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Psicologia, Saúde & Doenças

versão impressa ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.21 no.3 Lisboa dez. 2020  Epub 31-Dez-2020

https://doi.org/10.15309/20psd210319 

Artigo

Espiritualidade e religiosidade como práticas de cuidado frente ao abuso de drogas

Spirituality and religiosity as care practices in the face of drug abuse

Luís Souza1  2 

Adriane Diniz2 

Antônia Souza1 

Gabriel Minucci3 

Rosana Ruas4 

Carla Silva5 

Rubemiriam Leal6 

Rauni Roama-Alves7 

1Universidade Federal do Amazonas - UFAM, Instituto de Saúde e Biotecnologia - ISB, Curso de Graduação em Medicina. Coari, Brasil, luis.pauloss@hotmail.com, antoniagoncalves8@gmail.com

2Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais - ESPMG, Belo Horizonte, Brasil, adrianepdiniz@yahoo.com.br

3Universidade Federal de São João del Rei, campus Dom Bosco - UFSJ/CDB, Departamento de Medicina, São João del Rei, Brasil, gabrielsilcci@gmail.com

4Faculdades de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho - FASAMOC, Coordenação de Enfermagem, Montes Claros, Brasil, rosanaruas@yahoo.com.br

5Universidade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - PPGCS, Montes Claros, Brasil, profcarlasosilva@gmail.com

6Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM, Programa de Pós-Graduação em Pedagogia Universitária. Uberaba, Brasil, rubemiriamleal@yahoo.com.br

7Universidade Federal de Rondonópolis - UFR, Departamento de Psicologia, Rondonópolis, Brasil, rauniroama@gmail.com


Resumo

Objetivou-se conhecer sobre a relação da espiritualidade e da religiosidade no uso abusivo de álcool e outras drogas, por meio da análise de publicações da última década. Foram investigados artigos indexados nas bases de dados eletrônicas PePSIC, Index Psi, BDENF e LILACS, publicados em português e nos anos 2007 a 2017. Utilizaram-se os descritores “usuários de drogas”, “abuso de álcool”, “espiritualidade”, “religiosidade” e “fatores de proteção”. Selecionaram-se 13 artigos. Foram constatados efeitos protetores da espiritualidade e da religiosidade na maioria dos estudos, como: aspecto preventivo entre os adolescentes; promoção de hábitos saudáveis entre gestantes; promoção de hábitos saudáveis via comunidades religiosas; prevenção de recaídas durante o processo de desintoxicação do uso abusivo de drogas lícitas e ilícitas.

Palavras-Chave: Usuários de drogas; abuso de álcool; espiritualidade; religiosidade; fatores de proteção

Abstract

The objective of knowing about the relationship of spirituality and religiosity in the abuse of alcohol and other drugs, through the analysis of the publications of the last decade. Were investigated articles indexed in electronic databases, Index Psi PePSIC, BDENF, LILACS and published in Portuguese and in the years 2007 to 2017. Using the descriptors "drug users", "alcohol abuse", "spirituality", "religion" and "protective factors". 13 articles were selected. 13 articles were selected. Were found protective effects of spirituality and religiosity in most studies, such as: preventive aspect among teenagers; promotion of healthy habits among pregnant women; promotion of healthy habits via religious communities; relapse prevention during the process of detoxification of the abuse of licit and illicit drugs.

Keywords: Drug users; alcohol abuse; spirituality; religion; protective factors

O consumo de substâncias psicoativas (SPA) está presente em diferentes épocas da história da humanidade e permeia de diversas formas os contextos sociais, políticos, econômicos e religiosos. Como substâncias lícitas mais utilizadas, têm-se o álcool, o tabaco e alguns medicamentos. Já em relação à substâncias ilícitas, destacam-se a maconha, o crack, a dietilamida do ácido lisérgico (LSD), a metilenodioximetanfetamina (mais conhecida como ecstasy), os opiáceos, entre outras. São substâncias que provocam alterações físicas e psicológicas nas pessoas que as consomem, variando o risco em função das circunstâncias e do padrão de uso. Este padrão pode ser baixo ou altamente disfuncional, acarretando problemas de saúde e psicológicos, prejuízos nas relações sociais e familiares, além de problemas legais e com a justiça (Zeitoune et al., 2012).

