SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.14 número1Lesões osteomioarticulares entre os praticantes de crossfitRelação entre a flexibilidade e a força entre praticantes de crossfit índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Motricidade

versão impressa ISSN 1646-107X

Motri. vol.14 no.1 Ribeira de Pena maio 2018

 

ARTIGO ORIGINAL   |   ORIGINAL ARTICLE

 

Perfil nutricional e uso de suplementos alimentares: estudo com adultos praticantes de musculação

 

Nutritional profile and use of food supplements:  study with adult bodybuilders

 

 

Francisco Regis da Silva1; Ana Erbênia Pereira Mendes1; Francisco José Maia Pinto1; Rafaella Maria Monteiro Sampaio2,3; Vanessa Duarte de Morais1; Fernando César Rodrigues Brito2

1Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, Brasil
2Centro Universitário Estácio do Ceará, Fortaleza, Brasil
3Universidade de Fortaleza, Fortaleza, Brasil

Correspondência para

 

 


RESUMO

Objetivou-se com este estudo traçar o perfil nutricional, através de variáveis antropométricas, e descrever o uso de suplementos alimentares (SA) em adultos praticantes de musculação. Avaliou-se 100 adultos em 5 academias localizadas na cidade de Limoeiro do Norte, Ceará. Em relação ao Percentual de Gordura Corporal (%GC), 62,1% (n=46) do sexo masculino (SM) presentaram leve %GC, assim como, 73,08% (n=19) do sexo feminino (SF). O risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV), através da circunferência da cintura (CC), apresentou-se baixo risco em 77,03% (n=57) do SM e 88,46% (n=23) no SF. Quanto ao uso de suplementos alimentares (SA), 78,3% (n=58) dos indivíduos do SM faziam uso de SA e 50% (n=13) do SF. Entre os SA mais utilizados pelo SM destaca-se os aminoácidos ramificado (BCAA) 59,4% (n=44), ricos em proteínas 50% (n=37), creatina 47,3% (n=35) e ricos em carboidratos 35,1% (n=26). Os SA mais utilizados pelo SF, destaca-se os BCAA 34,6% (n=09), ricos em proteínas 26,9% (n=04), creatina 19,2% (n=05), queimadores de gordura 19,2% (n=05), e hipercalóricos 19,2% (n=05). Ressalta-se, portanto, o uso de SA por grande parte do grupo estudado e sem prescrição por profissional habilitado.

Palavras-chave: antropometria, suplementos dietéticos, nutrição em saúde pública.


ABSTRACT

This study aimed to determine the nutricional status through anthropometric variables, and describe the use of dietary suplements (DS) in adult bodybuilders. Evaluated 100 adults in 5 academies located in the city of Limoeiro do Norte, Ceará. Regarding the body fat percentage (%BF), 62.16 (n=46) males had a slight body fat percentage as well as fat females 73.08 (n=19). The risck of developing cardiovascular diseases through the waist circumference presented low risk, 77.03% (n=57) in male and 88.46% (n=23) in females. The regarding the use of dietary supplements, 78.3% (n=58) of males subjects were using dietary supplements, and 50% (n=13) female. Between dietary supplements most used by male highlights the branched amino acids (AABC) 59.4% (n=44), rich in proteins 50% (n=37), creatine 47.3% (n=35), anda high in carbohydrates 35.1% (n=26). Food suplements most used by sex women, AABC stands out 34.6% (n=09), rich in proteins 26.9% (n=04), creatine 19.2% (n=05), fat burners 19.2% (n=05) and calorie 19.2% (n=05). Emphasizes the importance of proper professional supervision to correct prescription of food supplements.

Keywords: anthropometry, dietary supplements, nutrition in public health.


 

 

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, a busca por academias de ginástica se intensificou devido à variedade de atividades disponibilizadas ao público. A musculação é uma dessas atividades que vem ganhando adeptos em todo o Brasil. Dados da Pesquisa Sobre Padrões de Vida da população brasileira, conduzida no final da década de 90, demonstraram que a musculação era a terceira atividade física mais praticada por pessoas acima de 20 anos de idade (Pinheiro, Augusto, & Petroski, 2010).

O sobrepeso e a obesidade afetam 41% dos homens e 40% das mulheres no país, sendo que aproximadamente 9% e 13%, respectivamente, apresentam um Índice de Massa Corporal (IMC) > 30 kg/m2, o que os classifica como obesos. Entre as causas para esse problema estão o reduzido gasto e o alto consumo energético, provenientes de uma combinação de fatores sociais, econômicos, culturais e comportamentais (Santos et al., 2012).

