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Motricidade

versão impressa ISSN 1646-107X

Motri. vol.11 no.2 Ribeira de Pena jun. 2015

https://doi.org/10.6063/motricidade.3066 

ARTIGO DE REVISÃO

 

Motivos para prática de esporte em idades jovens: Um estudo de revisão

 

Sport practice motives in young ages: A review study

 

 

Andrea Gomes Bernardes1; Bruna Hatsue Santos Yamaji1; Dartagnan Pinto Guedes1,*

1 Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Paraná, Brasil

 

 


RESUMO

O objetivo do estudo foi realizar uma revisão da literatura sobre motivos para prática de esporte em idades jovens. A busca de publicações foi re­alizada nas bases de dados Embase, Medline, PsycINFO e SPORTDiscus, considerando artigos publicados entre 1980 e 2013 nos idiomas português, inglês e espanhol. Na estratégia de busca foram utilizados os descritores “motivo”, “motivação”, “adesão”, “esporte” e “treino” com os limites da pesquisa “criança”, “adolescente” e “jovem”. Também foram realizadas buscas manuais nas referências dos artigos selecionados. A busca bibliográfica resultou na localização de aproximadamente oito mil artigos. Contudo, 26 preencheram os critérios para compor a revisão. Os resultados demonstraram que os motivos para a prática de esporte em jovens-atletas resultam da interação entre diversos fatores individuais, sociais e ambientais. Os estudos selecionados para analise, em sua maioria, identificaram principalmente motivos vinculados à auto-realização associada ao domínio/aperfeiçoamento de habilidades esportivas, em que a Competência Técnica foi o fator mais apontado pelos jovens-atletas de ambos os sexos inseridos nos diferentes contextos socioculturais.

Palavras-chave: motivação, adesão, criança, adolescente, treino


ABSTRACT

The present study aimed to carry out a literature review of sports practice motives in young ages. The search was conducted in the Embase, Medline, PsycINFO e SPORTDiscus databases, considering articles published between 1980 and 2013 in Portuguese, English and Spanish. In the search strategy were used the descriptors “motive”, “motivation”, “adherence”, “sport” e “training” with the limits of research “child”, “adolescent” and “young”. Manual searches were also conducted in the references of selected articles. The bibliographic research resulted in locating approximately eight thousand articles. However, 26 met the criteria for compose the review. The results showed that sports practice motives in young ages were identified by interactions between individual, social and environmental factors. Mostly of the studies selected for analysis revealed motives mainly related to self-realizations associated with the domain/improving sports skills in which the Technical Competence was the factor pointed by most athletes-young of both sexes entered in different sociocultural contexts.

Keywords: motivation, adherence, child, adolescent, training


 

 

INTRODUÇÃO

Informações disponibilizadas na literatura têm destacado os múltiplos benefícios para um adequado desenvolvido físico, mental e social associados à prática de esporte em idades jovens (Boreham, Twisk, Savage, Cran, & Strain, 1997; Harrison & Narayan, 2003; Kawabe et al., 2000; Pate, Trost, Levin, & Dowda, 2000). Porém, contraditoriamente, levantamentos recentes têm apontado que somente uma pequena parcela da população infantil e juvenil pratica esporte com alguma regularidade (Capranica & Millard-Stafford, 2011; Delorme, Chalabaev, & Raspaud, 2011; Jõesaar & Hein, 2011) e, entre aqueles que iniciam a prática esportiva, chama atenção o elevado índice de abandono, com forte repercussão para vida presente e futura dos jovens (Sirard, Pfeiffer, & Pate, 2006).

Estudos na área demonstram que a motivação pode se constituir em importante determinante para iniciar a pratica de esporte, justificar sua permanência e minimizar os casos de abandono (Capranica & Millard-Stafford, 2011; Delorme et al., 2011; Sirard et al., 2006). Neste particular, motivos que possivelmente possam estar relacionados à prática de esporte são bastante diversificados de acordo com expectativas estabelecidas pelos próprios praticantes, resultando da interação entre múltiplos atributos socioculturais e ambientais, como por exemplo, em um extremo, motivos associados à diversão e ao convívio de grupos, e em outro extremo, motivos associados ao aprimoramento de aptidão física e à competência técnica (Gill & Williams, 2008). Neste caso, pressupõe que esses motivos deverão agir diferentemente em cada estágio do processo de desenvolvimento individual dos jovens (Weinberg et al., 2000).