No contexto mundial, o consumo per capita de álcool puro foi em média 21,2 litros para os homens e 8,9 litros para as mulheres em 2010. A cada ano são contabilizadas, aproximadamente, 3,3 milhões de morte no mundo como resultado do consumo abusivo do álcool (Organização Mundial da Saúde, 2014). Sobre o consumo de drogas ilícitas, estimou-se que em 2014, um em cada 20 adultos consumia pelo menos uma substância, totalizando prevalência mundial de 5,2%. Dentre as mais utilizadas, destacam-se a maconha, os estimulantes, os opióides e a heroína (United Nations Office On Drugs And Crime, 2016).

Já no Brasil, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde em 2013, a prevalência do consumo abusivo de álcool na população adulta (18 anos ou mais) foi de 13,7%, sendo maior entre os homens e entre adultos jovens (18-29 anos de idade; 30-39 anos de idade) (Garcia & Freitas, 2015). Em relação ao uso de tabaco, a mesma pesquisa apontou que a prevalência foi de 15%, estimando que cerca de 21,8 milhões de pessoas consumiam algum produto do tabaco, sendo que a maioria fazia uso de tabaco fumado. Maiores prevalências foram encontradas entre os homens e entre adultos com 40 a 59 anos de idade (Malta et al., 2015). Na análise do uso de substâncias ilícitas, segundo dados do II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas de Álcool e Outras Drogas - INPAD, 2014), em 2012, a prevalência de consumo nos 12 meses que antecederam a pesquisa foi de 15,5 em adultos, sendo os tranquilizantes (6,0%), a maconha (2,5%), a cocaína (1,7%), os estimulantes (1,1%) e o crack (0,7%) as substâncias mais utilizadas (INPAD, 2014).

Frente ao exposto, os usuários de álcool e outras drogas precisam ser considerados em toda a sua dimensão humana, visando mudança nesses padrões de consumo. Assim, o Ministério da Saúde, em 2003, criou a Política de Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas. Diferente das abordagens anteriores que possuíam um olhar reducionista para a questão do uso prejudicial de drogas (ora compreendendo-a apenas como uma questão de justiça e segurança pública, ora compreendendo-a como uma questão de saúde, que tinha como paradigma o modelo biomédico, psiquiátrico e de orientação manicomial), essa Política propõe analisar a problemática do uso nocivo de SPA em toda a sua complexidade, entendendo-a como um fenômeno multifatorial (Brasil, 2003). O carro-chefe desta Política é a redução de danos. A partir disso, há ampliação das discussões acerca da concepção de saúde como uma busca pela dignidade da vida, um conceito ampliado de saúde, o qual está em consonância com a proposição da Organização Mundial da Saúde (OMS). O conceito Espiritualidade passou a ser considerado científico e estatisticamente válido após a Assembleia Mundial de Saúde de 1988, quando a OMS insere o domínio Espiritualidade/Religiosidade/Crenças pessoais (SRPB) como um aspecto intimamente ligado à saúde (OMS, 1998). Destaca-se, ainda, que é preconizado o cuidado em rede - Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), a qual reafirma os princípios das Reformas Psiquiátrica e Sanitária Brasileiras, enfatizando os serviços de base territorial e comunitária em substituição ao modelo hospitalocêntrico e manicomial (Cunha et al., 2020).

Assim, para se ofertar um cuidado integral em saúde, é imprescindível que as dimensões biopsicossociais do ser humano sejam contempladas, e, dentre elas, destacamos as dimensões espirituais e religiosas. Por religiosidade, entende-se u conjunto de crenças e práticas ritualísticas de uma religião, realizadas coletiva ou individualmente, que auxiliam a aproximação com o sagrado. A espiritualidade envolve uma relação pessoal com algo transcendente, metafísico, refere-se à forma pessoal de se relacionar com o sagrado ou Força Superior, que propicia respostas para questões existenciais e produz sentidos para a vida (Silva et al., 2010; Zerbetto et al., 2017).

Todavia, autores debatem que os usuários de álcool e outras drogas apresentam baixo nível de adesão ao tratamento ou às práticas preventivas e de promoção à saúde. Tal comportamento pode estar relacionado à dificuldade dos profissionais em estabelecerem vínculos com os usuários e seus familiares, ao proporcionarem práticas que não favorecem a inserção social e familiar, além de não considerarem em sua totalidade as características e necessidades do sujeito. O fenômeno do uso abusivo de álcool e outras drogas deve ser assistido na saúde com um diálogo entre os saberes das diversas áreas afins, tendo a participação do usuário como protagonista (Manfrê, 2015; Rosa et al., 2016).

