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Psicologia, Saúde & Doenças

versão impressa ISSN 1645-0086

Psic., Saúde & Doenças vol.19 no.3 Lisboa dez. 2018

https://doi.org/10.15309/18psd190323 

Tratamentos psicológicos para idosos com doença de alzheimer: uma revisão narrativa

Psychological treatments for elderly with alzheimer’s disease: a systematic review

Joice Laíse Fronza1 , Ana Paula Pillatt2

1Hospital Dr. Oswaldo Teixeira. Tucunduva, Brasil.

2Departamento de Ciências da Vida, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, RS. Brasil.


 

RESUMO

A Doença de Alzheimer (DA) é uma patologia crônico-degenerativa que tem atingido cada vez mais a população idosa e geralmente ocasiona deterioração cognitiva e de memória, comprometimento em atividades neuropsiquiátricas e sintomas comportamentais e psicológicos. O objetivo deste estudo foi identificar os efeitos dos tratamentos psicológicos para idosos com DA. Trata-se de uma revisão narrativa de literatura. Buscou-se estudos publicados entre os anos de 2011 e 2016, nas bases eletrônicas Medline, Pubmed, Scielo e Lilacs. Após a busca de dados, sete artigos foram incluídos na pesquisa, os quais evidenciam as contribuições dos tratamentos psicológicos para os idosos nos âmbitos do bem-estar, como melhorias da qualidade de vida e do humor; da capacidade cognitiva, com ganhos para a memória autobiográfica, conhecimento semântico, atenção, entre outros; e de aspectos neuropsiquiátricos, como redução de sintomas depressivos e de ansiedade. Além disso, os benefícios desses tratamentos já podem ser observados em um curto período de tempo e com uma baixa frequência semanal de intervenções.

Palavras-chave: idoso, doença de alzheimer, psicoterapia, cognição, revisão


 

ABSTRACT

Alzheimer’s disease (AD) is a chronic-degenerative pathology that has increasingly reached the elderly population and usually causes cognitive and memory deterioration, impairment in neuropsychiatric activities, and behavioral and psychological symptoms. The objective of this study was to identify the effects of psychological treatments for the elderly with AD. This is a narrative literature review. We searched for studies published between the years 2011 and 2016, in the electronic databases Medline, Pubmed, Scielo and Lilacs. After searching for data, seven articles were included in the research, which evidence the contributions of psychological treatments to the elderly in the areas of well-being, such as improvements in quality of life and mood; Of cognitive ability, with gains for autobiographical memory, semantic knowledge, attention, among others; And neuropsychiatric aspects, such as reduction of depressive symptoms and anxiety. In addition, the benefits of these treatments can already be observed in a short period of time and with a low weekly frequency of interventions.

Keywords: elderly, alzheimer’s disease, psychotherapy, cognition, review


 

Considerando estimativas divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS, 2015), uma criança nascida no Brasil, no ano de 2015, tem uma perspectiva de viver 20 anos mais do que uma que nascera 50 anos antes. E este não é um privilégio do povo brasileiro, visto que tal mudança tem sido sentida mundialmente, em decorrência da combinação de quedas nas taxas de fertilidade e aumento da expectativa de vida (OMS, 2015). Para esta entidade, o fenômeno do envelhecimento populacional ao mesmo passo que pede olhares urgentes também se configura como recurso valioso ao ampliar oportunidades às pessoas, contudo, tal amplitude gerada pela longevidade se encontra suscetível a um fator determinante: a saúde.

Embora o processo de envelhecimento possa ser vivenciado de forma natural e positiva, o consequente declínio das reservas fisiológicas do indivíduo traz consigo o aumento do risco de contrair diversas doenças, à medida que está associado a diversas alterações estruturais e funcionais nos principais sistemas fisiológicos (Moraes, 2012). Sobre este aspecto, Mendes (2011) explica que há uma correlação direta entre os processos de transição demográfica e epidemiológica e, dessa forma, o envelhecimento populacional leva ao incremento das condições crônicas de saúde.

