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Laboreal

versão On-line ISSN 1646-5237

Laboreal vol.15 no.1 Porto jul. 2019

 

EDITORIAL

 

Editorial

 

Letícia Pessoa Masson[1], Cirlene de Souza Christo[2], Liliana Cunha[3]

[1] Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca/ Fundação Oswaldo Cruz Rua Leopoldo Bulhões, 1480, Manguinhos, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 21041-210, Brasil

leticiamasso@ensp.fiocruz.br

[2] Instituto de Psicologia / Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro Av. Pasteur, 250 - Urca, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 22290-902, Brasil

cirlenechr@gmail.com

[3] Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto Centro de Psicologia da Universidade do Porto Rua Alfredo Allen s/n 4200-135 Porto, Portugal

lcunha@fpce.up.pt

 

 

Este primeiro número de 2019 anuncia algumas mudanças estruturantes na história da revista. A primeira destas mudanças diz respeito à integração recente da Laboreal na plataforma OpenEdition, o que muito contribuirá para a sua difusão, bem como para o reconhecimento e valorização das contribuições dos autores. Doravante, os leitores poderão aceder à Laboreal através do endereço http://journals.openedition.org/laboreal , onde encontrarão, para além deste número, os três números anteriores - por enquanto, os únicos disponíveis, ainda que estejamos a trabalhar no sentido de assegurar a redirecção automática de todos os números da revista, num prazo que estimamos tão breve quanto possível.

Mas é também com muita satisfação que anunciamos o primeiro número produzido com a participação do polo brasileiro da Direção Lusófona da Revista Laboreal. A cooperação, produtiva, afetuosa, e de longa data, entre pesquisadores portugueses e brasileiros produziu mais este elo.

Na preparação deste número, organizou-se um Dossiê Temático em torno do tema da cooperação no trabalho, dado que a sua relevância e atualidade se mantêm, merecendo debate. Tal importância é reforçada pelo número expressivo de propostas de artigos recebidas, vindas de diversas regiões do Brasil, assim como de outros países, da América do Norte, América do Sul e da Europa. A organização do dossiê buscou evidenciar contribuições de pesquisas que tivessem o trabalho real no centro de suas análises. Com a abordagem do tema da cooperação, destacaram-se tanto os diversos problemas gerados pela tendência ao individualismo e o estímulo à competição nos mundos do trabalho, quanto seus efeitos positivos para a saúde dos trabalhadores e também para a qualidade e a produtividade do trabalho, quando ela está presente e pode se desenvolver. Introduzimos essa discussão no texto “Trabalho e cooperação: apresentação do dossiê”, que vem logo a seguir.

Quanto à categoria Varia, ela inclui, desta vez, dois artigos que apresentam pesquisas empíricas. No primeiro artigo, da autoria de Filippina Chinelli, Monica Vieira e Magda Scherer, é relatada uma investigação orientada para a análise do trabalho de técnicos de enfermagem, categoria profissional singular face ao trabalho na área da enfermagem. A análise é conduzida de forma situada face aos percursos profissionais construídos (possíveis?), aos constrangimentos a que se veem confrontados estes trabalhadores, e à perceção de uma falta de reconhecimento entre categorias profissionais congéneres da enfermagem. O segundo artigo, é sustentado por uma pesquisa realizada em duas empresas da indústria de pasta de celulose no Uruguai, consideradas exemplo de modelos H.R.O. (High Reliability Organizations ou Organizações de Elevada Confiabilidade em termos de segurança). Nele é proposta uma discussão sobre a gestão de riscos no quadro de uma dinâmica de relações laborais específica, face à realidade dominante no Uruguai. Os autores, Francisco Pucci, Soledad Nión e Valentina Pereyra, debatem como a formalização de contratos de emprego, ou o não reforço de um modelo de precarização das situações de emprego, o recurso à automação de processos de trabalho, e a criação de condições para o diálogo e a negociação entre as empresas em análise e o sindicato, contribuem para a melhoria das condições de trabalho e de segurança, mas também para a definição de outras formas de ação coletiva e de negociação laboral, que se demarcam de formas ditas tradicionais de ação sindical no Uruguai.