Ao estimular este diálogo, seria possível conhecer e ter acesso mais amplo aos fatores de risco e proteção que possam estar presentes na vida do usuário. Como fatores de risco, destacam-se: [1] consumir tabaco e álcool em idade precoce; [2] apresentar pares que usam drogas ou álcool; [3] apresentar pares que aprovam ou valorizam o uso; [4] apresentar pares que adotam postura de rejeição sistemática de regras, práticas ou atividades organizadas; [5] rede social desfavorável (Andrade & Ramos, 2011; Brasil, 2014; Hovdestad et al., 2015; Hung et al., 2015; Rozin & Zagonel, 2012; Wandekoken et al., 2011). Já em relação aos fatores de risco, citam-se atividades recreativas, escolares, profissionais, religiosas ou outras que não envolvam o uso indevido de álcool e outras drogas (Andrade & Ramos, 2011; Brasil, 2014; Rozin & Zagonel, 2012; Witkiewitz et al., 2016; Zerbetto et al., 2017).

Neste estudo, buscou-se compreender especificamente o papel das práticas religiosas e espirituais. Witkiewitz et al. (2016) reforçam que a importância da religiosidade e das práticas espirituais na etiologia e manutenção do consumo de álcool e outras drogas tem sido citada na literatura há mais de 70 anos, sendo ambíguos os efeitos destas práticas no enfrentamento e tratamento. Ora os estudos descrevem os benefícios potenciais, ora discutem que a atividade religiosa não é inteiramente protetora contra o abuso do álcool e outras drogas.

Essas controversas devem estimular que novas pesquisas na área sejam realizadas, a fim de esclarecer se eficazmente a espiritualidade e religiosidade, comumente associadas à transformação pessoal, podem auxiliar na transformação pessoal de comportamentos de uso de substâncias. A transformação pessoal pode envolver elementos tais como a atenção plena e a aceitação de um problema, que formam as bases de tratamentos comportamentais para distúrbios de uso de substâncias, incluindo o álcool e outras drogas (Dawson et al., 2012; Witkiewitz et al., 2014; Witkiewitz et al., 2016). Alguns autores têm demonstrado a espiritualidade e a religiosidade, quando presentes na vida dos adultos e adolescentes, como fatores influenciadores para relações sociais e familiares com preceitos éticos, políticos e culturais, incentivando a adoção de hábitos e condutas saudáveis, proporcionando saúde física e mental (Henning-Geronasso & Moré, 2015; Murakami & Campos, 2012; Santos et al., 2015; Zerbetto et al. 2017).

A partir deste enfoque e tendo o conceito amplo de saúde, reconhecendo o ser humano como um ser integral, compreendido com múltiplas dimensões, faz-se necessário transpor as barreiras da atenção pontual e assistencialista à saúde, reconhecendo, além da habitação, meio ambiente, família, aspectos biológicos e psicossociais, renda e lazer, a religião e a espiritualidade na mesma expressividade (Backes et al., 2012).

Diante do exposto, este artigo propõe conhecer sobre a relação da espiritualidade e da religiosidade no uso abusivo de álcool e outras drogas, por meio da análise de publicações da última década. Busca-se com este estudo proporcionar informações para serem utilizadas na implementação de ações preventivas, promotoras e de intervenção no cuidado aos usuários. Ademais, destaca-se que, no presente trabalho, o foco é avaliar as práticas religiosas e espirituais trazidas pelas publicações, abstendo-nos de nos posicionarmos a favor ou contra entidades religiosas, comunidades terapêuticas ou demais instituições.

Método

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, a qual foi elaborada seguindo protocolos já estabelecidos e cientificamente aceitos (Mendes et al., 2008; Souza et al., 2010).

