SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 issue29A DECADE OF OLD AGE SOCIAL POLICIES IN PORTUGAL. TRAJECTORIES AND OPTIONS FROM 2006 TO 2015REDUCING INEQUALITIES IN THE FRAMEWORK OF THE UN 2030 AGENDA author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

Journal

Article

Indicators

Related links

  • Have no similar articlesSimilars in SciELO

Share


SOCIOLOGIA ON LINE

On-line version ISSN 1647-3337

SOCIOLOGIA ON LINE  no.29 Lisboa Aug. 2022  Epub Dec 19, 2022

https://doi.org/10.30553/sociologiaonline.2022.29.2 

Artigo Original

A IMPORTÂNCIA DA INTERNET PARA OS ADULTOS MAIS VELHOS QUE VIVEM SÓS. UM ESTUDO SOBRE OS PAÍSES DO SUL DA EUROPA

THE IMPORTANCE OF THE INTERNET FOR OLDER ADULTS LIVING ALONE. A STUDY ON SOUTHERN EUROPEAN COUNTRIES

Patrícia Silva1  , Concetualização, Curadoria dos dados, Análise formal, Investigação, Metodologia, Validação, Visualização, Redação do rascunho original
http://orcid.org/0000-0003-4074-5368

Alice Delerue Matos2  , Concetualização, Curadoria dos dados, Aquisição de financiamento, Metodologia, Validação, Visualização, Redação - revisão e edição
http://orcid.org/0000-0002-2394-4077

Roberto Martinez-Pecino3  , Concetualização, Metodologia, Validação, Visualização, Redação do rascunho original
http://orcid.org/0000-0003-0765-1407

1Escola Superior de Educação, Instituto Politécnico de Viana do Castelo e Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho. Avenida Capitão Gaspar de Castro - Apartado 513, 4710-057 Braga , Portugal, E-mail: patriciaisva@ics.uminho.pt

2Departamento de Sociologia e Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade , Instituto de Ciências Sociais, Universidade do Minho. Campus de Gualtar, 4710-057 Braga, Portugal, E-mail: adelerue@ics.uminho.pt

3Departamento de Psicología Social, Universidad de Sevilla. Calle Camilo José Cela, s/n, 41018, Sevilla, España, E-mail: rmpecino@us.es


Resumo

Em países com fortes tradições familialistas, os estudos científicos associam frequentemente a vida a solo, a sentimentos de solidão, que têm consequências negativas para o bem-estar de adultos mais velhos. Nas sociedades atuais, é inegável o papel desempenhado pela internet enquanto meio de comunicação. Tendo em conta este facto, visa-se analisar o papel que desempenha a internet na relação entre a vida a solo e a solidão, nos países do Sul da Europa. O presente estudo incide sobre uma amostra de 17228 indivíduos de 50+ anos, residentes em Portugal, Espanha, Itália e Grécia que foram inquiridos na vaga 6 do projeto Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe (SHARE). Conclui-se que os indivíduos mais velhos que vivem sós e utilizam a internet manifestam, com menos frequência, sentimentos de solidão que os seus pares (indivíduos do mesmo escalão etário). Os resultados deste estudo reforçam, pois, a importância de políticas que visem a inclusão digital.

Palavras-chave: solidão; internet; viver só; 50+ anos

Abstract

In countries with strong family traditions, scientific studies often associate living alone with feelings of loneliness, which have negative consequences for the well-being of older adults. In modern societies, the Internet plays an important role in communication. In view of this, the aim is to analyze the role of the Internet in the relationship between living alone and loneliness in southern European countries. This study focuses on a sample of 17,228 individuals aged 50+ living in Portugal, Spain, Italy and Greece who were interviewed in wave 6 of the Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe (SHARE). We conclude that older individuals who live alone and use the Internet have less frequent feelings of loneliness than their peers (individuals in the same age group). The results of this study therefore reinforce the importance of policies aimed at digital inclusion.

Keywords: loneliness; internet; living alone; aged 50+.

Introdução

Viver só é cada vez mais frequente em idades avançadas (Mudrazija et al., 2020; Reher & Requena, 2018). Embora a vida a solo e a solidão surjam, por vezes, como sinónimos, na literatura, viver só - enquanto situação objetiva que remete para o tipo de agregado familiar do indivíduo - não se traduz necessariamente em solidão, ou seja, numa experiência negativa que ocorre quando existe uma discrepância entre as relações sociais desejadas e as estabelecidas (Domènech-Abella et al., 2017; Lasgaard et al., 2016; Perlaman & Peplau, 1981; Vozikaki et al., 2018).

O impacto da vida a solo na solidão, em idades avançadas, tem sido debatido na literatura (Jong Gierveld et al., 2012; Victor et al., 2000). A maioria das pesquisas concluem que os indivíduos mais velhos que vivem sós apresentam uma maior probabilidade de experienciar sentimentos de solidão do que os que vivem com outros (Jong Gierveld et al., 2012; Savikko et al., 2005; Sundström et al., 2009; Victor et al., 2002; Yeh & Lo Kai, 2004). A vida a solo em idades mais avançadas está também associada a mais comportamentos de risco (Mudražija et al., 2019) e ao aumento da mortalidade precoce (Holt-Lunstad et al., 2015). No entanto, a literatura não é consensual e alguns estudos têm defendido que viver só, em idades avançadas, não está necessariamente associado a maior risco de mortalidade (Abell & Steptoe, 2021) e pode até contribuir positivamente para a vida dos adultos mais velhos (Eshbaugh, 2008; Walker & Hiller, 2007).

