SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 número79Reimaginar as relações internacionais em tempos de crise ecológica: Um diálogo sobre justiça multiespécies índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Relações Internacionais (R:I)

versão impressa ISSN 1645-9199

Relações Internacionais  no.79 Lisboa set. 2023  Epub 31-Dez-2023

https://doi.org/10.23906/ri2023.79a01 

Editorial

O Desafio da crise ecológica planetária para a política mundial

Joana Castro Pereira1 

1 FLUL | Via Panorâmica, s/n, 4150-564 Porto, Portugal| jcpereira@letras.up.pt


A crise ecológica é um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta neste século.

As alterações climáticas e a degradação dos ecossistemas constituem ameaças reais para o futuro da vida no planeta1. Contudo, ainda que a segurança global e a sobrevivência sejam temas-chave no estudo académico das relações internacionais, as questões ambientais permaneceram, durante as últimas décadas, à margem da disciplina2. Esta realidade parece estar a mudar com a publicação de um número crescente de trabalhos que procuram repensar a disciplina e a prática da política mundial sob a lente da ecologia3, apelando a uma transformação política para responder à crise4, e que desafiam a tradicional abordagem institucionalista dominante na literatura, centrada na análise da cooperação intergovernamental e na eficácia das instituições internacionais ambientais, como os regimes do clima e da biodiversidade da Organização das Nações Unidas (Nações Unidas).

A literatura crítica e interdisciplinar em emergência na área reconhece que a existência humana transcende agora o internacional ou mesmo o global, sendo também planetária. Tal é evidenciado pela subversão antropogénica dos processos fundamentais do planeta. As ações humanas e a globalização das questões económicas, sociais e políticas não afetam apenas o mundo social; elas modificam a estrutura natural e física que regula o funcionamento do sistema terrestre5. Por outras palavras, a ideia de um sistema terrestre crescentemente instável e profundamente alterado pela atividade humana - consubstanciada no conceito de antropoceno, uma nova proposta de época geológica6 - revela a existência de um complexo sistema socioecológico planetário e evidencia a necessidade de transformar o modo como pensamos e nos relacionamos com os outros e com o planeta. Estamos perante desafios (socio)ecológicos sem precedentes, que abrem portas para conceções alternativas de ontologia, ética e política. Para as relações internacionais em particular, esta realidade implica adotar uma perspetiva «pós-antropocêntrica» da política mundial, que abrace a sua interligação inerente com o sistema terrestre; isto é, um quadro teórico, conceptual e analítico capaz de incorporar o papel permanente que a natureza desempenha no mundo social e vice-versa, integrando as relações entre a humanidade, o planeta e as espécies não humanas que o habitam em todas as análises da política mundial7.

É neste quadro que o presente dossiê se insere, sendo formado por cinco ensaios que abordam criticamente o desafio da crise ecológica planetária, contribuindo para a construção de uma perspetiva pós-antropocêntrica da política mundial e abrindo caminhos para investigação futura. Os autores exploram temas como a justiça climática e multiespécies e a transição ecológica e energética em particular. Carlota Houart inicia o dossiê com um ensaio no qual tece uma crítica ao antropocentrismo e ao estatocentrismo que caracterizam a política mundial e o seu estudo (ou as sociedades humanas modernas, de forma mais ampla), e que impossibilitam uma abordagem holística da crise ecológica. Em particular, a autora argumenta que a inclusão de uma perspetiva de justiça multiespécies na análise e tomada de decisão política é fundamental para pro- mover a sustentabilidade global. Esta perspetiva, alicerçada em princípios e cosmovisões de povos indígenas e outros para lá do Ocidente, reconhece as complexas relações entre humanos, animais, plantas, ecossistemas e elementos como a água, bem como a dependência humana em relação à natureza e a subjetividade e agência de múltiplos seres e formas de vida. Para ilustrar a justiça multiespécies, Houart recorre ao caso dos rios e a algumas iniciativas destinadas à proteção destes ecossistemas, inspiradas no paradigma contra-hegemónico dos direitos da natureza. A autora conclui o ensaio com uma breve reflexão sobre possíveis caminhos para a reinvenção multiespécies das relações internacionais, entre eles a democracia ecológica (cosmopolita)8 e a diplomacia interespécies9, bem como a criação de redes colaborativas de produção de conhecimento que envolvam as ciências naturais, sociais e humanas e os saberes tradicionais indígenas e de outras comunidades locais10.