As buscas foram conduzidas em maio de 2017, por mais de um autor separadamente, visando rigor e validação dos resultados encontrados. As bases de dados consultadas foram Portal de Periódicos Eletrônicos de Psicologia (PePSIC), Index Psi Periódicos Técnico-Científicos (Index Psi), Base de Dados da Enfermagem (BDENF) e a Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), cujo acesso se deu pela Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A escolha dessas bases se deu pelo fato de os autores entenderem que incluem periódicos conceituados da área da saúde. Foram utilizados os seguintes descritores nas buscas dos artigos: “Espiritualidade”; “Religiosidade”; “Usuários de drogas”; “Abuso de álcool”; “Fatores de proteção”. Como operador booleano, utilizou-se o termo “AND” entre os descritores.

Como critérios de inclusão, foram considerados: artigos publicados entre os anos de 2007 a 2017; disponíveis na íntegra eletronicamente; em português; e com acesso gratuito. Como critérios de exclusão, consideraram-se: textos repetidos e que disponibilizaram apenas o resumo. O esquema representativo dos procedimentos de seleção dos artigos é demonstrado na Figura 1.

Figura 1 Esquema representativo dos procedimentos de seleção dos artigos. 

Dos 116 artigos encontrados nas primeiras buscas, após os critérios de inclusão e exclusão, 21 textos foram analisados por meio de leitura seletiva. A leitura seletiva objetiva analisar criticamente o texto e determinar de fato qual a matéria que interessa ao estudo (Porto & Reis, 2013). Analisadas as 21 publicações, foram incluídos 13 artigos para compor a amostra final desta revisão, sendo sete (54%) na LILACS; um (7,5%) na PePSIC; um (7,5%) na Index Psi; e quatro (31%) na BDENF (Quadro 1).

Por fim, realizou-se a leitura na íntegra das 13 referências remanescentes. Na análise, a qual foi embasada em protocolos já conhecidos (Mendes, Silveira, & Galvão, 2008), buscou-se ordenar as informações contidas nas fontes com a leitura analítica e conferir um significado global dos dados encontrados, tornando possível uma associação com conhecimentos previamente obtidos com a leitura interpretativa. Assim, seguiu-se com a caracterização de cada artigo; apresentação do conteúdo e dos conceitos importantes na área; comparação e discussão das ideias e resultados encontrados pelos autores.

Resultados

Construiu-se um quadro sinóptico com informações extraídas dos 13 artigos selecionados - título do artigo; autores; ano; local; tipo de estudo; população do estudo; característica analisada pelos autores (uso de álcool, uso de drogas ou ambos); periódico de publicação; base onde estava indexado. Os artigos estão apresentados neste quadro por sequência de ano de publicação, do mais antigo ao mais recente.

Constatou-se que o ano de 2014 apresentou maior frequência de publicações (n = 4; 31%), seguido pelos anos de 2011, 2012 e 2015, ambos com duas publicações (15%), sendo verificada, de certa forma, determinada distribuição equilibrada entre os anos. Em relação ao tipo de estudo conduzido, maior parte (n = 7; 54%) foi do tipo transversal com abordagem quantitativa. O periódico que mais frequentemente publicou sobre a temática foi o “SMAD - Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas”, que é vinculada à Universidade de São Paulo (USP), com três artigos (23%). Quanto à região de realização, observou-se que a maior parte das pesquisas foi realizada na região Sudeste (n = 9; 69%); seguido pela região Sul do Brasil (n = 3; 23%) e Nordeste (n = 1; 7,5%). Tais dados refletem o perfil de produção nacional, ainda dominada pela região Sudeste.

Em relação à população de cada estudo, destaca-se que a maioria dos artigos avaliou grupos de gestantes (n = 2; 15%), grupos de universitários (n = 2; 15%) e foram de revisão da literatura (n = 2; 15%). A frequente investigação dos grupos de gestantes e universitários pode ser reflexo de uma preocupação com essa população devido aos riscos futuros que o uso de drogas podem abarcar. Em relação à característica analisada pelos autores, cinco (38%) avaliaram aspectos da espiritualidade e da religiosidade naqueles que faziam uso de álcool e outras drogas juntos; quatro (31%) em somente usuários de álcool; e quatro em usuários de drogas (31%).

O tamanho amostral da presente pesquisa também permitiu analisar e discutir os resultados encontrados em cada produção, de modo a associá-los e elencar características semelhantes ou discrepantes entre os achados, bem como avaliar suas possíveis qualidades e fragilidades metodológicas.

Quadro 1 Descrição dos artigos incluídos na revisão segundo autores, ano, local, tipo de estudo, população do estudo, característica analisada pelos autores, periódico de publicação, base de dados em que está indexado. 