Segundo alguns estudos, os níveis de solidão entre os idosos que vivem sós tendem a ser mais elevados nos países onde a vida a solo é pouco frequente (Jylhä & Jokela, 1990). Com efeito, devido ao valor atribuído culturalmente à família, nos países do Sul da Europa, caracterizados como países “fortes em relações familiares” e onde a coresidência é elevada (de Belvis et al., 2008; Kohli et al 2005, 2008), o impacto da vida a solo na solidão pode ser mais importante do que nos países do Centro e Norte da Europa, caracterizados por serem “países fracos em relações familiares” (Reher, 1998), uma vez que viver só pode constituir, nos países do Sul da Europa, uma situação não desejada pelos adultos mais velhos (Jylhä & Jokela, 1990). Com efeito, os estudos têm identificado níveis de solidão mais elevados nestes países (Sundström et al., 2009; Vozikaki et al., 2018).

A literatura tem salientado a importância das redes sociais para os adultos que vivem sós (Silva et al., 2022b; Zebhauser et al., 2009). Com efeito, redes familiares e de apoio social são cruciais para o bem-estar destes indivíduos (Ryu et al., 2021). Neste sentido a internet pode desempenhar um papel muito importante, uma vez que facilita o estabelecimento e a manutenção de redes sociais (Antonucci et al., 2017) e contribui para a qualidade de vida dos idosos residentes em países da Europa do Sul (Silva et al., 2018). Para além disso, a utilização da internet em idades mais avançadas tem sido associada a menos sentimentos de solidão (Choi et al., 2012; Fokkema & Knipscheer, 2007; Hagan et al., 2014; Khosravi et al., 2016; Sar et al., 2012) e a menor isolamento social (Silva et al., 2022a). Porém, a utilização da internet não consubstancia apenas aspetos positivos para os adultos mais velhos podendo, ao invés, impactar negativamente no seu bem-estar e nas suas redes sociais (Antonucci et al., 2017). Dos argumentos a favor dos efeitos nefastos da tecnologia nas relações sociais destaca-se o da “transferência de tempo”,1 segundo o qual quanto mais tempo as pessoas navegam na internet, menos tempo dedicam a interagir com a família e amigos (Nie et al., 2002).

A solidão em indivíduos mais velhos está associada a problemas de saúde física e mental (Hawkley et al., 2010; Perissinotto et al., 2012) e até a risco acrescido de mortalidade (Holt-Lunstad et al., 2015; Perissinotto et al., 2012).

As redes sociais, com o avançar da idade, tendem a sofrer um processo de reestruturação que é marcado sobretudo pela redução da sua dimensão (Antonucci et al., 2014). Simultaneamente, com o avançar da idade, tendem a surgir obstáculos (como o surgimento de novos problemas de saúde, a saída do mercado de trabalho, etc.) que interferem na manutenção das redes sociais (Antonucci et al., 2017). A internet pode contribuir para ultrapassar esses obstáculos (Antonucci et al., 2017). Porém, os adultos de 50 e mais anos, residentes no Sul da Europa, apresentam uma das mais baixas taxas de utilização da tecnologia (König et al., 2018), persistindo diversos obstáculos à sua inclusão digital (König et al., 2018; Silva et al., 2017).

Os estudos existentes salientam a importância da internet para a redução da solidão em os adultos mais velhos. Contudo, pouco se sabe sobre a importância que esta tecnologia pode ter junto de grupos com características específicas, como o dos europeus mais velhos que vivem sós no Sul da Europa. Assim, este estudo visa responder à seguinte pergunta de investigação: Pode a internet reduzir a solidão dos adultos de 50+ anos que vivem sós nos países do Sul da Europa?

Metodologia

Análises estatísticas

As análises estatísticas foram realizadas com o software SPSS, versão 25. Num primeiro momento, foram realizadas análises descritivas univariadas ponderadas, de modo a obter uma amostra calibrada. Para avaliar a interdependência entre duas variáveis qualitativas utilizou-se o teste do Qui-Quadrado. Procedeu-se também à comparação de médias através de testes t de Student para amostras independentes. Os resultados destes testes foram complementados com medidas de magnitude de efeito (Cohen’s d / Phi). A interpretação dos resultados foi baseada em Cohen (1988).

Num segundo momento, testou-se o papel moderador da internet na relação entre a vida a solo e a solidão. Neste sentido, recorrendo-se ao software PROCESS, realizaram-se análises de regressão, com as variáveis centradas, para evitar problemas de multicolinearidade.

Amostra

Este estudo incide sobre 17228 indivíduos de 50 e mais anos, entrevistados em Portugal (N=1657), Espanha (N=5561), Itália (N=5197) e Grécia (N=4813) no âmbito da vaga 6 do projeto europeu Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe (SHARE), cuja recolha de dados ocorreu em 20152

A amostra é representativa da população não institucionalizada de 50 e mais anos, residente em Portugal, Espanha, Itália e Grécia. Com efeito, foram selecionadas amostras probabilísticas em cada um destes países.

Os questionários em CAPI (Computer Assisted Personal Interviewing) foram aplicados, presencialmente, por entrevistadores devidamente formados. Têm uma duração média de cinquenta e cinco minutos, quando aplicados a um único indivíduo do agregado ou de setenta minutos, quando aplicado a um casal. Informação adicional sobre a metodologia do estudo SHARE pode ser consultada nos manuais de metodologia do projeto (Malter & Börsch-Supan, 2013, 2017).

