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Relações Internacionais (R:I)

versão impressa ISSN 1645-9199

Relações Internacionais  no.77 Lisboa mar. 2023  Epub 31-Mar-2023

https://doi.org/10.23906/ri2023.77a05 

A Guerra da Rússia na Ucrânia: o primeiro balanço

A política externa russa um ano depois. Narrativas múltiplas e as suas implicações

The Russian foreign policy one year later: multiple narratives and its consequences

Maria Raquel Freire1  1

1 FEUC, Av. Dias da Silva, 165, 3004-512 Coimbra, Portugal | rfreire@fe.uc.pt


Resumo

Este artigo visa analisar as múltiplas narrativas que vêm informando as políticas de Moscovo, em particular desde a invasão injustificada da Ucrânia pela Rússia, no dia 24 de fevereiro de 2022. Esta análise aborda linhas de continuidade e de mudança na política externa russa, incluindo vários discursos de Putin ao longo deste último ano de guerra, em diálogo com as narrativas dominantes que os acompanham, de forma a clarificar ações e opções. O artigo conclui que a política externa russa de Putin em 2022 revela uma procura clara de continuidades discursivas, mas acaba por evidenciar não só descontínuos, como incoerências que limitam a sua credibilidade.

Palavras-chave: política externa russa; guerra na Ucrânia; Putin; análise de discurso

Abstract

This article aims to analyse the multiple narratives that have been informing Moscow’s policies, since Russia’s unwarranted invasion of Ukraine on 24 February 2022. This analysis addresses lines of continuity and change in Russian foreign policy, including several of Putin’s speeches over this past year of war, in dialogue with the dominant narratives that accompany them, in order to clarify actions and options. The article concludes that Putin’s Russian foreign policy in 2022 reveals a clear search for discursive continuities, but ultimately highlights not only discontinuities but also inconsistencies that limit its credibility.

Keywords: Russian foreign policy; war in Ukraine; Putin; discourse analysis

Este artigo visa analisar as múltiplas narrativas que vêm informando as políticas de Moscovo, em particular desde a invasão injustificada da Ucrânia pela Rússia, no dia 24 de fevereiro de 2022. As várias linhas de (des)continuidade mostram como alguns pilares centrais da política externa russa desde que Vladimir Putin assumiu a presidência em 2000 permanecem, mas novos elementos têm sido adicionados, donde o revisionismo militar e a narrativa de confrontação com base em lógicas de sobrevivência e civilizacionais se tornaram centrais. As incoerências nas narrativas são evidentes nas práticas discursivas e nas políticas do quotidiano. Esta análise aborda, assim, linhas de continuidade e mudança na política externa russa, incluindo vários discursos de Putin ao longo deste último ano de guerra, em diálogo com as narrativas dominantes que os acompanham, de forma a clarificar ações e opções. O artigo conclui que a política externa russa de Putin no último ano revela uma procura clara de continuidades discursivas, mas acaba por evidenciar não só descontínuos como incoerências que limitam a sua credibilidade.

Lógicas de continuidade e dissonância na política externa russa

Com Vladimir Putin na presidência, a política externa russa assumiu uma agenda de afirmação da Rússia como grande potência e o reconhecimento internacional deste estatuto. Desde cedo, esta tornou-se uma prioridade que vem acompanhando as decisões e ações de política externa de Moscovo2. Nos documentos oficiais relevantes a política externa é formulada em termos geográficos, com a Rússia a assumir-se como uma potência com interesses bem definidos no espaço da Comunidade de Estados Independentes (CEI), entidade que é estabelecida após a desagregação da União Soviética e que vai incluir 12 das 15 repúblicas sucessoras. A identidade «única» russa, nem ocidental nem asiática3, significa exatamente a relevância dos equilíbrios entre a dimensão ocidental e a dimensão asiática da política externa, agora bem desequilibrados. Nesta lógica de círculos concêntricos geográficos seguem-se o Médio Oriente, a África e a América Latina, que de modo simplificado desenhavam o mapa de prioridades da política externa russa. Contudo, esta geografia foi profundamente alterada, logo no início da guerra na Ucrânia em 2014, mas absolutamente fraturada como resultado da escalada de violência com a invasão russa da Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022. Um ano volvido, fica evidente o contínuo na prioridade do espaço CEI na agenda de influência russa, mas numa versão mais agressiva e militarizada das suas políticas relativamente ao estatuto e agência destes Estados. De facto, no artigo que Putin publica no verão de 2021 a reinterpretação histórica do espaço CEI é clara. Nas suas palavras, não são Estados nem têm agência, são entidades que fazem parte da «mãe Rússia»4.