Discussão

As primeiras pesquisas que podem ser analisadas são as de revisão da literatura. Andrade e Ramos (2011) buscaram verificar quais seriam os fatores associados ao início do uso de canabis, por meio de uma revisão sistemática de publicações entre os anos de 1999 a 2008. Dos 14 estudos investigados por eles, apenas um testou a variável religiosidade, realizado por Chen et al.(2004). Esses autores demonstraram que a prática da religião teria associação inversa com o uso precoce tanto de maconha como de tabaco. Destaca-se a relevância desse estudo por ter tido uma amostra significativa de estudantes (N = 12.589). Os achados ainda indicaram que os jovens sem prática religiosa apresentaram duas ou três vezes maiores chances de usar maconha quando comparados aos jovens que possuíam práticas católicas. Chen et al. (2004) concluíram que as práticas religiosas representaram fator protetor ao uso precoce de tabaco e maconha, entretanto, esse comportamento não influenciou na decisão de consumir a droga, uma vez que tenha tido oportunidade de uso.

Em estudo de revisão, realizado por Felipe et al. (2015), as autoras buscaram identificar as evidências disponíveis na literatura sobre a importância da religião/espiritualidade como protetores ao uso de drogas em adolescentes. Foi delimitado o tempo de 2003 a 2013, e a amostra total da análise foi composta de 12 artigos. Os principais resultados indicaram que: o fator protetivo esteve presente independentemente do tipo de religião; os filiados às outras religiões, quando comparados aos católicos, tiveram menor probabilidade de se envolver com drogas; os jovens que não referiram práticas religiosas tiveram de duas a três vezes mais chances de se envolverem com maconha em relação aos jovens católicos; menores probabilidades de uso foram vistas, ainda, naqueles que eram ativos nas atividades religiosas e na adoração; foi observado, também, que a religiosidade e a espiritualidade favoreceram níveis elevados de bem-estar, autoeficiência, autorrespeito ao corpo e à mente.

Pôde-se observar que ambos os artigos de revisão demonstraram, de forma geral, que a espiritualidade e a religiosidade se apresentaram como fatores protetivos ao uso de drogas. Ressalta-se que os dados podem não ser generalizáveis a outras drogas e populações, já que especificamente foram investigadas a maconha, tabaco e grupo de adolescentes.

As outras pesquisas aqui levantadas foram analisadas, a seguir, tendo como base as semelhanças entre os grupos populacionais específicos. A princípio, destacam-se as de Silva et al. (2010) e Santos et al. (2016), que investigaram gestantes. Nas duas investigações, os dados indicaram que a religião influenciou na frequência do uso de álcool e drogas nas mulheres em período gestacional, podendo atuar como fator de proteção.

Especificamente no estudo de Silva et al. (2010), realizado em Juiz de Fora, Minas Gerais, foi verificada relação entre prática religiosa, prevalência de diagnósticos psiquiátricos e consumo alcoólico em 260 gestantes. A maioria das participantes era praticante de alguma religião (60,8%) e nelas houve uma tendência à menor prevalência em relação ao diagnóstico de abuso de uma ou mais substâncias psicoativas.

Por sua vez, a pesquisa realizada por Santos et al. (2016) verificou a associação entre características sociodemográficas e a frequência de uso de álcool em 268 gestantes atendidas em uma maternidade pública de Salvador, Bahia. Foi identificada associação estatisticamente significativa entre a frequência de uso de álcool e a religião, demonstrando que quanto mais frequentes eram as práticas religiosas, menor foi o uso de álcool. Mais uma vez a religião esteve como elemento influenciador da frequência de uso de álcool, podendo atuar como um fator de proteção.

Sendo assim, a prática da religiosidade se mostrou como influenciadora na adoção de condutas referentes à abstinência ou à diminuição do uso de álcool em gestantes, de acordo com as pesquisas encontradas. A religiosidade mostrou fortalecer o enfrentamento de situações adversas ou ruins, no fortalecimento pessoal, além de proporcionar uma ressignificação da gestação, com ênfase no cuidado nessa fase (Santos et al., 2016; Silva et al., 2010).

É válido ressaltar que as duas pesquisas citadas apresentam limitações, de acordo com os relatos dos próprios autores. Naquela conduzida por Santos et al. (2016), o fato da amostra ser intencional pode ter influenciado os achados. Além disso, pode ter ocorrido uma subestimação do relato de consumo de álcool pelas gestantes, levando em consideração que o uso de álcool não é socialmente bem aceito, principalmente em um grupo específico como o de gestantes. Já no estudo de Silva et al. (2010), a limitação se refere à definição de “praticante” ou “não praticante” de alguma religião, que se deu apenas por uma simples pergunta, não apresentando uma avaliação mais consistente sobre o conceito de “religiosidade”.

Outros dois artigos realizaram investigações da relação da espiritualidade e religiosidade em grupos de estudantes universitários, obtendo resultados diferentes dos encontrados em gestantes. Não foi encontrada significativa relação entre espiritualidade e consumo de álcool e outras drogas (Funai & Pillon, 2011; Zeferino et al., 2015).

Zeferino et al. (2015), na análise de 250 estudantes de uma universidade pública em Florianópolis, Santa Catarina, investigaram o papel da família, da espiritualidade e do entretenimento como moderadores da relação da influência dos pares sobre o consumo de drogas. Os resultados indicaram que a espiritualidade e o papel da família não foram significativos como moderadores dessa relação. Porém, os autores sugeriram que esses fatores devem ser trabalhados para que saiam da neutralidade e se tornem aspectos influenciadores no sentido positivo do controle de uso de drogas. Como limitação do estudo, destacou-se o fato da amostra ser não probabilística, fato que pode ter influenciado os achados.

Funai e Pillon (2011) buscaram identificar o padrão de uso de álcool e o comportamento religioso entre estudantes de enfermagem de uma instituição pública de Marília, São Paulo. A amostra foi composta predominantemente por mulheres e para coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos: (a) questionário cujo objetivo era a coleta de informações sociodemográficas e aspectos religiosos; (b) Teste de Identificação de Problemas Relacionados ao Uso de Álcool (AUDIT). Os resultados não evidenciaram que o comportamento religioso foi um fator de proteção. Mostraram que os estudantes “bebedores problemáticos” declararam pertencer, em sua maioria, à religião espírita (35,2%), seguidos pelos católicos e os evangélicos, com prevalências semelhantes (16,5%). Também foi evidenciado que possuir família praticante de alguma religião não foi fator significativo de proteção para o uso de bebidas alcoólicas em níveis “problemáticos” (Funai & Pillon, 2011).

Como limitação, destaca-se que o uso de amostragem intencional, tanto na pesquisa de Zeferino et al. (2015) quanto na de Funai e Pillon (2011), restringiu potenciais generalizações dos resultados a grupos de jovens universitários, bem como a outros grupos populacionais.

Em relação aos demais grupos populacionais estudados pelos autores amostrados nesta revisão, destaca-se o estudo de Sanchez e Nappo (2008), que buscaram identificar intervenções religiosas emergentes para recuperação da dependência de drogas em ex-usuários. O estudo foi realizado em São Paulo, SP, em 2004 e 2005. Foram conduzidas 85 entrevistas com ex-usuários de drogas que haviam utilizado recursos religiosos e não-médicos para tratar a dependência e que estavam há pelo menos seis meses em abstinência. Foram analisados grupos de católicos, evangélicos e espíritas. As entrevistas eram constituídas por questões sobre aspectos sociodemográficos, religiosidade, histórico de consumo de drogas, tratamentos médicos para dependência de drogas, tratamento religioso e prevenção ao consumo de drogas pela religião. Os resultados indicaram que os evangélicos foram os que mais utilizaram a religião como forma única de tratamento, seguidos pelos católicos, com certa aversão ao papel do médico e farmacológico em ambos os casos. Os espíritas foram os que aceitaram o tratamento misto. Os entrevistados relataram que as variáveis que mais os mantiveram em abstinência foram relativas ao suporte, à pressão positiva e ao acolhimento recebido no grupo, e à oferta de reestruturação da vida pelo apoio incondicional dos líderes religiosos.

Em estudo realizado por Martins et al. (2012), foi avaliado o uso docopingreligioso/espiritual em pacientes adultos portadores de hepatopatias na modulação do consumo alcoólico durante o período de abril a dezembro de 2009. Foram utilizados os seguintes instrumentos: Questionário CAGE de rastreamento de possível Síndrome de Dependência a alcoólicos na vida; o AUDIT e a Escala decopingreligioso/espiritual (Escala CRE). Foram encontrados resultados abaixo da mediana em coping religioso/espiritual negativo (CREN; estratégias negativas/prejudiciais religiosas e/ou espirituais para manejar o estresse diário) e positivo (CREP; estratégias positivas/benéficas religiosas e/ou espirituais para manejar o estresse diário) em participantes com CAGE-negativo (que indica não presença de dependência). Tais resultados evidenciaram a maior presença do coping em prováveis dependentes. Os autores verificaram que, possivelmente, a condição de saúde mais a dependência favoreceriam as estratégias de coping. A limitação principal do estudo, de acordo com os autores, foi não ter controlado o quanto a doença influenciaria também tais estratégias, o que provavelmente interferiu nos resultados da pesquisa.

Backes et al. (2012) trouxeram um relato de experiência relacionado ao processo de desintoxicação de usuários de crack em São Paulo, por meio de oficinas de espiritualidade. Nestas oficinas, buscou-se alcançar o cuidado na sua integralidade, tendo sido observado uma transformação gradual e contínua na vida de alguns dos usuários participantes. Assim, diante de suas experiências profissionais, os autores indagaram: “por que a espiritualidade ainda gera tanto desconforto entre os profissionais da saúde e outros, mesmo sabendo das suas evidências positivas no enfrentamento das incertezas, dores e enfermidades de toda ordem?” (Backes et al., 2012:1255). A partir do que foi vivenciado nas oficinas com os usuários de crack, os autores verificaram que a prática da espiritualidade se constituiu uma estratégia essencial do tratamento, tendo em vista o poder agregador, animador e dinamizador de vida e esperança que promoveu. Conhecer sobre a religião e o modo singular de vida de cada usuário foi também uma importante ferramenta de fortalecimento dos seus mecanismos de enfrentamento, servindo como ajuda para potencializar as práticas promotoras de saúde (Backes et al., 2012).

Ao analisar mais um grupo populacional quanto ao uso de drogas, Silva et al. (2014) investigaram uma amostra de 50 usuários de substâncias psicoativas em tratamento de dependência química em regime de internação voluntária, objetivando conhecer, na percepção dos usuários, os fatores de risco e proteção à recaída. Observou-se que a religiosidade foi citada como principal rede de suporte para prevenção às recaídas, seguida dos grupos de apoio. Todavia, destaca-se que o local da pesquisa foi uma comunidade terapêutica que está ligada a fatores religiosos, o que pode ter interferido nos resultados.

Gonçalves et al. (2014), no estudo em São Paulo, avaliaram aspectos da espiritualidade e religiosidade em 138 usuários de álcool e/ou drogas do sexo masculino vinculados a instituições para reabilitação ou grupo de mútua ajuda. Utilizando um questionário sociodemográfico, o AUDIT versão C e a versão brasileira da Spirituality Self Rating Scale, que é uma escala que visa mensurar o quanto o sujeito considera ou julga importantes questões pertinentes à sua dimensão espiritual e as aplica em sua vida. Os autores observaram que a espiritualidade identificada entre os participantes aparentou estar relacionada à busca de uma qualidade de vida. Relacionou-se a isso o fato do reconhecimento de que o sentimento pessoal possa estimular um desfecho positivo quanto ao enfrentamento do problema, facilitando a manutenção do estado de abstinência, melhorando os relacionamentos interpessoais e ajudando a tolerar sentimentos que rompam com o equilíbrio emocional, como a ansiedade (Gonçalves et al., 2014).

Dentre os artigos selecionados, evidencia-se um relato de experiência dos autores Bardi e Malfitano (2014), os quais buscaram identificar as redes sociais formais e informais de jovens que diziam usar drogas ilícitas na periferia urbana de um município de médio porte de São Paulo. Para tanto, os autores apresentam a história de “Pedrinho” e os seus caminhos para a obtenção de suportes, centrados em sua mãe, em uma colega da prostituição e em dois líderes religiosos (um pastor e um pai de santo).

Durante o acompanhamento do cotidiano do “Pedrinho”, foi possível compreender uma dimensão bastante presente em sua vida: a religiosidade. Para lidar com as dificuldades advindas do uso de drogas, ele participava do candomblé por acreditar mantê-lo ocupado, levando-o a “pensar menos na droga”. O pai de santo (que era uma travesti) se destacava como uma importante fonte de “suporte social informal”, pois ocupava o papel de amigo com quem o Pedrinho poderia contar nos momentos de dificuldades e alucinação do uso da droga. Em outros momentos, o sujeito do estudo frequentava a Igreja Evangélica, o que o levava a distanciar dos estigmas que o perturbava. O jovem transitava entre as duas religiões, que lhe ofereciam benefícios de suporte, cada uma com suas especificidades, para cada acontecimento vivenciado em seu cotidiano. Tanto uma quanto a outra possuíam em comum, pelo menos, o fato de concentrarem o suporte fornecido ao jovem especialmente nas relações travadas com seus líderes religiosos e no relacionamento que ele tinha com as comunidades religiosas - e não apenas nas divindades cultuadas em cada uma delas (Bardi & Malfitano, 2014). Assim, reforça-se a importância das redes sociais criadas nas comunidades religiosas, funcionando como ferramentas de suporte no enfrentamento do álcool e outras drogas.

Complementarmente, assim como no estudo anteriormente citado, Cardoso et al. (2014) também abordaram a importância das redes sociais presentes nas comunidades religiosas. O estudo realizado com usuários de álcool e outras drogas vinculados às Unidades de Saúde da Família de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, mostrou a identificação e o fortalecimento dessas redes atuando como fatores de proteção. As comunidades religiosas se apresentaram como uma alternativa de manutenção do convívio social, além de fomentarem o desenvolvimento de valores. Verificou-se, também, que a espiritualidade estimulou a esperança dos usuários. A busca de práticas saudáveis e o empoderamento pessoal pela fé possibilitaram novas interações sociais e reforçaram o suporte social, além de possibilitarem ao usuário, através da crença, o fortalecimento na busca do afastamento do uso abusivo de álcool e outras drogas.

Constatou-se que, na maior parte dos estudos, a espiritualidade e a religiosidade se apresentaram como fatores protetivos ao uso abusivo de álcool e outras drogas. Foram identificados fatores como: proteção entre os adolescentes; influência de hábitos saudáveis entre as gestantes, levando-as a diminuírem o uso de álcool ou buscarem a abstinência; prevenção de recaídas dos usuários em processo de desintoxicação do uso abusivo de drogas lícitas e ilícitas; incentivadores da busca de uma vida saudável ao fazerem parte da rede de apoio das comunidades religiosas que tem no acolhimento a sua principal função. Resultados que não identificaram tais fatores, mostrando neutralidade, foram encontrados em grupos de universitários e em hepatopatas.

De forma geral, notou-se que foram poucos os estudos nacionais encontrados que abordaram a temática, na análise de uma década. Assim, pode ser considerada uma área pouco explorada e que merece uma maior atenção dos pesquisadores, principalmente em razão dos dados aqui encontrados. Torna-se essencial, dentro da lógica da integralidade e humanização, que os profissionais reconheçam novas e eficazes práticas que forneçam possíveis mecanismos de enfrentamento e ajudem a maximizar as ações de promoção da saúde. Na presente investigação, verificou-se que o acesso a práticas de espiritualidade e de religiosidade poderiam ser uma delas, caso da vontade do usuário.

Por fim, ressalta-se a importância de investimentos em novas pesquisas nacionais que evidenciem e aprofundem sobre o papel da espiritualidade e da religiosidade em ações preventivas e de intervenção na área de álcool e outras drogas. Sugere-se que as futuras pesquisas sejam cautelosas: (a) quanto às definições e reconhecimento da religiosidade e da espiritualidade; (b) quanto às análises, considerando as influências de outras variáveis, tais como: econômicas, sociais, adoção de outras práticas terapêuticas, dentre outras; (c) quanto aos delineamentos, com adoção de outros tipos de estudos (como os de coorte); (d) quanto à seleção dos sujeitos (nas diversas faixas etárias, gêneros e situações de vulnerabilidade), seja de forma qualitativa (em diversas situações sociais) ou quantitativa (com amostras probabilísticas). Tais estratégias poderiam favorecer o fortalecimento da discussão científica da espiritualidade e da religiosidade no cotidiano e na singularidade dos usuários.

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Recebido: 19 de Abril de 2019; Aceito: 21 de Setembro de 2020

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