Variáveis

Variável dependente: Solidão, versão curta da escala R-UCLA (Malter & Börsch-Supan, 2013), frequentemente utilizada em estudos sobre a solidão em populações mais velhas (Niedzwiedz et al., 2016; Shankar et al., 2011; Shiovitz-Ezra, 2013). A escala inclui três questões: “Com que frequência se sente com falta de companhia?”, “Com que frequência se sente posto(a) de parte?” e “Com que frequência se sente isolado(a) dos outros?”. As respostas variam entre 1 (quase nunca ou nunca) a 3 (frequentemente). Os três itens formam uma escala que varia de três a nove pontos, em que valores elevados representam maiores níveis de solidão. O alpha de Cronbach da escala foi de 0,792, revelando assim uma boa consistência interna.

Variável moderadora: variável dicotómica relativa à utilização regular da internet: “utiliza internet”; “não utiliza internet”.

Variável de interesse: variável dicotómica relativa ao agregado familiar: “vive só”; “reside com uma ou mais pessoas”.

Incluíram-se também nas análises as covariáveis tradicionalmente consideradas em estudos sobre a solidão, ou seja, variáveis sociodemográficas, económicas e de saúde (Aartsen & Jylhä, 2011; Dahlberg et al., 2015; Dahlberg & Mckee, 2014; Drageset et al., 2012; Hansen & Slagvold, 2016; Houtjes et al., 2014; Niedzwiedz et al., 2016; Perissinotto et al., 2012; Pinquart & Sorensen, 2001; Prieto-Flores et al., 2011; Savikko et al., 2005; Shiovitz-Ezra, 2013; Vozikaki et al., 2018; Zebhauser et al., 2009).

Covariáveis: Género: feminino, masculino; Anos de escolaridade; Auto perceção de stress financeiro: (1) “grande dificuldade” ou “alguma dificuldade” em suportar as despesas mensais e (0) “facilidade” ou “muita facilidade” em fazer face às despesas mensais; Redes sociais: escala que combina as cinco principais características da rede social, ou seja, a dimensão, a proximidade geográfica, a frequência de contato, a proximidade emocional e o tipo de relacionamento (a escala apresenta valores mais elevados para os indivíduos com uma rede de maior dimensão, com mais pessoas na rede que residem até 25 km de distância, com mais pessoas na rede que contactam semanalmente ou com mais frequência, com mais elementos na rede considerados como próximos ou muito próximos emocionalmente e com redes mais diversificadas, ou seja, com maior variedade de tipos de relacionamento) e varia de 0 a 4 valores, (Litwin & Levinson, 2018; Litwin & Stoeckel, 2014).

Foram também consideradas como covariáveis alguns indicadores de saúde: Sintomas depressivos avaliados pela escala EURO-D, distinguindo-se (1) os indivíduos com sintomas significativos de depressão, ou seja, que obtiveram uma pontuação igual ou superior a 4 pontos na escala Euro-D de 12 itens (Prince et al., 1999) e (0) os indivíduos que obtiveram pontuações inferiores na mesma escala; ABVD (Atividades Básicas da Vida Diária): que remete para a presença ou ausência de dificuldades na realização de seis atividades básicas da vida diária (vestir, incluindo calçar meias e sapatos; andar pela casa; tomar banho ou duche; comer como, por exemplo, cortar a comida; deitar ou levantar da cama; usar a casa de banho, incluindo levantar ou sentar), tendo-se distinguido os indivíduos que declararam ter dificuldades em uma ou mais atividades básicas da vida diária (1) daqueles indivíduos que não declararam nenhuma limitação (0).

Resultados

A utilização da internet no Sul da Europa

No Sul da Europa, a internet é utilizada apenas por 34,4% dos adultos de 50 ou mais anos (Tabela 1). A Grécia apresenta a mais baixa percentagem de utilizadores desta tecnologia (27,9%) e a Espanha a mais alta (37,8%).

Tabela 1 A utilização da internet, o grau de solidão e a residência a solo em Portugal, Espanha, Itália e Grécia 

N= 17228 (N não ponderado). Fonte: SHARE vaga 6, versão 6.1.1 dados ponderados.

Relativamente a outra das principais variáveis de interesse desse estudo - a solidão - é possível observar, na mesma tabela, que os adultos de 50+ anos que residem na Grécia declaram o maior nível médio de solidão. Já os que residem em Espanha são os que experienciam menos esse sentimento.

Por fim, a residência a solo é mais frequente em Itália (25,5% dos adultos de 50+ anos vivem sós) e menos frequente em Portugal, onde apenas 13,4% dos respondentes residem sozinhos.

Na Tabela 2, coluna “amostra total”, podem observar-se as características sociodemográficas, económicas e de saúde dos entrevistados. Nos países do Sul da Europa, os indivíduos de 50 e + anos que utilizam a internet constituem um grupo minoritário (34,1%). Os participantes no projeto SHARE têm uma idade média de 66,7 anos (dp=11,085), pertencem maioritariamente ao sexo feminino (54,3%) e, em média, apresentam 8,8 (dp= 4,769) anos de escolaridade. A maioria dos entrevistados (56,7%) declarou ter dificuldades em fazer face às despesas mensais.

