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Sisyphus - Journal of Education

Print version ISSN 2182-8474On-line version ISSN 2182-9640

Sisyphus vol.10 no.3 Lisboa Feb. 2023  Epub Nov 16, 2022

https://doi.org/10.25749/sis.27509 

Artigos

Análise dos Recursos Solicitados para Atendimento Especializado e/ou Específico no Exame Nacional do Ensino Médio: Série Histórica (2016-2020)

Analysis of the Resources Requested for Specialized and/or Specific Service in the National High School Exam: Historical Series (2016-2020)

Análisis de los Recursos Solicitados para Atención Especializada y/o Específica en el Examen Nacional de Escuela Secundaria: Serie Histórica (2016-2020)

Luiz Renato Martins da Rochai 
http://orcid.org/0000-0002-2884-4956

Jáima Pinheiro de Oliveiraii 
http://orcid.org/0000-0002-0156-3804

Josiane Pereira Torresiii 
http://orcid.org/0000-0002-1452-8223

iCentro de Matemática, Computação e Cognição, Universidade Federal do ABC, Brasil

iiDepartamento de Administração Escolar, Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil

iiiDepartamento de Administração Escolar, Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil


Resumo

Este estudo teve como objetivos: 1) identificar o número de pessoas inscritas no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), no período de 2016 a 2020, que solicitaram algum tipo de Atendimento Especializado e/ou Específico, com destaque para a frequência daquelas que fazem parte do chamado Público-alvo da Educação Especial (PAEE); e 2) identificar os tipos de recursos solicitados pelos candidatos inscritos para relacionar as condições desse público com tais recursos. Os dados foram obtidos por meio dos registros disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e analisados por meio de estatística descritiva, com o apoio do Microsoft® Office Excel em um computador de alto desempenho. Os resultados apontaram o alto crescimento do público autista e a diminuição de surdos. No entanto, há uma diminuição no geral de candidatos que prestam o ENEM (cerca de 33%), e os grupos que resistem e contrariam a lógica da redução são cada vez mais escassos. Chamou atenção que alguns recursos, tais como macas e computadores, não chegam à casa das dezenas, enquanto outros ultrapassam os milhares (sala de fácil acesso e auxílio para transcrição). Esse dado indica que tanto um quanto outro são recursos possíveis para públicos distintos, visando o atendimento às singularidades desses sujeitos.

Palavras-chave: exame nacional do ensino médio; recursos de acessibilidade; necessidades especiais; sistema nacional de avaliação

Abstract

This study aimed to: 1) identify the number of people registered in the National High School Exam (known in Brazil by the acronym ENEM), from 2016 to 2020, which requested some kind of Specialized and/or Specific Service, with emphasis on the frequency of those that are part of the so-called target population of Special Education (known in Brazil by the acronym PAEE); and 2) identify the types of resources requested by the applicants registered to relate the conditions of this population to such resources. Data were obtained through the records provided by the National Institute for Educational Studies and Research Anísio Teixeira (INEP) and analyzed through descriptive statistics, with the support of the Microsoft® Office Excel on a high-performance computer. The results pointed to the high growth of the autistic population and the reduction of deaf people. However, there is an overall decrease in candidates who take ENEM (about 33%), and groups that resist and oppose the logic of reduction are increasingly scarce. Attention has been called to the fact that some resources, such as stretchers and computers, do not reach the dozens, while others exceed the thousands (easily accessible room and transcription aid). This data indicates that both are possible resources for different populations, aimed at meeting the singularities of these subjects.

Key words: national high school exam; accessibility resources; special needs; national evaluation system

Resumen

Este estudio tuvo como objetivos: identificar el número de personas inscritas en el Examen Nacional de Enseñanza Secundaria (conocido en Brasil como ENEM) en el período comprendido entre 2016 y 2020, que solicitaron algún tipo de Atención Especializada y/o Específica, destacando la frecuencia de aquellas que hacen parte del llamado Público-objetivo de la Educación Especial (PAEE); y 2) identificar los tipos de recursos solicitados por los candidatos inscritos para relacionar las condiciones de ese público con tales recursos. Los datos fueron obtenidos por medio de los registros del Instituto Nacional de Estudios y Pesquisas Educativas Anísio Teixeira (INEP) y analizados por medio de estadística descriptiva, con el apoyo del Microsoft® Office Excel en una computadora de alto desempeño. Los resultados apuntaron al alto crecimiento de la población autista y la disminución de las personas sordas. Sin embargo, hay una disminución en el número general de candidatos que participan en el ENEM (cerca del 33%), y los grupos que resisten y contrastan la lógica de la reducción son cada vez más escasos. Llamó la atención que algunos recursos, como camillas y computadoras, no llegan a las decenas, mientras que otros superan los miles (sala de fácil acceso y ayuda para la transcripción). Ese dato indica que, tanto uno, como el otro, son recursos posibles, para públicos distintos, con el objetivo de atender las singularidades de esos sujetos.