Segue-se o ensaio de Mariana Riquito, em que a autora analisa criticamente a narrativa predominante sobre a crise climática e os esforços em curso para a transição energética, nomeadamente o «novo extrativismo» ou «extrativismo verde», de que é exemplo a corrida à exploração de lítio na região montanhosa do Barroso, situada no distrito de Vila Real, em Portugal11. Tal como Houart, Riquito rejeita a ontologia dualista moderna que separa a sociedade e a natureza. Para além disso, salienta a dicotomia entre clima e ecologia presente nos principais discursos académicos e políticos. O entendimento do não humano como simples matéria-prima a ser explorada, assim como o foco quase exclusivo na redução de emissões de carbono, legitimam práticas social e ecologicamente destrutivas e reduzem as respostas e políticas públicas às alterações climáticas ao objetivo da acumulação de capital, muitas vezes através de soluções tecnológicas, suprimindo possibilidades de diálogo acerca de alternativas12. A autora apela assim a uma «transformação ontológica». Tal implica o reconhecimento da coexistência de mundos e realidades plurais e em inter-relação, humanos e não humanos - o pluriverso13. Inspirada na literatura ecofeminista, Riquito fala-nos numa ética de cuidado para com todos os seres da Terra e incita-nos a pensar as montanhas do Barroso como entidades vivas e guardiãs da vida e, assim, a repensar os princípios e valores que dão forma à transição «verde».

O tema da transição energética é também o foco do ensaio de Vera Ferreira. Mais especificamente, a autora aborda a democracia energética, um conceito que abrange o controlo democrático sobre a indústria da energia, a redistribuição do poder político e económico, o reconhecimento do direito universal às energias renováveis e a promoção da justiça social e ambiental por oposição ao «capitalismo verde», e que, argumenta Ferreira, fornece uma perspetiva única tanto para analisar de maneira crítica as implicações políticas, socioeconómicas e ambientais das mudanças no sector energético, como para imaginar futuros alternativos. No seu artigo, encontra-se um conjunto de critérios para a identificação e análise de ferramentas de democratização energética no cenário nacional. Portugal assumiu o compromisso de se tornar uma economia neutra em carbono até 2050, sendo, pois, fundamental assegurar que o custo da transição energética não seja injustamente suportado pelos grupos mais vulneráveis. Ferreira aponta igualmente linhas de investigação futura relevantes para as áreas da política comparada e das relações internacionais, tais como a análise da aplicação e desenvolvimento da democracia energética no contexto da União Europeia, procurando entender as semelhanças e diferenças entre os Estados-Membros, e o estudo da evolução internacional da democracia energética, abordando os desafios na formação de um movimento global, questionando o seu euro- centrismo e avaliando a sua aplicação em regiões do Sul Global14.