Portanto, a identificação dos motivos subjacentes à prática de esporte possibilita que sejam delineadas ações mais eficientes de incentivo para início de sua prática e que possa levar os jovens a alcançarem em sua maior plenitude as metas propostas, promovendo, desse modo, clima motivacional favorável, o que aumenta as chances de adesão. Diante disso, estudiosos da área vêm procurando aplicar diferentes teorias elaboradas no campo da psicologia que tentam explicar a adesão na prática de esporte (Roberts & Treasure, 2012).

Considerando que a importância de identificar, dimensionar e ordenar os motivos para a prática de esporte em idades jovens justifica-se com base no pressuposto de que a infância e a adolescência são períodos críticos para iniciar a participação efetiva em programas regulares de esporte ou, pelo contrário, abandonar por completo sua prática, o objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão dos achados até então disponibilizados na literatura relacionados aos motivos associados à prática de esporte em idades jovens.

 

MÉTODO

O rastreamento dos artigos incluiu pesquisa nas bases de dados eletrônicas Embase, Medline, PsycINFO e SPORTDiscus, no período entre janeiro de 1980 e março de 2013, independente do país de publicação. A estratégia de busca baseou-se nos descritores “motivo”, “motivação” e “adesão” combinados com “esporte” e “treino”, com os limites da pesquisa “criança”, “adolescente” e “jovem”, e suas traduções para os idiomas inglês e espanhol. As referências bibliográficas dos estudos assim localizados foram também rastreadas para localizar outras intervenções de potencial interesse e que preenchiam os critérios de seleção para o estudo.

A seleção dos artigos acompanhou procedimento proposto para levantamento de informações disponibilizadas na literatura (Higgins & Green, 2008) e baseou-se na conformidade dos limites dos descritores, tendo sido desconsiderados aqueles que, apesar de aparecerem no resultado da busca, não abordavam o tema sob o ponto de vista de identificação dos motivos para prática de esporte em idades jovens.

Na Figura 1 encontra-se o processo usado para rastrear e selecionar os artigos da revisão retrospetiva. No levantamento bibliográfico inicial foram encontradas por volta de oito mil publicações. Excluídas as publicações cruzadas redundantes, constantes em mais de uma base de dados, em um segundo momento foram consideradas 4875 publicações, das quais, após atendimento de uma sequência de critérios de seleção, 26 foram consideradas para estudo. Os critérios de seleção considerados foram: (a) estudos publicados em português, inglês ou espanhol; (b) artigos originais; (c) estratificação por idade ≤ 20 anos; (d) características e seleção da amostra claramente definidas; e (e) identificação dos motivos para prática de esporte mediante instrumento validado. A análise e a seleção dos artigos foram realizadas por dois investigadores sob a supervisão de um terceiro investigador, que reanalisou as publicações excluídas. Eventuais discrepâncias relacionadas às exclusões foram solucionadas por consenso dos três investigadores.

 

RESULTADOS

De acordo com Quadro 1, verifica-se que os artigos incluídos na revisão foram desenvolvidos em diferentes regiões do mundo, com destaque para aqueles publicados no Brasil que, isoladamente, representa 42% dos artigos localizados, ou seja, proporção superior de artigos selecionados que foram publicados nos países europeus (31%). Artigos selecionados e que foram publicados nos Estados Unidos e em todos os demais países representam, respectivamente, 12% e 15%. Quanto ao ano de publicação, a totalidade dos artigos foi publicada no período de 1983 a 2013, em maior proporção a partir do ano de 2001 (80,8%).

Embora tenha sido verificada alguma diversidade no emprego dos questionários de motivação nos estudos selecionados, pode-se destacar predomínio quanto ao uso do Participation Motivation Questionnaire – PMQ (65%). Com referência às modalidades esportivas, destacaram-se os esportes coletivos voleibol, futebol, basquetebol, além de esportes individuais incluindo natação, tênis de campo e ginástica.

Os resultados indicaram que os motivos para prática de esporte podem se diferenciar de acordo com sexo, idade, modalidade esportiva, tempo de prática e experiência de competição. Neste caso, independentemente da idade e do esporte praticado, em ambos os sexos, verificou-se tendência bastante bem definida para motivos caracterizados pela Competência Técnica, Diversão, Prazer e Saúde. Contudo, se entre as moças, os motivos associados à Afiliação e à Diversão receberam destaque importante, no caso dos rapazes, foram os motivos equivalentes à Competição, ao Reconhecimento Social e à Aptidão física que justificaram mais intensamente a prática de esporte.