Como parte integrante do quadro das patologias crônicas está a Doença de Alzheimer (DA). Segundo a Alzheimer’s Association (2016), mais de cinco milhões de americanos já apresentam a doença, que é a forma mais comum de demência, representando de 60 a 80% dos casos. Essa taxa compreende 11% dos idosos com mais de 65 anos ou mais e cerca de um terço daqueles com 85 anos ou mais. No Brasil, a partir de dado divulgado pela Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ, 2017), existe cerca de 1,2 milhão de pessoas com essa doença, mas a maioria dos casos ainda está sem diagnóstico.

Por se tratar de uma doença crônica neurodegenerativa que resulta em perda progressiva da capacidade funcional e declínio gradual de autonomia e independência (Nunes, Falcão, Cachioni & Forlenza, 2012) é imprescindível dizer que a DA provoca um grande abalo médico, social e econômico para as famílias e para a sociedade. Para o indivíduo acometido, a doença resultará principalmente, além do citado, em deterioração cognitiva e de memória, comprometimento em atividades neuropsiquiátricas (Forstmeier, Maercker, Savaskan & Roth, 2015) e sintomas comportamentais e psicológicos que podem incluir ansiedade, depressão, apatia, desinibição, irritabilidade, delírios e alucinações (Cerejeira, Lagarto & Mukaetova-Ladinska, 2012). Em seus estudos, os autores supracitados apontam que aproximadamente 90% dos sujeitos com demência são acometidos por estes sintomas.

Visto que a presença de distúrbios de humor na DA está intimamente relacionada ao aumento da incapacidade, prejuízos na qualidade de vida e aceleração do declínio cognitivo (Bosboom, Alfonso & Almeida, 2013) faz-se importante o desenvolvimento de intervenções que possam auxiliar os indivíduos a melhorar sua qualidade de vida (Almeida et al., 2014).

Essa necessidade se torna ainda maior à medida que os prejuízos provocados pela DA se refletem em sobrecarga ao cuidador ou aos familiares (Cerejeira et al., 2012). Para Storti, Quintino, Silva, Kusumota e Marques (2016), as alterações psicopatológicas que surgem na DA podem levar sofrimento à pessoa afetada e morbidades aos cuidadores e suas famílias, influenciando, inclusive, no aumento dos gastos com os cuidados de saúde.

Nesse sentido, considerando o exposto acima e ponderando que os sintomas neuropsiquiátricos estão entre os principais motivos para institucionalização, uso de medicamentos, aumento dos gastos com o cuidado e o peso que eles implicam para a família (Chaves et al., 2011) e ainda que a medicação geralmente usada para tratar pacientes com DA não apresenta efeito claro sobre o humor (Almeida et al., 2014) é importante investigar a respeito de tratamentos não-farmacológicos que visem a redução de tais sintomas. Tendo isso em vista, o objetivo deste trabalho foi identificar os efeitos dos tratamentos psicológicos para idosos com DA.

Método
Procedimento

Este estudo refere-se a uma revisão narrativa da literatura, elaborada através de artigos publicados no período de 2011 a 2016 nas seguintes bases eletrônicas: Medline, Pubmed, Scielo e Lilacs. Para a busca dos artigos foram utilizadas as seguintes palavras-chave, nos idiomas português e inglês: Doença de Alzheimer (Alzheimer Disease), Psicoterapia (Psychotherapy) e Ensaio Clínico (Clinical Trial).

A respeito das palavras-chave utilizadas, respeitou-se o que a Biblioteca Virtual em Saúde - BVS considera como Descritores em Ciências da Saúde. Assim, empregou-se o descritor ‘Psicoterapia’ como termo genérico para o tratamento da doença mental ou dos distúrbios emocionais, mas aplicou-se, ao longo do trabalho, a expressão ‘Tratamentos Psicológicos’ a fim de abranger as várias atividades que o psicólogo pode realizar, e não apenas à intervenção psicoterapia.

Na estratégia de busca inicial, os artigos encontrados foram avaliados independentemente por dois pesquisadores, tendo em vista os seguintes critérios de inclusão: o artigo era reconhecido como um ensaio randomizado controlado, de texto completo publicado em todos os idiomas e datado entre o período supracitado, os participantes do estudo eram diagnosticados com DA. Já como critérios de exclusão, estabeleceu-se: artigos repetidos, outros tipos de estudo que não o ensaio clínico, intenções de pesquisa, terapias combinadas e tratamentos não psicológicos, intervenções com cuidadores e/ou familiares e intervenções que não envolvessem psicólogos.

Os artigos compatíveis com os critérios de inclusão foram avaliados em sua qualidade metodológica. Para tanto, os mesmos utilizaram-se dos critérios selecionados pela escala PEDro, validada por Morton (2009) enquanto medida da qualidade metodológica dos ensaios clínicos. Dispondo de uma pontuação máxima de 10 pontos, esta escala analisa os seguintes critérios: especificação dos critérios de inclusão; forma de alocação dos sujeitos da pesquisa; similaridade dos grupos na fase inicial; mascaramento dos sujeitos, terapeutas e avaliadores; medida de pelo menos um desfecho primário em 85% dos sujeitos; análise contemplando a intenção de tratamento; comparação estatística intergrupos para pelo menos um resultado; e medidas de variabilidade e de precisão. Em PEDro, pontuações maiores representam melhor qualidade metodológica (Maher et al., 2003).

Resultados
Para esta revisão, foram selecionados 100 artigos científicos, sendo 12 da base eletrônica Medline e 88 da Pubmed. Posterior à análise dos pesquisadores em relação aos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados sete artigos para a avaliação da qualidade metodológica, descritos no Quadro 1.

 


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Em relação aos artigos excluídos, 18 deles o foram, porque traziam terapias combinadas em suas intervenções; 13 se referiam a intervenções com familiares e/ou cuidadores; oito avaliavam musicoterapia; sete eram sobre intenções de pesquisa; seis artigos estavam repetidos; cinco avaliavam efeitos de medicamentos; cinco não eram ensaio clínico; outros cinco avaliavam questões neurológicas; cinco traziam uma intervenção para cognição que não envolvia psicólogo; quatro se referiam a terapia de reminiscência; quatro avaliavam efeitos da atividade física na DA; dois eram sobre estimulação magnética cerebral; outros dois estudavam modelos avaliativos; dois eram sobre arteterapia; dois não tratavam de DA; um avaliava questões de recrutamento; um trazia terapia com animais; um era sobre investigação biológica; um se referia a um programa de orientação para viagem; e um trazia uma avaliação a partir de prontuários.

Discussão
Os resultados desta pesquisa mostram que os tratamentos psicológicos de idosos com DA podem contribuir para melhorias em aspectos do bem-estar, como a qualidade de vida, a autoestima, o humor, a tomada de decisão e o conhecimento pessoal; aspectos cognitivos, como memória autobiográfica, conhecimento semântico, atenção, funções executivas, memória episódica verbal, habilidades de linguagem e capacidade cognitiva geral; e alguns aspectos que envolvem sintomas neuropsiquiátricos, como ansiedade e depressão.

Para Lalanne, Gallarda e Piolino (2014), à medida que problemas clínicos são detectados, o mais cedo possível, e que se oferece resposta imediata aos mesmos, pode-se alcançar desde recuperação até fortalecimento das capacidades neuropsicológicas do indivíduo. Para os autores estudados, tratamentos focados na capacidade cognitiva e no humor de idosos com DA leve a moderada trazem benefícios que propiciam ganhos em termos de qualidade de vida (Lalanne et al., 2014; Marshall et al., 2015; Stanley et al., 2013).

Isoladamente, o tratamento das questões de humor dos idosos com DA favorece o enfrentamento das alterações comportamentais por parte dos acometidos e de seus cuidadores, visto que facilita a comunicação entre os mesmos e a aceitação da doença (Stanley et al., 2013; Marshall et al., 2015). Em seu estudo, Oyebode e Parveen (2016) revelam que intervenções psicossociais para pessoas com demência mostraram-se efetivas para melhorias no funcionamento cognitivo, atividades de vida diária, comportamento e humor. Entre tais intervenções, e no que diz respeito às psicoterapias, houve destaque para a terapia cognitivo-comportamental (TCC) modificada (Oyebode & Parveen, 2016). Este dado é corroborado com os artigos estudados, que usam a TCC, com variações e ajustes para demenciados, como principal recurso psicoterapêutico para tratar sintomas de humor.

Já em relação ao tratamento das questões cognitivas, os estudos de Lalanne et al. (2014), Salotti et al. (2013) e Jelcic et al. (2012) revelam resultados positivos da reabilitação cognitiva e do treinamento cognitivo no trabalho com idosos dementes, especialmente quando as funções cognitivas são trabalhadas de maneira exclusiva e num amplo espaço de tempo. Embora sejam termos que estão em constante atualização, para fins de melhor contextualização, neste estudo, optou-se por seguir a definição de Bahar-Fuchs, Clare e Woods (2013) em relação aos conceitos de treinamento cognitivo e reabilitação cognitiva. Sobre o primeiro termo, os autores supracitados indicam que “envolve prática guiada em um conjunto de tarefas padronizadas destinadas a refletir funções cognitivas particulares, tais como memória, atenção ou resolução de problemas” (Bahar-Fuchs et al., 2013, p. 2 ). Já quanto à reabilitação cognitiva, afirmam que as intervenções “visam abordar diretamente as dificuldades consideradas mais relevantes pela pessoa com demência e seus familiares ou adeptos e visam situações cotidianas no contexto da vida real” (Bahar-Fuchs et al., 2013, p. 3).

Para Clare et al (2010), a reabilitação cognitiva mostrou resultados satisfatórios, produzindo avanço significativo em aspectos como desempenho e satisfação de metas para os indivíduos em tratamento, e oferecendo, desta forma, um auxílio para que pessoas com DA em fase inicial e seus familiares possam gerenciar melhor os efeitos da doença em suas vidas. Já em relação ao treinamento cognitivo, Woods et al (2012) explica que, apesar de necessitar mais exploração, esta intervenção revela melhorias na qualidade de vida autorreferida e no bem-estar de pessoas com DA leve a moderada.

No estudo de Gaitán et al. (2012), onde foi avaliado um treinamento cognitivo baseado em computador, os resultados principais envolveram efeitos positivos sobre a ansiedade e a tomada de decisão. Corroborando este último dado, pode-se explanar os resultados obtidos pelo estudo de Lindôso et al. (2011), os quais apontam efeitos positivos de uma oficina de inclusão digital em avaliações subjetivas e objetivas de memória e de habilidade manual de idosos.

O estudo de Kurz et al (2012), por sua vez, envolveu uma intervenção composta por estratégias em reabilitação cognitiva e tratamento cognitivo-comportamental, ou seja, nos âmbitos de cognição e humor. O resultado de sua pesquisa apresentou, apesar da ampla focalização e curta duração, uma diminuição de sintomas depressivos em mulheres e tendências a um aumento da qualidade de vida e da capacidade cognitiva.

Em relação à duração e frequência de tratamento, os artigos estudados trazem, em sua maioria, um curto espaço de duração das atividades. Quatro artigos se referem a tratamentos que aconteceram por três meses ou menos (Marshall et al., 2015; Lalanne et al., 2014; Gaitán et al., 2012; Jelcic et al., 2012), enquanto dois tiveram duração de seis meses (Stanley et al., 2013; Kurz et al., 2012), e apenas um completou 12 meses de intervenção (Salotti et al., 2013). Proporções parecidas também ocorrem em relação à frequência das sessões/intervenções, onde apenas dois tratamentos (Stanley et al., 2013; Kurz et al., 2012) contavam com cerca de 10 momentos semanais de atividades. Nos demais, prevaleceram sessões/intervenções de três ou menos vezes na semana (Marshall et al., 2015; Lalanne et al., 2014; Gaitán et al., 2012; Jelcic et al., 2012; Salotti et al., 2013). Este aspecto demonstra que, apesar do pouco tempo disponibilizado para desenvolvimento das intervenções, os estudos já puderam apontar efeitos positivos em relação aos tratamentos.

Outro achado deste estudo diz respeito aos tratamentos referidos serem desenvolvidos apenas com idosos cujo estágio de DA fosse inicial. Esse dado demonstra que, ao mesmo tempo em que as ciências ainda têm muito a fazer em relação à patologia, o diagnóstico precoce, nestes casos, se torna ainda mais importante. Como não há tratamento curativo para esta patologia, é fundamental que os sintomas iniciais sejam valorizados na busca de se estabelecer um diagnóstico provável e na introdução precoce de intervenções para retardamento do aparecimento de complicações. Assim, no que tange ao tratamento psicológico, é imprescindível que seja estabelecido em fases iniciais da doença, visto que a deterioração cognitiva trazida pelo avanço da mesma inviabiliza resultados de intervenções nessa área. Kálmán, Kálmán e Pákáski (2008) orientam que após o reconhecimento da etiologia potencial da doença, intervenções não farmacológicas para os sintomas psicológicos e comportamentais da demência, em estágio leve a moderado, são tidas como tratamento de primeira escolha. Para o tratamento de sintomas do estágio grave são recomendadas abordagens farmacêuticas.

Apesar dos benefícios já demonstrados, a maioria dos estudos publicados hoje, em relação aos sintomas neuropsiquiátricos de idosos com DA, se refere às consequências que os mesmos trazem aos familiares e cuidadores e formas de auxiliá-los a lidar com tais aspectos, revelando assim a tendência de foco no suporte aos familiares e cuidadores e não em terapias que possibilitem o retardamento ou até mesmo recuperação da independência e autonomia dos idosos. Este dado é comprovado pelo número de artigos excluídos nesta pesquisa por tratar de cuidadores e/ou familiares e não dos idosos. Contudo, ainda que aqueles que prestam cuidados à pessoa com DA estejam muito suscetíveis a doenças psiquiátricas e físicas (Heinrich et al., 2014), é imprescindível destacar a importância dos cuidados aos próprios idosos demenciados, visto que a melhora de sua qualidade de vida e bem-estar pode afetar também o bem-estar de seus cuidadores (National Collaborating Centre for Mental Health, 2007).

Tendo isso em vista, enquanto as pesquisas procuram por novos conhecimentos acerca da DA, é fundamental o investimento em tratamentos que visem aliviar ou estabilizar os sintomas existentes, possibilitando retardar o progresso da doença e manter o indivíduo independente em suas atividades de vida diária pelo maior tempo possível. A criação de estratégias que possibilitem tais resultados oferecem melhores condições de saúde não só aos idosos com DA como a seus familiares e/ou cuidadores (ABRAZ, 2017).

Neste sentido, este estudo se mostra contributivo à medida que oferece uma transferência de tecnologias leves de tratamento e possibilita sua exploração, no Brasil, desde que respeitadas as condições sociodemográficas de cada localidade de ação. Assim, é importante destacar que as intervenções acompanhadas pelos artigos estudados traziam propostas terapêuticas, em sua maioria, europeias (em seis artigos), e apenas uma norte-americana.

Em suma, este estudo sugere que os tratamentos psicológicos proporcionam efeitos positivos aos idosos com DA em termos de bem-estar, cognição e estado neuropsiquiátrico. Além disso, demonstra que os benefícios destes tratamentos já são percebidos em um período curto de tempo e com uma baixa frequência semanal. Sugere-se que novas pesquisas analisem os efeitos dos tratamentos psicológicos por um tempo prolongado para avaliar aspectos como funcionalidade, influência em retardo de comorbidades e outros sintomas comportamentais e psicológicos, como apatia, agitação, irritação e alucinação.

 

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Recebido em 20 de Julho de 2017/ Aceite em 29 de Outubro de 2018

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