das seguintes compilações: SANTOS, Maria Helena Carvalho dos – A Festa. In CONGRESSO INTERNACIONAL A FESTA, 8º, Lisboa – A festa: comunicações apresentadas no VIII Congresso Internacional. Lisboa: Sociedade Portuguesa de Estudos do Século XVIII, 1992; PEREIRA, João Castel-Branco, coord. – Arte efémera em Portugal. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2000. Catálogo. COLÓQUIO DE HISTÓRIA E DE HISTÓRIA DE ARTE, Lisboa, 2009 – Lisboa e a festa: celebrações religiosas e civis na cidade medieval e moderna: actas. Lisboa: Câmara Municipal, 2009.

4 Cf. SANTOS, Reinaldo dos – Oito séculos de arte portuguesa. Lisboa: Empresa Nacional de Publicidade, 1970. vol. II, p. 249; SMITH, Robert – A talha em Portugal. Lisboa: Livros Horizonte, 1962. p. 113-115; BORGES, Nelson Correia, op. cit., p. 106 e RUÃO, Carlos – A porta férrea ou a Joyeuse Entrée. Monumentos. Lisboa: Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Nº 8 (1998), p. 26-33.

5Cf. ALVES, Ana Maria, op. cit., p. 37; BUESCU, Ana Isabel, op. cit., p. 49 e TEDIM, José Manuel – Arte efémera. In RODRIGUES, Dalila, coord. – Arte portuguesa da pré-história ao século XX. [s.l.]: Fubu Editores, 2009. vol. 13, p. 59.

6 Sobre esse comedimento na celebração de festas da Casa de Bragança vejam-se as asserções de COSTA, Leonor Freire da; CUNHA, Mafalda Soares da – D. João IV. Lisboa: Círculo dos Leitores, 2006. p. 37-40.

7Ao longo de diversas décadas e mesmo séculos empreenderam-se diversas alterações nas portas de São Domingos (que mais tarde ficaram conhecidas por portas de Santo Antão), de Santa Catarina e de São Bento, entre outras de menor relevo. No caso particular das portas de Santo Antão, verificamos a notícia, em 1727, de um aviso para que o Senado mandasse alterar essas portas, fazendo-as mais altas e mais largas, segundo o risco de João Frederico Ludovice. Arquivo Municipal de Lisboa (AML), Livro 5º de consultas e decretos de D. João V do Senado Ocidental, f. 65.

8 AML, Livro 1º de D. Filipe II, f. 204-205v.º; ref. por COUTINHO, Maria João Pereira – Portas e entradas da cidade de Lisboa: persistências e memórias. In CONGRESSO IBERO-AMERICANO, Lisboa, 2016 – Património, suas matérias e imatérias: atas. Lisboa: LNEC, 2016. p. 1-16.

9 Em 1654, volta a surgir um novo decreto sobre a colocação de inscrições nas portas da cidade, onde se determina que as placas deveriam ser colocadas em lugares bem visíveis, e que deveriam ser em pedra de jaspe branco. AML, Livro 1º de consultas e decretos de D. Afonso VI, f. 69.

10 Cf. CARDIM, Pedro – Una Restauração visual? Cambio dinástico y uso político de las imágenes en el Portugal del siglo XVII. In PALOS, Joan Lluís; CARRIÓ-INVERNIZZI, Diana, dir. – La historia imaginada, construcciones visuales del pasado en la Edad Moderna. Madrid: Centro de Estudios Europa Hispánica, 2008. p. 185-206.

11 Acerca da importância dos tratados arquitetónicos, ditos internacionais, veja-se, como sendo os mais significativos para esta área em Portugal, e para o período em apreço: VIGNOLA, Iacomo Barozzi – Regola delli cinque ordini d`architettura. Roma: [s.n.], 1562; SERLIO, Sebastiano – De Architectura libri quinque ... / à Ioanne Carolo Saraceno ex italica in latinam linguam nunc primùm translati atque conuersi... Venetiis: apud Franciscum de Franciscis Senensem [et] Ioannem Chriegher, 1569; DIETTERLIN, Wendel – Architectura von Aubtheilung, symmetria und proportion der Fünff Seulen. Nürnberg: [s.n.], 1598; NICOLÁS, Fr. Lorenzo de San – Arte y uso de architectura. Madrid: [s.n.],1639-1664 e GUARINI, Guarino – Disegni di architettura civile ed ecclesiastica. Turim: [s.n.], 1686, entre outros que, singularmente, também influenciaram a produção portuguesa.