Palabras clave: examen nacional de enseñanza secundaria; recursos de accesibilidad; necesidades especiales; sistema nacional de evaluación

Introdução

O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado em 1998, no Brasil, e objetivava ser “um instrumento para avaliar o desempenho dos estudantes no término da educação básica” (Silveira, Barbosa, & Silva, 2015, p. 2). Por algum tempo, ele foi utilizado somente como um instrumento de avaliação do desempenho dos estudantes, na etapa do Ensino Médio e, a partir de 2009, foram adotadas medidas governamentais que incentivaram o uso desse exame também como um meio de ingresso na Educação Superior.

Atualmente, muitas instituições utilizam a nota do ENEM para esse ingresso, outras ainda realizam seus processos de seleção internos, e, ainda, há outras que usam a nota desse exame de maneira parcial para preencherem suas vagas. Além disso, mais de 50 instituições portuguesas também usam as notas do ENEM como critério de ingresso em suas Instituições de Ensino Superior (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), 2022a).

Uma importante inovação na prova do ENEM ocorreu em 2020, na qual o estudante ou candidato poderia escolher o formato de prova que ia realizar, entre as seguintes opções: prova impressa e digital. No caso das provas digitais, elas são aplicadas em computadores específicos e em locais de prova definidos pelo INEP (2022a). A versão do ENEM Digital pode ser considerada uma inovação importante para a garantia de acesso a candidatos que possuem demandas específicas que podem ser contempladas por essa versão, de modo especial aqueles que possuem deficiência visual, o que facilita o uso de leitores de tela, por exemplo.

Com o intuito de continuar essa inovação e ampliar o acesso a esse exame, o ENEM tem buscado adequar-se às constantes mudanças no cenário educacional. Por isso, esse exame conta com uma gama de recursos especializados e específicos para atendimento dos mais diversos públicos. Para tanto, no momento da inscrição do ENEM, o participante deve indicar a condição que justifica a solicitação dos recursos de acessibilidade, necessários para a realização das provas (INEP, 2020). É preciso que essa condição seja comprovada em consonância com o edital vigente. Os recursos especializados e serviços oferecidos são múltiplos e vão ao encontro de muitas das necessidades apresentadas pelos candidatos. Vale ressaltarmos que oferecer condições de modo a garantir acessibilidade para a realização de processos seletivos e/ou de avaliações, tais como o ENEM, é algo previsto e explícito no Art. 30 da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI) (Lei Nº 13.146, de 6 de julho de 2015) e vários serviços e recursos são previstos para o atendimento diferenciado no ENEM (INEP, 2012).

O Atendimento Especializado do ENEM é oferecido para pessoas com deficiência (baixa visão, cegueira, visão monocular, deficiência física, deficiência auditiva, deficiência intelectual, surdocegueira), pessoas surdas e pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Pessoas com diagnóstico de dislexia, discalculia, déficit de atenção e hiperatividade, dentre outros transtornos funcionais específicos, também podem solicitar esse apoio especializado. Já o Atendimento Específico é oferecido para gestantes, lactantes, idosos ou pessoas com outra condição específica (INEP, 2022b), diferentemente das relatadas anteriormente.

Os principais serviços/profissionais oferecidos pelo ENEM nos dias das provas são: Auxílio para leitura, Auxílio para transcrição, Leitura labial, Intérprete de Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e Guia-intérprete. Os tipos de provas podem ser caracterizados das seguintes formas: Prova ampliada, Prova superampliada, Prova em Braille e Videoprova em LIBRAS. Vale sublinharmos que a comunidade surda reivindicava, há anos, uma versão do ENEM cuja acessibilidade considerasse sua primeira língua, a LIBRAS (Junqueira, Martins, & Lacerda, 2017). Logo, é uma conquista considerável essa versão de Videoprova em LIBRAS. Sobre a infraestrutura de locais das provas, é possível encontrar mobiliários acessíveis e recursos de Tecnologia Assistiva. Além disso, os inscritos têm a possibilidade de requerer leitor de tela, sala de fácil acesso, classe hospitalar e mobiliário acessível específico, além da possibilidade de solicitar tempo adicional e correção diferenciada para a redação (INEP, 2020).

A garantia de um processo isonômico é um direito do estudante com deficiência, amparado, por exemplo, na LBI e em outras legislações, que visam à participação no exame, em igualdade de oportunidades com os demais candidatos (Lei Nº 13.146, 2015) e, fundamentalmente, na promoção da equidade para a isonomia dos estudantes no atendimento às suas necessidades individuais (INEP, 2020).

A garantia desse direito é de fundamental importância e, por isso, é necessário que sejam conduzidas análises constantes sobre a disponibilização e a prestação desses serviços, de modo que a sua garantia seja efetivada e que eles sejam cada vez mais ampliados, já que o acesso à Educação Superior por diversas minorias continua sendo um grande desafio, a exemplo das pessoas com deficiênica (Facci, Silva, & Souza, 2018), minoria também destacada aqui nesta análise.