Este entendimento faz-nos regressar às declarações de Putin sobre o fim da União Soviética como a maior catástrofe geopolítica do século XX, com um impacto dramático na população e nas possibilidades de fragmentação interna5. Contudo, não deve ser isto lido como um desejo de reconstrução da velha União Soviética. De facto, Putin tem sido crítico das políticas de Lenine, como tendo contribuído para o desenho de uma União que permitia dinâmicas de secessão, potencialmente levando a um cenário de fragmentação, como veio a acontecer com a desagregação da União Soviética. No discurso que Putin faz no dia 24 de fevereiro de 2022, volta a sublinhar o seu entendimento do quadro político avançado por Lenine. Putin argumenta que «[q]uando se trata do destino histórico da Rússia e dos seus povos, os princípios de desenvolvimento do Estado de Lenine não foram apenas um erro; foram piores que um erro»6. E volta a reafirmar em final de setembro de 2022, que a União Soviética já não existe, e não podemos regressar ao passado. Mas adiciona o seu entendimento do que concebe como a «determinação [dos povos] para retornar à sua verdadeira pátria histórica»7, enfatizando a dimensão de proteção que a Rússia projeta através das suas políticas de «libertação» e «integração territorial» face a regimes opressores manipulados por entidades externas.

O projeto de Vladimir Putin é, assim, inspirado na grandiosidade do Império Russo. A famosa frase de Catarina II - «não tenho forma de defender as fronteiras a não ser estendê-las» -, ou a comparação que Putin faz a Pedro, o Grande, afirmando que alguns entenderam que na guerra com a Suécia se lhe retirou algo, mas que este entendimento é desvirtuado pois nada foi retirado, o que aconteceu foi a devolução à Rússia do que era da Rússia8, evidenciam o curso de ação escolhido de expansão territorial. O que Putin pretende é controlar efetivamente um espaço que redefiniu como historicamente pertencente à grande Rússia, e que a esta deve retornar. O dia 24 de fevereiro de 2022 demonstrou que Putin pretende criar uma nova versão do Império Russo assente nas suas interpretações da história e nos conceitos atualizados de esferas de influência, divisão este-oeste, oposição entre «nós e os outros»9, promovendo uma política externa de rutura com o Ocidente, entendido genericamente como a União Europeia (UE), os Estados Unidos e seus aliados, e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla inglesa). A narrativa do «outro-como-inimigo» regressou adensada pela perceção de ameaça que esta geografia representa, com base no pressuposto de que as ameaças existenciais que a Rússia enfrenta não podem ser contidas de outra forma que não pela expansão e controlo territoriais. As implicações internas desta evolução na narrativa face ao Ocidente são fundamentais no exercício de legitimação das escolhas de Putin. A invasão da Ucrânia representa quer o objetivo de expansão territorial quer os receios implicados nos desafios da democratização no espaço CEI, com a Geórgia, a Moldávia e a Ucrânia a assumirem a liderança deste movimento, expressa nas candidaturas dos três Estados de adesão à UE, com o estatuto de país candidato a ser conferido à Moldávia e à Ucrânia em junho de 202210. Nas palavras de McFaul, «o que Putin mais teme é a ameaça que a democracia representa para o seu regime»11. Esta interligação entre o doméstico e o externo assume-se como um contínuo na política externa russa, com as narrativas a cumprirem um duplo exercício de legitimação «para dentro» e «para fora».