12 Cf. HOLANDA, Francisco de – Da fábrica que falece à cidade de Lisboa (1571). Lisboa: Livros Horizonte, 1984. p. 43 (f. 8), p. 47 (f. 10), respetivamente.

13 Este manuscrito foi alvo da uma dissertação de mestrado de MOREIRA, Rafael – Um tratado português de arquitectura do século XVI. Lisboa: [s.n.], 1982. Dissertação de mestrado em História da Arte apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

14 Cf. MOREIRA, Rafael – Idear a arquitectura. In A Arquitectura imaginária, pintura, escultura, artes decorativas. Lisboa: Museu Nacional de Arte Antiga, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2013. p. 33-38, e a entrada do mesmo autor, constante no mesmo catálogo, sobre esse tratado, nas p. 53-55.

15 Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), Secção de Reservados, LANGRES, Nicolau de – Desenhos e plantas de todas as praças do Reyno de Portugal Pello Tenente General Nicolao de Langres Francez que serviu na guerra da Acclamação. c. 1661. Cód. 7445.

16 Cf. ALVES, Ana Maria, op. cit., p. 52.

17 Cf. OLIVEIRA, Eduardo Freire de – Elementos para a história do município de Lisboa. Lisboa: Typographia Universal, 1899. tomo XI, p. 552-553.

18 Cf. OLIVEIRA, Eduardo Freire de, op. cit., p. 519. Para além dessa avaliação, sabe-se que esse artista teve uma intervenção mais direta na conceção dessa festividade, pois a 2 de maio de 1719 o Senado emite um aviso para que as ruas por onde a procissão ia passar fossem toldadas e ornamentadas, sob a sua direção. Cf. AML, Livro 1º de consultas e decretos de D. João V do Senado Ocidental, f. 195. Cit. por RAGGI, Giuseppina, op. cit., 110.

19 Cf. LOPES, António; GUINOTE, Paulo – Os tempos da festa: elementos para uma definição, caracterização e calendário da festa na primeira metade do século xviii. In SANTOS, Maria Helena Carvalho dos, op. cit., vol. I, p. 365-385.

20 Sobre a transformação da cidade de Lisboa, particularmente da zona ribeirinha, durante a Monarquia Dual, vide: BOUZA, Fernando – Sola Lisboa casi viuda: la ciudad y la mudanza de la Corte en el Portugal de los Felipes. In Imagen y propaganda, capítulos de historia cultural del reinado de Felipe II. Madrid: Akal, 1998. p. 95-120 e SOROMENHO, Miguel – O Paço da Ribeira à medida da Corte de Filipe I a D. Pedro II. In FARIA, Miguel Figueira, coord. – Do Terreiro do Paço à Praça do Comércio, história de um espaço urbano. Lisboa: Universidade Autónoma de Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2012. p. 37-71.

21 Cf. GUERREIRO, Afonso -[Relação] das festas que se fizeram na cidade de Lisboa na entrada del Rey D. Philippe primeiro de Portugal. Lisboa: Casa de Francisco Correa, 1581. Sobre esse assunto vide ainda as asserções de SERRÃO, Vítor – A entrada de Filipe I de Portugal em Lisboa em 1581 e o seu programa iconográfico à luz dos conceitos de aurea aetatis e de ubilicus mundi. In COLÓQUIO DE HISTÓRIA E DE HISTÓRIA DE ARTE, Lisboa, 2009, op. cit., p. 201-221.

22 Cf. GUERREIRO, Afonso, op. cit.

23 A 4 de setembro de 1612 dá-se esse pedido e a 28 do mesmo mês o monarca agradece à Câmara as diligências efetuadas. Cf. AML, Livro 1º de Filipe II, f. 168-169 v.º e f. 171-171v.º, respetivamente.

24 Veja-se para a primeira situação o processo relativo à demolição de umas casas pertencentes ao mosteiro de Santa Clara, com o intuito de ampliar as “Portas da Ribeira” para a entrada régia de Filipe II, decorrido entre abril e maio de 1619; cf. AML, Livro de festas, f. 217-225 v.º. Sobre a festividade consulte-se a obra de LAVANHA, João Baptista – Viagem da Catholica Real Magestade del Rey D. Filipe II N.S. ao Reyno de Portvgal e rellaçao do solene recebimento que nelle se lhe fez S. Magestade a mandou. Madrid: Thomas Iunti, 1621.