Nesse contexto, este estudo teve como objetivos: identificar, por meio da Sinopse do ENEM, disponibilizada pelo Ministério da Educação (MEC), o número de pessoas inscritas nesse exame que solicitaram algum tipo de Atendimento Especializado e/ou Atendimento Específico, no período de 2016 a 2020, com destaque para a frequência das que possuem deficiência (baixa visão, cegueira, visão monocular, deficiência física, deficiência auditiva1, deficiência intelectual, surdocegueira), surdez e TEA. De maneira secundária, objetivamos, também, identificar os tipos de recursos solicitados, de modo a relacionar as condições desse público com os recursos.

A análise considerou como marco inicial o ano de 2016, visto que foi o ano posterior à LBI e o ano anterior à realização do primeiro ENEM em formato de videoprova em LIBRAS (vídeo com a tradução dos itens da prova em LIBRAS), até os dados atuais disponibilizados no site do INEP, no momento da escrita do presente artigo.

Percurso Metodológico

A pesquisa em tela é do tipo descritiva, pois propusemos um estudo das características de um determinado grupo; nesse caso, as pessoas com necessidades específicas, inscritas no ENEM de 2016 a 2020 e os recursos solicitados por esse público na realização de tais provas. Além disso, é uma pesquisa exploratória, uma vez que “o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis” (Gil, 2008, p. 27).

A coleta de dados ocorreu por meio da abertura das Sinopses do Enem, disponibilizadas junto aos registros do INEP, vinculado ao MEC. A abertura e a análise dos dados foram realizadas por meio do uso do Microsoft® Office Excel e um computador de alto desempenho. Esses dados disponibilizados pelo INEP e transformados em uma Sinopse/Resumo do ENEM, por vezes, pode “servir aos interesses de organizações, sobretudo da Administração Pública. Todavia, podem ser muito úteis para a pesquisa social” (Gil, 2008, p. 148). Nesse sentido, essa utilização permitiu traçar as características de determinada população.

Para que fosse possível estudarmos as características da população selecionada, no período compreendido entre 2016 e 2020, utilizamos o método estatístico que é caracterizado “por razoável grau de precisão, o que o torna bastante aceito por parte dos pesquisadores com preocupações de ordem quantitativa” (Gil, 2008, p. 17). Segundo Rocha e Lacerda (no prelo), “o uso desse método, reduz as imprecisões, logo, a sinopse torna-se útil, apesar de suas limitações” (p. 6).

A pesquisa utilizou uma abordagem quali-quantitativa: qualitativa - em que os elementos se associam diretamente à problemática estudada, adequando, assim, os métodos e as técnicas à natureza do problema investigado (Lakatos & Marconi, 1991) - e quantitativa - pelo grande volume de dados analisados. Consideramos uma pesquisa de caráter misto e, por isso, de grande complexidade já que não se trata, simplesmente, de analisar dois tipos de dados, pois essa análise precisa do uso das duas abordagens, simultaneamente, de tal modo que não seja possível classificá-la somente como uma pesquisa qualitativa ou quantitativa (Creswell, 2010).

Utilizamos a Sinopse dos dados do ENEM por entender que esta é uma fonte confiável e rica em informações e que imprecisões podem ocorrer, mas elas não apagam o caráter de descrição de toda uma população. Com seus resultados, “podemos nos aproximar de um retrato e apresentar impressões sobre o PAEE2, seja na educação básica ou superior, em relação à população com deficiência no Brasil” (Rocha & Lacerda, no prelo, p. 6). Reiteramos que os dados utilizados foram aqueles posteriores à LBI que é de 2015, e os mais recentes, que se encontravam disponibilizados no INEP, até o mês de maio do ano de 2022.

Resultados e Discussão

Para responder ao objetivo de identificar o número de pessoas inscritas no ENEM que solicitaram algum tipo de Atendimento Especializado e/ou Atendimento Específico, no período de 2016 a 2020, apresentaremos os dados de cada ano analisado. Alertamos para o fato de o dado referir-se exclusivamente às inscrições; assim sendo, pode ser que aqueles que se inscreveram nem chegaram a realizar as provas, mas nosso olhar está direcionado para as solicitações recebidas pelo INEP e não para aqueles que, de fato, usufruíram de tais direitos.

Frequência de Inscritos no ENEM que Solicitaram Atendimentos Especializados e/ou Específicos

O número de estudantes no ENEM vem, nos últimos anos, oscilando e o mesmo ocorre com os estudantes com algum tipo de necessidade especial, conforme evidenciamos na Tabela 1. Nesse sentido, objetivamos apresentar, na sequência, os dados desses estudantes com algum tipo de necessidade especial em uma perspectiva de série histórica, para uma melhor compreensão de tal público nas últimas edições do ENEM.

Ressaltamos que somente em 2016 houve a aplicação de prova em horário diferenciado para guardadores do sábado. Não colocamos tais características na Tabela 1, pois são candidatos que estão contabilizados em abas distintas também na Sinopse do ENEM (optamos por manter o padrão dela) e, assim, não os contabilizar para seguir o seu padrão. A aba da Sinopse na qual estão referenciados os grupos de Atendimento Específico está assim denominada: “Número de Inscritos no ENEM por Atendimento Específico, segundo a Região Geográfica e a Unidade da Federação”.