A obesidade além de ser considerada um problema de saúde, cuja prevalência aumentou consideravelmente, a referida é um importante fator de risco para outras doenças, tais como diabetes, hipertensão arterial e coronariopatias. Evidências têm demonstrado que um aumento nos níveis de exercício físico pode ter diversas implicações na prevenção e tratamento do sobrepeso, e até mesmo em casos de obesidade mórbida (Santos et al., 2012).

A prática de exercícios físicos realizada periodicamente e de forma adequada, melhora a qualidade de vida principalmente quando associada a uma alimentação balanceada. A nutrição e atividade física têm uma relação ímpar, pois por meio de uma alimentação que proporcione um consumo adequado de todos os nutrientes pode-se melhorar a capacidade de rendimento orgânico e funcional (Seanem & Soares, 2015).

O uso de suplementos alimentares, apesar da falta de conhecimento sobre seus efeitos, pode vir a representar um problema de saúde pública. Somado a isso, a falta de estudos conclusivos sobre suplementação dietética e o uso extensivo desses produtos entre frequentadores de academias de ginástica são suficientes para justificar estudos mais detalhados (Pires, Santos, & Giovenardi, 2011).

Desta forma, ressalta-se a importância de estudar a composição corporal para, assim, fracionar e quantificar os principais tecidos que compõem a massa e/ou o peso corporal. A avaliação da composição corporal quantifica os principais componentes do organismo humano sendo eles: musculatura, ossos e gordura corporal (Araujo et al., 2010).

Entre as técnicas comumente utilizadas na determinação dos componentes da composição corporal dos indivíduos, destacam-se as dobras cutâneas e a utilização de índices relacionando a massa corporal e à estatura, cada uma com vantagens e limitações. As vantagens no uso das técnicas antropométricas são: significativa relação das medidas antropométricas com a densidade corporal, obtidas através dos métodos laboratoriais; uso de equipamentos de baixo custo financeiro e a necessidade de pequeno espaço físico; a facilidade e a rapidez na coleta de dados; e a não invasividade do método (Araujo et al., 2010).

Diante do exposto, objetivou-se traçar o perfil nutricional, por meio de variáveis antropométricas, e descrever o uso de suplementos alimentares em adultos praticantes de musculação em academias de Limoeiro do Norte, Ceará, Brasil.

 

MÉTODO

Trata-se de um estudo com caráter transversal, do tipo descritivo. Foram selecionados por conveniência, 100 adultos praticantes de musculação, de ambos os sexos.

Os critérios de inclusão: pessoas de ambos os sexos, com idades entre 20 a 59 anos. Os indivíduos que não aceitaram participar da pesquisa foram excluídos do estudo.

A coleta dos dados foi realizada por meio da aplicação de um protocolo semiestruturado de avaliação nutricional, contendo informações quanto aos aspectos socioeconômicos, antropométricos e dietéticos dos indivíduos estudados. O uso de suplementos foi avaliado de acordo com: ocorrência de consumo e finalidade da utilização.

Foram verificadas as medidas de peso atual, estatura, circunferências e dobras cutâneas. A medida do peso foi realizada com uso de balança digital portátil, marca Avanutri®, do modelo SF715B preta, com capacidade para 150 kg e precisão de 100g. A estatura foi verificada por meio de tomada única, com estadiômetro portátil, da marca Sanny®, modelo Personal Caprice, com precisão de 1 cm.

Coletou-se a circunferência da cintura com objetivo de investigar o acúmulo de gordura visceral e o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV). A circunferência foi medida por meio de uma fita métrica, marca Sanny®, modelo de fibra de vidro circular com trava, graduação de 1 cm.

As dobras cutâneas tricipitais (DCT), subescapular (DCSE), abdominal (DCAb) e supra-ilíaca (DCSI), axilar média (DCAx); coxa (DCCo), e panturrilha (DCPant) foram mensuradas por meio do uso do adipômetro da marca Sanny®, modelo clínico, com graduação de 0,1mm, objetivando determinação do percentual de gordura corporal.

Após obtenção dos dados de peso e altura foi calculado o índice de massa corporal - IMC (peso/altura2). O estado nutricional dos adultos foi categorizado de acordo com a Organização Mundial de Saúde - OMS (Oms, 1995; Oms, 1997), em que se considera o adulto com magreza IMC < 18,5; eutrofia 18,5-24,99; sobrepeso ou pré-obeso 25-29,99; obesidade de classe I 30-34,99 (moderado); obesidade de classe II 35-39,9 (severo); e obesidade de classe III ≥ 40 (muito severo).

A Circunferência da cintura e abdominal foi classificada de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde, 1997) em que se considera o adulto sem risco < 94 cm para homens e < 80 cm para mulheres; risco alto ≥ 94 cm e ≥ 80 cm para homens e mulheres, respectivamente. Risco muito alto ≥ 102 cm para homens e ≥ 88 cm para mulheres. 

O percentual de gordura corporal (%GC) foi calculado pela equação de Petroski (1995). As somas das dobras cutâneas foram confrontadas com o padrão de normalidade proposta por Guedes e Guedes (1998).

Os dados foram tabulados e analisados através da estatística descritiva, utilizando o programa Microsoft Excel®, 2010.

Os procedimentos utilizados nesse estudo estão em acordo com determinações institucionais e resolução de outubro 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (Brasil, 2012), sendo submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (Parecer nº 888.638) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará – IFCE.

 

RESULTADOS

A maioria era do sexo masculino (SM) 74% (n=74), idade de 20 a 25 anos, 56,76% (n=42) e renda de 1 a 4 salários mínimo, o sexo feminino (SF) 53,85% (n=14). Houve predominância no SM, de ensino médio completo 47,30% (n=35), renda de 1 a 2 salários mínimos 37,84% (n=28) e outras profissões 29,73% (n=22).

Em relação ao IMC, 62,16% (n=46) do SM foram classificados como sobrepeso, 22,97% (n=17) apresentavam-se eutróficos e 12,16% (n=09) em obesidade grau I. O SF apresentou 65,38% (n=17) eutróficos e 30,76% (n=08) pré-obeso (Gráfico 01).

Ao se avaliar o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCV), através da circunferência da cintura (CC), percebeu-se que o grupo apresentou baixo risco, 77,03% (n=57), do SM, assim como, o SF, 88,46% (n=23) dos indivíduos. Porém, vale ressaltar que 18,92% (n=14), e 11,54% (n=03), do SM e SF, respectivamente, apresentaram risco aumentado para DCV (Gráfico 02).

O percentual de gordura corporal (%GC) é um parâmetro bastante fiel no tocante a análise nutricional de praticantes de musculação. Percebeu-se que 62,16% (n=46) do sexo masculino apresentaram leve %GC, assim como, 73,08% (n=19) do sexo feminino (Gráfico 03).

Em relação ao uso de Suplementos alimentares (SA), 78,3% (n=58) indivíduos do sexo masculino faziam uso de SA, e 50% (n=13) das mulheres também utilizavam. Foi analisado os suplementos mais consumidos e sua finalidade. Entre os SA mais utilizados pelo sexo masculino destaca-se os aminoácidos ramificado (BCAA) 59,4% (n=44), ricos em proteínas com 50% (n=37), creatina 47,3% (n=35), ricos em carboidratos 35,1% (n=26), entre outros. O sexo feminino também se mostrou ser um público consumidor de SA em ascensão.

Dentre os suplementos dietéticos mais utilizados por esse grupo, destaca-se os aminoácidos ramificados (BCAA) 34,6% (n=09), ricos em proteínas 26,9% (n=04), creatina 19,2% (n=05), queimadores de gordura 19,2% (n=05), e hipercalóricos 19,2% (n=05). Ressalta-se que a soma do total de respostas é maior que 100%, pois os entrevistados poderiam marcar mais de uma opção (Gráfico 04).

Em relação aos objetivos pretendidos com a utilização dos suplementos, percebeu-se que o público masculino objetivava 63,5% (n=47) ganho de massa muscular e ganho de força, 43,2% (n=32) melhorar a performance, 32,4% (n= 24) repor nutrientes e energia, evitar a fraqueza. O público feminino tinha como objetivo ganho de massa muscular e força 42,3% (n=11), perda de peso e queima de gordura corporal 19,2% (n=05), repor nutrientes e energia, evitar a fraqueza 15,3% (n=04), e melhorar a performance 15,3% (n=04). Ressalta-se que a soma do total de respostas é maior que 100%, pois os entrevistados podiam marcar mais de uma opção (Gráfico 05).