Tabela 2 Características sociodemográficas, económicas e de saúde dos utilizadores e não utilizadores da internet dos países do Sul da Europa 

N= 17228 (N não ponderado). *** p < 0.001; ** p< 0,01 Magnitude de efeito (Cohen’s d/Phi): pequena *; elevada ou muito elevada** Fonte: SHARE vaga 6, versão 6.1.1 dados ponderados.

Relativamente à saúde, apenas 29,2% dos indivíduos entrevistados relataram sintomas depressivos significativos e 12,5% limitações na realização de atividades básicas da vida diária. Ainda na mesma tabela é possível verificar que o indicador relativo à rede social apresenta uma pontuação média de 1,9 (dp=0,829), numa escala de 0 a 4 valores.

Finalmente, constata-se que 23% dos entrevistados residem sós e que, em média, apresentam níveis de solidão de 4,2 (dp=1,620), ou seja, níveis de solidão reduzidos.

A mesma tabela permite ainda comparar o grupo dos utilizadores da internet com o dos não utilizadores. Nesta comparação tivemos em conta a magnitude do efeito de amostras3 de grande dimensão que podem conduzir a resultados estatisticamente significativos, ainda que as diferenças entre grupos sejam reduzidas (Marôco, 2014). Assim, é possível afirmar que os utilizadores da internet são mais jovens que os seus homólogos não utilizadores (magnitude de efeito muito elevada) e apresentam, em média, um número de anos de escolaridade superior (magnitude de efeito muito elevada). O grupo dos utilizadores da internet distingue-se ainda do grupo dos não utilizadores no que diz respeito à capacidade de fazer face às despesas mensais. Com efeito, a percentagem de indivíduos que afirma conseguir fazer face às despesas com alguma facilidade é superior no grupo dos utilizadores da internet (magnitude de efeito pequena).

Relativamente à saúde mental e física, os utilizadores da internet apresentam menos sintomas depressivos (magnitude de efeito pequena) e mencionam menos limitações na realização de atividades básicas da vida diária (magnitude de efeito pequena), comparativamente aos seus pares não utilizadores da internet.

Por fim, os utilizadores da internet experienciam menores níveis solidão do que os seus homólogos não utilizadores (magnitude de efeito pequena).

A vida a solo e a solidão em adultos de 50+ anos: uma relação moderada pela internet

Na Tabela 3 são apresentados os resultados das análises de regressão, podendo observar-se no Modelo 1 o impacto das características sociodemográficas, económicas e de saúde, assim como da utilização da internet e da vida a solo, na solidão dos adultos de 50 e mais anos. Constata-se que a solidão aumenta à medida que se avança em idade e em número de anos de escolaridade e que é mais elevada para as mulheres. Por outro lado, conclui-se que a perceção positiva da situação financeira do agregado familiar está negativamente associada à solidão.

Tabela 3 O papel moderador da internet na relação entre viver só e a solidão 

N= 13111 (N ponderado) *** p < 001 Fonte: SHARE vaga 6, versão 6.1.1 dados não ponderados

Relativamente à saúde mental e física, a existência de sintomas depressivos significativos, assim como de limitações na realização de atividades da vida diária estão associados a maiores níveis de solidão.

A rede social, assim como a utilização da internet, destacaram-se nesta análise ao se relacionarem com uma diminuição dos sentimentos de solidão, contrariamente ao viver só que constitui um preditor de incremento desses sentimentos entre os adultos de 50 e mais anos, residentes nos países da Europa do Sul.

No Modelo 2, a introdução do termo de interação permitiu evidenciar o papel moderador da internet na relação entre a vida a solo e a solidão. Com efeito, neste modelo é possível verificar que os indivíduos que vivem sós e utilizam a internet têm menos probabilidades (-,569, CI: -,720; -0418; p=001) de reportar sentimentos de solidão do que os seus pares (indivíduos do mesmo escalão etário).

Discussão

Os resultados deste estudo permitiram concluir que a utilização da internet está associada a menores probabilidades de solidão, nos países do Sul da Europa, contribuindo assim para o debate sobre a relação desta tecnologia com a solidão (Choi et al., 2012; Fokkema & Knipscheer, 2007; Hagan et al., 2014; Kraut et al., 1998; ar et al., 2012; Sum et al., 2009). Os resultados evidenciam ainda que viver só é um preditor de níveis mais elevados de solidão, tal como concluem outras investigações (Jong Gierveld et al., 2012; Savikko et al., 2005; Sundström et al., 2009; Victor et al., 2002; Yeh & Lo Kai, 2004). Tal é também congruente com os estudos que identificam a residência a solo como preditor de maiores níveis de solidão nos adultos que residem no Sul da Europa (Vozikaki et al., 2018). De acordo com Dykstra (2009) existe uma tendência geográfica na distribuição da solidão na Europa, que se caracteriza por níveis mais elevados de solidão em adultos mais velhos residentes no Sul, onde as sociedades são mais orientadas para a família, contrariamente à tendência individualista do Norte da Europa.

O principal contributo científico deste trabalho prende-se com o papel moderador apontado à internet, na relação entre viver só e solidão nos países do Sul da Europa. Por outras palavras, este estudo inova ao evidenciar o facto da internet permitir reduzir a probabilidade dos indivíduos que vivem sós manifestarem sentimentos de solidão, quando comparados com os seus pares (indivíduos do mesmo escalão etário), nos países do Sul da Europa.

Estes resultados sugerem que a internet pode facilitar a manutenção e desenvolvimento de relações sociais (Antonucci et al., 2017; Martinez-Pecino et al., 2013), essenciais para que os indivíduos que vivem sós experienciarem menos sentimentos de solidão (Zebhauser et al., 2009). Este resultado é especialmente importante nos países do Sul da Europa onde a coresidência é elevada (de Belvis et al., 2008; Kohli et al., 2005, 2008) e existe maior impacto da residência a solo nos níveis de solidão dos idosos, devido aos padrões culturais (Vozikaki et al., 2018).

Assim, tendo em conta que, nestes países, a utilização da internet tem sido associada a redes sociais de maior dimensão, a uma frequência mais elevada de contacto, a sentimentos de maior proximidade emocional com os membros da rede social e ainda a maior apetência para interação com os outros (Silva, 2019), a utilização desta tecnologia pode beneficiar o bem-estar dos adultos que residem sós.

Neste estudo foi também possível concluir, tal como em investigações anteriores (König et al., 2018), a persistência de baixas taxas de utilização da internet por parte dos adultos de 50+ anos que vivem no Sul da Europa. Com efeito, os quatro países do Sul da Europa incluídos no estudo, apesar de representarem diferentes contextos sociais, políticos e culturais, apresentam todos baixas taxas de utilização da tecnologia.

Este trabalho apresenta algumas limitações. A principal diz respeito à escassez de informação sobre a utilização da internet, no projeto SHARE. Esta limitação não permite analisar, por exemplo, a relação entre os diferentes tipos de utilização da internet e o sentimento de solidão.

Apesar desta limitação, permite evidenciar o papel positivo da internet para os indivíduos de idades avançadas que vivem sós, e que afirmam sofrer menos frequentemente de solidão do que os seus pares (indivíduos com as mesmas idades).

Conclusão

Esta investigação contribui para o debate científico sobre a importância da internet para a redução da solidão em adultos mais velhos que residem no Sul da Europa. Os resultados sublinham ainda a existência de uma relação entre a residência a solo e níveis mais elevados de solidão. Por outro lado, destacam o papel protetor desta tecnologia na relação entre a vida a solo e a solidão.

Estas conclusões remetem para a necessidade de desenvolvimento de políticas públicas que promovam a utilização da internet que é muito reduzida em idades avançadas, nos países do Sul da Europa (Silva et al., 2017).

Financiamento

Este trabalho foi financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela FCT/MCTES através de Fundos Nacionais (PIDDAC) e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do Programa Operacional PORNorte e PORLisboa, AAC N.º 01 / SAICT / 2016, Candidatura n.º 022209 DATALAB.

A nível internacional, a recolha de dados do SHARE foi financiada pela Comissão Europeia através do FP5 (QLK6-CT-2001-00360), FP6 (SHARE-I3: RII-CT-2006-062193, COMPARE: CIT5- CT-2005-028857, SHARELIFE: CIT4 -CT-2006-028812), FP7 (SHARE-PREP: GA N.º 211909, SHARE-LEAP: GA N.º 227822, SHARE M4: GA N.º 261982), Horizonte 2020 (SHAREDEV3: GA N.º 676536, SERISS: GA N.º 654221).

Notas

Por decisão pessoal, os/as autores/as do texto escrevem segundo o novo acordo ortográfico.

Referências

Aartsen, M., & Jylhä, M. (2011). Onset of loneliness in older adults: Results of a 28 year prospective study. European Journal of Ageing, 8(1), 31-38. https://doi.org/10.1007/s10433-011-0175-7 [ Links ]

Abell, J. G., & Steptoe, A. (2021). Why is living alone in older age related to increased mortality risk? A longitudinal cohort study. Age and Ageing, 50(6), 2019-2024. https://doi.org/10.1093/ageing/afab155Links ]

Antonucci, T. C., Ajrouch, K. J., & Birditt, K. (2014). The convoy model: Explaining social relations from a multidisciplinary perspective. Gerontologist, 54(1), 82-92. https://doi.org/10.1093/geront/gnt118 [ Links ]

Antonucci, T. C., Ajrouch, K. J., & Manalel, J. A. (2017). Social Relations and Technology: Continuity, Context, and Change. Innovation in Aging, 1(3), 1-9. https://doi.org/10.1093/geroni/igx029 [ Links ]

Choi, M., Kong, S., & Jung, D. (2012). Computer and Internet Interventions for Loneliness and Depression in Older Adults: A Meta-Analysis. Healthcare Informatics Research, 18(3), 191-198. https://doi.org/https://doi.org/10.4258/hir.2012.18.3.191 [ Links ]

Cohen, J. (1988). The t test for means. In J. Cohen (Ed.), Statistical Power Analysis for the Behavioral Sciences (2nd ed., pp. 19-74). Routledge. https://doi.org/10.1016/B978-0-12-179060-8.50007-4 [ Links ]

Dahlberg, L., Andersson, L., McKee, K. J., & Lennartsson, C. (2015). Predictors of loneliness among older women and men in Sweden: A national longitudinal study. Aging and Mental Health, 19(5), 409-417. https://doi.org/10.1080/13607863.2014.944091 [ Links ]

Dahlberg, L., & Mckee, K. J. (2014). Correlates of social and emotional loneliness in older people: Evidence from an English community study. Aging and Mental Health , 18(4), 504-514. https://doi.org/10.1080/13607863.2013.856863 [ Links ]

de Belvis, A. G., Avolio, M., Spagnolo, A., Damiani, G., Sicuro, L., Cicchetti, A., Ricciardi, W., & Rosano, A. (2008). Factors associated with health-related quality of life: the role of social relationships among the elderly in an Italian region. Public Health, 122(8), 784-793. https://doi.org/10.1016/j.puhe.2007.08.018 [ Links ]

Domènech-Abella, J., Lara, E., Rubio-Valera, M., Olaya, B., Moneta, M. V., Rico-Uribe, L. A., Ayuso-Mateos, J. L., Mundó, J., & Haro, J. M. (2017). Loneliness and depression in the elderly: the role of social network. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 52(4), 381-390. https://doi.org/10.1007/s00127-017-1339-3 [ Links ]

Drageset, J., Espehaug, B., & Kirkevold, M. (2012). The impact of depression and sense of coherence on emotional and social loneliness among nursing home residents without cognitive impairment - a questionnaire survey. Journal of Clinical Nursing, 21(7-8), 965-974. https://doi.org/10.1111/j.1365-2702.2011.03932.x [ Links ]

Dykstra, P. A. (2009). Older adult loneliness: Myths and realities. European Journal of Ageing , 6(2), 91-100. https://doi.org/10.1007/s10433-009-0110-3 [ Links ]

Eshbaugh, E. M. (2008). Perceptions of living alone among older adult women. Journal of Community Health Nursing, 25(3), 125-137. https://doi.org/10.1080/07370010802221685 [ Links ]

Fokkema, T., & Knipscheer, K. (2007). Escape loneliness by going digital: a quantitative and qualitative evaluation of a Dutch experiment in using ECT to overcome loneliness among older adults. Aging & Mental Health, 11(5), 496-504. https://doi.org/10.1080/13607860701366129 [ Links ]

Hagan, R., Manktelow, R., Taylor, B. J., & Mallett, J. (2014). Reducing loneliness amongst older people: a systematic search and narrative review. Aging & Mental Health , 18(6), 683-693. https://doi.org/10.1080/13607863.2013.875122 [ Links ]

Hansen, T., & Slagvold, B. (2016). Late-life loneliness in 11 European countries: Results from the Generations and Gender Survey. Social Indicators Research, 129(1), 445-464. https://doi.org/https://doi.org/10.1007/s11205-015-1111-6 [ Links ]

Hawkley, L., Thisted, R., Masi, C., & Cacioppo, J. (2010). Loneliness Predicts Increased Blood Pressure: 5-Year Cross- Lagged Analyses in Middle-Aged and Older Adults. Psychol Aging, 25(1), 132-141. https://doi.org/10.1037/a0017805 [ Links ]

Holt-Lunstad, J., Smith, T. B., Baker, M., Harris, T., & Stephenson, D. (2015). Loneliness and Social Isolation as Risk Factors for Mortality: A Meta-Analytic Review. Perspectives on Psychological Science, 10(2), 227-237. https://doi.org/10.1177/1745691614568352 [ Links ]

Houtjes, W., van Meijel, B., van de Ven, P. M., Deeg, D., van Tilburg, T., & Beekman, A. (2014). The impact of an unfavorable depression course on network size and loneliness in older people: A longitudinal study in the community. International Journal of Geriatric Psychiatry, 29(10), 1010-1017. https://doi.org/10.1002/gps.4091 [ Links ]

Jong Gierveld, J., Dykstra, P. A., & Schenk, N. (2012). Living arrangements, intergenerational support types and older adult loneliness in Eastern and Western Europe. Demographic Research, 27, 167-200. https://doi.org/10.4054/DemRes.2012.27.7 [ Links ]

Jylhä, M., & Jokela, J. (1990). Individual Experiences as Cultural - a Cross-cultural Study on Loneliness Among the Elderly. Ageing and Society, 10(3), 295-315. https://doi.org/10.1017/S0144686X00008308 [ Links ]

Khosravi, P., Rezvani, A., & Wiewiora, A. (2016). The impact of technology on older adults’ social isolation. Computers in Human Behavior, 63, 594-603. https://doi.org/10.1016/j.chb.2016.05.092 [ Links ]

Kohli, M., Künemund, H., & Ludicke, J. (2005). Family structure, proximity and contact. In A. Börsch-Supan, A. Brugiavini, H. Jürges, J. Mackenbach, J. Siegrist, & G. Weber (Eds.), Health, Ageing and Retirement in Europe (pp. 164-170). Mannheim Research Institute for the Economics of Aging (MEA). [ Links ]

Kohli, M., Kiinemund, H., & Vogel, C. (2008). Shrinking Families? Marital Status, Childlessness, and lntergenerational Relationships. In A. Börsch-Supan, A. Brugiavini, H. Jürges, A. Kapteyn, J. Mackenbach, J. Siegrist, & G. Weber (Eds.), Health, Ageing and Retirement in Europe (2004-2007) - Starting the longitudinal dimension (pp. 166-173). Mannheim Research Institute for the Economics of Aging (MEA). [ Links ]

König, R., Seifert, A., & Doh, M. (2018). Internet use among older Europeans: an analysis based on SHARE data. Universal Access in the Information Society, 17(3), 621-633. https://doi.org/10.1007/s10209-018-0609-5 [ Links ]