Tabela 1: Número de inscritos por Necessidade Especial no ENEM (2016-2020) 

Deficiência 2016 2017 2018 2019 2020
Outras 3.532 5.951 4.695 3.064 3.858
Baixa visão 11.559 7.307 5.251 6.201 9.442
Cegueira 1.156 884 758 715 844
Surdez 2.291 1.925 1.445 1.623 1.310
Deficiência auditiva 7.131 4.390 2.416 2.203 2.407
Surdocegueira 23 21 13 47 95
Deficiência física 22.369 12.424 8.929 7.482 8.606
Deficiência mental 1.108 2.412 1.953 2.248 2.950
Déficit de atenção 5.300 7.789 7.199 8.338 9.900
Dislexia 1.439 1.437 1.418 1.596 1.954
Discalculia 342 273 300 382 395
Autismo 372 704 774 1.204 1.593
Visão monocular 3.745 1.720 1.400 1.109 1.499
TOTAL 60.367 47.237 36.551 36.212 44.853

Fonte: Dados baseados na Sinopse do ENEM (2016-2020). Retirados de https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/sinopses-estatisticas/enem

Entre 2016 e 2020, houve uma redução de mais de 25% no número de inscritos de pessoas com deficiência e transtornos funcionais específicos. No ano de 2016, houve 8.627.367 inscritos no ENEM. Destes, 67,4% realizaram as provas nos 1º e 2º dias do exame. Em 2017, o número de inscritos foi menor do que no ano anterior: 6.731.341, dos quais 65,7% realizaram ambas as provas. A diminuição no número de inscritos seguiu a mesma tendência no ano seguinte: 5.513.747, mas aumentou um pouco o percentual dos que realizaram as duas fases do exame: 70,6%. Em 2019, o número de inscritos foi de 5.095.270, e 72,6% realizaram ambas as provas. Em 2020, em virtude da pandemia da COVID-19, o número de inscritos foi superior ao do ano anterior: 5.783.133 de inscritos; no entanto, o número de presentes em ambas as provas foi bem abaixo das médias anteriores, visto que apenas 44,7% estiveram presentes em ambos os dias. No período de 2016 a 2020, o número de inscritos no geral reduziu cerca de 33% e o de presentes nos dois dias da prova também, para cerca de 55%.4

A maior redução no número de inscritos ocorreu com as pessoas com deficiência auditiva (66,25%), deficiência física (61,53%), visão monocular (59,97%) e surdez (42,82%). Outros públicos também tiveram uma redução, porém abaixo dos 33% (percentual de redução dos candidatos inscritos de 2016 a 2020 no geral), sendo: cegueira (26,99%) e baixa visão (18,31%); assim, esses dois últimos públicos reduziram menos do que a média nacional. Houve públicos que aumentaram mesmo em meio à queda do público geral, a saber: autismo (328%), surdocegueira (aumento de 313%), deficiência mental (166%), déficit de atenção (86,7%), dislexia (35,7%), discalculia (15,5%) e outras deficiências ou condição especial (9,23%).

Enquanto há públicos que estão em um curva decrescente/diminuição ano a ano de suas inscrições no ENEM, há outros que desafiam tal lógica, pois, no geral, o número de inscritos vem diminuindo. Todavia, há grupos que cresceram três vezes mais, como os candidatos com autismo e surdocegueira. Seria esse um efeito das políticas públicas vigentes e focadas em tal público? Ou uma maior identificação/compreensão sobre o TEA?

O aumento no número/na frequência de estudantes com autismo no ENEM pode ser mais bem compreendido quando analisada a Lei Nº 12.764 de 2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com TEA. Dentre os vários direitos conquistados, encontra-se aquele relacionado ao acesso à educação e ao ensino profissionalizante, resguardado por tal legislação, o que eleva, assim, o número de inscritos com autismo no ENEM e em várias outras esferas educacionais. A Lei supracitada também traz uma melhor compreensão desses sujeitos, responsável, de igual modo, por seu aumento em diferentes espaços (Lei Nº 12.764, 2012).

Já o aumento dos surdocegos no ENEM pode ser mais bem compreendido ao analisarmos a Lei Nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprovou o Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2014-2024. Essa Lei cita mais diretamente esses sujeitos ao dar-lhes, na Meta 4, a garantia à oferta de educação bilíngue, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas, além da garantia, na Estratégia 4.13, da “oferta de professores (as) do atendimento educacional especializado, profissionais de apoio ou auxiliares, tradutores (as) e intérpretes de Libras, guias-intérpretes para surdos-cegos, professores de Libras, prioritariamente surdos, e professores bilíngues” (Lei Nº 13.005, 2014).

Nessa mesma senda, a Lei Nº 13.146 de 2015, que instituiu a LBI (Estatuto da Pessoa com Deficiência), novamente vem reforçar o direito à educação das pessoas com deficiência e endossar a garantia de avaliações em igualdade de condições com relação aos demais sujeitos (Lei Nº 13.146, 2015). No entanto, ao identificarmos que o número de sujeitos surdos vem diminuindo no ENEM - mesmo com diversos aparatos legislacionais, como o Decreto Nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005, a Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2002, e outros que contemplam especificamente esses sujeitos que têm a possibilidade de realizar a videoprova em LIBRAS -, nos mostra que os efeitos de tais políticas públicas precisam ainda ser mais bem absorvidos. Ou, ainda, isso pode nos indicar o desconhecimento por parte dos usuários desses serviços sobre as garantias que lhes são dadas ao prestar a prova do ENEM.