O dossiê prossegue com o ensaio de Lorenzo Feltrin e Emanuele Leonardi acerca do ambientalismo da classe trabalhadora, em particular da convergência entre a luta pelos direitos dos trabalhadores e a justiça climática rumo a uma transição ecológica que parta do local. Os autores criticam as políticas públicas de mitigação das alterações climáticas orientadas ao crescimento económico, em detrimento do bem-estar social. Feltrin e Leonardi relembram que a classe trabalhadora desempenhou um papel fundamental na politização das questões ambientais, especialmente durante as décadas de 1960 e 1970, por ocasião das lutas contra a poluição industrial, e argumentam que a transição ecológica só será eficaz se considerar as preocupações dos trabalhadores (industriais, informais, desempregados) e das comunidades em que estes se inserem. Os autores destacam o exemplo da luta dos operários da fábrica automóvel GKN, em Florença, Itália, que se uniram a movimentos de justiça climática para exigir uma transição ecológica mais justa e democrática, propondo a criação de uma cooperativa de trabalhadores para produzir e distribuir componentes para veículos elétricos como uma alternativa sustentável à produção de peças destinadas a carros de luxo. O estudo deste e de outros casos de associação entre a classe trabalhadora e o movimento ambientalista poderá ajudar-nos a compreender como e em que condições os trabalhadores estão dispostos a organizar-se em prol da transição ecológica15.

Thais Lemos Ribeiro e Verônica Korber Gonçalves encerram o dossiê com um ensaio dedicado à negociação de créditos de carbono com o povo indígena munduruku no âmbito da aplicação do mecanismo de redução das emissões por perda e degradação das florestas (REDD+), uma iniciativa internacional negociada sob o regime do clima das Nações Unidas. As autoras investigam como este mecanismo interage com considerações de governança local e de justiça, explorando cinco perspetivas analíticas-chave fornecidas pelo Projeto Earth System Governance (uma rede de investigação dedicada ao avanço do conhecimento na interface entre a mudança ambiental global e a governança), nomeadamente «arquitetura e agência», «democracia e poder», «justiça e alocação», «antecipação e imaginação» e «adaptação e reflexão». O estudo de caso acerca dos munduruku revela a complexa interação entre a governança global do clima, os direitos indígenas e a justiça ambiental, ilustrando a necessidade de um quadro REDD+ mais inclusivo, justo e transparente, que considere as diversas visões do mundo e os interesses de todas as partes envolvidas. Ribeiro e Gonçalves contribuem assim para a nossa compreensão das intrincadas relações entre a governança global do clima e os atores no terreno, enfatizando a importância de explorar espaços onde diferentes cosmovisões se encontram, bem como de reconhecer e respeitar, em iniciativas ambientais e outras, os direitos e conhecimentos das comunidades locais16.

Pela sua natureza crítica, os contributos que integram o presente dossiê incitam-nos a pensar (e a investigar) a crise que o planeta enfrenta e a transição ecológica para lá dos limites do paradigma convencional que molda a política mundial. Em especial, desafiam-nos a olhar a crise e as suas possíveis soluções com imaginação e criatividade, sob o ponto de vista dos mais vulneráveis, daqueles que permanecem invisíveis (o não humano, as populações indígenas e outras comunidades locais, a classe trabalhadora, entre outros), rumo à construção de um mundo verdadeiramente mais justo e sustentável para todos os seres - humanos e não humanos - que o habitam. Esta é uma das formas possíveis (e mais desejáveis) de construir a tão necessária perspetiva pós-antropocêntrica das relações internacionais contemporâneas e futuras.

Na época da crise ecológica planetária, mudar é imperativo. Todavia, a mudança necessária jamais se concretizará se não nos permitirmos encontrar e explorar outras perspetivas e possibilidades, ou os vários mundos que coexistem no planeta.

Bibliografia

BELL, Karen - Working-class Environmentalism: An Agenda for a Just and Fair Transition to Sustainability. Cham: Palgrave Macmillan, 2020. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-030-29519-6. [ Links ]

BURKE, Anthony; FISHEL, Stefanie - «Across species and borders: political representation, ecological democracy and the non-human». In PEREIRA, Joana Castro; SARAMAGO, André, eds. - Non-Human Nature in World Politics: Theory and Practice. Cham: Springer, 2020, pp. 33-52. DOI: https://doi. org/10.1007/978-3-030-49496-4_3. [ Links ]