É este contexto que informa as representações que a narrativa russa evoca em relação à Ucrânia. As narrativas referem o reconhecimento da sua soberania, mas também a negação da mesma; a «irmandade» que une as duas nações, mas também a «violência» que as separa; que não é objetivo da «operação militar especial» ocupar território ucraniano, contudo os referendos em Donetsk e Lugansk e nas regiões de Zaporíjia e Kherson levaram à anexação destes territórios pela Federação Russa. As contradições discursivas de construção da ameaça e justificação para a invasão russa são muitas. Mas para Putin a coerência é clara na ameaça existencial que um governo «fantoche» de orientação nazi, apoiado pelo Ocidente, representa para a Rússia. E de que a operação de libertação da Ucrânia responde a um pedido explícito de ajuda destas entidades oprimidas e a crimes de genocídio cometidos pelas autoridades ucranianas.

Todos estes processos são parte de reinterpretações históricas e políticas traduzidas em narrativas muitas vezes incoerentes, que o Kremlin procura legitimar. Trazem visões da Rússia como grande potência, incluindo: a redefinição de leituras sobre o passado e como estas são recuperadas no presente; a defesa do «Mundo Russo» (Russky Mir) contra violações de direitos e liberdades de populações russas fora do território russo, além dos princípios civilizacionais que orientam as ações de Moscovo contra o «Ocidente decadente»; a exclusão de processos de integração e definição da arquitetura de segurança europeia, incluindo o entendimento da NATO como o «inimigo» que representa uma ameaça existencial; a grande guerra patriótica, as celebrações associadas à evocação da vitória histórica e a consequente identificação de nazismo como o mal absoluto, que integra a narrativa da «desnazificação» da Ucrânia, e naturalmente, a forma como esta é reproduzida discursivamente na justificação da invasão. A narrativa da vitória na «Grande Guerra Patriótica» é certamente simbólica da forma como o regime nazi é entendido no imaginário russo e apropriada como justificação para esta guerra de «desnazificação» da Ucrânia. Estes são alguns dos elementos analisados na secção seguinte, partindo das narrativas oficiais e olhando as práticas e implicações desta guerra.

Construção e manipulação de narrativas nos discursos de Putin desde 24 de fevereiro de 2022

Segundo Putin,

«[a] verdadeira soberania da Ucrânia só é possível em parceria com a Rússia. […] [S]omos um só povo[12]. [A Ucrânia] é uma parte inalienável da nossa própria história, cultura e espaço espiritual. […] [O] regime agressivo e nacionalista que tomou o poder em Kiev permanece inalterado. É inteiramente produto do golpe de 2014, e aqueles que então embarcaram na via da violência, derramamento de sangue e ilegalidade não reconheceram então e não reconhecem agora nenhuma solução para a questão do Donbas que não seja militar»13.

Esta narrativa que informa a invasão da Ucrânia e as ações políticas que lhe sucedem, como o reconhecimento da independência de Donetsk e Lugansk e mais tarde a anexação destas e de mais duas regiões - Zaporíjia e Kherson -, são acompanhadas da descrição de um regime hostil em Kiev, que é subserviente ao Ocidente e manobrado em particular pelos Estados Unidos, que da sua posição hegemónica, controlam a NATO. O revisionismo militarizado revela a política de expansão territorial como forma de defesa (face à ameaça existencial), proteção (face a regimes opressores, fascistas e controlados por forças externas), e também de afirmação como grande potência (com capacidade de prosseguir os seus objetivos, usando a força sempre que necessário). Isto não significa, contudo, que o curso desta guerra valide as opções políticas de Putin. O último ano revelou vários desaires no terreno, e trouxe um conjunto de implicações não intencionais com consequências claras. A Rússia, que através das suas ações pretendia a sua inclusão na ordem de segurança europeia, autoexcluiu-se do mundo ocidental. O seu objetivo de enfraquecimento da NATO resultou no robustecimento da presença militar da Aliança Atlântica no flanco leste da organização e no seu futuro alargamento a dois novos Estados, nomeadamente a Finlândia e a Suécia. A UE tomou como resposta uma ação mais expedita e expressiva de unidade, apesar dos diferenciais conhecidos entre os 27 Estados-Membros, traduzida nos vários pacotes de sanções já acordados. Os Estados Unidos regressaram à Europa e os laços transatlânticos foram claramente reforçados. A Rússia tornou-se a maior ameaça à segurança europeia.

