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Psicologia, Saúde & Doenças

versão impressa ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.22 no.1 Lisboa abr. 2021  Epub 30-Abr-2021

https://doi.org/10.15309/21psd220112 

Artigo

Traços de personalidade, paixão e autoeficácia: um estudo correlacional com universitários brasileiros

Personality traits, passion and self-efficacy: a correlational study with brazilian graduate students.

Evandro Peixoto1 

Simone dos Santos2 

Amanda Romano1 

Bartira Palma3 

1 Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade São Francisco USF, Campinas, São Paulo, Brasil, evandro.peixoto@usf.edu.br, amandarizzieriromano@gmail.com

2 Programa de Pós-Graduação em Psicologia Práticas e Inovação em Saúde Mental - PRISMAL, Universidade de Pernambuco UPE, Garanhuns, Pernambuco, Brasil, simonesev7@gmail.com

3 Faculdade de Ciências Aplicadas, Universidade Estadual de Campinas UNICAMP, Campinas, São Paulo, Brasil, bartirapalma@gmail.com


Resumo

Diferentes estudos têm avaliado os efeitos da paixão em domínios da vida como estudos, trabalho e esporte. Contudo, ainda são escassos os investimentos para a compreensão das características pessoais que contribuam para o desenvolvimento da paixão por uma atividade. Esta pesquisa teve como principal objetivo explorar as associações entre traços de personalidade, paixão e percepção de autoeficácia em uma amostra de universitários brasileiros. A amostra foi composta por 416 estudantes universitários com idade entre 18 e 57 anos (M=24,81, DP=7,02, 78,1% mulheres). Os resultados provenientes de análises de correlação, regressões lineares múltiplas e análises de equações estruturais sugerem que características de personalidade como conscieciosidade, estabilidade emocional e abertura a experiências associadas à paixão harmoniosa pelos estudos afetaram positivamente a percepção de autoeficácia dos estudantes e, portanto, a potencialidade de resultados positivos no contexto educacional. Também se destaca o papel protetor da socialização para o desenvolvimento da paixão obsessiva pelos estudos. Corroborando estudos anteriores, os resultados sugerem que as características de personalidade associadas a paixão harmoniosa explicam diferenças individuais no envolvimento e obtenção de resultados positivos em relação aos estudos. Portanto, esses resultados configuram-se como informações relevantes para o desenvolvimento de intervenções baseadas em psicologia positiva que objetivem o engajamento de estudantes com as atividades e em relações estabelecidas no contexto universitário.

Palavras-Chave: psicologia positiva; estudantes; paixão pelos estudos; Big Five; engajamento

Abstract

Several studies show the effects of passion in different life domains, such as studies, work, and sports. However, personal characteristics influencing the development of passion for an activity are little studied. This study main objective was to explore associations among personality traits, passion, and self-efficacy perception in Brazilian graduate students sample. The sample consisted of 416 graduate students between 18 and 57 years old (M=24.81, DP=7.02, 78.1% women). The results of correlation, multiple linear regression, and structural equation modeling suggest that personality trait, such as conscientiousness, emotional stability, and openness associated with harmonious passion for study positively affected self-efficacy perception in students and, therefore, the potentiality of positive results in the academic context. In addition, socialization had a protective role in the development of obsessive passion for studies. Corroborating previous studies, the results suggest that personality characteristics associated with harmonious passion explain individual differences in involvement and in obtaining positive results in studies. Therefore, this study results showed relevant information for the development of interventions in positive psychology aiming at engaging students in academic activities and in the relationships established in this environment.

Keywords: positive psychology; students; passion for study; Big Five; engagement

Diferentes estudos têm avaliado os efeitos da paixão em domínios da vida como estudos, trabalho e esporte. Contudo, ainda são escassos os investimentos para a compreensão das características pessoais que contribuam para o desenvolvimento da paixão por uma atividade, pessoa ou conceito (Dalpé et al., 2019). Esta lacuna se torna ainda mais evidente no contexto brasileiro, em que a aplicação do modelo dualístico da paixão foi recentemente empregada (Peixoto et al., 2019, Pereira et al., 2018). Nesta direção, esta pesquisa teve como principal objetivo explorar as associações entre traços de personalidade, paixão e percepção de autoeficácia em uma amostra de universitários brasileiros, compreendendo a autoeficácia como resultante das interações entre características da personalidade e paixão pela atividade. Para tanto, foram empregados os modelos dos cinco grandes fatores da personalidade - Big Five (Soto, 2018), o Modelo Dualístico da Paixão (Vallerand, 2015, Vallerand et al., 2003) e o modelo teórico de Percepção de autoeficácia (Bandura, 1977), sob a hipótese de que alguns traços de personalidade apresentariam um importante papel na explicação das dimensões da paixão, enquanto a paixão contribuiria para a percepção da autoeficácia.

O Modelo Dualístico da Paixão (MDP) define a paixão como uma forte inclinação direcionada a uma pessoa que se goste, a um objeto, atividade ou conceito que se tenha interesse, se atribua valor e se considere importante, no qual se invista tempo e energia de forma regular. O objeto da paixão é parte da identidade do indivíduo, assim uma pessoa envolvida com seus estudos de forma apaixonada não está apenas estudando, mas passa se identificar como “um estudante”. O MDP sugere que paixão pode se manifestar de duas formas distintas, uma mais adaptativa do que a outra. A Paixão Harmoniosa (PH) se refere a um forte desejo, porém controlável, de engajar na atividade de interesse, de forma que esta atividade está em harmonia com outros aspectos da vida da pessoa. Associada a aspectos motivacionais intrínsecos, a PH torna-se um caminho para experiências emocionais positivas, entusiasmo e engajamento em tarefas, levando a uma vida equilibrada e intencional. Por outro lado, a Paixão Obsessiva (PO) se refere a um desejo incontrolável de engajar na atividade de interesse, neste caso a pessoa se sente pressionada (interna ou externamente) a continuar a atividade, mesmo que tenha que negligenciar outros aspectos importantes da vida. Essa forma de engajamento na atividade leva os indivíduos a uma orientação defensiva em relação as pressões internas e externas, impedindo a experiência de afetos e percepção de resultados positivos ao longo de sua realização (Chichekian & Vallerand, 2018; Vallerand et al., 2003; Vallerand et al., 2015).

A paixão, conforme conceituado pelo MDP, é um conceito relativamente novo, operacionalizado cientificamente a partir de 2003 (Vallerand et al., 2003). Porém, nas últimas décadas diversos estudos foram realizados para entender a relação entre a paixão e diferentes construtos. Curran et al. (2015) avaliaram em uma meta-análise quatro variáveis de critério em relação a PH e PO. Observaram que, no critério de resultados cognitivos, PH esteve positivamente relacionada com variáveis como florescimento, concentração, melhor autoestima e negativamente com ansiedade, enquanto PO esteve positivamente relacionada a ruminação, ansiedade e conflito com a atividade ou insatisfação com a vida. No critério de comportamentos e desempenho, PH se destacou em relação a performance subjetiva com maior grau, enquanto PO se destacou em relação a alta quantidade de horas de trabalho por semana e dependência da atividade. Já no bem-estar, PH esteve positivamente relacionada a afetos positivos, satisfação com a vida, vitalidade e engajamento emocional-cognitivo e negativamente com burnout, enquanto PO foi mais positivamente relacionada a afetos negativos e burnout.

Em relação ao contexto educacional a PH e a PO por estudos estão também positivamente correlacionadas a altos níveis de desempenho, uma vez que alimentam a motivação para a persistência e prática para o desenvolvimento da expertise, culminando em um engajamento de longo prazo, entretanto, a PH promoverá resultados mais adaptativos, ao contrário da PO (Bureau et al., 2017; Carbonneau et al., 2008; Houlfort et al., 2013; Vallerand, et al., 2020). Diante disso, o conceito da paixão tem se mostrado um importante construto à psicologia positiva, uma vez que estabelecimento de relações positivas com as atividades (paixão harmoniosa), como os estudos, representa uma maneira de alcançar experiências positivas e resultados adaptativos (Vallerand, 2015), e com isso estar mais próximo de uma vida digna de ser vivida (Chichekian & Vallerand, 2018).

De acordo com o MDP o desenvolvimento da paixão é uma função das interações entre características da atividade, do suporte social no ambiente em que a atividade ocorre e de fatores pessoais. Assim, atividades que permitem a satisfação das necessidades psicológicas básicas (autonomia, competências e relacionamento social - Ryan & Decy, 2017) têm maior probabilidade de se tornarem objeto de paixão. O suporte social refere-se ao suporte por parte de parentes, professores e outros personagens que contribuem com o desenvolvimento da atividade. Por fim, os fatores pessoais podem ser compreendidos por características de personalidade que podem influenciar o desenvolvimento da paixão. Desta forma, Dalpé et al. (2019) destacam o modelo dos cinco grandes fatores e suas potencialidades, como variáveis intrapessoais que expliquem a paixão por uma atividade.

O modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGF) se configura como uma versão atual da Teoria de Traço, o que simboliza um avanço conceitual e empírico na área de estudo sobre personalidade (Vasconcellos & Hutz, 2008). O CGF organiza, de forma hierárquica, cinco dimensões da personalidade, a saber: extroversão, socialização, neuroticismo, abertura e conscienciosidade. A dimensão extroversão reflete, em um contínuo, o quanto o sujeito é assertivo, engajado socialmente, comunicativo e estimulado por sentimentos positivos e, portanto, têm facilidade para interagir. A socialização demonstra predisposição pró-social, como por exemplo fidelidade, generosidade, maleabilidade, modéstia e altruísmo, portanto, revela as particularidades do indivíduo ao relacionar-se com outras pessoas. O fator neuroticismo diz respeito à raiva, depressão, ansiedade, afetos negativos e impulsividade. A abertura envolve, de forma geral, comportamentos de exploração e busca por novas experiências, ademais, envolve características como gostos complexos e variados, vivências inovadoras e não convencionais, crenças pessoais flexíveis e curiosidade intelectual. Por sua vez, o fator conscienciosidade abrange traços relacionados a capacidade, persistência, organização e disciplina para cumprir seus objetivos (Hauck et al., 2012; Passos & Laros, 2014).

O primeiro estudo associando os CGF à paixão foi proposto por Balon et al. (2013), que observaram associações significativas, positivas de baixa magnitude entre PH e os fatores abertura a novas experiências (r= 0,20) e agradabilidade (r= 0,23), e associação positiva moderada com conscienciosidade (r= 0,30). Por outro lado, os autores verificaram correlação negativa de baixa magnitude entre PO e socialização (r= -0,19). Em um segundo estudo proposto por Dalpé et al. (2019), os autores verificaram associações positivas moderadas entre PH e os fatores conscienciosidade (r= 0,44), abertura (r= 0,40), agradabilidade (r= 0,36), neuroticismo (r= -0,30) e extroversão (r= 0,35). Verificaram também correlações negativas de baixa magnitude ente PO e os fatores conscienciosidade (r= -0,21), abertura (r= -0,13), agradabilidade (r= 0,19), e extroversão (r= -0,01), e associação positiva negativa com neuroticismo (r= -0,32). Adicionalmente, os autores verificaram a adequação do modelo de equações estruturais em que as dimensões da paixão mediavam as relações entre os cinco fatores da personalidade e as experiências de afetos positivos e negativos, compreendendo os afetos como um resultado da interação entre as características de personalidade e paixão.

Por fim, propõem-se na presente pesquisa o estudo da percepção de autoeficácia como uma variável resultante de interação entre as características de personalidade e a paixão pelos estudos. De acordo com Bandura (1977) a autoeficácia se caracteriza como a crença do indivíduo sobre suas capacidades de organizar-se e executar ações necessárias para alcançar determinados objetivos e resultados. Tais crenças de autoeficácia se configuram como o fator principal de influência nos comportamentos humanos, determinam o esforço dedicado à tarefa, mesmo frente a dificuldades, refletem a perseverança e o tempo disponibilizado para sua realização. Também podem influenciar o quanto de emoções negativas como estresse e depressão serão experimentadas durante a realização da atividade, além da própria qualidade do desempenho (Ambiel & Noronha, 2012).

A formação básica das crenças está relacionada a quatro fontes: experiência de êxito, aprendizagem vicária, persuasão verbal e indicadores fisiológicos, as quais fornecem informações quanto ao desenvolvimento e manutenção de tais percepções. A experiência de êxito baseia-se em vivências pessoais, que são as mais influentes sobre a percepção da autoeficácia. As experiências vicárias, de maneira indireta, informam a eficácia de comportamentos por meio da observação de outras pessoas. A persuasão verbal, por sua vez, diz respeito ao incentivo dado, por uma sugestão, fazendo com que o sujeito acredite que é capaz de responder adequadamente aos desafios impostos pela situação. Por fim, os indicadores fisiológicos afetam a percepção de autoeficácia quando o sujeito vivencia emoções negativas juntamente a situações estressantes, associando-se a níveis baixos de autoeficácia (Ambiel & Noronha, 2012; Strauser, 1995).

A autoeficácia baseia-se, então, em habilidades cognitivas e aspectos comportamentais, considerando que processos cognitivos influenciam e modificam comportamentos, entretanto, tais processos são alterados conforme a experiência desenvolvida pelo desempenho. O construto depende de dois conceitos para sua construção: expectativas de eficácia e expectativas de resultados, e ambos influenciam o comportamento do sujeito. A expectativa de eficácia se constitui pela confiança em poder executar determinada atividade com êxito e alcançar os resultados esperados, enquanto as expectativas de resultado são as crenças de que determinadas ações produzirão resultados desejáveis (Sullivan & Strauser, 2009).

A realização da presente pesquisa se justifica à medida que apenas dois estudos verificaram a associação entre personalidade e paixão (Balon et al., 2013; Dalpé et al.2019), sendo que o primeiro se limitou a avaliação das correlações entre esses fenômenos e o segundo, além das correlações, avaliou os efeitos dos fatores da personalidade sobre as diferentes dimensões da paixão. Isso sugere a necessidade de maior conhecimento destas associações, em especial pensando a aplicação dessas teorias a novas realidades culturais, como a brasileira.

Além disso, as pesquisas supracitadas usaram como estratégia acesso a participantes provenientes de diferentes contextos, os quais indicavam uma a atividade amada (esporte, música, trabalho entre outros). Na presente pesquisa foram avaliados participantes de um contexto específico, o universitário, desta forma, todos os respondentes referiram-se a sua relação com os estudos. Por fim, destaca-se que o presente estudo propõe o acréscimo de uma nova variável de grande relevância a psicologia positiva, a percepção de autoeficácia. Com essa estratégia, espera-se trazer novas contribuições ao apresentar características pessoais que podem contribuir para o desenvolvimento de uma relação adaptativa com uma importante atividade humana na atualidade, os estudos, trazendo assim contribuições diretas à psicologia educacional. Com base no exposto, esta pesquisa teve como principal objetivo explorar as associações entre traços de personalidade, as dimensões paixão e percepção de autoeficácia em estudantes universitários brasileiros.

Método

Participantes

A amostra foi composta por 416 participantes, com idade variando entre 18 e 57 anos (M=24,81, DP=7,02), maioria do sexo feminino (78,1%), solteiros/as (82,2%), estudantes de graduação (72,4%) e pós-graduação (27,5) de diferentes áreas do conhecimento, residentes das regiões norte (3,4%), nordeste (56,0%), centro oeste (3,5%), sudeste (26,5%) e sul (4,7%) do país, 5,9% não responderam, e 65% da amostra não possuía vínculo empregatício por dedicarem-se totalmente aos estudos.

Instrumentos

Escala de Paixão-EP (Vallerand et al., 2003) - instrumento composto por 12 itens com o objetivo de avaliar as duas dimensões da paixão: PH e PO. Os itens são respondidos por meio de uma escala do tipo Likert de sete pontos que variam entre “discordo fortemente” a “concordo fortemente”. Estudos de adaptação do instrumento para o português brasileiro e avaliação das propriedades psicométricas indicaram adequação da estrutura interna da EP à proposta teórica de dois fatores, bem como bons níveis de precisão para os respectivos fatores PH= 0,81 e PO= 0,75 (Peixoto et al., 2019). Considerando a aplicação da EP ao contexto educacional, os itens do instrumento foram adaptados para captar a paixão pelos estudos. Por exemplo, o item 1 correspondente ao fator PH passou de “Esta atividade está harmonizada com as outras atividades em minha vida” para "Meus estudos estão em harmonia com as outras atividades em minha vida”. Já o item 2, correspondente ao fator PH passou de “Tenho dificuldades em controlar meu desejo de realizar essa atividade” para “Tenho dificuldade em controlar meu desejo de estudar”. Esse procedimento tem sido adotado por diferentes pesquisadores, haja vista que a paixão não deve ser considerada um traço estável, mas um construto que se estabelece na relação com uma atividade (Marsh et al., 2013; Stoeber et al., no prelo; Vallerand et al., 2003). A avaliação das propriedades psicométricas da versão adaptada ao contexto educacional brasileiro foi realizada por Peixoto et al. (no prelo), onde também foram observados a adequação da estrutura interna ao MDP e da consistência interna, ou seja, coeficientes Ômega de McDonald superiores a 0,83.

Marcadores Reduzidos para Avaliação da Personalidade-MRAP (Hauck et al., 2012) - instrumento que tem por objetivo a avaliação dos CGF da personalidade e é composto por 25 adjetivos que descrevem características estáveis da personalidade. Esses adjetivos são respondidos por meio de uma escala de tipo Likert de sete pontos que indica o quanto o respondente percebe que aquelas características que o descrevem, variando de 1 não descreve apropriadamente a 7 descreve apropriadamente. Estudos psicométricos do instrumento indicaram organização dos adjetivos em cinco fatores, correspondentes ao modelo teórico dos CGF: extroversão (ex. comunicativa), socialização (ex. amável), conscienciosidade (ex. dedicada), neuroticismo (ex. pessimista), e abertura a experiência (ex. Criativa), com índices de consistência interna que variaram entre adequado e bons, coeficientes alfa de Cronbach entre 0,61 e 0,83 (Hauck et al., 2012).

Escala de Autoeficácia Geral EAG (Pacico et al., 2014) - instrumento que tem por objetivo a mensuração da percepção de autoeficácia geral, ou seja, a crença do respondente em sua própria capacidade para alcançar os resultados por ele desejados. O instrumento é composto por 20 itens, sendo 14 positivos (ex. 1- Eu sou capaz de atingir a maior parte dos objetivos que defino para mim) e 6 negativos (ex. 8- se algo parece muito complicado eu nem tento fazer). Todos os itens são respondidos por meio de uma escala Likert de cinco pontos, variando de 1 (sempre falso) a 5 (sempre verdadeiro). Para avaliação do escore em autoeficácia geral sugere-se a inversão dos itens negativos e soma de todos os itens. Estudo das propriedades psicométrica da EAG indicaram adequação da estrutura fatorial unidimensional e bons níveis de consistência interna, alfa de Cronbach igual a 0,89.

Questionário sociodemográfico - construído especificamente para a presente pesquisa, esse instrumento tem como principal objetivo o acesso às principais características dos participantes do estudo como, sexo, idade, nível de formação, curso em formação, estado civil, região do país, entre outras.

Procedimento

Mediante a aprovação do comitê de ética (CAAE: 26318619.2.0000.5191), os dados foram inseridos em um formulário online, plataforma Google Forms, e o link foi disponibilizado nas redes sociais dos pesquisadores. Para ter acesso aos instrumentos da pesquisa, os participantes deveriam concordar com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, apresentado na primeira página do formulário, atestando a participação voluntária. Os instrumentos seguiram a ordem descrita, sendo: Questionário sociodemográfico, EP, MRAP e EAG. O tempo médio para preenchimento do formulário foi de aproximadamente 15 minutos.

Análise de dados

Na primeira etapa as variáveis foram avaliadas por meio de estatísticas descritivas (medidas de tendência central e dispersão) e indicadores de confiabilidade dos instrumentos utilizados, por meio da estimativa dos coeficientes alfa de Cronbach, bem como os indicadores de aderência a normalidade univariada, skewness e kurtosis, os quais apresentam variabilidade entre -2 e 2, sugerindo aderência a normalidade e adequação da utilização estatísticas paramétricas para avaliação dessas variáveis empregadas no presente estudos (George & Mallery, 2010). Então, verificou-se a associação entre as variáveis por meio de correlações de Pearson entre os escores apresentados pelos participantes nos fatores nos cinco indicadores dos marcadores reduzidos de personalidade (cinco grandes fatores), nas duas dimensões da paixão (PH e PO) e na medida geral de percepção de autoeficácia.

Em seguida, três modelos de regressão múltipla que prediziam a PH, PO e percepção de autoeficácia foram testados. Nos dois primeiros modelos (hipótese 1) os cinco grandes fatores da personalidade foram inseridos como variáveis preditoras da PH e PO, respectivamente. No terceiro modelo (hipótese 2), os indicadores de PH e PO foram inseridos como variáveis preditoras da percepção de autoeficácia. Foram verificadas as significâncias gerais dos modelos hipotetizados, as contribuições significativas das variáveis independentes para explicações das variáveis dependentes β e a proporção total explicada das variáveis independes R 2.

Por fim, as variáveis que guardaram significância estatística na explicação das variáveis independentes foram submetidas ao Modelo de Equações Estruturais (Structural Equation Modeling - SEM), utilizando a análise de trajetórias (Path Analysis). O principal propósito ao empregar essa análise foi avaliação do modelo global. A qualidade de ajuste dos dados ao modelo teórico foi verificada por meio dos índices de ajuste χ2, df, χ2/df, CFI, RMSEA e RMR, e pela significância dos efeitos diretos, indiretos e totais verificados. O nível de significância adotado foi p< 0.05 e o software usado foi o AMOS v 22.0 (Marôco, 2010).

Resultados

De acordo com o primeiro objetivo da presente pesquisa realizou-se inicialmente a análise de correlação entre as variáveis submetidas a estudo: os cinco grandes fatores da personalidade, as dimensões da paixão e autoeficácia. Os resultados são apresentados no Quadro 1, onde se verificam os índices de correlações bivariada (r de Pearson), os coeficientes de consistência interna e as estatísticas descritivas dos respectivos fatores.

Quadro 1 Estatísticas descritivas, consistência interna e coeficientes de correlação entre os CGF, paixão e autoeficácia. 

Notas: PH= paixão harmoniosa, PO= paixão obsessiva, **= p< 0,001.

Conforme apresentado no Quadro 1 a variável PH mostrou-se positivamente associada aos fatores da personalidade extroversão (r= 0,15, p < 0,001), socialização (r= 0,16, p < 0,001), conscienciosidade (r= 0,37, p < 0,001), abertura (r= 0,18, p < 0,001) e a percepção de autoeficácia (r= 0,50, p < 0,001). Adicionalmente, PH relacionou-se negativamente com o fator neuroticismo (r= -0,37, p< 0,001). A PO relacionou-se positivamente com os fatores conscienciosidade (r= 0,17, p < 0,001), abertura a experiências (r= 0,18, p < 0,001) e a percepção de autoeficácia (r= 0,28 p < 0,001). Por fim, foram observadas correlações positivas entre a percepção de autoeficácia e os fatores extroversão (r= 0,32, p < 0,001), socialização (r= 0,21, p < 0,001), conscienciosidade (r= 0,428, p < 0,001), abertura (r= 0,285, p < 0,001), e associação negativa com o fator neuroticismo (r= 0,561, p < 0,001).

A segunda etapa de análise correspondeu ao teste das hipóteses, por meio de regressões lineares múltiplas, de que os indicadores de paixão poderiam ser preditos pelos fatores de personalidade, enquanto a autoeficácia poderia ser predita pelas dimensões da paixão. Os resultados são apresentados no Quadro 2. Em relação a predição da PH o modelo geral foi estaticamente significativo: F(5) = 22,71, p < 0,001; explicando 22% da variância total. Os fatores conscienciosidade (β = -0,37), neuroticismo (β = -0,24) e abertura (β = -0,12) foram os preditores individuais significativos no modelo.

Quadro 2 Modelos de Regressões lineares múltiplas explicando a PH, PO e Autoeficácia. 

Notas: **= p< 0,001; *= p<0,01, PH= paixão harmoniosa, PO= paixão obsessiva.

Em relação à predição da PO, o modelo geral foi estaticamente significativo: F(5)= 5,679, p< 0,001; explicando 6,5% da variância total. Os fatores socialização (β = -0,12), conscienciosidade (β= 0,20) e abertura (β= -0,16) foram os preditores individuais significativos no modelo. Por fim, realizou-se o teste da hipótese da explicação da autoeficácia por meio das variáveis preditoras PH e PO, e neste caso o modelo geral também foi estaticamente significativo: F(2)= 70,657, p< 0,001; explicando 26% da variância total em autoeficácia. Em acordo com a expectativa teórica, apenas o fator PH (β = -0,53) mostrou-se preditor significativo no modelo.

A última etapa de análise propôs a avaliação do modelo geral partindo das informações obtidas nos modelos de regressão. O modelo é apresentado na Figura 1, onde se verificam valores de β (setas unidirecionais) equivalentes àqueles observados nas análises de regressão múltipla e, portanto, adequados a realização das análises de caminho.

Figura 1 Modelo de equações estruturais envolvendo os fatores da personalidade, dimensões da paixão e autoeficácia. Nota: PH= paixão harmoniosa; PO= paixão obsessiva. 

Contudo, os índices de ajustes do modelo aos dados disponíveis foram inadequados: χ2= 42,20, gl= 6, χ2/gl= 42,207, CFI= 0,66, RMSEA= 0,31 e RMR= 0,10. Essa inadequação dos índices de ajuste, conforme sugerido pelos índices de modificação, era consequência dos efeitos diretos dos fatores de personalidade conscienciosidade, neuroticismo e abertura a experiências sobre a autoeficácia não previstos no modelo. Com base na relevância teórica e hipótese da presente pesquisa de que a autoeficácia seria resultante da interação entre características da personalidade e da paixão pela atividade, realizou-se a inserção dos caminhos desses efeitos diretos no modelo. Os resultados indicaram efeitos positivos da conscienciosidade (β= 0,29, p<0,001) e abertura (β= 0,21, p<0,001), e efeitos negativos do neuroticismo (β= -0,52, p<0,001) sobre a autoeficácia, o que resultou em um modelo com índices de ajustes muito adequados: χ2= 2,657, gl= 3, χ2/gl= 0,448 , CFI= 1, RMSEA= 0 e RMR= 0,01, e com maior potencialidade de explicação da variância total da variável autoeficácia (R 2 = 0,59%).

Discussão

A presente pesquisa teve como objetivo geral explorar as associações entre característica de personalidade, paixão e autoeficácia em uma amostra de estudantes universitários. Este objetivo geral foi operacionalizado por meio de três objetivos específicos, 1) a avaliação da correlação entre os CGF da personalidade (Hauck et al., 2012), as dimensões da paixão (Vallerand et al., 2003) e a autoeficácia geral (Pacico, et al., 2014), 2) avaliação da potencialidade dos cinco CGF em predizer as dimensões da paixão, e 3) a avaliação das potencialidades preditoras das dimensões da paixão em relação a percepção de autoeficácia geral. Os resultados obtidos corroboraram as hipóteses de associação entre as variáveis e vão em direção aos resultados observados na literatura (Balon et al., 2013; Dalpé et al., 2019).

O primeiro grupo de análises realizadas indicaram bons níveis de confiabilidade das medidas submetidas a estudo com níveis de consistência interna superior a 0,70, com exceção do fator abertura a experiência que apresentou valor próximo ao ponto de corte, 0,68 e, portanto, aceitável (Tabachnick & Fidell, 2018). A análise das correlações entre os CGF da personalidade e das dimensões da paixão indicaram associação positivas de baixa magnitude entre PH e os fatores extroversão, socialização e abertura a experiências, assim como associação de magnitude moderada com o fator consciensiodidade e autoeficácia. Em relação a PO verificou-se associação positiva de baixa magnitude com os fatores conscienciosidade, abertura a experiências e a autoeficácia.

Tais resultados são coerentes com hipótese de associação entre ambas as expressões da paixão com o fator de personalidade concienciosidade, uma vez que pessoas apaixonadas pela atividade investem tempo e energia na sua realização e, portanto, apresentam persistência e disciplina frente aos desafios inerentes a atividade, para assim alcançar os seus objetivos (Passos & Laros, 2014; Soto, 2018). Adicionalmente, conforme o esperado, foi observada uma associação de maior magnitude entre o fator conscienciosidade e PH, pois, conforme apontado por Balon et al. (2013), uma das características das pessoas conscienciosas é a organização e o controle dos impulsos, o que confrontaria com elementos próprios da PO, como a falta de controle sobre a atividade e a dificuldade em gerenciar o engajamento na atividade de forma saudável. Corroborando essa perspectiva, Soto (2018) sugere que a conscienciosidade prediz bons resultados relacionados à saúde, além de uma tendência a evitação de situações de risco.

Esse mesmo argumento teórico pode ser utilizado para explicação da diferença na magnitude da associação entre os indicadores de paixão e a percepção de autoeficácia, sendo as pessoas com PH pelos estudos aquelas que se percebem mais auto eficazes. Por fim, destaca-se a associação negativa de magnitude moderada observada ente PH e o fator neuroticismo. Resultados semelhantes foram observados por Dalpé (2019), e correspondente à expectativa teórica, uma vez que maiores níveis de neuroticismo associam-se negativamente com bem-estar subjetivo e satisfação de vida geral em domínios específicos (Soto, 2018), características importantes para a estabelecimento de uma relação baseada na PH em relação aos estudos (Vallerand et al, 2020; Stoeber, no prelo).

Por meio das análises de regressão múltiplas e análise de equações estruturais pode-se responder ao segundo objetivo da pesquisa, a exploração do poder preditivo das características pessoais no desenvolvimento da paixão pelos estudos. Os resultados sugerem efeitos positivos das variáveis conscienciosidade e abertura, e efeito negativos da variável neuroticismo sobre a PH, efeito positivo das variáveis conscienciosidade e abertura, e negativos da socialização sobre PO, além de efeitos positivos da PH sobre autoeficácia. Tais resultados corroboram parcialmente os achados de Dalpé (2019), pois se por um lado os autores também encontram efeitos das variáveis conscienciosidade e socialização sobre a PH, não foram verificados efeitos provenientes da variável neuroticismo. Além disso, como na presente pesquisa, os autores também observaram efeitos negativos da socialização sobre a PO.

Os resultados do presente estudo em relação à socialização podem ser explicados pelo fato de esta variável representar comportamentos altruístas em relação a outras pessoas. Estes comportamentos não são esperados nas relações estabelecidas no contexto universitário quando os estudos são motivados por pressões intra e interpessoais, características da PO (Vallerand, 2015). Neste sentido, haveria uma maior probabilidade de estabelecimento de conflito com as pessoas neste contexto (Carbonneau & Vallerand, 2013). Já os efeitos positivos da abertura a experiências sobre ambas as dimensões da paixão correspondem ao fato desta característica da personalidade envolver comportamentos de exploração, curiosidade e busca de novas experiências, que são passíveis de serem observados tanto na PH quanto na PO, visto que, se por um lado pessoas com PH se abrem às experiências da atividade amada e de atividades em outros domínios da vida, por outro pessoas com PO podem se sentir impelidas a conhecerem todas as características da atividade de interesse (Balon et al., 2013). No caso dos estudos, esse envolvimento obsessivo com a atividade pode tomar contornos perigosos, como o uso de drogas lícitas e ilícitas para aumento da performance acadêmica (Benson et al., 2015).

Vale apontar que os efeitos do neuroticismo sobre PH não foram estimados no modelo avaliado na pesquisa de Dalpé et al (2019), mesmo que a correlação entre as variáveis tenha apresentado magnitude moderada (r= 0,30, p< 0,001). Nesse sentido, considera-se adequada a estratégias empregada na presente pesquisa em relação a utilização da análise de regressão e análise de equações estruturais conjuntamente, o que possibilitou maior conhecimento das associações entre as variáveis empregadas no modelo. Destaca-se ainda que apenas a PH apresentou efeitos positivos sobre a autoeficácia, resultado que corrobora os achados de diferentes pesquisas que apontam a PH como preditora de emoções positivas e resultados adaptativos em diferentes contextos e, dentre eles, o universitário (Vallerand et al., 2007; Vallerand et al., 2020; Stoeber, no prelo). Nesta direção, Stoeber (no prelo) demonstrou que indicadores de PH pelos estudos estavam positivamente associados com engajamento nestas atividades (vigor e dedicação), e negativamente associada a indicadores de bounout (cinismo e ineficácia).

Estes resultados ainda estão alinhados com outras pesquisas realizadas no contexto educacional, que demonstram que a PH por estudar contribuiu positivamente com índices de bem-estar psicológico, como satisfação com a vida e com as atividades estudantis, mostrando-se ainda protetora contra indicadores de distresse psicológico, como depressão e ansiedade. Desta forma, a ausência de efeito da PO sobre a autoeficácia também se relaciona com o fato de essa variável contribuir com a experiência de distresse psicológico (Carbonneau et al., 2008; Houlfort et al., 2013). Bureau et al. (2017) demonstrou que a PO por atividades acadêmicas esteve positivamente associada a comprometimento da saúde, conforme indicado pelo abuso do álcool, adição por exercício físico e desordens alimentares.

Por fim, a análise de equações estruturais sugeriu a adição dos efeitos diretos das variáveis concienciosidade, abertura a experiências e neuroticismo sobre a autoeficáica no modelo, permitindo assim uma compreensão das interações entre as características de personalidade e a paixão pelos estudos e suas influências sobre a autoeficácia dos estudantes. Os resultados apontaram explicação de variância total igual a 0,59%, e índices de ajuste do modelo muito bons. Estes resultados corroboram a hipótese teórica de que características pessoais antecederiam o desenvolvimento da paixão pelas atividades estudantis e que ambas exercem influências na percepção de autoeficácia geral dos estudantes.

Considerando que autoeficácia representa a capacidade de reunir recursos cognitivos, motivacionais e comportamentais necessários para a realização de tarefas e cumprimento de objetivos (Pacico et al., 2014), estando associada a diferentes resultados positivos como satisfação acadêmica (Santos et al., 2019) e otimismo (Luszczynska et al., 2005), os resultados da presente pesquisa trazem informações relevantes para o desenvolvimento de intervenções baseadas em psicologia positiva que objetivem o engajamento de estudantes com as atividades e relações estabelecidas no contexto universitário, pois contar com características de personalidade como a conciesciosidade, estabilidade emocional e abertura a experiências pode favorecer o desenvolvimento de PH pelos estudos, o que contribuirá para o investimento de esforços e a persistência em alcançar as metas estabelecidas neste contexto.

O presente estudo traz novas contribuições para a compreensão das relações entre os CGF da personalidade, paixão pelos estudos e a percepção de autoeficácia. Os resultados sugerem que características de personalidade como conscieciosidade, estabilidade emocional e abertura associadas à PH afetam positivamente a percepção de autoeficácia dos estudantes e, portanto, a potencialidade de resultados positivos no contexto educacional. Também se destaca o papel protetor da socialização no desenvolvimento da PO pelos estudos. Contudo, novos estudos ainda se fazem necessários para avaliação da estabilidade destes resultados, assim como para exploração de resultados ainda conflitantes na literatura, como a relação entre neuroticismo e PO. Por fim, vale destacar algumas limitações da presente pesquisa, como o fato de contar com uma amostra por conveniência composta maioritariamente por mulheres. Sugere-se que em futuros estudos esforços sejam despendidos para a composição de uma amostra equilibrada que possibilite o controle dessas variáveis sobre os resultados. Adicionalmente, sugere-se que em futuros estudos envolvendo personalidade, paixão e percepção de autoeficácia empreguem-se medidas específicas de autoeficácia acadêmica, além de outras variáveis que descrevam a qualidade do envolvimento com as atividades universitárias, como satisfação com as experiências acadêmicas.

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Recebido: 17 de Setembro de 2020; Aceito: 23 de Fevereiro de 2021

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