 

DISCUSSÃO

Os motivos para a prática de esporte em jovens-atletas resultam da combinação de indicadores sociais, ambientais e individuais que determinam a seleção de modalidades esportivas específicas, intensidade e vigor de prática, persistência e continuidade para alcance de alto rendimento. Em vista disso, o presente estudo de revisão foi delineado para identificar os motivos associados à prática de esporte em jovens-atletas. Esta temática é revestida de grande importância para o campo do esporte, considerando que, suas indicações permitem identificar as principais razões que levam os jovens a iniciar a prática esportiva e que justificam sua permanência.

Análise dos artigos selecionados revelou que a Competência Técnica foi o principal motivo para prática de esporte apontado pelos jovens-atletas de ambos os sexos inseridos nos diferentes contextos sociocultural considerados (Campos et al., 2011; Gill et al., 1983; Guedes & Netto, 2013; Januário et al., 2012; Longhurst & Spink, 1987; Paim, 2001). Este resultado está intimamente relacionado ao fato dos participantes estarem envolvidos em esportes de competição no âmbito escolar e de clubes esportivos. Os jovens-atletas consideram esse fator de motivação como determinante para sua permanência na equipe, privilegiam o aprimoramento técnico e buscam ser o melhor no esporte para alcançarem o sucesso. Tal comportamento deve-se ao fato de jovens-atletas estarem preocupados com a aprendizagem e a execução de movimentos e gestos que envolvem cada modalidade esportiva específica. Desta maneira, jovens que têm melhor desempenho técnico são reconhecidos, enquanto aqueles menos habilidosos reforçam sentimentos de inabilidade. A importância dada ao fator Competência Técnica vai de encontro com convicções praticadas por muitos treinadores e gestores de clubes e escolas, em que o objetivo principal é a busca por resultados cada vez mais expressivos e vitórias.

Em contrapartida, estudos de Buonamano, Cei e Mussino (1995), Sit e Lindner (2006) e Garyfallos e Asterios (2011) identificaram que a Diversão como principal motivo tanto para rapazes como para moças. De fato, o esporte pode ser considerado atividade de entretenimento e divertimento, quando encarado de forma lúdica, em que as ações podem ser mais flexíveis e de menor rigor, e promovem um modo agradável de ocupar o tempo livre. A expressão diversão confirma que a participação de jovens-atletas no esporte é devido à necessidade de alegria e prazer, para liberar energia, sentir-se livre de preocupações e problemas do cotidiano (Garyfallos & Asterios, 2011).

Nos achados de Balbinotti, Saldanha e Balbinotti (2009) e Balbinotti, Juchem, Barbosa, Saldanha e Balbinotti (2012) verificou-se o Prazer como sendo o fator de maior motivação independente do sexo. Prazer é considerado dimensão de destaque para compreensão dos motivos para prática de esporte. De acordo com Ryan e Deci (2000), o Prazer é a dimensão que melhor explica o comportamento humano autodeterminado, isso é, que melhor representa os motivos intrínsecos, inclusive no contexto esportivo. Neste caso, o Prazer provém unicamente da atividade em si, a participação ocorre livre de pressão e restrições, pode-se supor que atletas motivados pelo prazer ingressem no esporte por vontade própria, pela satisfação do processo de conhecê-lo, explorá-lo e aprofundá-lo.

Dos estudos analisados, alguns se concentraram no conhecimento quanto aos motivos do envolvimento de jovens-atletas na prática esportiva, independentemente de suas especificidades. A maioria dos estudos, no entanto, busca conhecer esta realidade não somente apontando um panorama generalizado, mas estratificando por sexo, idade, modalidades esportivas, tempo de prática e experiência de competição, a fim de determinar se os motivos que encorajam a prática de esporte são similares, ou pelo contrário, os argumentos se diferem. Neste caso, verificou-se que, sexo e idade foram os principais elementos diferenciadores dos motivos de prática esportiva em jovens-atletas.