Na narrativa, a Ucrânia surge, então, como um meio e um fim. Um fim, no objetivo russo de controlo do território ucraniano suprimindo o exercício da sua soberania, e um meio, porque envolve uma leitura mais alargada da insegurança europeia e da ordem internacional hegemónica, que Putin personifica nos Estados Unidos e seus aliados, e na NATO-inimiga. Como vimos, a questão é enquadrada como uma «ameaça existencial» e dessa forma procura legitimar as suas respostas agressivas, militarizadas e em violação da soberania do Estado ucraniano. Mas a narrativa de proteção e libertação esbarra também com a violência no terreno e a destruição massiva de infraestruturas civis, além de mais uma vez implicar a violação do regime de fronteiras na Europa. Putin argumenta que a «operação militar especial» iniciada no dia 24 de fevereiro de 2022 visa repor a legitimidade do Governo de Kiev e forçar a NATO e os Estados Unidos, em particular, a retroceder nas suas políticas agressivas. Nas suas palavras:

«Qualquer expansão adicional da infraestrutura da aliança do Atlântico Norte ou os esforços em curso para obter uma posição militar no território ucraniano são inaceitáveis para nós. Claro, a questão não é sobre a própria NATO, que serve apenas como uma ferramenta da política externa dos Estados Unidos. O problema é que nos territórios adjacentes à Rússia, que devo observar como a nossa terra histórica, está-se a formar uma força hostil “anti-Rússia”. […] Para os Estados Unidos e os seus aliados é uma política de contenção da Rússia, com óbvios dividendos geopolíticos. Para o nosso país, é uma questão de vida ou morte […]».14

Moscovo acusa os Estados Unidos de usarem a NATO como instrumento de expansão da sua influência na Europa, mas é importante relembrar que as relações com a NATO não são um contínuo de acusações e insegurança15. Na realidade, há todo um processo colaborativo que se desenvolve e Putin chega mesmo a considerar a possibilidade de a Rússia vir a ser um potencial membro da NATO no início dos anos 2000: «Porque não? Porque não… Não descarto tal possibilidade.»16 A NATO tem sido uma fonte variável e não constante de tensão entre a Rússia e o Ocidente: Moscovo reconheceu no passado o direito de a Ucrânia aderir à NATO, comentando que não deve interferir nas decisões soberanas do país; após os ataques terroristas de 11 de Setembro, permitiu o uso de bases militares no Quirguistão e Uzbequistão para apoiar as ações da NATO no Afeganistão17; no quadro do Conselho NATO -Rússia participou em reuniões e teve uma missão militar permanente em Bruxelas, entre muitos outros exemplos. A narrativa russa tornou-se linear e circunscrita na crítica que faz ao Ocidente, destacando-se o exercício de culpabilização que tem permeado a política externa russa e procura inverter responsabilidades: «Foram eles que começaram a guerra. E estamos agora a usar a força para a terminar.»18