Há, porém, outra novidade neste número, consubstanciada na inauguração da rubrica Datário. Seu objetivo é destacar datas e eventos históricos relacionados ao trabalho. E para iniciar, nenhuma data melhor que o 1º de maio, em que se comemora o dia do trabalho. Ou o dia do trabalhador? Debate muito bem colocado por Marco Aurélio Santana e Alexandre Barbosa Fraga ao analisar a questão sob a ótica de uma disputa político-ideológica entre o significado de luta e o de comemoração atribuído à data. E, junto ao 1º de maio, tem destaque o 8 de março, dia internacional das mulheres, trazendo à tona e dando visibilidade à luta feminista. Simone Oliveira e Lúcia Rotengerg exploram a data, seu simbolismo e relação com a discussão sobre o trabalho na contemporaneidade. Ressaltam que, ao olhar o caráter sexuado do trabalho, também se deve pensar em sua reconceituação (mais ampla) e na necessidade de ainda muito avançar no que tange às relações de gênero no mundo em que vivemos e aos direitos das mulheres, assim como à discussão sobre a divisão sexual do trabalho - hierarquizada, desigual e consubstancializada com as relações de classe e raça.

Finalmente, na rubrica já bem tradicional da revista, dos Textos Históricos, revisitamos o texto proposto no número anterior, de Jean-Charles Lebahar (Vol. XIV, nº2), através da discussão de Janine Rogalski, com o artigo “A construção de uma investigação singular e exigente, para formar em conceção e compreendê-la”.

Agradecemos a todos os que estiveram envolvidos no trabalho de tradução, revisão e de edição desse número, especialmente aos colegas que, pelas avaliações dos artigos, muito contribuíram na configuração desta edição: Ada Assunção, Ana Cláudia da Silva-Roosli, Ana Cláudia Vasconcelos, Ana Luiza Telles, Anísio Araújo, Bernardo Suprani, Duarte Rolo, Eliane Vianna, Flora Vezza, Francinaldo Pinto, Frida Fischer, Hélder Muniz, José Marçal Jackson Filho, Kátia Santorum, Leda Leal Ferreira, Leny Sato, Luciana Cavanellas, Magda Scherer, Marcello Rezende, Maria Christine Saldanha, Maria Elisa Borges, Maristela França, Milton Athayde, Pedro Bendassolli, Pedro Henrique Isaac Silva, Perrine Martin, Pierre Vérillon, Rafael Gomes, Raoni Rocha, Ricardo Matos de Carvalho, Suzana Canez Lima, Thiago Drumond Moraes, Vanessa A. Barros, Vicente Nepomuceno e Wladimir F. Souza.

Registramos nosso agradecimento especial aos colegas do polo brasileiro coprodutores do dossiê temático: Jussara Brito, Marcelo Figueiredo e Paulo Zambroni-de-Souza, sublinhando que Jussara foi a responsável pela formação da equipe do polo brasileiro da revista.

Ressalta-se, por fim, que o trabalho se deu em momento de profunda crise - política, econômica e de valores - no Brasil, com destaque para a ampliação dos ataques diretos aos direitos dos trabalhadores e ao campo da educação pública, que vem sofrendo clara tentativa de desmonte. Tais ataques vêm sendo acompanhados de movimentos de resistência, expressos não apenas nas ruas, mas também no cotidiano de trabalho de muitos brasileiros, incluindo aqueles que atuam na pesquisa, na extensão e na formação de novos profissionais. Isso torna ainda mais valorosas as contribuições dos autores, pareceristas e demais apoiadores do trabalho realizado.

Esperamos que tenham uma ótima leitura e que os textos aqui apresentados contribuam para a ampliação do debate e para a transformação do trabalho real em prol da saúde dos trabalhadores nas nossas sociedades.

 

Em nome do Conselho editorial,

Letícia Masson, Cirlene Christo e Liliana Cunha

 

COMO REFERENCIAR ESTE ARTIGO?

Masson, L., Christo, C., & Cunha, L. (2019). Editorial. Laboreal, 15(1).

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