BURKE, Anthony; FISHEL, Stefanie; MITCHELL, Audra; DALBY, Simon; LEVINE, Daniel J. - «Planet politics: a manifesto from the end of IR». In Millennium: Journal of International Studies. Vol. 44, N.º 3, 2016, pp. 499-523. DOI: https://doi.org/10.1177/ 0305829816636674. [ Links ]

CAMPBELL, Ben; CLOKE, Jon; BROWN, Ed - «Low-carbon energy democracy in the Global South?». In FELDPAUSCH-PARKER, Andrea M.; ENDRES, Danielle; PETERSON, Tarla Rai; GOMEZ, Stephanie L., eds. - Routledge Handbook of Energy Democracy. Nova Iorque: Routledge, 2022. DOI: https:// doi.org/10.4324/9780429402302. [ Links ]

CANELAS, Joana; CARVALHO, António - «The dark side of the energy transition: extractivist violence, energy (in)justice and lithium mining in Portugal». In Energy Research & Social Science. Vol. 100, 2023, 103096. DOI: https://doi.org/10.1016/ j. erss.2023.103096. [ Links ]

CHANDLER, David; MÜLLER, Franziska; ROTHE, Delf, eds. - International Relations in the Anthropocene: New Agendas, New Agencies and New Approaches. Cham: Springer , 2021. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-030-53014-3. [ Links ]

CRUTZEN, Paul J.; STOERMER, Eugene F. - «The “Anthropocene”». In Global Change Newsletter. Vol. 41, 2000, pp. 17-18. [ Links ]

EROUKHMANOFF, Clara; HARKER, Matt, eds. - Reflections on the Posthuman in International Relations: The Anthropocene, Security and Ecology. Bristol: E-Interna- tional Relations Publishing, 2017. [ Links ]

FOUGNER, Tore - «Animals and diplomacy: on the prospect for interspecies diplomacy». In International Relations. Vol. 3, N.º 3, 2023, pp. 449-474. DOI: https://doi.org/10. 1177/00471178231191292. [ Links ]

INOUE, Cristina Y. A. - «Worlding the study of global environmental politics in the Anthropocene: indigenous voices from the Amazon». In Global Environmental Politics. 2018 Vol. 18, N.º 4, pp. 25-42. DOI: https://doi. org/10.1162/glep_a_00479. [ Links ]

IPBES - «Summary for policymakers». In The Global Assessment Report on Biodiversity and Ecosystem Services. Bona: IPBES Sec- retariat, 2019. DOI: https://doi.org/10.5281/ zenodo.3553458. [ Links ]

IPCC - «Summary for policymakers». In Climate Change 2022: Impacts, Adaptation, and Vulnerability. Cambridge: Cambridge University Press, 2022. DOI: https://doi. org/10.1017/9781009325844.001. [ Links ]

KURKI, Milja - International Relations in a Relational Universe. Oxford: Oxford University Press, 2020. DOI: https://doi.org/10.1093/oso/9780198850885.001.0001. [ Links ]

LEEP, Matthew - «Introduction to the special issue: multispecies security and person- hood». In Review of International Studies. Vol. 49, N.º 2, 2023, pp. 181-200. DOI: https:// doi.org/10.1017/S0260210522000663. [ Links ]

LÖVBRAND, Eva; BECK, Silke; CHILVERS, Jason; FORSYTH, Tim; HEDRÉN, Johan; HULME, Mike; LIDSKOG, Rolf; VASILEIADOU, Eleftheria - «Who speaks for the future of Earth? How critical social science can extend the conversation on the Anthropocene». In Global Environmental Change. Vol. 32, 2015, pp. 211-218. DOI: https://doi.org/10.1016/j. gloenvcha.2015.03.012. [ Links ]