No discurso sobre o Estado da Nação no dia 21 de fevereiro de 2023, Putin repete todos estes argumentos, acrescentando de forma mais explícita a dimensão civilizacional à narrativa, referindo que «[p]rotegeremos os nossos filhos da degradação e da degeneração», culpa de forma veemente o Ocidente por esta guerra, que pretende uma «derrota estratégica da Rússia», e suspende a sua participação no tratado de controlo de armamento New START19. O último pilar do regime de controlo de armamentos na Europa foi assim quebrado, numa afirmação de força por parte de Moscovo. No último ano, a política externa russa tornou-se mais agressiva no revisionismo militar de expansão territorial que assumiu, sublinhando uma postura de rutura com o Ocidente e de aproximação a outras geografias na Ásia, em África e na América Latina. O balanço ainda não é claro, mas as consequências destes novos alinhamentos são múltiplas em termos políticos, económicos, societais, de segurança e outros, e levantam questões de credibilidade das políticas e narrativas russas.

Notas conclusivas

Da análise das narrativas de política externa ao longo do último ano, fica clara a dimensão civilizacional que opõe a Rússia libertadora ao Ocidente decadente, a formulação do «Mundo Russo» numa lógica de influência em formatos diferenciados e a reinterpretação da história que a acompanha. Estes são eixos estruturantes da nova política externa russa, que mantém na essência o objetivo de afirmação e reconhecimento do estatuto de grande potência, mas cujo invólucro assumiu uma narrativa diferenciada de legitimação de um curso revisionista agressivo. Este implicou uma alteração na geografia da política externa, em que a cisão com o Ocidente levou a Rússia a reforçar ligações com o Sul Global, de que as recentes viagens de Lavrov por África são um exemplo claro20.

Torna-se ainda evidente o peso da dimensão interna na forma como os objetivos são definidos e os entendimentos de ameaça formulados. A ameaça existencial que a Aliança Atlântica representa para a Rússia, a forma como o Ocidente a exclui do processo de construção da arquitetura de segurança europeia pós-Guerra Fria e a perpetuação da hegemonia dos Estados Unidos num sistema internacional desigual servem a narrativa doméstica, na procura de legitimação das decisões tomadas21. A isto se refere Trenin, sublinhando que «[e]m última análise, o principal campo da batalha em curso está localizado dentro do país […] [devemos] começar por nós mesmos, com a consciência de quem somos, de onde viemos e pelo que lutamos, com base nos nossos valores e interesses»22.

A mobilização e apoio interno ao regime é fundamental para Putin, bem como a projeção de poder externa, donde as narrativas históricas assumem um papel de agregação de visões e vontades ao serviço do Kremlin.

Bibliografia

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Notas

1 A presente publicação resulta de trabalho desenvolvido com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, ao abrigo do Financiamento Plurianual de Unidade I&D (UIDP/50012/2020).

2 FREIRE, Maria Raquel - «The quest for status: how the interplay of power, ideas, and regime security shapes Russia’s policy in the post-Soviet space». In International Politics. N.º 56, 2019, pp. 795--809; GÖTZ, Elias; STAUN, Jørgen - «Why Russia attacked Ukraine: strategic culture and radicalized narratives». In Contemporary Security Policy. Vol. 43, N.º 3, 2022, pp. 482-497.

3 TRENIN, Dmitri - «Russia’s changing identity: in search of a role in the 21st century». Carnegie Endowment for International Peace. 2019. Consultado em: 20 de fevereiro de 2023. Disponível em: https://carnegiemoscow.org/commentary/79521.

4PUTIN, Vladimir - «On the historical unity of Russians and Ukrainians». President of Russia official website. 12 de julho de 2021. Consultado em: 20 de fevereiro de 2023. Disponível em: http://en.kremlin.ru/events/president/news/66181.

5«ANNUAL ADDRESS to the Federal Assembly of the Russian Federation». President of Russia official website. 25 de abril de 2005. Consultado em: 20 de fevereiro de 2023. Disponível em: http://www.en.kremlin.ru/events/president/transcripts/22931.

6«ADDRESS BY THE PRESIDENT of the Russian Federation». President of Russia official website. 24 de fevereiro de 2022. Consultado em: 20 de fevereiro de 2023. Disponível em: http://en.kremlin.ru/events/president/news/67843. Salvo indicação em contrário, todas as citações são traduções livres da autora.

7«SIGNING OF TREATIES on accession of Donetsk and Lugansk people’s republics and Zaporozhye and Kherson regions to Russia». President of Russia official website. 30 de setembro de 2022. Consultado em: 20 de fevereiro de 2023. Disponível em: http://en.kremlin.ru/events/president/news/69465.

8«PUTIN COMPARES HIMSELF to Peter the Great in quest to take back Russian lands». In The Guardian. 10 de junho de 2022. Consultado em: 20 de fevereiro de 2023. Disponível em: https://www.theguardian.com/world/2022/jun/10/putin-compares-himself-to-peter-the-great-in-quest-to-take-back-russian-lands.

9 HILL, Fiona; STENT, Angela - «The Kremlin’s grand delusions. What the war in Ukraine has revealed about Putin’s regime». In Foreign Affairs. 15 de fevereiro de 2023. Consultado em: 20 de fevereiro de 2023. Disponível em: https://www.foreignaffairs.com/ukraine/kremlins-grand-delusions.

10 EUROPEAN COUNCIL - «European Council conclusions on Ukraine, the membership applications of Ukraine, the Republic of Moldova and Georgia, Western Balkans and external relations. Press Release». 23 de junho de 2022. Consultado em: 20 de fevereiro de 2023. Disponível em: https://www.consilium.europa.eu/en/press/press-releases/2022/06/23/european-council-conclusions-on-ukraine-the-membership-applications-of-ukraine-the-republic-of-moldova-and-georgia-western-balkans-and-external-relations-23-june-2022/.

11MCFAUL, Michael - «Are Russians imperialists?». In Demokratizatsiya: The Journal of Post-Soviet Democratization. Vol. 30, N.º 4, 2022, pp. 421-432.

12PUTIN, Vladimir - «On the historical unity of Russians and Ukrainians».

13«ADDRESS BY THE PRESIDENT of the Russian Federation». President of Russia official website. 21 de fevereiro de 2022. Consultado em: 20 de fevereiro de 2023. Disponível em: http://en.kremlin.ru/events/president/news/67828.

14«ADDRESS BY THE PRESIDENT of the Russian Federation». 24 de fevereiro de 2022.

15Ibidem.

16 PERSON, Robert; MCFAUL, Michael - «What Putin fears most?». In Journal of Democracy. Vol. 33, N.º 2, 2022, pp. 18-27.

17Ibidem.

18«ADDRESS BY THE PRESIDENT of the Russian Federation». 21 de fevereiro de 2022.

19Ibidem.

20«SIGNING OF TREATIES on accession of Donetsk and Lugansk people’s republics…». Ver, por exemplo, DUURSMA, A.; MASUHR, N. - «Russia’s return to Africa in a historical and global context: anti-imperialism, patronage, and opportunism». In South African Journal of International Affairs. Vol. 29, N.º 4, 2022, pp. 408 e 419.

21Ver, neste contexto, VERPOEST, Lien - «From defiance to civilizationalism. The securitization of humiliation in Russia». In Journal of Applied History. N.º 4, 2022, pp. 85-101.

22Dmitri Trenin citado em WILDE, Gavin; SHERMAN, Justin - «No water’s edge: Russia’s information war and regime security». Carnegie Endowment for International Peace Working Paper. 2021. Consultado em: 21 de fevereiro de 2023. Disponível em: https://carnegieendowment.org/2023/01/04/no-water-s-edge-russia-s-information-war-and-regime-security-pub-88644.

Recebido: 30 de Janeiro de 2023; Aceito: 23 de Fevereiro de 2023

Maria Raquel Freire Investigadora no Centro de Estudos Sociais (CES). Professora catedrática de Relações Internacionais na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.

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