Chama-nos atenção que candidatos com deficiência múltipla não foram contabilizados pelo ENEM. Nos dados das Sinopses, por exemplo, da Educação Básica e da Educação Superior, estão devidamente contados. No entanto, na Sinopse do ENEM pode ser que tais dados tenham sido enquadrados em outras deficiências ou em condição especial.

Em 2020, tivemos 44.853 estudantes com algum tipo de necessidade especial inscritos no ENEM, apresentados na Tabela 1 (aumentando para 50.691 quando contados os/as candidatos/as: gestantes, lactantes, idosos/as e aqueles/as em situação de classe hospitalar). No entanto, houve 58.115 solicitações, o que significa quase 1 para 1. Isso se deu porque há candidatos que solicitaram mais de um tipo de recurso, como, por exemplo, há a previsão de quando o candidato solicita a prova em Braille lhe sejam garantidos salas individuais e auxílio de ledores (INEP, 2012).

De 2016 a 2020, as inscrições reduziram, no geral, cerca de 33%, e, no tocante às solicitações por recursos, também houve diminuição, porém cerca de 7,1%. Ressaltamos que uma mesma pessoa pode solicitar mais de um recurso ou nenhum deles, mesmo ela sendo pessoa com deficiência. Logo, o número de pessoas com necessidades especiais pode ter ou não relação com o número de recursos apresentados na Tabela 2 a seguir.

Tipos de Recursos Especializados e/ou Específicos Solicitados pelos Candidatos

A partir dos dados da Tabela 2, pretendemos responder ao objetivo de identificar os tipos de recursos solicitados, relacionando as condições desse público com os recursos solicitados no período de 2016 a 2020. A Tabela foi construída com base na série histórica tomada para análise, e, nela, foram registrados mais de 30 diferentes tipos de recursos, a fim de atender de forma diferenciada a maior parte do público que realizou o ENEM.

Tabela 2: Inscritos por recurso solicitado para Atendimento Especializado e/ou Específico (2016-2020) 

Recursos 2016 2017 2018 2019 2020
Prova em Braille 560 361 348 302 245
Prova ampliada 7.307 4.181 3.923 4.570 6.466
Prova superampliada 2.123 1.378 1.267 1.087 1.276
Auxílio de Ledor 7.095 5.146 5.772 6.274 7.576
Sala de fácil acesso 18.319 9.263 9.390 8.007 8.965
Auxílio para Transcrição 7.055 5.229 5.401 5.634 7.408
Intérprete de Libras 3.561 1.359 1.102 966 1.025
Leitura labial 1.624 895 685 598 732
Cadeira de rodas 2.963 2.134 1.891 1.800 2.031
Cadeira separada 5.911 3.462 1.942 1.426 1.457
Apoio de perna 3.844 1.912 2.091 2.247 2.760
Guia intérprete 15 7 8 9 11
Videolibras * 1.633 1.372 1.365 1.068
Maca 7 0 1 2 2
Computador 9 3 8 8 4
Cadeira especial 38 16 14 13 28
Cadeira para canhoto 31 21 39 14 13
Cadeira acolchoada 282 120 153 174 164
Prova deitado em maca ou mobiliário similar 3 1 11 1 2
Mobiliário adequado para obeso 55 53 68 59 122
Lâmina overlay 20 7 18 27 25
Protetor auricular 4 3 6 5 2
Medidor de glicose e/ou aplicação de insulina 346 310 450 590 726
Braille e/ou Reglete e Punção 92 162 103 161 138
Soroban 28 70 63 43 58
Marca-passo 13 8 10 16 17
Sonda com troca periódica 16 13 11 10 12
Medicamentos 334 185 196 247 223
Especial individual 366 224 289 300 269
Sala especial até 20 participantes 283 283 213 255 292
Sala reservada para acompanhantes 102 94 55 53 42
Mobiliário específico 30 11 60 22 37
Material específico 134 125 92 162 236
Tempo adicional * * * 12.570 14.683
TOTAL 62.570 38.669 37.052 49.017 58.115

Fonte: Dados baseados na Sinopse do ENEM (2016-2020). Retirados de https://www.gov.br/inep/pt-br/acesso-a-informacao/dados-abertos/sinopses-estatisticas/enem

Nota: * = sem registro.

Os recursos descritos na Tabela 2 encontram-se em consonância com a orientação do Aviso Circular Nº 277 MEC/GM, de 8 de maio de 1996 (MEC, 1996), que prevê e menciona quanto à disponibilização de recursos que podem ser solicitados pelos inscritos com deficiência para realização de exames para ingresso no Ensino Superior. É importante reforçarmos que a solicitação desses recursos é um direito para que o sujeito possa pleitear uma vaga no Ensino Superior e pode ser caracterizada como adaptações razoáveis, previstas na LBI, em seu Art. 3º, sendo estas:

adaptações, modificações e ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional e indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa gozar ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos e liberdades fundamentais. (Lei Nº 13.146, Art. 3º)

O recurso mais solicitado no ENEM foi o tempo adicional, em que são concedidos 60 minutos a mais em cada dia de prova, exceto para as pessoas surdas, que fazem a videoprova e já contam com 120 minutos a mais em cada dia. Outro recurso bastante solicitado são as salas de fácil acesso, as quais podem estar localizadas em andar térreo ou andar atendido por elevador ou rampa e próxima a banheiros e a bebedouros. Contudo, no período estudado (2016 a 2020), houve uma redução de mais de 50% nas solicitações para atendimento a pessoas com cegueira, baixa visão, visão monocular, deficiência física, intelectual, surdocegueira, gestante, lactante e pessoas idosas.

Contrariando a diminuição dos recursos especializados solicitados de 2016 a 2020 e a redução do número de inscritos no ENEM (no geral e para os candidatos com necessidades especiais), houve recursos em que a sua solicitação aumentou e superou a marca dos 100%, a saber: a) Sala especial com até 20 participantes (aumento de mais de 3%); b) Auxílio de ledor (mais de 6,7% de aumento), que pode, inclusive, ser solicitado para candidatos com TEA, déficit de atenção, dislexia, discalculia e outros públicos com deficiência; c) Auxílio para transcrição (aumento de 5%) - esse serviço é realizado para a transcrição das respostas das provas objetivas e a redação; d) Mobiliário específico (aumento de mais de 23%) - tal mobiliário objetiva a autonomia, o conforto e a segurança para uso dos candidatos; e) Lâmina overlay (aumento de 25%) - é um recurso que reduz o estresse visual, com a minimização de distorções e de desconforto na leitura; em tradução livre, overlays são sobreposições; f) Marca-passo (aumento de mais de 30%) - usado por candidatos com insuficiência cardíaca; g) Braille e/ou Reglete e Punção (aumento de 50%) - de acordo com o Edital do ENEM, o “participante com surdocegueira ou cegueira poderá redigir e entregar a redação em braille, caso leve seu próprio material, máquina Perkins ou reglete e punção” (INEP, 2022a, p. 86); h) Material específico (aumento de mais de 76%) - não fica claro no edital o que são esses materiais, mas há algumas pistas, como: tiposcópio, assinador, óculos especiais, entre outros; i) Soroban (aumento de mais de 107%) - instrumento de cálculo que pode ser utilizado pelo candidato com cegueira, surdocegueira, baixa visão e/ou visão monocular; j) Medidor de glicose e/ou aplicação de insulina (aumento de mais de 109%) - para os candidatos com diabetes; e, por fim, k) Mobiliário adequado para obeso (aumento de mais de 121%); chama-nos atenção que candidatos obesos e com diabetes foram os públicos que mais aumentaram no ENEM, o que pode indicar uma possível correlação entre os públicos e/ou uma influência da pandemia da COVID-19 e consequência do isolamento social.

Em alguns dos recursos descritos anteriormente, o candidato pode levar o de seu próprio uso, pois, nem sempre, o ENEM fornece o que está posto na Tabela 2. Nesse sentido, cabe destacarmos que o recurso auxílio de ledor, o qual teve um aumento de mais de 6,7%, diz respeito a um serviço cuja pessoa que desempenha essa função no dia da prova é um especialista que recebe uma formação específica para essa atividade, que é diferente das demandas dos fiscais de sala (Junqueira et al., 2017). Os recursos supracitados foram aqueles que tiveram aumento no período compreendido entre 2016 e 2020, quando da inscrição ao ENEM. Foram 12 recursos, cujas solicitações aumentaram, contra outras 22 que diminuíram as solicitações, seguindo, assim, a tendência de diminuição no geral e dos candidatos com necessidades especiais.

Em pesquisa similar, Junqueira et al. (2017) identificaram que, nas edições dos anos de 2011 e 2012, houve maior volume de solicitações para os recursos de “sala de fácil acesso” e “prova ampliada”. No caso de nosso estudo, ambos os recursos sofreram reduções de solicitação no período investigado.

Dentre os recursos cujas solicitações diminuíram, temos: a) Prova ampliada (diminuição de 11,5%) - são provas cuja letra é tamanho 18 e as imagens são ampliadas, porém o cartão resposta tem tamanho padrão e, caso o candidato não consiga transcrever, ele precisa solicitar outro recurso: auxílio para transcrição; b) Sonda com troca periódica (diminuição de 25%) - a sonda vesical é inserida na uretra para tratar retenção urinária e é utilizada por candidatos durante o ENEM, e aqueles que necessitam da troca no decorrer da prova podem solicitá-la; c) Cadeira especial (diminuição de mais de 26%) - aquelas sem braços, mais reforçadas e/ou outro modelo não especificado, já que podem ser de diferentes tipos e modelos; d) Especial individual (diminuição de 26,5%) - são salas individuais destinadas aos participantes com uma das seguintes condições: TEA, deficiência intelectual e classe hospitalar; e) Guia intérprete (diminuição de mais de 26,5%) - profissional que mede as relações comunicativas entre o candidato surdocego e os demais; f) Apoio de perna (diminuição de mais de 28%) - é disponibilizado para candidatos com deficiência física, gestantes e lactantes; g) Cadeira de rodas (diminuição de mais de 31%) - geralmente quem solicita tal recurso terá uma mesa específica, para o encaixe da cadeira de rodas; h) Medicamentos (diminuição de mais de 33%) - alguns candidatos demandam tomar medicamentos periodicamente, por essa razão precisam levá-los e, também, saber o horário para não passar o tempo; i) Prova deitado em maca ou mobiliário similar (diminuição de 33,3%) - para aqueles candidatos que demandam, por vezes, realizar a prova em lugares separados, devido ao uso de equipamentos que precisam de espaços mais confortáveis; j) Videolibras (diminuição de mais de 34%) - a videoprova começou a ser adotada no ENEM de 2017 e destina-se a candidatos surdos, usuários da LIBRAS e que recebem a prova em formato de vídeo e também impressa; k) Prova super ampliada (diminuição de cerca de 40%) - com letra em tamanho 24 e imagens ampliadas; l) Cadeira acolchoada (diminuição de cerca de 42%) - para os candidatos que demandam uma atenção especializada para melhor postura e qualidade da prova; m) Protetor auricular (diminuição de 50%) - geralmente para diminuição dos ruídos e/ou proteção auricular; n) Leitura labial (diminuição de cerca de 55%) - feita por um profissional que realizará a comunicação oralizada aos que não se comunicam em LIBRAS; o) Computador (diminuição de mais de 55%) - para aqueles que demandam de softwares específicos na realização das provas; p) Prova em Braille (diminuição de mais de 56%) - enquanto esse recurso diminuiu, o auxílio de leitor aumentou; q) Cadeira para canhoto (diminuição de mais de 58%) - para aqueles que usam a mão esquerda como mão dominante; r) Sala reservada para acompanhantes (diminuição de cerca de 59%); s) Intérprete de LIBRAS (diminuição de mais de 71%) - profissional que domina a LIBRAS e a Língua Portuguesa, não pode fazer a tradução integral da prova, para isso há a videoprova em LIBRAS; t) Maca (diminuição de 71,4%) - o que é bastante parecido ao item “i”, o que pode gerar confusões; e, por fim, u) Cadeira separada (diminuição de mais de 75%) - o que é bastante similar ao item “d”.

A oferta dessas possibilidades para equiparar as oportunidades de acesso ao Ensino Superior são extremamente necessárias; no entanto, ainda demandam esforços para melhorias e adequações. Nesse sentido, alguns autores problematizam os serviços oferecidos para a garantia de acessibilidade dos candidatos com deficiência como, por exemplo, o auxílio de ledor, o qual, dentre outras funções, lhe cabe transcrever à tinta a redação que é ditada pelo candidato, além de preencher o cartão resposta. Nesses aspectos, as circunstâncias são passíveis de falhas humanas, pois há de considerarem-se possíveis equívocos, mal interpretação ou de compreensão, ocasionando consequências ao candidato durante a avaliação do exame (Junqueira et al., 2017). Além das falhas na formação desses profissionais no que diz respeito, por exemplo, ao preparo para leitura de fórmulas químicas, matemáticas e fluência em outros idiomas ou até mesmo o cansaço no decorrer da prova (Leria, Filgueiras, Silva, & Ferreira, 2018). Outros serviços ainda são pontos de reflexão desses autores, como a suficiência do tempo adicional, a descrição e a acessibilidade das imagens.

Os recursos são muitos e podem ainda ser mais amplos, a depender da condição diferenciada que o candidato tem e o que solicita, uma vez que ele deve anexar o laudo à inscrição, o qual, por sua vez, será analisado, podendo ser deferido ou indeferido, havendo, ainda, a interposição de recurso à decisão pelo candidato, para que este tenha a garantia da sua solicitação atendida em consonância a sua demanda.

O ENEM precisa, assim como em um censo demográfico, reforçar essa abrangência de acessiblidade para os mais diferentes públicos, classes e singularidades, para, assim, realizar a prova de forma mais plural possível, permitindo que, de fato, ocorram ações para promover a equidade e, consequentemente, todos os públicos tenham igualdade de condições em sua participação (INEP, 2020).

Considerações Finais

A diminuição no número de inscritos do ENEM impacta diretamente a formação de turmas, sobretudo nas Universidades Federais, as quais vêm, nos últimos anos, lançando constantemente editais de vagas remanescentes. Citamos, por exemplo, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), dentre outras, que, de certa forma, vêm sofrendo com essas diminuições nas inscrições.

Quando analisado o número de estudantes do PAEE na Educação Superior, identificamos um crescente aumento. Se, de 2016 a 2020, houve uma diminuição de mais de 25% no número de inscritos por necessidade especial no ENEM (dados apresentados na Tabela 1), nesse mesmo ano, o PAEE cresceu na Educação Superior, cerca de 55% (que passou de 35.891 matrículas para 55.829).5

Em relação aos recursos disponibilizados aos candidatos no dia da prova, foi possível notarmos uma gama de possibilidades no atendimento às demandas apresentadas e que, inclusive, são possibilidades de uso nas escolas de Educação Básica e, também, na Educação Superior, uma vez que de nada adianta haver todo um investimento no ingresso, mas não ter, em iguais proporções, investimentos na permanência desses alunos na Instituição de Ensino Superior escolhida (Rocha, 2019).

Os recursos, assim como as inscrições, de um modo geral, seguiram uma tendência de diminuição em suas solicitações; no entanto, há exceções, inclusive de recursos que aumentaram mais de 100%, o que pode representar um melhor conhecimento e/ou divulgação deles pelo ENEM ou pelas próprias pessoas usuárias entre si.

Outra situação identificada por meio dos números, que merece uma consideração, é que algumas deficiências tiveram sua frequência de inscrição muito ampliada (mais de 300% nessa série histórica), enquanto, para outras, essa frequência diminuiu bastante, o que representa um risco. Esse movimento pode ser decorrência também dos efeitos da pandemia da COVID-19, que deixaram muitos estudantes com medo de se inscreverem, sobretudo aqueles com deficiência que faziam parte de grupos que poderiam ser mais suscetíveis a um contágio por essa infecção virótica.

Trabalhos e análises como esta proposta aqui não se esgotam, pois, além de apresentar os números e traçar panoramas, eles também podem auxiliar na conscientização das pessoas sobre os recursos disponíveis no ENEM e podem ser uma oportunidade de divulgação, além de incentivar, cada vez mais, as suas solicitações e, por fim, estimular outras pesquisas com séries históricas para uma melhor compreensão sobre a temática.

Agradecimentos

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério da Ciência e Tecnologia, Brasil.

Referências

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1 Ao longo deste texto, utilizamos os termos “‘Surdez’, para indicar estudantes que utilizavam Língua de Sinais (surdez severa/profunda) e ‘Deficiência Auditiva’ (surdez leve/moderada) para indicar estudantes que, por ouvirem pouco, utilizavam, mesmo que precariamente, a modalidade oral da Língua Portuguesa” (MEC & INEP, 2013, p. 22).

2Público-alvo da Educação Especial.

3Preservamos essa expressão escrita dessa maneira por tratar-se da forma ainda utilizada nos registros do ENEM. Alertamos, no entanto, para uma mudança conceitual e de nomenclatura em relação a esse diagnóstico, desde o começo dos anos 2000, quando tal expressão foi substituída por “Deficiência Intelectual”. No entanto, a escrita dessa maneira em documentos oficiais, no Brasil, deu-se a partir do começo da década de 2010. No entanto, o ENEM ainda permanece com um termo já não mais utilizado pela maioria das pesquisas atuais.

Recebido: 02 de Julho de 2022; Revisado: 07 de Setembro de 2022; Aceito: 06 de Outubro de 2022

Concetualização: Luiz Renato Martins da Rocha, Jáima Pinheiro de Oliveira, Josiane Pereira Torres; Metodologia: Luiz Renato Martins da Rocha, Jáima Pinheiro de Oliveira, Josiane Pereira Torres; Investigação: Luiz Renato Martins da Rocha; Curadoria dos dados: Luiz Renato Martins da Rocha; Redação do rascunho original: Luiz Renato Martins da Rocha; Redação - revisão e edição: Luiz Renato Martins da Rocha, Jáima Pinheiro de Oliveira, Josiane Pereira Torres.

Luiz Renato Martins da Rocha é Professor Doutor na Universidade Federal do ABC, Santo André, São Paulo, Brasil. Centro de Matemática, Computação e Cognição (CMCC). Doutor e Mestre em Educação Especial pela Universidade Federal de São Carlos. E-mail: luizrenatomr@gmail.com

Jáima Pinheiro de Oliveira é Professora Adjunta do Departamento de Administração Escolar (DAE) da Faculdade de Educação (FAE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) vinculada ao grupo de pesquisa Deficiências Físicas e Sensoriais (DefSen/CNPq); Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social e do Mestrado Profissional em Educação e Docência, ambos da FAE/UFMG. E-mail: jaima.ufmg@gmail.com Morada: Faculdade de Educação, Departamento de Administração Escolar, Universidade Federal de Minas Gerais, Avenida Presidente Antônio Carlos, 6627, Pampulha, Belo Horizonte, Minas Gerais, 31270-901

Josiane Pereira Torres é Professora Adjunta do Departamento de Administração Escolar (DAE) da Faculdade de Educação (FAE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Membro do Grupo de pesquisa sobre política educacional e trabalho docente (GESTRADO/FaE/UFMG). Professora colaboradora do Programa de Pós-graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social - PPGE/UFMG e professora permanente do programa de Mestrado Profissional Educação e Docência - PROMESTRE/UFMG. Atua nas áreas de políticas públicas de Educação Especial e formação de professores para a inclusão escolar. E-mail: josianetorres.ufmg@gmail.com

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