O exame micológico direto é uma técnica fundamental para o rápido diagnóstico de dermatomicoses. O hidróxido de potássio (KOH) (10%-20%) é a técnica tradicionalmente usada, pouco dispendiosa e de fácil execução, mas à qual falta sensibilidade e especificidade sobretudo nas amostras mais espessas e naquelas em que o número de hifas é reduzido.1,2 A falta de contraste torna difícil a visualização das estruturas fúngicas, exigindo treino e experiência para a sua interpretação (Fig.s 1A e B). Para tentar ultrapassar esta dificuldade, têm sido usadas diferentes colorações ao longo do tempo. A sua utilização permite destacar as estruturas fúngicas (como os esporos e hifas) dos restantes componentes celulares.
Em 1954, Cohen sugeriu a adição de tinta Parker "Superchrome" ao KOH, mas este método funciona somente nos casos de Malassezia furfur3 e a produção da tinta foi descontinuada em 1956. A coloração de Swartz-Lamkins surgiu em 1964,4 usando a tinta Parker "Super Quink" juntamente com um surfactante, permitindo visualizar M. furfur e dermatófitos. Contudo a tinta atualmente comercializada viu a sua fórmula alterada face a versão "vintage" e não cora eficazmente. O negro de clorazol-E foi outras das alternativas descritas em 1984,5 mas apesar de eficaz na observação de dermatófitos, M. furfur e Candida spp., é considerado um potencial carcinogénico. O branco de calcofluor é outro corante que pode ser adicionado ao KOH. É descrito como superior em termos de eficácia e especificidade aos métodos previamente descritos,1,2mas necessita do microscópio de fluorescência, que não está disponível na maioria dos laboratórios. Em 2008, surgiram as primeiras publicações mencionando a associação da coloração Chicago sky blue a 1% (CSB) ao KOH na identificação de M. furfur, Candida spp. e dermatófitos.6,7A coloração é uma solução aquosa na concentração de 1% do corante Chicago sky blue 6B, de cor azul intenso. As estruturas fúngicas adquirem uma cor azul contra um fundo rosa/magenta (Fig.s 1C e 1D). O seu uso mostrou ser capaz de tornar a leitura e interpretação mais fácil, mesmo para os principiantes,6,7usando o microscópio habitual. A sensibilidade e especificidade deste novo método é superior a 90% e praticamente sobreponível aos resultados obtidos com o uso do branco de calcofluor, sobretudo nas dermatomicoses superficiais.6,8-10A CSB mostrou também ser mais rápida na obtenção de resultados positivos ao fim de 5 minutos, quando comparado com o branco de calcofluor e o KOH (94,5%; 83,5% e 75,3%; respectivamente), e ter maior custo-eficácia.11 A coloração pode ser adquirida ou preparada a partir do corante Chicago sky blue 6B em pó através da diluição em água (1 mg/mL). O processo de coloração é simples. As amostras são preparadas de forma semelhante ao exame direto com hidróxido de potássio. A coloração (1 gota) pode ser adicionada inicialmente ou após a dissolução das amostras com hidróxido de potássio. O processo até à observação das lâminas demora cerca de 15 minutos. As lâminas são posteriormente examinadas no microscópio óptico. Em conclusão o uso da coloração CSB é uma mais valia na realização do exame micológico directo. A sua sensibilidade e especificidade fazem desta uma alternativa superior ao KOH, Parker clorazole, e semelhante ao branco de calcofluor, sem a necessidade de uso de microscópio de fluorescência.

Figura 1 (A e B): KOH(x20) - técnica de hidróxido de potássio simples - Hifas longilíneas e finas e esporos visualizadas como elementos refractivos. (C e D): CSB (x40) - técnica de KOH e coloração com Chicago sky blue - Hifas septadas coradas de um tom azul permeando a queratina que adquire um tom rosa/magenta