No que se refere aos motivos relacionados ao sexo, os resultados indicaram que rapazes atribuíram grau de importância maior à Competição (Balbinotti et al., 2009; Curry & Weiss, 1989; Guedes & Netto, 2013; Januário et al., 2012; Kirkby et al., 1999), ao Reconhecimento Social (Gürbuz et al., 2007; Kirkby et al., 1999; Salguero et al., 2004; Sirard et al., 2006; Sit & Lindner, 2006) e à Aptidão Física (Cecchini et al., 2002; Curry & Weiss, 1989), sendo estes os principais motivos de permanência na prática de esporte. No entanto, nas moças verificou-se que os fatores Afiliação (Allen, 2003; Garyfallos & Asterios, 2011; Guedes & Netto, 2013; Kirkby et al., 1999; Salguero et al., 2004; Sirard et al., 2006; Sit & Lindner, 2006) e Diversão (Allen, 2003; Balbinotti et al., 2009; Buonamano et al., 1995; Sit & Lindner, 2006; Garyfallos & Asterios, 2011; Kirkby et al., 1999; Salguero et al., 2004; Salselas et al., 2007) justificaram em maior grau a prática de esporte. As moças se identificaram mais intensamente com motivos sociais e de convivência em grupo, o que indica seu desejo de identificar-se com seus pares e valorizar a importância nas relações pessoais na equipe em que esta inserida.

Buonamano et al. (1995) evidenciam que diversão na pratica esportiva esta intimamente relacionada às relações de amizade. Ressalta ainda que, para moças os motivos estão relacionados com o apoio externo oferecido por amigos, pais, treinadores e membros da equipe. Esses comportamentos, intrinsecamente motivados, são comumente associados à participação voluntária na prática de esporte, com aparente ausência de recompensas ou pressão externa, bem como participação no esporte pelo interesse, satisfação e alegria que obtêm de sua prática (Ryan & Deci, 2000). Os rapazes, por sua vez, apresentaram fatores predominantemente extrínsecos, o que talvez possa ser justificado pelo fato dos rapazes utilizarem o esporte como forma de manifestação de aspectos relacionados à competição. Diferente das moças, os rapazes dispõem de mais oportunidades em esportes de alto nível, particularmente no âmbito profissional, buscando confronto, disputa, resultados, por consequência, comparação de desempenho consigo mesmo e com outros pode levá-los a se manter no esporte.

Quanto à idade, por vezes, os motivos relatados nos estudos não apresentaram coincidências de resultados, uma vez que, a classificação etária é configurada de acordo com categorias e características singulares da modalidade esportiva em que o atleta-jovem esta inserido. No entanto, buscou-se um denominador comum na analise dos artigos e constatou-se que, jovens-atletas com menos idade (≤ 14 anos) atribuíram importância significativamente mais elevada à Diversão (Buonamano et al., 1995; Guedes & Netto, 2013; Longhurst & Spink, 1987; Martínez et al., 2008; Salguero et al., 2004), à Afiliação (Buonamano et al., 1995; Campos et al., 2011; Kirkby et al., 1999; Longhurst & Spink, 1987; Martínez et al., 2008; Paim, 2001; Salguero et al., 2004; Salselas et al., 2007) e ao Reconhecimentos Social (García et al., 2005; Guedes & Netto, 2013; Martínez et al., 2008). Jovens-atletas com mais idade (≥ 15 anos), por sua vez, referem-se aos motivos equivalentes à Competição (Buonamano et al., 1995; Salguero et al., 2004; Salselas et al., 2007), à Competência Técnica (Paim, 2001; Salselas et al., 2007) e à Aptidão Fisica (Salselas et al., 2007) como os mais importantes para permanência na prática de esporte. Esses resultados confirmam tendência dos mais jovens em valorizar os componentes lúdicos e recreativos do esporte. Assim como, conferem importância para serem reconhecidos socialmente pela prática de esporte, ou seja, valorizam mais o receber elogios que receber medalhas e troféus, buscam obter reconhecimento de seus parentes e amigos e sentir-se importante e valorizado. De acordo com Martinez et al. (2008), a importância oferecida à Diversão tende a diminuir a medida que os jovens-atletas apresentam mais idade e, por consequência, mudam de categoria, conquistando, desse modo, maior independência paralelamente a aquisição de responsabilidades e deveres. Por essas razões, atletas com idades mais avançadas evidenciam motivos relacionados ao rendimento e à competência pessoal, rendendo significado mais competitivo à pratica esportiva.

Quanto ao âmbito de prática, Salselas et al. (2007) destacam que jovens-atletas de natação em nível competitivo evidenciaram Aptidão Física e Afiliação como motivos essenciais para a permanência na modalidade. Jovens-atletas em nível de competição, geralmente objetivam aprimorar suas habilidades e o suporte dos companheiros muitas vezes é fundamental no desenvolvimento da competência técnica. De acordo com Jõesaar e Hein (2011), jovens-atletas com mais tempo de prática criam um senso de segurança e de convívio em grupo mais efetivo. Que pode, por sua vez, promover o encorajamento mútuo voltado ao aprimoramento de capacidades técnicas e tornar a atividade esportiva mais agradável, portanto, consolidar a permanência na pratica de esporte. Sugere-se, assim, que jovens-atletas mais experientes na prática de esporte e com maior envolvimento na modalidade podem oferecer importância tanto para motivos intrínsecos como extrínsecos.

Jovens-atletas iniciantes, por sua vez, atribuíram menor importância aos motivos equivalentes à Aptidão Física, à Competição, à Afiliação, à Competência Técnica e à Diversão quando comparados com seus pares de níveis avançados. Possivelmente, devido ao fato de jovens-atletas novatos sentirem-se hostilizados pelos companheiros de equipe mais experientes, gerando insegurança no domínio de suas habilidades e receio de cometer erros, tornando, portanto, a pratica esportiva insatisfatória e não-prazerosa (Salselas et al., 2007).

No que se refere à modalidade esportiva, a literatura disponibiliza limitada quantidade de estudos que procuram comparar os motivos que movem os jovens-atletas a optarem pela prática de esportes coletivo ou individual. De acordo com Guedes e Netto (2013), os jovens-atletas que praticavam esportes coletivos atribuíram considerável importância a Atividade em Grupo, a Competência Técnica e a Afiliação, enquanto os que praticavam esportes individuais valorizaram mais significativamente a Aptidão Física e a Competição.  Em vista dos resultados apresentados, entende-se que a pratica de esportes coletivos por jovens-atletas esta associada à necessidade de aceitação e de pertencer a um grupo, sentimento importante na juventude. No esporte coletivo somam-se os valores individuais dos jovens-atletas, impera a cooperação, cada componente da equipe é dependente dos demais e atuam em conjunto para alcançar um objetivo comum. O esporte individual, no entanto, requer treinamento sistemático e competição regular contra outros atletas, demanda maior disciplina, concentração e introspecção, uma vez que os resultados alcançados dependem fundamentalmente do próprio atleta.

 

CONCLUSÕES

Diante das considerações, pode-se concluir que, os motivos para a prática de esporte em jovens-atletas resultam da associação de diversos fatores sociais, ambientais e individuais. Os estudos selecionados para analise, em sua maioria, identificaram principalmente motivos vinculados à auto-realização associada ao domínio/aperfeiçoamento de habilidades esportivas, em que a Competência Técnica foi o motivo para prática de esporte mais apontado pelos jovens-atletas de ambos os sexos inseridos nos diferentes contextos sociocultural. Identificou-se ainda, o sexo, a idade, o âmbito de pratica e a modalidade esportiva praticada como principais elementos diferenciadores dos motivos de prática esportiva em jovens-atletas.

Por fim, destaca-se que os estudos reunidos na presente revisão, na sua totalidade, se utilizaram de delineamentos transversais. Logo, a possível influência dos aspectos sociais, ambientais e individuais nos motivos para pratica de esporte deve ser considerada como um viés importante. Neste caso, evidencia-se a necessidade de futuros estudos relacionados a esta temática com delineamentos longitudinais, que permita acompanhamento dos motivos apontados ao longo do tempo, permitindo um entendimento mais efetivo quanto à eventual transição dos jovens-atletas pelos diferentes motivos selecionados. Assim, melhor compreender os motivos que podem contribuir para que os jovens iniciem e permaneçam na pratica de esporte e, ao contrário, as razões que os levam a abandonar a atividade esportiva.

 

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Agradecimentos:
Nada a declarar
Conflito de Interesses:
Nada a declarar
Financiamento:
Nada a declarar

Artigo recebido a 18.10.2013; Aceite a 22.05.2014

 

 

* Autor correspondente: Rua Ildefonso Werner, 177, Condomínio Royal Golf, CEP: 86055-545 – Londrina, Paraná, Brasil E-mail: darta@sercomtel.com.br