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Psicologia, Saúde & Doenças

Print version ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.24 no.3 Lisboa Dec. 2023  Epub Dec 31, 2023

https://doi.org/10.15309/23psd240327 

Artigo

A complexidade da violência no namoro na fase da adolescência

The complexity of dating violence in the adolescent stage

1Pesquisador autônomo, Petrolina, Pernambuco, Brasil.

2Departamento de Saúde, Universidade de Pernambuco, Petrolina, Pernambuco, Brasil.

3Departamento de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil.

4Departamento de Ciências Farmacêuticas, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Inovação Terapêutica, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco, Brasil.

5Departamento de Saúde, Universidade Federal do Vale do São Francisco, Petrolina, Pernambuco, Brasil.


Resumo

Analisar a vivência de situações de violência no namoro na fase da adolescência. Pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo pesquisa social estratégica, realizada com 31 adolescentes de 14 a 19 anos, entrevistados de forma remota, com roteiro semi-estruturado, no período de novembro de 2020 a março de 2021. A análise dos dados foi fundamentada nos princípios dialógico, recurso organizacional e hologramático do Paradigma Complexo. Os participantes compreendem o que se configura como violência, elencando suas principais formas de manifestação. No entanto, mostram dificuldades em reconhecer as situações de abuso vivenciadas no relacionamento como atos violentos, muitas vezes naturalizando as agressões e legitimando as ações de dominação vivenciadas cotidianamente. Evidencia-se a importância do reconhecimento de situações vivenciadas nas rotinas das relações afetivas que possam se configurar como violência, de forma a se conscientizar sobre a não naturalização dos abusos e agressões dentro dessas relações, mesmo que verbais, principalmente na fase da adolescência.

Palavras-Chave: Violência; Violência por parceiro íntimo; Adolescente

Abstract

Analyze the experience of situations of dating violence during adolescence. Qualitative approach research, of the strategic social research type, carried out with 31 teenagers aged 14 to 19, interviewed remotely, with a semi-structured script, from November 2020 to March 2021. Data analysis was based on dialogic principles, organizational and hologramatic resource of the Complex Paradigm. Participants understand what constitutes violence, listing its main forms of manifestation. However, they show difficulties in recognizing situations of abuse experienced in the relationship as violent acts, often naturalizing aggression and legitimizing the actions of domination experienced on a daily basis. The importance of recognizing situations experienced in the routines of emotional relationships that can be configured as violence is highlighted, in order to raise awareness about the non-naturalization of abuse and aggression within these relationships, even if verbal, especially during adolescence.

Keywords: Violence; Intimate partner violence; Adolescent

A violência por parceiros íntimos se configura atualmente como um dos principais problemas de saúde pública. A mesma é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como atos de dominação, controle, imposição e agressão contra o parceiro (a) (OMS, 2012). Suas principais formas de manifestação são agressões: psicológicas, físicas, sexual, patrimonial e moral (Souza et al., 2022; Taquette & Monteiro, 2019).

A dominação entre casais pode ocorrer de forma interconectada, com reciprocidade de papéis de vítima e agressor, além de apresentar mais de uma representação ao mesmo tempo (Souza et al., 2022; Taquette & Monteiro, 2019). Considerando os efeitos deletérios que a realidade da violência submete casais adultos, ações devem ser realizadas a fim de compreender e intervir na ocorrência de tais eventos (Souza et al., 2022).

Considerando que a adolescência caracteriza-se pela maturação de caracteres sexuais, estruturação de senso crítico e de responsabilidade, e corresponde ao início dos primeiros laços afetivos, intervir em tal grupo é compreender vivências familiares, padrões culturais seguidos e relações entre pares, de forma que se observe a importância desses fatores para a identificação e desencadeamento de violência no namoro nessa fase da vida (Carrascosa et al., 2019).

As ações agressivas podem ser aprendidas e naturalizadas a partir de vivências de violência na infância, seja essa experiência como vítima, agressor ou telespectador (Melo et al., 2022). A literatura aponta que presenciar agressões entre pais e irmãos, contribui significativamente na construção do conceito e aumenta o risco para vivência de situações de vulnerabilidade, depressão, estresse pós-traumático e uso de drogas ao longo da vida (Carrascosa et al., 2019).

Um fato intrínseco a ocorrência de atos abusivos em relacionamentos íntimos afetivo é sua manifestação de maneira simbólica, facilmente confundida por atos de cuidado e carinho. Permeia-se através de origens históricas e culturais, independente de gênero, orientação sexual, raça, status social ou durabilidade (Carrascosa et al., 2019).

Todavia, reconhece-se que, conforme aumenta o tempo de relacionamento, tipos de violência podem ser perpetuadas, e ambos parceiros passam a desempenhar papéis de perpetração e vitimização (bidirecionalidade) diferentes. Um dos principais fatos que interfere no reconhecimento e enfrentamento da violência no namoro para com o público adolescente consiste na replicação e naturalização de ações de estereotipação de gênero aprendidas (Cecchetto et al., 2016).

Dessa forma, observa-se que a violência é um fenômeno multifacetado nas relações pré-maritais e que repercute de forma danosa na vida de todos os envolvidos, merecendo ser cada vez mais estudada em nome de uma maior elucidação e prevenção da mesma (Souza et al., 2022; Taquette & Monteiro, 2019). Com isso esse estudo partiu do seguinte questionamento: Assim, objetivou-se analisar a vivência de situações de violência no namoro na fase da adolescência.

Nesse contexto, esse estudo partiu do seguinte questionamento: os adolescentes vivenciam e reconhecem vivenciar situações de violência nas suas relações de namoro? Seu objetivo foi analisar a vivência de situações de violência no namoro na fase da adolescência. Para tanto, o posicionamento epistemológico fundamenta-se no Paradigma da Complexidade, o qual nega a oposição entre complexidade e simplicidade, e entende como complexo aquilo que é “tecido junto” e é, de fato, o tecido de ações, acasos, acontecimentos, determinações, interações e retroações, que formam nosso mundo fenomênico (Morin, 2007; Pádua, 2015). Assim, ao considerar as contradições e imprevisibilidades, o Pensamento Complexo viabiliza uma visão multidimensional e compreende a vivência de violência nas relações de namoro na adolescência numa interação e interdependência de seus elementos, possibilitando um olhar ampliado e maior grau de compreensão e conhecimento.

Método

Desenho do estudo

Trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo pesquisa social estratégica, à medida que visa compreender os sujeitos em seus próprios contextos onde se desenvolvem os fenômenos sociais e os aspectos subjetivos da ação social (Morin, 2007).

Os princípios do Pensamento Complexo que fundamentaram a construção deste trabalho são o Dialógico, o Recurso Organizacional e o Hologramático. O princípio Dialógico reivindica a conjugação e associação de elementos contraditórios na análise de um determinado fenômeno, relacionando-os ao mesmo tempo como complementares e antagônicos, produzindo reorganização e complexidade (Morin, 2007 & Pádua, 2015).

O princípio do recurso organizacional concebe, diferentemente da relação causa-efeito, o processo não linear nas relações causais, que evidência os produtos e os efeitos como causas e produtores daquilo que os produziu, ou seja, o indivíduo é produto e produtor dos processos interacionais (Morin, 2007). O Hologramático preconiza que o estudo de um fenômeno deve proporcionar a distinção entre as partes e a constatação do todo, incorporando essas partes, sem que estas se dissolvam e percam suas diferenças (Morin, 2007 & Pádua, 2015).

Participantes

A pesquisa foi realizada com 31 adolescentes com idade de 14 a 19 anos, estudantes de escola pública, local onde foi feito o recrutamento dos participantes. Como critério de elegibilidade, elegeu-se os adolescentes que já tivessem vivenciado um relacionamento afetivo (namoro, fica, noivado, casamento).

Procedimento

A pesquisa foi realizada de forma remota no período de janeiro a março de 2021, por meio de ligações de vídeo através de plataformas digitais de comunicação, sendo os adolescentes recrutados pela técnica snowball, onde os primeiros participantes indicam os demais e assim sucessivamente até a saturação de informações (Vinuto, 2014). Todos os adolescentes participantes residiam no sertão pernambucano, na região do Vale de São Francisco. A coleta dos dados se deu por meio de entrevistas individuais, do tipo semi-estruturada, com um roteiro de perguntas previamente estruturado e adequando-se ao objetivo da pesquisa, bem como perguntas de cunho sociodemográfico.

Para manter anonimato dos participantes, adotou-se a codificação E1 a E31, de acordo com a ordem com que as entrevistas foram realizadas. As gravações junto aos participantes foram autorizadas, sob garantia de anonimato, e posteriormente transcritas na íntegra. Os dados obtidos apresentaram redundância e repetição após a 31ª entrevista, o que levou a finalização e não inclusão de novos participantes no estudo.

O presente estudo seguiu todos os aspectos de pesquisa com seres humanos, tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos da Universidade Federal do Vale do São Francisco, sob o número do parecer 3.740.037 e CAAE 19686519.1.0000.5196.

Análise de Dados

A conjugação desses métodos de construção dos dados, sua análise e posterior interpretação guiou-se pelo Paradigma da Complexidade (Morin, 2007). O Paradigma da Complexidade emergiu em busca da compreensão dos fenômenos complexos e consideram as contradições, a instabilidade, a imprevisibilidade e a incontrolabilidade dos fenômenos, entendendo-os em constante transformação, sempre em processo de devir e de tornar a ser, dialeticamente, desse modo, viabiliza a abordagem multidimensional, transdisciplinar, dinâmica e contextual da realidade (Morin, 2012).

Os dados foram analisados mediante o Paradigma da Complexidade, seguindo-se o roteiro com três fases (Pádua, 2015): I. Classificação e organização das informações coletadas para obter um olhar do conjunto da pesquisa e a visão de questões específicas conexas à totalidade do pesquisado. Os relatos foram transcritos na íntegra, elencando-se os pontos mais citados, mais relevantes, e específicos ao fenômeno em estudo; II. Organização de quadros referenciais com os significativos elementos das respostas dos participantes, de modo a se ter um olhar ampliado do conjunto das informações que viabilizam categorizá-las; e, III. Concentração dos relatos, entendimentos, ideias que se conversavam e eram implicados/compreendidos por conceitos, para estabelecer relações entre os dados por meio da organização destes em categorias.

Resultados

O estudo foi realizado com 31 adolescentes, sendo a maioria do sexo feminino, com idade média de 16,7 anos. 23 deles vivenciaram um relacionamento em período menor que dois anos, sendo que a maior parte deles moravam com os pais ou demais parentes.

Após leitura exaustiva dos relatos encontrados e da busca de núcleos de sentido, foram extraídas quatro categorias temáticas, apresentadas a seguir:

A violência no namoro existe! Mas é perceptível?

Os participantes da pesquisa, quando indagados sobre sua percepção do que se configurava violência no namoro, relataram esse tipo de violência como ações que envolvem atos de desrespeito, imposição, controle, e que tem o potencial de machucar ou prejudicar o outro de alguma forma:

Violência começa a partir do momento que não há respeito, de certa forma, atitude que começa a machucar. (E12)

Violência é você não dá espaço para o outro; não respeitar as decisões [...] ser autoritário com o parceiro [...] querer responder por ela ou então mandar na vida dela [...] (E14)

Quando não consegue respeitar a vontade do outro [...], tenta te impor uma coisa [...], fala da vestimenta [...] e diz coisas que não são verdade só para pesar na minha consciência. (E24)

Controlar tudo [...], até com quem você fala, de ter o acesso de suas redes sociais [...] quando de certa forma você se sente incomodado [...]. Querer ter o controle, brigar por tudo. (E28)

Mesmo a adolescência sendo a fase da vida em que se inicia a maioria das relações afetivas, onde casais vivem paixões intensas e se doam bastante para impressionar um ao outro, alguns adolescentes percebem que muitas relações afetivas nessa fase são acompanhadas de comportamentos ruins e que podem ser considerados violentos, e reconhecem já ter vivido abusos, mesmo muitas vezes sendo justificados como brincadeira:

[...] Então eu era sempre muito fácil de ser manipulada, mas eu era uma adolescente. (E4)

Eu acho que a violência já se inicia nessa fase mesmo aí do namoro, porque às vezes aquele namoro muito abusivo, um tem posse do outro, quer ser dono do outro. (E5)

A questão de adolescente por brincadeira ficar assim com essas coisas de bater, alguns podem achar que não é violência. Mas quando a gente para pra perceber se uma violência pode ser uma brincadeira, mas se machucar é violência. (E9)

Considerando os tipos e formas de manifestação da violência no namoro, observou-se unanimidade do reconhecimento da violência física, verbal e psicológica, entendida como algo que machuca e tem o potencial de deixar fortemente desconfortável e desmotivar o outro:

A violência verbal, que são palavras que você profere e machuca seu parceiro (a) [...], deixa ela desconfortável, são palavras de desmotivação, são críticas que o outro sabe que vai mexer com seus pontos fracos [...]. E a violência física, que é quando o parceiro aperta muito forte o seu braço, quando ele balança seus braços com agressividade, quando esta com raiva e bate em você. (E2)

Quando a gente tem um ponto fraco e a pessoa entra na mente da pessoa e fica só fazendo ameaças, essa é psicológica. (E3)

[...] Violência física, tanto você agarrar a pessoa, como você não deixar ela sair para algum lugar ou chegar até no nível de bater [...] (E6)

Em contrapartida, outros tipos de violência que também podem ser consideradas graves, pelas diversas consequências que podem trazer à vida dos envolvidos, foram menos citados pelos entrevistados, demonstrando a dificuldade dos adolescentes em identificar as demais formas de violação e abuso para com o outro:

A (violência) digital, a partir do momento em que a pessoa tenta controlar suas redes sociais. (E7)

[...] Patrimonial é quando ele ou ela começa [...] pegar documento, dinheiro, não deixa ela ter acesso a suas coisas pessoais [...] acaba dominando [...] deixando ela inviável, não tem como ela ter liberdade, fica preso a ele. (E16)

[...] Estupro, é a pessoa dizer que não quer e mesmo assim a pessoa querer. (E19)

O ciclo da violência como determinante para a vivência de abusos afetivos

Essa categoria elenca os relatos dos entrevistados sobre situações de violência vivenciadas, tanto na qualidade de vítima ou agressor, como também de espectador de situações de abuso em casa ou na rua. Os relatos mostram que a violência pode estar presente na vida das pessoas mesmo no seio familiar, e despertam sentimento de culpa e medo, frente a ações de imposição, ameaças e chantagens emocionais:

[...] eu sofria ameaças. Violência mesmo ele nunca veio para me bater [...] (E13)

Eu sofri [...] até o dia que a gente terminou, ele continuou me ameaçando. Falava que ia me pegar [...] que ia sumir comigo, que eu nunca mais veria minha família. Ameaçava minha família se eu não voltasse com ele, eu tive que sair do trabalho (E15)

Ele (pai) nunca agrediu minha mãe fisicamente, porém, há palavras [...] e ela não percebe que é uma agressão [...]. Desde nova eu sempre evitei entrar numa relação com medo de acontecer o que acontece com a minha mãe [...] eu acho que quase pavor de casar [...] no meu casamento ele não quer que eu tenha homens no meu whatsApp. (E17)

Minha mãe já denunciou meu pai, acho que duas vezes por agressão física. Porque ele esfaqueou ela [...], ele prometeu mudar só que depois ele continuou [...] isso é um ponto negativo na minha vida [...] tenho trauma de deixar eles sozinhos [...] eles brigam desde quando eu era pequeno. (E25)

O conteúdo das falas mostra ainda a vivência de situações abusivas, que resultam na intensificação do ciclo da violência, podendo ser referida no cenário familiar e em relações de namoro, e mostra o potencial de autorreplicação em relações afetivas futuras ou até mesmo nas relações com os filhos, amigos e comunidade no geral.

“Toma lá, da cá”: a bidirecionalidade da violência é real?

A violência nas relações afetivas na fase da adolescência e juventude apresenta um padrão bidirecional, onde os parceiros se agridem mutuamente, tanto física como psicologicamente. Isso pôde ser evidenciado através dos relatos dos adolescentes entrevistados:

Sofre os dois. Sofrem das duas partes, tem o ditado que diz que mulher é pior que homem em questão de fazer uma pessoa sofrer (P4)

Os dois estão na mesma balança [...] nas questões de xingamento [...]. Posso ter sido violento [...] e não tenha percebido [...]. Às vezes você obtém características e comportamentos muito diferenciados e nem percebe (E5)

[...] Ele cobrava muito de mim [...] o ciúme possessivo, esse eu passei muito [...]. Eu pratiquei em bater na outra pessoa por conta do ciúme, só isso mesmo [riso] (E9)

[...] Porque ela, tipo, já esta acostumada a ser violentada. Aí tipo, de tanto ela passar por isso a pessoa vai querer fazer; já esta cansada, vai querer tratar do mesmo jeito. (E21)

Um dos depoimentos traz uma observação que evidencia a postura masculina dentro de muitos relacionamentos, onde o homem, mesmo que sofra violência por parte da parceira, se acha mais forte para suportar as agressões, e pode não denunciar alguma violência sofrida por temer ser taxado de fraco:

O homem aguenta sofrer mais que a mulher [...], suportam mais violência [...]. Mulher sempre sofre mais, eu acho, os homens aguentam mais a barra (E18).

Da romantização do ciúme à dominação velada

Considerando o papel do ciúme nas relações, a maioria dos participantes visualiza esse sentimento como algo normal ao relacionamento, sendo sinônimo de zelo pelo outro, e visto como essencial na forma de cuidar e se importar com quem se ama, e muitas vezes sendo justificado pelo medo de perder:

É uma prova de amor [...] quando é por segurança, como por exemplo você vai para festa e eu digo que não é para você beber, encher a cara. (E1)

Às vezes [o ciúme] é prova de amor [...]. Pegar a gente conversando com outra pessoa e sentir um ciuminho, aí eu acho que é de boa. (E9)

Quando não tem ciúme pela pessoa é porque não gosta dela, não tem outro tipo de sentimento por ela. (E11)

[...] Todo mundo tem [...] é um cuidado mesmo. (E20)

Ainda nesse contexto, alguns entrevistados trouxeram que o ciúme é um sentimento que deve ser dosado, reconhecendo que este pode trazer danos para o relacionamento, enquanto outros discordam plenamente de que o ciúme possa ser demonstração de afeto nas relações:

[...] Assim meio termo, nem demais senão extrapola os limites né. (E10)

Depende do ciúme [...] ciúme que todo mundo tem, todo relacionamento tem [...] ciúmes bons, não ciúmes que vai deixar mal. (E30)

Não, não é não. [...] o ciúme acaba atrapalhando às vezes [...] é coisa que atrapalha qualquer relacionamento. (E22)

Ciúme não é prova de amor, ciúme não é uma coisa natural. Ciúme é uma coisa totalmente que entrou no contexto de violência, a partir do momento que o outro vê você como uma propriedade [...] isso já é um tipo de violência sabe. (E23)

Não, eu acho que [o ciúme] é uma coisa tóxica, é tipo desnecessário, sufocante. (E27)

Discussão

A violência nas relações afetivas de adolescentes e jovens ainda é um fenômeno banalizado no nosso cotidiano, até pelo não reconhecimento das situações que se configuram como violência, o que pôde ser evidenciado nas falas dos participantes desse estudo e nos resultados de outras pesquisas na mesma perspectiva (Cecchetto et al., 2016; Taquette & Monteiro, 2019). E por meio do princípio dialógico, observa-se a relação e co-dependência existente entre afeto e agressão presente nos relacionamentos íntimos dos adolescentes, e a conjunção desses fatores se completam e são opostos nas nessas relações (Morin, 2007).

O princípio dialógico permitiu observar como os adolescentes, percebem, na condição de perpetradores e vítimas, a vivência dos conflitos nas relações afetivas, e como lidam com as incertezas e instabilidades nesses relacionamentos. A violência no namoro entre adolescentes corresponde a uma série de comportamentos de dominação, imposição sobre o companheiro, sendo uma das formas de manifestação da violência entre parceiros, que se dá por qualquer ato intencional de causar danos físicos, psicológicos, sexuais e de controle do parceiro (Borges et al., 2020a; OMS, 2012).

Sob a lente do princípio de recurso organizacional, compreende-se que, esse tipo de violência se configura como algo complexo, com diversas conotações, que agrega fatores de risco potencializadores, mas muitas vezes são pouco reconhecidos, dependendo da cultura e do constructo social, e percebe-se que os participantes desse estudo compreendem e caracterizam a violência afetiva de acordo com que se tem evidenciado no atual estado da arte sobre o assunto. E nesse sentido, observa-se a existência do paradoxo da atualidade, característico da pósmodernidade, nas relações de intimidade desses adolescentes, em que há a busca pelo prazer, da ética hedonista, da individualidade, das redes de relações efêmeras e amores líquidos (Campeiz et al., 2020a).

Partindo dessa compreensão, compreende-se que, o adolescente e jovem que pratica atos abusivos nos relacionamentos afetivos tem maior dificuldade em reconhecer essas ações como violência, independente do gênero. Essas dificuldades geralmente estão relacionadas a padrões de normalização que consideram diversas formas agressivas de se comunicar como brincadeira ou algo banal, favorecendo uma constante replicação desses atos violentos velados entre os pares (Borges et al., 2020b).

Nesse estudo, a violência nas formas física e psicológica foram as mais citadas, sendo culturalmente a violência verbal/psicológica/emocional, perpetuada em muitos contextos como algo inerente à nossa forma de comunicar-se, e nisso a permissividade e naturalização da mesma é algo inegável (Borges et al., 2020a). A maioria dos estudos a respeito de perpetração da violência, traz o abuso psicológico como o mais recorrente e preditor dos demais tipos de abuso, reafirmando que esta já se dá de forma contínua entre adolescentes e demais casais, dentro dos seus relacionamentos (Bittar & Nakano, 2017; Borges et al., 2020a; Borges et al., 2020b;).

A violência psicológica perpassa pelo campo da violência simbólica, determinando a sua forma de assimilação social, onde esta se dá de maneira sutil com atos de coerção, mascarados como forma de amor/cuidado. Esta traz ainda especificidades quanto às diferenças significativas entre os gêneros, naturalizadas na nossa sociedade, mais especificamente as ações violentas vindo do gênero masculino para com o feminino (Bittar & Nakano, 2017). Assim, ressalta-se que, a violência de gênero transpassa a violência na relação de intimidade e que ambos os sexos a sofrem mesmo que de modo distinto e com diferente proporção, pois para as mulheres as consequências são mais atenuantes e graves (Campeiz et al., 2020b).

Ademais, considerando que vivemos na era digital, a violência online foi citada por alguns participantes. Esse achado pode estar associado ao fato de que a maioria dos adolescentes participam de diversas redes sociais e conseguem se conectar com muitas pessoas, de todos os sexos, despertando a desconfiança do(a) parceiro(a) e, dessa forma, intensificando um maior controle e vigilância do(a) mesmo(a) (Caridade & Braga, 2019). Autores afirmam que, as relações permeadas pelo consumo de tecnologias digitais, condicionam os jovens e adolescentes a desvios das redes cognitivo-afetivas configuradas pela rápida adaptação e fluidez, fazendo com que estes sujeitos nem sempre usufruam de espaços para reflexão sobre eles e sobre as decisões tomadas (Campeiz et al., 2020a).

A violência perpetrada através dos meios digitais é denominada de ciberabuso, que provém de comentários abusivos nas redes sociais, publicação e envios de vídeos, apropriação de senhas para controlar e/ou ameaçar o outro. Nessa perspectiva, pesquisa realizada em Portugal, através da aplicação de Questionário sobre Ciberabuso no Namoro (CibAN), identificou que metade dos participantes já passou por uma situação de abuso virtual, sendo que quase 60% destes já perpetraram algum tipo de abuso contra o parceiro íntimo (Bittar & Nakano, 2017).

Com relação ao fato da violência sexual ter sido pouco citada pelos participantes deste estudo, de modo similar, pesquisa realizada em Porto Alegre com adolescentes divididos em grupos de perpetradores (428) e não perpetradores (132), evidenciou que 10% dos praticantes de violência não reconhece atos de coerção sexual como violência (Borges, 2020b).

Sabe-se que, na nossa sociedade, muitas pessoas se sentem inibidas em falar sobre as situações que envolvem violência sexual, geralmente associado ao tabu cultural. Isso resulta da influência de crenças e padrões que convergem com um quadro de discriminação social e de gênero, e torna-se fator de risco para o sofrimento psíquico daqueles que reprimem suas expressões a esse respeito (Ziliotto & Marcolan, 2020). O princípio hologramático favoreceu uma visão ampliada sobre a violência sexual nas relações afetivas na adolescência e juventude, possibilitando analisar essa problemática desmembrada em dimensões distintas, sem perder suas especificidades e conectividades.

Muitos adolescentes vivenciam situações de ameaças após o término de um relacionamento, exatamente pelo sentimento de posse do parceiro, sendo essas atitudes reconhecidas como perseguição ou stalking, que compreendem ações abusivas, intencionais e persistentes, que pode ser vivenciadas dentro ou fora do relacionamento, causando sérios impactos emocionais na vítima (Borges & Dell’Aglio, 2019). Pesquisa com adolescentes evidenciou que o stalking está presente no término de relacionamentos afetivos, intercalando com situações de agressão física e psicológica, que muitas vezes só são mais facilmente identificadas após o término da relação, quando um dos dois passa a intensificar os abusos contra o(a) ex parceiro(a) (Borges & Dell’Aglio, 2019).

Nesse contexto, vale ressaltar que a mulher é a maior vítima dos casos de perseguição no período de pós-ruptura, e por consequência disso, apresenta mais propensão a situações de depressão e estresse (Borges & Dell’Aglio, 2019). Estudo realizado em Portugal a respeito perseguição por meios de informação e comunicação online (cyberstalking), mostrou que apenas 25,5% relataram já ter passado por situações de perseguição, enquanto o questionário situacional evidenciou que 68% já sofreram, reafirmando ainda a fragilidade no reconhecimento de situações abusivas (Sani & Valquaresma, 2020).

Já considerando a vivência do ciclo da violência no seio familiar, reafirma-se a teoria da transmissão intergeracional da violência, descrita por uma reprodução dos atos aprendidos no seio familiar, e sendo a violência no namoro um possível resultado ou consequência dessas situações vivenciadas desde cedo, onde a agressão é colocada como forma de resolver conflitos. Assim, outros autores, baseado em pesquisa realizada com adolescentes, afirmam que sofrer maus tratos na infância e presenciar violência entre os pais aumenta as chances desses adolescentes se tornarem perpetradores de atos abusivos, futuramente (Borges et al., 2020a).

Por outro lado, considerando a bidirecionalidade de atos agressivos entre parceiros íntimos, sabe-se que pode ocorrer a partir das diversas representações de violência, podendo ser física, psicológica, e sexual. Sua autenticidade dá-se a partir da naturalização dos atos agressivos por parte do casal, onde esses comportamentos são reproduzidos a partir de atos abusivos sofridos, ou como meio de defesa. Assim, o fator bilateral da vitimização e perpetração de abusos são comuns no contexto de violência e manifesta-se comumente nas relações afetivas entre adolescentes, por esses terem responsabilidades/papéis sociais equivalentes (Borges et al., 2020b; Costa et al., 2018).

Estudo desenvolvido no estado da Bahia traz um comparativo entre grupos de adolescentes e adultos jovens, na ocorrência da reciprocidade de violência entre parceiros íntimos, mostrando que a ocorrência da bidirecionalidade foi mais recorrente nas meninas, em abusos de origem psicológica e física, e que os maiores percentuais dessa troca de abusos se deram nos grupos que tiveram, mais experiências de relacionamentos afetivos (Costa et al., 2018).

Destaca-se que, independente do sexo e do tipo de violência, os abusos podem ser efetivados, e o que diferencia essa percepção é o reconhecimento do ato, que depende do quanto a pessoa tem o potencial de reconhecer e naturalizar as ações voltadas pra ela mesma. Baseado nisso, não se pode negar que o homem é vítima de violência nos relacionamentos, mas sofre com as exigências machistas, de manutenção dos padrões de masculinidade, que descrevem que este deve ser viril, forte e insensível às emoções (Costa et al., 2018).

Nessa perspectiva, uma pesquisa realizada em dez capitais brasileiras, mostrou a percepção masculina sobre violência, trazendo como destaque dois pontos importantes: a dificuldade do homem em expressar sentimentos, reverberando o estigma social que lhes é imposto; e a banalização de agressões físicas advindas de companheiras do sexo feminino, menosprezando essas agressões ou até mesmo colocando-as como prazerosas. Todavia, se essa agressão for direcionada para a face, é vista como violência e desrespeito à sua moral (Cecchetto et al., 2016).

Nesse contexto da violência bidirecional, o ciúme é um dos principais desencadeadores de violência entre casais de namorados, e o sentimento que pressupõe diversas cenas de estereotipação de gênero, apesar de desempenhar papel importante nas demonstrações de amor. A demonstração de ciúme e o sentimento de controle se comportaram como importantes elementos na construção e no estabelecimento das relações de intimidade dos e pelos adolescentes. Aliado a isso, a romantização do ciúme subjetiva e suaviza os danos que esse sentimento pode causar (Campeiz et al., 2020a).

Nesse ínterim, autores evidenciam que o ciúme geralmente surge diante de suspeita de infidelidade e isto pode justificar de alguma forma a propagação de atos de agressão física. Os mesmos autores destacam a ocorrência de violência de gênero a partir do machismo, por motivos de suspeita de infidelidade, mas ressaltam a existência da bidirecionalidade da violência justificada pelo ciúme (Taquette & Monteiro, 2019).

O ciúme é um sentimento inerente das relações íntimas afetivas e em algum momento ele sempre vai ser mais evidente, principalmente através de uma visão romântica. Todavia, muitas vezes advém do desejo de exclusividade na vida do outro, podendo dar-se de forma possessiva, representando um fator de risco para inúmeros problemas no relacionamento do casal, e alteração da saúde mental deles (Melo et al., 2022).

Desta feita, observou-se que, apesar da visão romantizada do ciúme, alguns adolescentes e jovens veem como algo ruim o ciúme excessivo dentro dos relacionamentos, uma vez que a aceitação e naturalização de atitudes como ciúmes, controle excessivo, e possessividade revelam importante relação com a determinação e aceitação da violência em muitas relações afetivas vivenciadas, independente da fase da vida (Lourenço et al., 2019).

O Paradigma da Complexidade propõe que, por meio do método e forma de pensar do Pensamento Complexo, que conduz à ressignificação e produz/origina novos significados a todos esses elementos apresentados, os adolescentes que vivenciam violência afetiva seriam capazes de engendrar novos modos de resolver os conflitos de violência, sem serem autores da violência e sem responderem à situação da mesma forma, mas com estratégias que possibilitassem novos diálogos, novas estratégias de comunicação, e a erradicação das ações violentas.

Essa pesquisa apresentou como limitação o fato de somente adolescentes heterossexuais terem participado da pesquisa, restringindo-a a um contexto específico. Novos estudos de abordagem mais ampla, com adolescentes que vivenciam relacionamentos homo e heteroafetivos são recomendados.

Diante dos achados da pesquisa observou-se que os adolescentes compreendem o conceito de violência no namoro e suas facetas, apesar de muitas vezes não se reconhecerem como vítimas ou perpetradores de violência nas suas relações afetivas, em especial a verbal e a psicológica. No geral, a violência foi relatada pelos participantes, tanto nas experiências vivenciadas no seio familiar, como nas relações afetivas próprias ou de pessoas conhecidas, mostrando o quanto essa se faz presente no cotidiano desses adolescentes.

Considerando que a adolescência é a fase da vida em que os relacionamentos afetivos geralmente se iniciam, sendo esse início cada vez mais precoce, é necessário um olhar mais voltado para esses indivíduos adolescentes, de forma a se planejar ações com potencial de prevenir a violência no namoro. Faz-se necessário a conscientização da importância do respeito dentro dessas relações, principalmente evidenciando as consequências negativas de uma relação afetiva violenta, uma vez que grande parte dos adolescentes não reconhecem quando se encontram em um relacionamento violento, conforme evidenciado neste estudo.

O Paradigma da Complexidade contribuiu de forma imprescindível para a busca do desenvolvimento de um olhar integral sobre a temática, proporcionando maior clareza sobre os elementos que compõem o fenômeno e, principalmente, sobre a interdependência e interconectividade entre eles, de modo articulado e contextualizado. Novos estudos que abordem especificidades relacionadas sobre o tema da violência no namoro serão importantes para fomentar demais estudos que permitam o planejamento de estratégias de prevenção e combate de situações violentas, permitindo uma conscientização coletiva, com olhar diferenciado para os adolescentes nesse contexto relacional.

Contribuição dos autores

Talita da Silva: Concetualização, Metodologia, Curadoria dos dados, Análise dos dados, Redação do rascunho original, Redação - revisão e edição.

Flávia Fernandes: Curadoria dos dados, Análise dos dados, Investigação, Redação do rascunho original, Redação - revisão e edição.

Joebson dos Santos: Curadoria dos dados, Análise dos dados, Investigação, Redação do rascunho original, Redação - revisão e edição.

Matheus Almeida: Concetualização, Análise formal, Investigação, Metodologia, Redação do rascunho original; Redação - revisão e edição.

Karina Randau: Concetualização, Administração do projeto, Metodologia, Curadoria dos dados, Análise dos dados, Redação do rascunho original, Redação - revisão e edição.

Rosana de Melo: Concetualização, Administração do projeto, Metodologia, Curadoria dos dados, Análise dos dados, Redação do rascunho original, Redação - revisão e edição.

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Recebido: 27 de Março de 2023; Aceito: 05 de Dezembro de 2023

Autor de Correspondência: Rosana Alves de Melo (rosana.melo@univasf.edu.br)

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