PEREIRA, Joana Castro - «Towards a politics for the Earth: rethinking IR in the Anthropocene». In CHANDLER, David; MÜLLER, Franziska; ROTHE, Delf, eds. - International Relations in the Anthropocene: New Agendas, New Agencies and New Approaches. Cham: Springer , 2021, pp. 21-37. DOI: https://doi.org/10.1007/978-3-030-53014-3_2. [ Links ]

PEREIRA, Joana Castro - «Ecology». In Thinking World Politics Otherwise. [Oxford]: Oxford University Press. 2023No prelo. [ Links ]

PEREIRA, Joana Castro; GEBARA, Maria Fernanda - «Where the material and the symbolic intertwine: making sense of the Amazon in the Anthropocene». In Review of International Studies. Vol. 49, N.º 2, 2023, pp. 319-338. DOI: https://doi.org/10.1017/ S0260210522000134. [ Links ]

PEREIRA, Joana Castro; RENNER, Judith - «Animals in International Relations: a research agenda». In International Relations. Vol. 37, N.º 3, 2023, pp. 389-397. DOI: https://doi.org/10.1177/00471178231191294. [ Links ]

PEREIRA, Joana Castro; SARAMAGO, André, eds. -Non-Human Nature in World Politics: Theory and Practice . Cham: Springer , 2020. https://doi.org/10.1007/978-3-030-49496-4. [ Links ]

PEREIRA, Joana Castro; TERRENAS, João - «Towards a transformative governance of the Amazon». In Global Policy. Vol. 13, N.º S3, 2022, pp. 60-75. DOI: https://doi.org/10.1111/1758-5899.13163. [ Links ]

QUEREJAZU, Amaya - «Cosmopraxis: relational methods for a pluriversal IR». In Review of International Studies. Vol. 48, N.º 5, 2022, pp. 875-890. DOI: https://doi.org/10. 1017/S0260210521000450. [ Links ]

STEFFEN, Will; PERSSON, Åsa; DEUTSCH, Lisa; ZALASIEWICZ, Jan; WILLIAMS, Mark; RICHARDSON, Katherine; CRUMLEY, Car- ole; CRUTZEN, Paul; FOLKE, Carl; GOR- DON, Line; MOLINA, Mario; RAMANATHAN, Veerabhadran; ROCKSTRÖM, Johan; SCHEFFER, Marten; SCHELLNHUBER, Hans Joachim; SVEDIN, Uno - «The Anthropocene: from global change to planetary stewardship». In Ambio. 2011 Vol. 40, N.º 7, pp. 739-761. DOI: https://doi. org/10.1007/s13280-011-0185-x. [ Links ]

Notas

1 IPBES - «Summary for policymakers». In The Global Assessment Report on Biodiversity and Ecosystem Services. Bona: IPBES Secretariat, 2019 IPCC - «Summary for policymakers». In Climate Change 2022: Impacts, Adaptation, and Vulnerability. Cambridge: Cambridge University Press, 2022.

2PEREIRA, Joana Castro - «Towards a politics for the Earth: rethinking IR in the Anthropocene». In CHANDLER, David; MÜLLER, Franziska; ROTHE, Delf, eds. - International Relations in the Anthropocene: New Agendas, New Agencies and New Approaches. Cham: Springer, 2021, pp. 21-37.