25 Memorial de Pero Roiz Soares. Coimbra: Por ordem da Universidade, 1953. p. 419: “(...) fizerão mais os Ingrezes outro arco triunfall as portas da ribeira entrando pera o pilourinho uelho pera o qual deribarão as portas ambas e as cassas que por sima dellas estauam que Importauão de Renda duzentos mil reis e como cada qual queria leuar uentagem no feitio dos arcos fizerão tambem estes Ingrezes outro arco quazi tam bom e custosso como o asima dos purtuguezes mercadores (...)”.

26 Sobre a importância desse artista veja-se um dos últimos trabalhos coligidos: D`AGOSTINO, Mário Henrique Simão – João Baptista Lavanha, Vitruvio e la diffusione dei Trattati Itliani di Architettura in Portogallo e Spagna nel XVI secolo. In MOREIRA, Rafael; RODRIGUES, Ana Duarte, coord. – Tratados de arte em Portugal. Lisboa: Scribe, 2011. p. 63-71.

27 A edificação do arco dos ingleses foi de tal forma significativa que justificou a existência de um relato a propósito da mesma, intitulado: Porta e arco trivnfal que a naçaõ ingresa ordenou ao recebimento, e entrada em Lisboa da S. C. R. M. del Rei Filippe III. de Espanha, e II. de Portugal, o Anno de 1619. Lisboa: Officina de Jorge Rodrigues, 1619.

28 A autora agradece a Andreas Gehlert a cedência da imagem.

29 Sobre esta pintura vejam-se os vários trabalhos da autoria de GEHLERT, Andreas – Uma esplêndida vista de Lisboa no Castelo de Weilburg, Alemanha. Monumentos. Lisboa: IHRU. Nº 28 (2008), p. 209-213; Masterpiece in a german castle, the royal entry of King Philip III into Lisbon in 1619. Rossio. [Em linha] Lisboa: Câmara Municipal. N.º 1 (maio de 2013), p. 114-123. [Consult. 2014.06.27]. Disponível na Internet: http://issuu.com/camara_municipal_lisboa/docs/revista_rossio?e=6409185/2407541, e The Weilburg Painting showing the Lisbon entry of 1619 in its historical and pictorial context. Revista de História da Arte. Lisboa: IHA-FCSH/NOVA. N.º 11 (2014), p. 69-85 e ainda Joyeuse Entrée, a vista de Lisboa do Castelo de Weilburg. Lisboa: Museu Nacional de Arte Antiga, 2015.

30 LAVANHA, João Baptista, op. cit.

31 Sobre este assunto veja-se Biblioteca da Ajuda (BA), 54-XI-38 (a): “Carta e relação do recebimento que se fes as Santas Reliquias que deu Dom João de Borja em Janeiro de 88”, e consulte-se também o estudo de BROCKEY, Liam M. – Jesuit Pastoral Theater on a urban stage: Lisbon, 1588- 1593. Journal of Early Modern History. Leiden: Brill. Vol. 9 Nº 1 (2005), p. 1-50.

32 BA, 54-XI-38 (a).

33 Consulte-se, para uma visão mais dilatada destas solenidades, o artigo de GOMES, Ana Cristina Cardoso da Costa – Alianças, poder e festa. Os casamentos de D. Afonso VI e de D. Pedro II. In PEREIRA, João Castel-Branco, coord., op. cit., p. 51-73.

34 Para uma análise mais aturada desta gravura consulte-se a entrada de SOROMENHO, Miguel – Cat. 14. Cortejo real no Terreiro do Paço. Partida de D. Catarina de Bragança. In PEREIRA, João Castel-Branco, coord., op. cit., p. 46, e o estudo mais recente de FLOR, Susana Varela – Aurum Regina or Queen Gold, retratos de D. Catarina de Bragança: entre Portugal e a Inglaterra de Seiscentos. Vila Viçosa: Fundação da Casa de Bragança, 2012.

35 Cf. BRAZÃO, Eduardo – A recepção de uma rainha, festas lisboetas no século XVII. Boletim Cultural e Estatístico da Câmara Municipal de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal. Vol. I N.º 2 (1937), p. 5-20 e FLOR, Susana Varela, op. cit., p. 132-133.

36 COELHO, Teresa Maria da Trindade Campos – Os Nunes Tinoco, uma dinastia de arquitectos régios dos séculos xvii e xviii. Lisboa: [s.n.], 2014. Tese de doutoramento em História da Arte, especialidade em História da Arte Moderna em Portugal apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

37 FLOR, Susana Varela, op. cit., p. 139.

38 O conhecimento que Luís Nunes Tinoco tinha de portais é bem visível na portada dos Estatutos da Irmandade do Senhor dos Passos do Mosteiro dos Jerónimos, de 1672, publ. por FRANCO, Anísio, dir. – Jerónimos – Quatro séculos de pintura. Lisboa: IPPAR, 1992. vol. II, p. 202-205.

39 Sobre essa figura não podemos deixar de referir o estudo de SALDANHA, Nuno – António de Sousa de Macedo na teoria artística do barroco seiscentista: contributo para o estudo das ideias estéticas no Portugal do século XVII. Cultura – História e Filosofia. Lisboa: Centro de História da Cultura da Universidade Nova de Lisboa. Vol. VII (1993), p. 113-155.

40 Cf. XAVIER, Ângela Barreto; CARDIM, Pedro; ALVAREZ, Fernando Bouza, op. cit., e o capítulo VII – O maior triunfo, que pôde ser que o mundo haja visto, de XAVIER, Ângela Barreto, CARDIM, Pedro – D. Afonso VI. Lisboa: Círculo dos Leitores, 2006. p. 165-182. Para além desses estudos deve-se fazer o confronto com PAIVA, Sebastião da Fonseca – Applausos festivos e solemnes triumphos com que os heroes portuguezes celebrarão o feliz casamento dos dous monarchas D. Affonso VI e D. Maria Francisca Isabel de Saboya reys felicissimos de Portugal. Lisboa: Officina de Antonio Craesbeeck de Mello, 1666.

41 Cf. XAVIER, Ângela Barreto; CARDIM, Pedro, op. cit., p. 173-182.

42 Cf. PAIVA, Sebastião da Fonseca e – Relaçam da feliz chegada da... Senhora D. Maria Sofia Isabel, Raynha de Portugal, à Cidade & Corte de Lisboa, em 11. de Agosto de 1687. & descripção da ponte da Casa da India. Lisboa: Officina de Domingos Carneyro, 1687. E do mesmo autor: Segunda parte da relaçam do triumpho que fez a cidade de Lisboa, quando os monarcas de Portugal forão á Sé desta Côrte, & noticia dos arcos triumphaes. Lisboa: Officina de Domingos Carneyro,& 1687.

A mobilização era tal que os cônsules de outras nações residentes em Lisboa tinham a obrigatoriedade de se envolver nas festividades. Confirma esta determinação um pleito gerado em torno da recusa do cônsul de Castela de participar nas demonstrações públicas de atos festivos, com a construção de um arco. AML, Livro 9º de consultas e decretos de D. Pedro II, f. 208-209. Lisboa, 18 de junho de 1687: “Forão chamados a este Senado os Consules das nações residentes nesta Cidade para fazerem os arcos de sua obrigação conforme o estylo antigo que sempre se praticou neste Reino em occaziões de festas Reaes, e Recomendando se a cada hum arco, que lhe foy repartido, Recuzou o Consul de Castella Francisco Baranda fazer o que lhe tocava com fundamento de que nesta Corte não havia gente de sua nação, que podesse concorrer para as despezas delle (...)”. O mesmo tipo de alegação foi proferido por Lourenço Ginori, cônsul da nação florentina, em junho desse ano, por não existirem mais do que duas casas de florentinos em Lisboa, foi dada razão: “(...) e duas pessoas sómente he impossivel fazerem hum arco E se as outras nações fazem arcos, he porque são muitos e toca a cada hum pagar uinte ou trinta mil reis; porem se duas pessoas sómente fizerem hum arco, custara a cada hum mais de seisçentos mil reis, com o que se escuzou o supplicante porque considerando os tempos, e a falta que há no negocio e pouco comerçio que de prezente hâ por cauza da prematica, e retenção de dinheiro na moeda e os muitos homens quebrados, que se lhe tem leuantado com sua fazenda, se achou incapaz, para poder fazer o dito arco (...)”, AML, Livro 9º de consultas e decretos de D. Pedro II, f. 222-224 v.º.

43COSTA, António Rodrigues da – Embaixada que fes o Excelentissimo Senhor Conde de Villar-Maior (Hoje Marques de Alegrete) dos Conselhos de Estado, & Guerra del El Rei N.S. (…) conduçam da Rainha Nossa Senhora a estes Reinos, festas, & applausos (…). Lisboa: Officina de Miguel Manescal, 1694. p. 121-219.

44 BNP, Secção de Reservados, AT 317: REIS, João dos – Copia dos Reaes Aparatos e Obras que se ficeram em Lixboa na occasiam da Entrada e dos Desposorios de suas Majestades. 1687, parcialmente publ. em PEREIRA, João Castel-Branco coord., op. cit., p. 74-86.

45 Sobre a diversidade de espiralados constantes no fuste de uma coluna veja-se Sobre colunas vide TUZI, Stefania – Le colonne e il tempio di Salomone, la storia, la leggenda, la fortuna. Roma: Gangemi Editore, 2002.

46Arco Triunfal Idea, E Allegoria sobre a Fabula de Hyppomens, e Athalanta, cuia Ficçam ha de Servir Para o Arco, Que os Ourives do Ouro Celebram em Applauso dos Felicissimos Desponsorios das Augustas Magestades de Portugal. Lisboa: Officina dos Herdeiros de Domingos Carneyro, 1708; Descripçam do Arco Triunfal que a Naçam Ingleza Mandou levantar na occasião em que as Magestades dos Sereníssimos Reys de Portugal D. Joam o V & D. Marianna de Austria forão à Cathedral de Lisboa. Lisboa: Officina de Valentim da Costa Deslandes, 1708.

47TEDIM, José Manuel – Festa régia no tempo de D. João V: poder, espectáculo, arte efémera, op. cit., PIMENTEL, António Filipe – D. João V e a festa devota do espectáculo da política à política do espectáculo. In PEREIRA, João Castel-Branco, coord., op. cit., p. 151-167.

48 Cf. Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT), Cartório Notarial de Lisboa, N.º 7 A (atual n.º 15), Cx. 85, f. 84 –85 v.º, publ. por CARVALHO, Ayres de - Documentário artístico do primeiro quartel de setecentos exarado nas notas dos tabeliães de Lisboa. Bracara Augusta. Braga. Vol. XXVII Fasc. 63/75 (1973), p. 37. Separata.

49 Idem, ibidem.

50Descripçam do Arco Triunfal que a Naçam Ingleza Mandou levantar na occasião em que as Magestades dos Sereníssimos Reys de Portugal D. Joam o V & D. Marianna de Austria forão à Cathedral de Lisboa..., p. 4 e 5.

51Sobre este conjunto iconográfico veja-se SIMÕES, J. M. dos Santos – Iconografia lisboeta em azulejos no Brasil: vistas de Lisboa em painéis de azulejos na cidade do Salvador. Oceanos. Lisboa: Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses (1998-1999). N.º 36-37, p. 20-51, e TEDIM, José Manuel - O triunfo da festa barroca: a troca das princesas. In PEREIRA, João Castel-Branco, coord., op. cit., p. 175-193.

52 Entre o final do ano de 1728 e o início do ano seguinte, o Senado emite um aviso para que os arcos triunfais que irão ser utilizados para a comemoração do casamento e entrada dos príncipes estejam prontos até ao final do primeiro mês desse ano. AML, Livro 9º de consultas e decretos de D. João V do Senado Oriental, f. 35-60.

53 GRAÇA, Manuel Coelho da – Breve Noticia das entradas, que por mar, e terra se fizerão nesta corte suas Magestades com os Serenissimos Princepes do Brasil, e Altezas em 12 de Fevereiro de 1729. Lisboa: Officina de Bernardo da Costa, 1729. p. 5-6.

54Cf. FLOR, Susana Varela – A entrada pública do Núncio Giorgio Cornaro em Lisboa (1693). In ALESSANDRINI, Nunziatella; FLOR, Pedro; RUSSO, Mariagrazia; SABATINI, Gaetano, orgs. – Le Nove son tanto e tante buone, che dir non se pò. Lisboa dos Italianos: história e arte (sécs. XIV-XVIII). Lisboa: Cátedra de Estudos Sefarditas «Alberto Benveniste» da Universidade de Lisboa, 2013. p. 137-158.

55Cf. AML, Livro 1º de consultas e decretos de D. João V do Senado Ocidental, f. 105.

56 Cf. TEDIM, José Manuel – A procissão das procissões: a festa do Corpo de Deus. In PEREIRA, João Castel-Branco, coord., op. cit., p. 216-223 e RAGGI, Giuseppina, op. cit., p. 101-123.

57 MACHADO, Inácio Barbosa – Historia critico-chronologica da instituiçam da festa, procissam, e officio do Corpo Santissimo de Christo. Lisboa: Officina Patriarcal de Francisco Luiz Ameno,& 1759. p. 151.

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