Kraut, R., Patterson, M., Lundmark, V., Kiesler, S., Mukopadhyay, T., & Scherlis, W. (1998). Internet Paradox: A social techonology that reduces social involvement and psychological well-being? American Psychologist, 53(9), 1017-1031. https://doi.org/10.1037//0003-066x.53.9.1017 [ Links ]

Lasgaard, M., Friis, K., & Shevlin, M. (2016). “Where are all the lonely people?” A population-based study of high-risk groups across the life span. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology , 51(10), 1373-1384. https://doi.org/10.1007/s00127-016-1279-3 [ Links ]

Litwin, H., & Levinson, M. (2018). The association of mobility limitation and social networks in relation to late-life activity. Ageing & Society, 38(9), 1771-1790. https://doi.org/10.1017/S0144686X1700023X [ Links ]

Litwin, H., & Stoeckel, K. (2014). Engagement and social as elements of active ageing: an analysis of older europeans. Sociologia e Politiche Sociali, 17(3), 9-31. https://doi.org/10.3280/SP2014-003002 [ Links ]

Malter, F., & Börsch-Supan, A. (Eds.) (2013). Share Wave 4: Innovations & Methodology. Munich Center for the Economics of Aging (MEA). [ Links ]

Malter, F., & Börsch-Supan, A. (Eds.) (2017). SHARE Wave 6: Panel Innovations and collecting Dried Blood Spots. Munich Center for the Economics of Aging (MEA). [ Links ]

Marôco, J. (2014). Análise estatística com o SPSS statistics (6ª ed.). ReportNumber. [ Links ]

Martinez-Pecino, R., Delerue Matos, A., & Silva, P. (2013). Portuguese older people and the Internet: Interaction, uses, motivations, and obstacles. Communications, 38(4), 331-346. https://doi.org/10.1515/commun-2013-0020 [ Links ]

Mudrazija, S., Angel, J. L., Cipin, I., & Smolic, S. (2020). Living Alone in the United States and Europe: The Impact of Public Support on the Independence of Older Adults. Research on Aging, 42(5-6), 150-162. https://doi.org/10.1177/0164027520907332 [ Links ]

Mudražija, S., Smolic, Š., & Cipin, I. (2019). Living alone in Europe and health behaviours. In A. Börsch-Supan, J. Bristle, K. Andersen-Ranberg, A. Brugiavini, F. Jusot, H. Litwin, & G. Weber (Eds.), Health and socio-economic status over the life course (pp. 249-258). Gruyter. https://doi.org/10.1515/9783110617245-026 [ Links ]

Nie, N., Hillygus, S., & Erbring, L. (2002). Internet Use, Interpersonal Relations, and Sociability: A Time Diary Study. In B. Wellman, & C. Haythornthwaite (Eds.), The Internet in Everyday Life (pp. 215-243). Blackwell Publishers Ltd. [ Links ]

Niedzwiedz, C. L., Richardson, E. A., Tunstall, H., Shortt, N. K., Mitchell, R. J., & Pearce, J. R. (2016). The relationship between wealth and loneliness among older people across Europe: Is social participation protective? Preventive Medicine, 91, 24-31. https://doi.org/10.1016/j.ypmed.2016.07.016 [ Links ]

Perissinotto, C., Cenzer, I., & Kenneth, C. (2012). Loneliness in Older Persons: A predictor of functional decline and death. Arch Intern Med, 172(14), 1078-1084. https://doi.org/10.1001/archinternmed.2012.1993. [ Links ]

Perlaman, D., & Peplau, L. A. (1981). Toward a Social Psychology of Loneliness. In S. Duck, & R. Gilmour (Eds.), Personal relationships in disorder (pp. 31-56). Academic. [ Links ]

Pinquart, M., & Sorensen, S. (2001). Influences on Loneliness in Older Adults: A Meta-Analysis. Basic and Applied Social Psychology, 23(4), 245-266. https://doi.org/10.1207/153248301753225702 [ Links ]

Prieto-Flores, M.-E., Forjaz, M. J., Fernandez-Mayoralas, G., Rojo-Perez, F., & Martim-Martinez, P. (2011). Factors Associated With Loneliness of Noninstitutionalized and Institutionalized Older Adults. Journal of Aging and Health, 23(1), 177-194. https://doi.org/10.1177/0898264310382658 [ Links ]

Prince, M. J., Reischies, F., Beekman, A. T. F., Fuhrer, R., Jonker, C., Kivela, S. L., Lawlor, B. A., Lobo, A., Magnusson, H., Fichter, M., Van Oyen, H., Roelands, M., Skoog, I., Turrina, C., & Copeland, J. R. M. (1999). Development of the EURO-D scale - A European Union initiative to compare symptoms of depression in 14 European centres. British Journal of Psychiatry, 174(4), 330-338. https://doi.org/10.1192/bjp.174.4.330 [ Links ]

Reher, D. (1998). Family Ties in western Europe: persistent contrasts. Population and Development Review, 24(2), 203-234. https://doi.org/10.2307/2807972 [ Links ]

Reher, D., & Requena, M. (2018). Living Alone in Later Life: A Global Perspective. Population and Development Review , 44(3), 427-454. https://doi.org/10.1111/padr.12149 [ Links ]

Ryu, S. I., Cho, B. L., Chang, S. J., Ko, H., Yi, Y. M., Noh, E. Y., Cho, H. R., & Park, Y. H. (2021). Factors Related to Self-Confidence to Live Alone in Community-Dwelling Older Adults: A Cross-Sectional Study. BMC Geriatrics, 21(1), 1-12. https://doi.org/10.1186/s12877-021-02214-w [ Links ]