 

DISCUSSÃO e CONCLUSÕES

Em relação aos aspectos socioeconômicos percebe-se uma similaridade com os estudos já realizados com o público em questão. Assim, em um estudo realizado com o intuito de traçar o perfil de consumidores de suplementos alimentares, em um grupo de adultos frequentadores de uma clínica de nutrição esportiva em São Paulo, os autores perceberam que 61,7% (n=37) eram do sexo feminino, 38,3% (n=23) do sexo masculino. Sendo que 45,0% (n=27) tinham idades de 20 a 30 anos e 60,0% (n=36) apresentaram ensino superior completo (Andrade et al., 2012). Dados que corroboram em alguns aspectos com o estudo em questão.

Em um estudo, os autores, traçaram o perfil nutricional de adultos praticantes de exercício físico, e, por conseguinte, musculação, os mesmos obtiveram o seguinte resultado para o IMC: 26,03%, pré-obesidade, uma média realizada com o somatório do IMC do sexo masculino e feminino, valor este menor do que o encontrado no presente estudo, visto que o percentual de pré-obesos, considerando ambos os sexos, foi igual a 54% (Zulim & Ferreira, 2011).

Em uma pesquisa realizada com o objetivo de avaliar o estado nutricional de adultos homens e mulheres residentes na cidade de Curitiba, Paraná, os autores avaliaram o IMC destes indivíduos e perceberam que quanto maior a idade dos participantes da pesquisa, maior o percentual de sobrepeso e obesidade. Assim, dos indivíduos do SM com idade entre 20 a 29 anos, 64,5% apresentaram eutrofia, 27,5% sobrepeso e 8,0% obesidade. Já os indivíduos do SF com a mesma idade, 20 a 29 anos, 78,0% apresentaram-se eutróficas, 17,8% sobrepeso e 4,2% obesidade. Nos indivíduos de 50 a 59 anos, esse quadro se inverteu, onde 26,9% do SM apresentaram eutróficos, 49,6% sobrepesados, 23,5% obesos. Os indivíduos do SF, com igual variância de idade, apresentaram 32,5% eutróficas, 46,3% sobrepesadas, e 24,1% obesas (Ulbrich et al., 2011). O que corrobora para a afirmativa que os adultos estão passando por um processo de transição nutricional negativa preocupante que trará resultados desfavoráveis em outras fases da vida, caracterizando-se como um grave problema de saúde pública.

Um estudo avaliou 136 brasileiros com mais de 60 anos da região nordeste, os pesquisadores observaram que a quantidade de gordura corporal e o IMC são os indicadores mais associados com a hipertensão arterial em ambos os sexos, mostrando que tal parâmetro é um eficaz indicador de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) (Leal et al., 2013). Através de uma pesquisa, estudiosos, correlacionaram o sobrepeso e a obesidade com o risco de cardiopatias em mulheres menopausadas (Elisha et al., 2013). Pesquisadores mostraram que o índice de massa corporal é o melhor preditor de incidência de diabetes tipo 2 na população iraniana, confirmando que o excesso de peso está fortemente ligado com o desenvolvimento das DCNT (Talaei et al., 2013).

Os autores classificaram os indivíduos quanto ao IMC, RC/Q e %GC, sendo que no que diz respeito ao IMC o grupo obteve média de 24,01 kg/m3; RC/Q 0,86 cm; e %GC 19,23% (Rezende et al., 2010). No que diz respeito ao uso do IMC para avaliar o excesso de gordura corporal, assim como neste estudo, resultados da literatura confirmam a necessidade de utilizar outras medidas antropométricas ou computar a composição corporal juntamente com o IMC na avaliação do estado nutricional.

No que diz respeito, a utilização de suplementos alimentares, os mais usados pelos indivíduos participantes desta pesquisa foram: BCAA, ricos em proteínas, creatina e ricos em carboidratos, para o sexo masculino e BCAA, ricos em proteínas, creatina, queimadores de gordura, e hipercalóricos para o sexo feminino. Corroborando com outras pesquisas (Andrade et al., 2012; Jesus & Silva, 2008; Lima & Cavalcanti, 2008; Shneider et al., 2008).

Em uma pesquisa realizada com o intuito de averiguar os suplementos mais consumido entre os indivíduos, na cidade de São Paulo, o wheyprotein (53,8%) foi o mais consumido, tanto pelos homens (71,4%), seguido de creatina e termogênicos (50%), quanto pelas mulheres, em que 33% relataram tê-lo utilizado, junto as vitaminas e minerais e BCAA, seguido de termogênicos (25%) (Andrade et al., 2012). Dados semelhantes foram encontrados em outras pesquisas, Balneário Camboriú (SC), Teresina (PI) e Ribeirão Preto (SP), no qual o wheyprotein estava entre os mais consumidos entre os frequentadores de academias e praticantes de musculação. Neste sentido imagina-se uma forte associação entre a alta ingestão de proteína, por meio de suplementos, e o ganho de massa muscular, feita pelos participantes (Andrade et al., 2012; Jesus & Silva, 2008; Lima & Cavalcanti, 2008; Shneider et al., 2008).

Na pesquisa em questão, evidenciou-se que os consumidores de suplementos alimentares são em sua maioria jovens do sexo masculino, sendo um dado comum entre outros estudos similares (Andrade et al., 2012; Jesus & Silva, 2008; Lima & Cavalcanti, 2008; Shneider et al., 2008). Com isso, pode inferir que tal público tem uma maior preocupação com a estética, sendo assim, estes indivíduos podem estar mais susceptíveis ao uso inadequado de suplementos alimentares, que podem resultar em danos à saúde dos referidos.

Um estudo foi realizado com o intuito de pesquisar o uso de suplementos alimentares em um grupo de desportista, participaram do estudo 23 voluntários do gênero masculino, com média de idade de 24 ± 3,8 anos, peso médio de 75,9 ± 9,4kg, 66,5 ± 10,1kg de massa magra (MM) e 10,5 ± 3,1kg de massa gorda (MG). A maioria dos participantes, 65,3% (n=15) tinha uma frequência de exercícios de três a cinco vezes semanais na academia e, em relação ao uso de suplementos alimentares, 26,1% (n=6) referiram usar algum tipo de suplementação e, destes, 73,9% (n=17), o faziam sem prescrição. Os demais indivíduos que relataram fazer uso de suplementos sem prescrição informaram que seguiam a indicação de amigos, 13% (n=3), a indicação de personal trainner, lojas de suplementos e nutricionistas 4,3% (n=1), dados que corroboram com o presente estudo. Em relação aos objetivos pretendidos com o uso da suplementação, 73,9% (n=17) referiram que se objetivava ganho de massa magra; 14,4% (n=04) manutenção do peso corporal e 8,7% (n=02) perda de peso (Andrade et al., 2012).

Em relação ao estado nutricional, por meio das variáveis antropométricas, se verificou que a maioria apresentou um estado nutricional adequado, com baixo risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, com leve percentual de gordura corporal. Além disso, os sujeitos utilizavam suplementos alimentares diversos. O estudo apresenta uma limitação no método, uma vez que, trata-se de uma amostra não probabilística. Assim, sugere-se pesquisas futuras que sanem esta lacuna.

 

REFERÊNCIAS

Araujo, C. L., Dumith, S. C., Menezes, A. M. B., & Hallal, P. C. (2010). Peso medido, peso percebido e fatores associados em adolescentes. Revista Panamamericana de Salud Publica, 27, 360-7.         [ Links ]

Andrade, L. A., Braz, V. G., Nunes, A. P. O., Velutto, J. N., & Mendes, R. R. (2012). Consumo de suplementos alimentares por clientes de uma clínica de nutrição esportiva de São Paulo. Revista Ciência e Movimento, 20(3), 27-36.         [ Links ]

Brasil (2012). Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Brasília. http://www.conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/index.html.

Elisha, B., Messier, V., Karelis, A., Coderre, L., Bernard, S., Prud’homme, D., & Rabasa-lhoret, R. (2013). The Visceral Adiposity Index: Relationship with cardiometabolic risk factors in obese and overweight postmenopausal women – A MONET group study. Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism, 38(8), 892-99. doi: 10.1139/apnm-2012-0307        [ Links ]

Guedes, D. P., & Guedes, J. E. R. P. (1998). Controle de peso corporal. Composição corporal, atividade física e nutrição (1ª Ed.). Midiograf, Londrina.

Jesus, E. V., & Silva, M. D. B. (2008). Suplemento alimentar como recurso ergogênico por praticantes de musculação em academias. In: III Encontro de Educação Física e Áreas Afins - Núcleo de Estudo e Pesquisa em Educação Física (NEPEF). Teresina, PI, Anais.

Leal, N. J. S., Coqueiro, R. S., Freitas, R. S., Fernandes, M. H., Oliveira, D. S., & Barbosa, A. R. (2013). Anthropometric indicators of obesity as screening tools for high blood pressure in the elderly. International journal of nursing practice, 19, 360-67.         [ Links ]

Lima, C. S., & Cavalcanti, T. D. G. (2008). Influência da suplementação de ácido linoléico conjugado (CLA) sobre a composição corporal de homens e mulheres. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, 2(12), 414-423.         [ Links ]

Lima, L. D., Moraes, C. M. B., & Kirsten, V. R. (2010). Dismorfia muscular e o uso de suplementos ergogênicos em desportistas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 16(6), 427-30. doi: 10.1590/S1517-86922010000600006        [ Links ]

Organização Mundial de Saúde - OMS (1995). Expert Committee on Physical Status: the use and interpretation of anthropometry. Genebra: OMS.

Organização Mundial de Saúde - OMS (1997). Obesity – Preventing and managing the global epidemic. Genebra: OMS.

Petroski, E. L. (1995). Desenvolvimento e validação de equações generalizadas para a estimativa da densidade corporal em adultos. (Tese de Doutorado em Ciência do Movimento Humano). Universidade Federal de Santa Maria.         [ Links ]

Pinheiro, C. P., Augusto, D., & Petroski, E. L. (2010). Barreiras percebidas para a prática de musculação em adultos desistentes da modalidade. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, 15(3), 157-162.         [ Links ]

Pires, G. N., Santos, M. L. C., & Giovenardi, M. (2011). Comparação da concentração de cálcio e sódio em suplementos alimentares proteicos mediante informações nutricionais contidas nos rótulos dos produtos. Revista Mackenzie de Educação e Esporte, 10(2), 140-48.         [ Links ]

Rezende, F. A. C., Rosado, L. E. F. P., Franceschinni, S. C. C., Rosado, G. P., & Ribeiro, R. C. L. (2010). Aplicação do índice de massa corporal na avaliação da gordura corporal. Revista Brasileira de Medicina e Esporte, 16(2), 90-94.         [ Links ] 

Santos, T. M., Oliveira, B. R. R., Albuquerque, G., Neto M., Ferreira, M. S., & Thompson, W. R. (2012). Prevalência de sobrepeso e obesidade dos inscritos em dois grandes centros de exercícios físicos do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, 17(2), 137-42.         [ Links ]

Seanem, R. C., & Soares, B. M. (2015). Avaliação nutricional de praticantes de musculação em academias de municípios do Centro-Sul do Paraná. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, 9(51), 206-214.         [ Links ]

Shneider, C., Machado, C., Laska, S. M., & Liberali, R. (2008). Consumo de Suplementos Nutricionais por Praticantes de Exercício Físico em Academias de Musculação de Balneário Camboriú –SC. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, 2(11), 307-322.         [ Links ]

Talaei, M., Sadeghi, M., Marshall, T., Thomas, G. N., Iranipour, R., Nazarat, N., & Sarrafzadegan, N. (2013). Anthropometric indices predicting incident type 2 diabetes in an Iranian population: The Isfahan Cohort Study. Diabetes & Metabolismo, 39(5), 424-431.         [ Links ]

Ulbrich, A. Z., Bertin, R. L., Neto, A. S., Piola, T. S., & Campos, W. (2011). Associação do estado nutricional com a hipertensão arterial de adultos. Revista Motriz, 17(3), 424-30.         [ Links ]

Zulim, F. D., & Ferreira, F. C. (2011). Composição corporal de homens adultos praticantes de exercícios resistidos e não praticantes de atividade física. Coleção Pesquisa em Educação Física, 10(1), 75-80.         [ Links ]

 

Agradecimentos:
Agradecemos ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Campus Limoeiro do Norte, pelo total apoio na realização desta pesquisa.
Conflito de Interesses:
Nada a declarar.
Financiamento:
Nada a declarar.

 

 

Correspondência para: Universidade Estadual do Ceará, Avenida Silas Monguba, 1740, Itaperi. CEP: 60714903. Fortaleza, Ceará, Brasil. E-mail: regisfrs@hotmail.com

Creative Commons License Todo o conteúdo deste periódico, exceto onde está identificado, está licenciado sob uma Licença Creative Commons