3 PEREIRA, Joana Castro - «Ecology». In Thinking World Politics Otherwise. [Oxford]: Oxford University Press. No prelo.

4Veja-se, por exemplo, BURKE, Anthony, et al. - «Planet politics: a manifesto from the end of IR». In Millennium: Journal of International Studies. Vol. 44, N.º 3, 2016, pp. 499-523; CHANDLER, David; MÜLLER, Franziska; ROTHE, Delf, eds. - International Relations in the Anthropocene: New Agen- das, New Agencies and New Approaches. Cham: Springer, 2021; EROUKHMANOFF, Clara; HARKER, Matt, eds. - Reflections on the Posthuman in International Relations: The Anthropocene, Security and Ecology. Bristol: E-International Relations Publishing, 2017; KURKI, Milja - International Relations in a Relational Universe. Oxford: Oxford University Press, 2020; LEEP, Matthew - «Introduction to the special issue: multispecies security and personhood». In Review of International Studies. Vol. 49, N.º 2, 2023, pp. 181-200; PEREIRA, Joana Castro; RENNER, Judith - «Animals in International Relations: a research agenda». In International Relations. Vol. 37, N.º 3, 2023, pp. 389-397; PEREIRA, Joana Castro; SARAMAGO, André, eds. - Non-Human Nature in World Politics: Theory and Practice. Cham: Springer, 2020; PEREIRA, Joana Castro; TERRENAS, João - «Towards a transformative governance of the Amazon». In Global Policy. Vol. 13, N.º S3, 2022, pp. 60-75.

5STEFFEN, Will, et al. - «The Anthropocene: from global change to planetary stewardship». In Ambio. Vol. 40, N.º 7, pp. 739-761.

6CRUTZEN, Paul J.; STOERMER, Eugene F. - «The “Anthropocene”». In Global Change Newsletter. Vol. 41, 2000, pp. 17-18.

7PEREIRA, Joana Castro; SARAMAGO, André - Non-Human Nature in World Politics….

8BURKE, Anthony; FISHEL, Stefanie - «Across species and borders: political representation, ecological democracy and the non-human». In PEREIRA, Joana Castro; SARAMAGO, André, eds. - Non-Human Nature in World Politics…, pp. 33-52.

9FOUGNER, Tore - «Animals and diplomacy: on the prospect for interspecies diplomacy». In International Relations. Vol. 3, N.º 3, 2023, pp. 449-474.

10PEREIRA, Joana Castro; GEBARA, Maria Fernanda - «Where the material and the symbolic intertwine: making sense of the Amazon in the Anthropocene». In Review of International Studies. Vol. 49, N.º 2, 2023, pp. 319-338.

11CANELAS, Joana; CARVALHO, António - «The dark side of the energy transition: extractivist violence, energy (in)justice and lithium mining in Portugal». In Energy Research & Social Science. Vol. 100, 2023, 103096.

12LÖVBRAND, Eva, et al. - «Who speaks for the future of Earth? How critical social science can extend the conversation on the Anthropocene». In Global Environmental Change. Vol. 32, 2015, pp. 211-218.

13QUEREJAZU, Amaya - «Cosmopraxis: relational methods for a pluriversal IR». In Review of International Studies. Vol. 48, N.º 5, 2022, pp. 875-890.

14CAMPBELL, Ben; CLOKE, Jon; BROWN, Ed - «Low-carbon energy democracy in the Global South?». In FELDPAUSCH- PARKER, Andrea M.; ENDRES, Danielle; PETERSON, Tarla Rai; GOMEZ, Stephanie L., eds. - Routledge Handbook of Energy Democracy. Nova Iorque: Routledge, 2022.

15BELL, Karen - Working-class Environmentalism: An Agenda for a Just and Fair Transition to Sustainability. Cham: Palgrave Macmillan, 2020.

16INOUE, Cristina Y. A. - «Worlding the study of global environmental politics in the Anthropocene: indigenous voices from the Amazon». In Global Environmental Politics. Vol. 18, N.º 4, pp. 25-42; PEREIRA, Joana Castro; GEBARA, Maria Fernanda - «Where the material and the symbolic intertwine…».

Joana Castro Pereira Investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-NOVA). Professora auxiliar na Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP). Membro do Instituto Planet Politics. É autora de vários capítulos de livros e de mais de uma dezena de artigos publicados em revistas internacionais indexadas com fator de impacto. O seu livro em coautoria com Eduardo Viola, Climate Change and Biodiversity Governance in the Amazon (Routledge, 2022), foi nomeado para o Susan Strange Best Book Prize 2022, atribuído pela British International Studies Association (BISA).

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons