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Psicologia, Saúde & Doenças

versão impressa ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.20 no.3 Lisboa dez. 2019

https://doi.org/10.15309/19psd200301 

Positive youth development (pyd-sf): validação para os adolescentes portugueses

Positive youth development (pyd-sf): validation for portuguese adolescents

Gina Tomé1,2, Margarida Gaspar de Matos1,2, Inês Camacho1,2,3, Paulo Gomes1, Marta Reis1,2, Cátia Branquinho1,2, Diego Gomez-Baya4, & Nora Wiium5

1Universidade de Lisboa, Faculdade de Motricidade Humana (Equipa Aventura Social), Portugal, gtome@fmh.ulisboa.pt; mmatos@fmh.ulisboa.pt; p11gomes@hotmail.com; reispsmarta@gmail.com; catiasofiabranquinho@gmail.com;

2Instituto de Saúde Ambiental, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, Portugal

3Instituto Politécnico de Beja, inmcamacho@gmail.com

4Department of Social, Developmental and Educational Psychology, Universidad de Huelva, Spain, diego.gomes.baya@gmail.com

5Department of Psychosocial Science, Faculty of Psychology, University of Bergen, Norway, Nora.Wiium@uib.no


 

RESUMO

A teoria do Desenvolvimento Positivo dos Jovens (Positive Youth Development -PYD) considera que todos os jovens têm potencial para um desenvolvimento saudável e com sucesso. O objetivo do presente estudo é realizar a validação de um construto, a escala PYD para os adolescentes portugueses. Participaram 384 adolescentes, com idades entre os 10 e os 20 anos (M=15,3, DP=2,3), que frequentavam entre o 5º e o 12º ano de escolaridades. A análise fatorial confirmatória permitiu manter a estrutura original proposta no PYD-SF (34 itens) com 5 C´S (Competência, Confiança, Conexão, Caráter e Cuidado), as subescalas mantiveram índice de consistência interna variando entre a=0,73 e a=0,87. Foram ainda analisadas as diferenças entre géneros e grupos de idade, através da ANOVA. Para as diferenças entre géneros, observou-se que os rapazes têm média superior para as subescalas Competência, Confiança e Conexão. Para a idade, os adolescentes mais novos (10-12 anos), apresentam médias superiores para todas as subescalas, com exceção da subescala Carácter. Propõe-se, um novo instrumento para avaliar o Desenvolvimento Positivo nos Jovens, válido para a população portuguesa, sensível às diferenças de género e idade, para uso com adolescentes, salientando-se a importância das diferenças de género e idade para a adequação das políticas educativas públicas à promoção do desenvolvimento nos adolescentes.

Palavras-Chave: PYD, Cinco Cs, Portugal, Desenvolvimento Positivo


 

ABSTRACT

The Positive Youth Development (PYD) theory believes that all young people have the potential for healthy and successful development. The aim of this study is to validate the PYD scale for portuguese adolescents. The sample included 384 adolescents (53.4% boys), attending between the 5th and 12th year of schooling levels. The confirmatory factorial analysis allowed to maintain the original structure proposed in the PYD-SF (34 items) with 5 C'S (Competence, Confidence, Connection, Character and Caring), the subscales conserved index of internal consistency ranging from a= .73 and a = .87. Differences between genders and age groups were also analysed through ANOVA. Regarding gender differences, it was observed that boys have a higher mean for the Competence, Confidence and Connection subscales. For age, the younger adolescents (10-12 years old), have higher averages for all subscales, except the subscale character. A new instrument for evaluating Positive Youth Development, valid for the Portuguese population, sensitive to gender and age differences, is proposed for use with adolescents, highlighting the importance of gender differences and age for the adequacy of public education policies to promote positive development in adolescents.

Keywords: PYD, Adolescents, Five Cs, Portugal, Positive Development.


 

Investir no apoio e oportunidades através das quais adolescentes e jovens desenvolvam competências, atitudes e outros recursos pessoais e sociais é uma estratégia fundamental para promover o bem-estar. Com metade da população mundial abaixo dos 30 anos e metade dessa população com idades entre os 10 e os 24 anos, a saúde, educação e o desenvolvimento positivo dos jovens é fundamental para o bem-estar social e económico dos países em desenvolvimento, onde a maioria da população é jovem (Scales, Roehlkepartain, & Shramko, 2017).

O estudo dos comportamentos dos adolescentes focou-se, anteriormente, nos fatores de risco e nos déficits (Geldhof et al., 2014). Os modelos de desenvolvimento positivo mudaram o foco desse tipo de estudos e intervenções, passando-se do evitamento de problemas, déficits ou psicopatologia, para a promoção de competências, dos “assets” ( trunfos) e do bem-estar. O foco passou a estar em múltiplas linhas paralelas de investigação empírica a partir de quatro estruturas principais: competência social, aprendizagem social e emocional, desenvolvimento positivo dos jovens e psicologia positiva (Tolan, Ross, Arkin, Godine, & Clark, 2016). Atualmente, os estudos encontram-se centrados em indicadores positivos do bem-estar dos jovens, já que as intervenções centradas nos riscos e nas vulnerabilidades revelaram ter um impacto limitado sobre o seu bem-estar (Moore, Lippman, & Brown, 2004).

Nos EUA o desenvolvimento positivo dos jovens (Positive Youth Development -PYD) tem sido definido como um tipo de educação, que tem como objetivo a promoção geral (não apenas da saúde) e positiva (não apenas evitar o risco) de assets, como conexão, resiliência, competências sociais, emocionais, pessoais, cognitivas e comportamentais, autorregulação, autodeterminação, autoeficácia, espiritualidade, desenvolvimento da identidade, expectativas de futuro, suporte social e coesão social, entre outras. As intervenções que são identificadas como intervenções PYD, abordam diversos recursos aplicados aos contextos dos jovens, como a família ou a comunidade (Bonell et al., 2016).

A teoria do Desenvolvimento Positivo dos Jovens (Positive Youth Development -PYD) considera que todos os jovens têm potencial para um desenvolvimento saudável e com sucesso, não considera os jovens como problemáticos, mas como recursos que devem ser desenvolvidos. A ideia principal do modelo do PYD é que, se as forças individuais estiverem em sintonia com os contextos para o desenvolvimento saudável, os jovens desenvolvem positivamente, ou seja, desenvolvem competências cognitivas, confiança, conexões positivas, caráter, entre outras competências (Chauveron, Linver, & Urban, 2016).

O projeto transnacional PYD procura 1) examinar até que ponto os assets do desenvolvimento externos e internos (propostos por Peter Benson e o Search Institute, Minneapolis) são acessíveis aos jovens em diferentes contextos; 2) compreender como estes assets se relacionam com os resultados de desenvolvimento positivo, tais como os 5C do PYD (i.e. Confiança, Competência, Carácter, Cuidar e Conexão) e indicadores relevantes (como por exemplo, sucesso académico, diversidade de valores, resistência ao perigo e competências de liderança); e, 3) salientar como resultados positivos podem estar associados à contribuição dos jovens para o desenvolvimento pessoal e à sociedade envolvente (ver http://www.uib.no/en/rg/sipa/pydcrossnational ) (Matos, Santos, & Reis, 2017).

O conceito Positive Youth Development (PYD), tem sido utilizado de três formas diferentes: para descrever o processo de desenvolvimento natural de crianças e adolescentes, como programas de intervenção para promoção do desenvolvimento dos jovens ou como uma filosofia caracterizada por uma orientação positiva para a construção de recursos, focada nos pontos fortes dos jovens e não nos déficits (Whitlock & Hamilton, 2001). Esta é uma abordagem centrada nas forças e não no negativo, segue em direção a uma visão de que os jovens são recursos a serem desenvolvidos e nutridos. Concentra-se na relação entre os pontos fortes e os recursos dos jovens em seus contextos, como chave para promover resultados positivos. Várias versões do modelo dos cinco C`s do PYD (1. Competência (nas áreas académica, social, emocional e vocacional); 2. Confiança (em quem o indivíduo está a transformar-se - identidade própria); 3. Caráter (relacionado a valores positivos, integridade e forte senso de moralidade); 4. Conexão (laços com o eu e os outros); 5. Cuidar (empatia e compaixão)) foram desenvolvidas e testadas em amostras nos EUA e fora dos EUA (por exemplo a versão com 78 itens e a versão com 34 itens (Geldhof et al., 2014; Lerner et al., 2014; Scales, 2011). Estes cinco domínios são interativos e é necessário um desenvolvimento saudável entre todos. Sua manifestação através da adolescência pode aumentar uma relação indivíduo/contexto, benéfica ao longo do desenvolvimento, o que contribui para o próprio, para a família e para a comunidade (Lerner et al., 2005).

Em Portugal, Matos, Santos, Reis e Marques (2018) e Matos, Santos, Reis, Goméz-Baya, e Marques (2018), realizaram dois estudos aonde analisaram a associação entre os 5 C´s do PYD e algumas variáveis psicossociais (resiliência, autorregulação, ansiedade, perceção das capacidades académicas, objetivos e expectativas) em uma amostra constituída por 2700 jovens, com idade média de 21 anos e verificaram uma tendência para as variáveis psicossociais terem impacto significativo no PYD total e nas suas 5 dimensões (competência, cuidado, caráter, confiança e conexão).

A validação, em Portugal, da versão curta da escala do PYD, com 34 itens, foi testada e validada em uma amostra construída por 2700 jovens, com média de idade de 21 anos. O instrumento ficou reduzido a 20 itens, numa versão ainda mais curta, onde se mantiveram os 5 C´S originais (Matos et al., 2018).

O objetivo deste estudo é realizar a validação de um construto, a escala de 34 itens do PYD, com os 5 C´s para uma amostra de adolescentes.

Método

Procedimento

O Projeto ES’COOLPromoção da Saúde Mental em Contexto Escolar (Equipa Aventura Social) tem como objetivo promover a saúde mental dos adolescentes através da formação de professores e outros profissionais de educação. Visa o desenvolvimento de um programa de competências pessoais e sociais, que inclui a prevenção dos sintomas das perturbações de ansiedade, perturbações do humor, a promoção do bem-estar, da resiliência e autorregulação dos adolescentes, da saúde mental em contexto escolar. A formação é constituída por 40 horas, distribuídas por 20 horas presenciais e 20 horas à distância. O impacto da formação é avaliado através de um questionário que avalia as competências, conhecimentos e atitudes dos professores face à saúde mental dos jovens.

Para avaliar o impacto da formação dos professores entre os adolescentes, foi solicitado aos professores, participantes na formação, o envio de um link com um questionário destinado aos seus alunos. O link deveria ser enviado no início da formação e passado um mês do final da formação. Os professores foram responsáveis por selecionar os alunos interessados em participar no estudo. O link com o questionário era enviado apenas aos alunos que concordassem em participar. O único critério de inclusão dos jovens no estudo era ser aluno de um dos professores que estavam a realizar a formação.

O questionário destinado aos alunos, é constituído por questões sobre a sua saúde mental e bem-estar e o seu relacionamento com a escola e com os professores. O questionário foi enviado apenas a alguns alunos, através de um link, podendo assim ser preenchido na escola ou em casa. Ambos os questionários (professores e jovens) foram submetidos e aprovados pela Comissão de Ética do Hospital Santa Maria e o consentimento informado foi obtido junto dos encarregados de educação no caso dos jovens com idade inferior a 18 anos.

Instrumento

Entre as questões destinadas aos jovens, encontra-se o questionário Positive Youth Development -PYD.

A versão original da escala PYD foi desenvolvida com os dados do 4-H Study (Bowers et al., 2010; Jelicic, Bobek, Phelps, Lerner, & Lerner, 2007; Lerner et al., 2005), com amostras constituídas por adolescentes com idades entre os 10 e os 16 anos (Geldhof et al., 2014). Os 78 itens da escala original foram desenvolvidos e adaptados do Profile of Students Life: Atitudes e Comportamentos (PSL) (Institute, 2006), Perfil de Auto-Perceção dos Adolescentes (SPPA) (Harter, 1988), Projeto de Avaliação Adolescente (TAP), Survey Question Bank (Small & Rodgers, 1995), Escala de Simpatia de Eisenberg (ESS) (Eisenberg et al., 1996), e Subescala de Preocupação Empática do Índice de Reatividade Interpessoal (IRI) (Davis, 1980). Os itens da subescala “competência” foram adaptados da SPPA, da subescala “conexão” da PSL e TAP, os itens da subescala “confiança” e “carater” da PSL e SPPA e os itens da subescala “cuidado” são um conjunto de questões adaptadas da ESS e IRI.

Posteriormente foi criada uma versão mais curta da escala - Positive Youth Development Short Form (PYD-SF). A escala foi reduzida de 78 para 34 itens (Geldhof et al., 2014) e traduzida para Português.

Mais recentemente, Matos et al. (2018), validaram uma versão com 20 itens, destinada a jovens com idades compreendidas entre os 16 e os 29 anos. Neste estudo foi utilizada a escala com 34 itens, com opção de resposta que variam entre 1 (Discordo totalmente) e o 5 (concordo totalmente).

Participantes

A presente validação foi realizada com alunos dos professores que realizaram a Formação ESCOOL, tendo como base a versão portuguesa do PYD-SF com 34 itens.

O questionário foi administrado a 384 adolescentes, 53,4% pertencentes ao género masculino, com idades compreendidas entre os 10 e os 20 anos (M=15,3, DP=2,3), que frequentavam entre os 5º e o 12º ano de escolaridades de escolas públicas nacionais (Quadro 1).

 

 

Análise dos Dados

Os dados foram analisados através do SPSS versão 24. Para análise dos dados foram realizadas análise da consistência interna através do teste de Alpha de Cronbach, análise das correlações, comparação das médias entre género e idade (ANOVA). Foram criados três grupos de idade, tendo em consideração a fase da adolescência em que se encontram os jovens (10-12 anos, 13-15 anos e 16 ou mais). Para a realização da análise fatorial confirmatória proposta, utilizou-se o modelo de equações estruturais (Structural Equations Modeling, SEM), através do programa estatístico EQS, Structural Equation Modeling Software, versão 6.1.

Resultados

Mantendo-se a estrutura fatorial inicial proposta no PYD-SF (34 itens) com 5 C´S (Competência, Confiança, Caracter, Cuidado, Conexão) (Quadro 2), as subescalas mantiveram índice de consistência interna variando entre a=0,73 e a=0,87(Quadro 3), enquanto na escala original a consistência interna variava entre a=0,80 e a=0,96.

 

 

 

Na realização do modelo de análise fatorial confirmatória, os resultados obtidos relativamente à adequação do modelo explicativo proposto mostraram que este apresentou bons níveis de adequação, de acordo com o considerado por Bentler (1995) (ver Quadro 4 - passo 1). No entanto, a análise dos resultados obtidos no Langrange Multiplier test (LM teste), um teste que avalia a necessidade de adicionar novos parâmetros ao modelo, revelou que a introdução de algumas conexões entre os itens inseridos no modelo diminuiriam o valor do qui-quadrado melhorando assim os valores de adequação do modelo (Quadro 4 - passo 2). Os resultados obtidos no Wald test, não revelaram a existência de ligações não significativas (Bentler, 1995).

 

 

A solução estandardizada obtida no modelo de análise fatorial confirmatória (Figura 1) permite verificar que no geral, os itens inseridos no modelo têm uma saturação nos fatores a que pertencem variando entre β=0,34 e β=0,87 (ver Figura 1).

 

 

A variância explicada dos itens, bem como os residuais, relativamente ao modelo de análise fatorial confirmatória são apresentados no Quadro 5. Pode observar -se que esses valores são igualmente adequados e variam entre R2 =0,12 e R2 = 0,77 (ver Quadro 5).

 

 

As correlações entre as subescalas (5 C´S) são significativas e positivas, variando entre 0,27 e 0,64 (Quadro 6).

 

 

Foram ainda analisadas as diferenças entre géneros e grupos de idade, para as cinco subescalas do questionário PYD-SV, através da ANOVA. No Quadro 7 estão destacados a negrito o valor médio mais elevado (com significância estatística).

 

 

Relativamente às diferenças entre géneros, observou-se que os rapazes têm média significativamente superior para as subescalas competência (M=22,5, DP=3,9), confiança (M=23,4, DP=4) e conexão (M=31,2, DP=5,1). As subescalas carácter e cuidado não apresentaram valores estatisticamente significativos.

Para a idade os adolescentes mais novos, com idades entre os 10 e os 12 anos, apresentam médias significativamente superiores para todas as subescalas, com exceção da subescala carácter, para a qual os resultados não foram estatisticamente significativos, quando comparados com o grupo dos adolescentes com idades entre os 13-15 anos e os adolescentes mais velhos (16 ou mais): competência (M=15,7, DP=2,6), confiança (M=15,9, DP=3,2), cuidado (M=17,8, DP=2,2) e conexão (M=15,7, DP=3,1).

Discussão

O objetivo deste estudo foi validar o instrumento Positive Youth Development PYD, versão curta (34 itens) para a população portuguesa. Participaram 384 adolescentes, com idade média igual a 15 anos.

As intervenções dirigidas ao comportamento dos adolescentes passaram de uma abordagem centrada nos problemas e dificuldades para uma abordagem centrada nas suas forças (Geldhof et al., 2014; Tolan et al., 2016) realçando assim, a necessidade de desenvolver instrumentos apropriados a avaliar as intervenções centradas nessa abordagem.

A existência de instrumentos de avaliação adequados permite desenvolver intervenções adaptadas ao desenvolvimento positivo dos jovens, para além de ajudar os especialistas no desenvolvimento de políticas de saúde e educação a criar políticas interventivas que promovam a saúde e o bem-estar dos jovens.

A teoria do Positive Youth Development centra as suas intervenções na relação entre os pontos fortes e os recursos dos jovens em seus contextos como chave para promover resultados positivos (Whitlock & Hamilton, 2001). Os cinco C´s (competência, conexão, confiança, cuidar, caracter) surgem como uma forma de avaliar o Desenvolvimento Positivo dos Jovens (PYD) e integrar seus indicadores, considerando as experiências dos profissionais e as revisões de literatura sobre o desenvolvimento do adolescente (Eccles & Gootman, 2002; Lerner et al., 2005; Roth & Jeanne Brooks-Gunn, 2003; Roth & Brooks-Gunn, 2003).

Em Portugal, Matos e colaboradores (2018), realizaram a validação para a população portuguesa, da escala do PYD versão curta (34 itens), com uma amostra constituída por 2700 jovens com média de idades igual a 21 anos. A validação resultou em uma versão ainda mais reduzida da escala, com 20 itens, mantendo os 5 C´s. Para a população mais jovem não existe uma escala em Portugal que tenha em consideração a abordagem dos 5 C´s do PYD. O presente estudo, tenta ultrapassar essa necessidade.

Os resultados da análise fatorial confirmatória realizada mantiveram os 34 itens da escala original, permitindo manter a estrutura original do PYD-SF para os adolescentes portugueses.

Verificou-se uma tendência para os adolescentes do género masculino e os adolescentes mais novos (10-15 anos), terem médias superiores para todas as subescalas analisadas, indicando a necessidade de intervenções diferenciadas, indo ao encontro das características e fase de desenvolvimento em que os adolescentes se encontram.

Propõe-se um novo instrumento para avaliar o PYD (Desenvolvimento Positivo nos Jovens), válido para a população portuguesa, sensível para as diferenças de género e idade, para uso com adolescentes, salientando-se a importância das diferenças de género (favorecendo os rapazes) e idade (favorecendo os mais novos) para a adequação das políticas educativas públicas à promoção do desenvolvimento positivo nos adolescentes.

Este instrumento irá ainda permitir avaliar o desenvolvimento positivo dos adolescentes portugueses em outros estudos, como o Health Behaviour in School aged Children realizado em Portugal e mais 44 países (Matos & Social, 2018) e aonde o Brasil se encontra a realizar um estudo piloto para inserção na rede. Poderá ser ainda utilizado em outros estudos e intervenções que tenham por objetivo analisar e promover a saúde e bem-estar dos jovens.

Uma das limitações deste estudo foi o facto da amostra ser selecionada pelos professores, reduzindo a variedade dos jovens relativamente às suas características demográficas.

 

REFERÊNCIAS

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Recebido em 15 de Abril de 2019/ Aceite em 26 de Setembro de 2019

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