Sar, A. H., Göktürk, G. Y., Tura, G., & Kazaz, N. (2012). Is the Internet Use an Effective Method to Cope With Elderly Loneliness and Decrease Loneliness Symptom? Procedia - Social and Behavioral Sciences, 55, 1053-1059. https://doi.org/10.1016/j.sbspro.2012.09.597 [ Links ]

Savikko, N., Routasalo, P., Tilvis, R. S., Strandbeg, T., & Pikala, K. (2005). Predictors and subjective causes of loneliness in an aged population. Archives of Gerontology and Geriatrics, 41(3), 223-233. [ Links ]

Shankar, A., Mcmunn, A., Banks, J., & Steptoe, A. (2011). Loneliness, Social Isolation, and Behavioral and Biological Health Indicators in Older Adults. Health Psychology, 30(4), 377-385. https://doi.org/10.1037/a0022826 [ Links ]

Shiovitz-Ezra, S. (2013). Confidant networks and loneliness. In A. Börsch-Supan, M. Brandt, H. Litwin, & G. Weber (Eds.), Active ageing and solidarity between generations in Europe. First results from SHARE after the economic crisis (pp. 349-358). https://doi.org/10.1515/9783110295467.349 [ Links ]

Silva, P. (2019). Velhas Redes Sociais, Novos Meios de Comunicação: a importância das Redes Sociais e da utilização da Internet para a Qualidade de Vida de indivíduos de 50 + anos [Tese de doutoramento, Universidade do Minho]. Repositório UM. https://hdl.handle.net/1822/60290Links ]

Silva, P., Delerue Matos, A., & Martinez-Pecino, R. (2017). E-inclusion: Beyond individual socio- demographic characteristics. Plos One, 12(9), e0184545. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0184545 [ Links ]

Silva, P., Delerue Matos, A., & Martinez-Pecino, R. (2018). Confidant Network and Quality of Life of Individuals Aged 50+: The Positive Role of Internet Use. Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking, 21(11), 694-702. https://doi.org/10.1089/cyber.2018.0170 [ Links ]

Silva, P., Delerue Matos, A., & Martinez-Pecino, R. (2022a). The Contribution of the Internet to Reducing Social Isolation in Individuals Aged 50 Years and Older: Quantitative Study of Data From the Survey of Health, Ageing and Retirement in Europe. Journal of Medical Internet Research, 24(1), e20466. https://doi.org/10.2196/20466 [ Links ]

Silva, P., Delerue Matos, A., & Martinez-Pecino, R. (2022b). The protective role of the Internet in depression for Europeans aged 50+ living alone. Social Media & Society, 8(1), 1-9. https://doi.org/10.1177/20563051221077675 [ Links ]

Sum, S., Mathews, R. M., Pourghasem, M., & Hughes, I. (2009). Internet Use as a Predictor of Sense of Community in Older People. CyberPsychology & Behavior, 12(2), 235-239. https://doi.org/10.1089/cpb.2008.0150 [ Links ]

Sundström, G., Fransson, E., Malmberg, B., & Davey, A. (2009). Loneliness among older Europeans. European Journal of Ageing , 6(4), 267-275. https://doi.org/10.1007/s10433-009-0134-8 [ Links ]

Victor, C., Scambler, S., Bond, J., & Bowling, A. (2000). Being alone in later life: loneliness, social isolation and living alone. Reviews in Clinical Gerontology, 10(4), 407-417. https://doi.org/10.1017/S0959259800104101 [ Links ]

Victor, C., Scambler, S. J., Shah, S., Cook, D. G., Harris, T., Rink, E., & De Wilde, S. (2002). Has loneliness amongst older people increased? An investigation into variations between cohorts. Ageing and Society , 22(5), 585-597. https://doi.org/10.1017/S0144686X02008784 [ Links ]

Vozikaki, M., Papadaki, A., Linardakis, M., & Philalithis, A. (2018). Loneliness among older European adults: results from the survey of health, aging and retirement in Europe. Journal of Public Health: From Theory to Practice , 26(6), 613-624. https://doi.org/10.1007/s10389-018-0916-6 [ Links ]

Walker, R. B., & Hiller, J. E. (2007). Places and health: A qualitative study to explore how older women living alone perceive the social and physical dimensions of their neighbourhoods. Social Science and Medicine, 65(6), 1154-1165. https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2007.04.031 [ Links ]

Yeh, S.-C., & Lo Kai, S. (2004). Living alone, social support, and feeling lonely among the elderly. Social Behavior and Personality, 32(2), 129-138. https://doi.org/10.2224/sbp.2004.32.2.129 [ Links ]

Zebhauser, A., Baumert, J., Emeny, R., Ronel, J., Peters, A., & Ladwing, K. (2009). What prevents old people living alone from feeling lonely? Findings from the KORA-Age-study. Aging & Mental Health , 19(9), 773-780. https://doi.org/10.1080/13607863.2014.977769 [ Links ]

1Time displacement.

2 Última vaga do projeto em que as variáveis em análise foram incluídas no inquérito.

3 Os resultados são complementados com medidas de magnitude de efeito (Cohen’s d/Phi), uma vez que as amostras de grandes dimensões podem conduzir a resultados estatisticamente significativos quando as diferenças entre os grupos são reduzidas.

Recebido: 02 de Junho de 2021; Aceito: 26 de Junho de 2022

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons