SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 número43Mulheres e eleições: Pires, A. P., Mariano, F. & Veiga, I. (Coords.). (2019) Coimbra: Almedina, 278 pp. índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher

versão impressa ISSN 0874-6885

Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher  no.43 Lisboa jun. 2020

https://doi.org/10.34619/t5zb-m173 

(AUTO-)RETRATO

Maria Isabel Aboim Inglez

«A Indomável»

Margarida Tengarrinha


 

 

 

De seu nome completo, Maria Isabel Hahnemann Saavedra de Aboim Inglez, foi chamada «A Indomável» pelo seu amigo, o poeta José Gomes Ferreira, característica que regista a unanimidade dos seus companheiros de luta e de todos aqueles que admiravam e admiram a sua inabalável coragem de combatente antifascista. Muitos a classificaram como «A Mulher Sem Medo», naquela época em que, em Portugal, o medo era a arma que a ditadura fascista lançava como uma rede paralisante sobre o país, tirando não só a liberdade, mas também o pão aos adversários. Essas duas formas de repressão foram usadas contra Maria Isabel e contra as suas duas filhas. A ferocidade implacável com que Salazar a perseguiu é outra forma de confirmação de que via nela uma mulher que lhe fazia frente com uma coragem sem vacilações e uma firmeza de carácter baseada em convicções fundamentadas em princípios teóricos que adoptara e a que era fiel.

Maria Isabel Aboim Inglez nasceu em Lisboa, na Rua Nova do Loureiro, no Bairro Alto, em 7 de Janeiro de 1902, numa família burguesa. Seu pai, de origem espanhola mas naturalizado português, era republicano e ateu, o que, naturalmente, a influenciou.

Ao recordar o percurso de vida desta mulher excepcional, destaco alguns factos marcantes, um dos quais foi o seu casamento, aos vinte anos, com Carlos Aboim Inglez. Mais velho três anos, foi seu colega no liceu Pedro Nunes, fez o curso de engenheiro químico e de minas e foi, no dizer de Henrique de Barros, “um combatente sem tréguas contra a ditadura, a tudo disposto para a derrubar” (H. de Barros, Diário de Lisboa, Março de 1942). Outro facto marcante foi a morte prematura do marido: Maria Isabel, que era uma pessoa muito contida e de grande sobriedade na expressão dos sentimentos, diria a uma das filhas, num desabafo nada habitual nela, que estava profundamente apaixonada por ele e que, entre os dois, houve, desde sempre, uma enorme identidade de pensamento e de ideologia. Foi decerto um casamento de grande entendimento e apoio mútuo, entre duas pessoas com uma inteligência acima do vulgar, o que se reflectiu no estímulo do marido para que retomasse os estudos, após o nascimento do seu quinto filho. Foi assim que, com o total apoio do marido, Maria Isabel se matriculou na Faculdade de Letras de Lisboa, onde tirou, com resultados brilhantes, o curso de Ciências Histórico-Filosóficas, em 1936. Tinha já 34 anos. Por motivos da vida familiar, com os filhos muito pequenos, só dois anos depois conseguiu apresentar a tese de licenciatura: Algumas Considerações sobre a Influência dos Descobrimentos na Sociedade Portuguesa. Pelas mesmas obrigações familiares, não aceitou então o convite do professor Matos Romão para assistente livre, no seu laboratório de Psicologia Experimental. Em 1941, quando o professor renovou o convite, Maria Isabel passou a leccionar na Faculdade de Letras, como assistente de Psicologia e também como professora de Filosofia Antiga e História da Filosofia Medieval. Leccionava na Universidade quando, em Março de 1942, o marido morreu. A esse grande golpe, seguiram-se as perseguições políticas do ministro de Educação com o intuito de a fazer vergar e imposições de cedências políticas, que a obrigaram, por uma questão de dignidade, a abandonar as funções de professora na Faculdade de Letras.

Entretanto, mantinha-se como directora e professora do Colégio Fernão de Magalhães, que tinha fundado com o marido em Novembro de 1938, depois de acabado o curso na Faculdade de Letras. Passou a viver com a família no mesmo edifício do Colégio, na Rua dos Lusíadas, n.º 51. Como sua directora e professora, Maria Isabel demonstrou qualidades pedagógicas excepcionais, pelo que o prestígio do colégio atraiu filhos da alta burguesia de Lisboa, que ali estudavam ao lado de crianças de famílias pobres daquele bairro de Alcântara. Entre as teorias pedagógicas que desenvolveu e levou à prática no colégio, e que constam de vários textos seus sobre o assunto, destaca-se uma, que na época era pioneira: a importância que deve ser dada ao ensino primário e a necessidade de professores especialmente preparados para este grau de ensino, fundamental para a formação da criança. Note-se que esta teoria era frontalmente contrária à política salazarista, que relegava para este grau de ensino, em geral, pessoas com pouca ou nenhuma formação pedagógica: os chamados regentes escolares, aos quais bastava ter a quarta classe.

O elevado nível do ensino praticado no Colégio Fernão de Magalhães e o facto de ser laico e progressista tornaram-no alvo das perseguições da ditadura, e o primeiro ataque foi a fundação de um colégio religioso, o Ave Maria, no prédio ao lado. A seguir, em 1948, Maria Isabel foi proibida de dirigir o colégio, e a direcção passou para outro professor. Mas pouco depois, em 11 de Fevereiro de 1949, o colégio foi definitivamente encerrado, como retaliação pelo destacado papel que ela vinha assumindo na oposição, pois foi a primeira mulher que pertenceu à comissão central do Movimento de Unidade Democrática (MUD) entre 1946 e 1948, e posteriormente ao Movimento Nacional Democrático (MND); e ainda pela sua activa participação na candidatura do General Norton de Matos, em 1949.

Assim, esta mulher, que tinha sofrido um terrível abalo pela morte do marido e ficara com cinco filhos a seu cargo, viu fecharem-se-lhe as portas da Faculdade de Letras e, a partir de 1949, depois do encerramento do Colégio, ser-lhe retirada a autorização para exercer a profissão de professora.

Essas perseguições vinham na sequência duma crescente intimidação e repressão nos meios culturais e universitários, pois já em anos anteriores tinham sido expulsos do ensino professores como Abel Salazar, grande fisiologista internacionalmente conhecido, professor da Faculdade de Medicina do Porto; Rodrigues Lapa e Fidelino Figueiredo, professores da Faculdade de Letras de Lisboa; Aurélio Quintanilha, da Faculdade de Ciências de Coimbra; Mário de Azevedo Gomes, professor do Instituto Superior de Agronomia; e Bento de Jesus Caraça, professor de Matemática do Instituto Superior de Económicas e Financeiras, todos altamente prestigiados.

A partir de 1947 as perseguições explodiram com maior violência, e a esses prestigiados professores vieram juntar-se mais 22, provenientes das Universidades de Lisboa, Porto e Coimbra, que foram afastados compulsivamente das suas cátedras, por decisão do Conselho de Ministros. Professores da Faculdade de Medicina de Lisboa, como Pulido Valente, Fernando Fonseca, Celestino da Costa e muitos outros, passaram a exercer medicina nos seus consultórios. Mas outros professores emigraram, como Manuel Valadares, o maior físico atómico português, que se foi juntar em Paris à equipa de Madame Curie, e Ruy Luís Gomes, matemático internacionalmente conhecido. José Morgado, Zaluar Nunes e muitos outros emigraram para o Brasil, onde foram entusiasticamente acolhidos por universidades brasileiras, tal como muitos dos seus colegas anteriormente afastados do ensino universitário.

Amigos e admiradores de Maria Isabel, estes seus colegas universitários criaram-lhe condições para que fosse leccionar numa universidade brasileira, o que ela aceitou, pois não lhe restava outra opção para sustentar a sua numerosa família (cinco filhos a seu cargo), já que não tinha outros recursos, para além do ensino. Assim, vendeu os seus livros e móveis, preparando-se para emigrar. Mas o governo de Salazar negou-lhe o passaporte e, quando um professor universitário, ligado ao regime mas seu admirador, procurou o ditador para lhe pedir que permitisse a saída de Portugal dessa professora, a exemplo de outros colegas que já tinham emigrado, este respondeu-lhe:

«Ela é mulher, que vá coser meias!»

Mulher duma tenacidade inabalável, Maria Isabel arrendou um apartamento onde criou um ateliê de costura e ali trabalhou para conseguir sobreviver. O seu prestígio como professora angariou-lhe numerosos alunos aos quais dava explicações, alguns dos quais filhos de altas figuras do regime (!), cujos pais mandavam os seus motoristas transportá-la. As suas filhas recordam como ela aceitava esta situação, com altivez e dignidade.

Coragem, altivez e dignidade

Estas foram qualidades que sempre a caracterizaram, em todas as circunstâncias, particularmente quando enfrentava as perseguições da polícia política, a PIDE, nas várias vezes em que foi presa em Caxias e uma vez nas «Mónicas», cárcere de presas comuns, onde foi metida como humilhação e de onde saiu dizendo que ali tinha feito interessantes estudos psicológicos e algumas amigas.

Conversando com algumas raparigas do MUD Juvenil, quando nos falava da possibilidade, sempre iminente, de sermos presas (ela, que não era militante do PCP), louvava o princípio que norteava os comunistas frente aos esbirros da PIDE: “Não falar na polícia, não ceder ao medo, às torturas, às suas chantagens. Não trair os camaradas”. Esta foi sempre a sua posição quando presa. Mas dizia-nos mais, segundo a sua própria experiência:

“Eu, na minha vida prisional, fazia sempre o seguinte: tomava duche, mesmo quando o duche era frio, arranjava-me, vestia-me, maquilhava-me um pouco, como de costume, com o mesmo cuidado como se fosse tomar chá à Baixa. Assim, quando eles me chamavam, fosse para interrogatórios, ou fosse para o que fosse, deparavam comigo preparada para os enfrentar. Era uma maneira de os fazer compreender que eu estava firme, que estava absolutamente convicta das minhas ideias, uma forma imediata, visual, de terem um impacto: - com esta, não conseguimos nada.”

Coragem, altivez e dignidade que manteve nas inúmeras vezes em que foi testemunha de defesa nos julgamentos de presos políticos, enfrentando as provocações da PIDE; e também quando apoiava corajosamente o seu filho, Carlos Aboim Inglez, preso numerosas vezes, torturado e metido no «segredo» dos vários cárceres, onde o mantiveram oito anos seguidos, somando cerca de dez anos se acrescentarmos prisões anteriores, quando mais jovem. Essa profunda ligação de mãe-filho, mãe antifascista que nunca foi comunista e filho comunista desde muito jovem, é sublinhada pelo Carlos num depoimento à publicação Esboços (CML, 1999), em que descreve uma romagem feita anualmente pelos jovens do MUD Juvenil, no dia 11 de Novembro, para depositar flores com fitas aludindo à Paz no monumento dedicado aos soldados da I Guerra Mundial; no ano anterior, na mesma cerimónia oficial, tinha sido preso. Diz ele: “Então, no ano seguinte, a minha mãe (que sempre que eu era preso entrava em contacto com a PIDE e desancava-a, escrevia, etc., em minha defesa) resolveu ir comigo. E, de facto, quando chegou a altura do toque de corneta e do ir pôr as flores, a minha mãe e eu avançámos com um ramo de flores e desta vez (em 1951) não fomos presos. Por causa da minha mãe, que era uma personalidade que lhes metia respeito”. E certamente porque a PIDE temia os seus inevitáveis protestos, se ela fosse presa numa cerimónia pública.

Mulher firme e por vezes aparentando alguma secura, tratou com um carinho inexcedível a nora Maria Adelaide Dias Coelho Aboim Inglez, presa com o marido e com a filha de quatro anos, que esteve durante dois anos na secção das mulheres em Caxias. Adelaide só quis entregar a filha à sogra, pois confiava na sua firmeza, e esta retirou a neta de Caxias e levou-a para sua casa, fazendo frente às dificuldades levantadas pelos carcereiros. Outro exemplo destas qualidades, que caracterizavam Maria Isabel Aboim Inglez, foi o que aconteceu numa sessão comemorativa do segundo aniversário da morte de Bento de Jesus Caraça, a que ela presidiu, a convite de Francisco Pulido Valente. O governador civil de Lisboa só autorizou esta homenagem mediante a garantia de que não fossem mencionadas questões da política governamental no decurso da sessão, e Maria Isabel aceitou as restrições impostas, tendo exaltado na sua intervenção as extraordinárias qualidades e competências do homenageado. Entretanto, já no final da sessão, não se conteve e, como registou no seu relatório o representante do governador civil, ali presente, disse:

“‘Senhor representante do Governador Civil. Como V. tem visto, tem-se cumprido aquilo que havia sido determinado sobre algumas passagens que haviam sido recomendadas para não serem aqui pronunciadas. Era meu pensamento sincero obedecer, não aludindo às razões a que acedi em presidir a esta sessão. Mas, como presidente que sou desta assembleia, tenho deveres de honra a cumprir. Um desses deveres é ler todas as moções que aqui me são entregues. Diga ao senhor Governador Civil que tinha todo o desejo de cumprir a promessa feita, mas, acima de tudo, tenho o dever de invocar a personalidade de quem foi íntegro. E porque não o farei? Digamos: por medo ou por cobardia? - Quero manter a minha honra e dignidade, não me aviltando por cobardia!’

Pronunciadas que foram as palavras acima transcritas, a referida senhora, rapidamente e sem que me fosse possível tomar qualquer decisão, procedeu à leitura da moção, cujo teor é o seguinte. - ‘Considerando que se encontram presos, desde 19 do corrente o senhor professor Ruy Luís Gomes e (outro indivíduo cujo nome não me foi possível perceber), a assembleia, hoje aqui reunida, resolveu reclamar do senhor presidente do Conselho de Ministros a imediata libertação daqueles democratas.’”

Esta memorável sessão de 25 de Junho de 1950 terminou com toda a assistência em pé, aprovando a moção e aplaudindo o homenageado Bento de Jesus Caraça e a coragem, dignidade e firmeza de Maria Isabel Aboim Inglez.

Na defesa da democracia: os direitos das mulheres

Entre as que lutaram em defesa dos direitos das mulheres destaca-se, sem dúvida, Maria Lamas, contemporânea de Maria Isabel Aboim Inglez. É interessante sublinhar a admiração que Maria Lamas sentia por ela. Numa carta com data de 26 de Julho de 1950, dirigida a Maria Isabel, que uma das suas filhas guarda, Maria Lamas refere-se a essa homenagem a Bento Caraça nos seguintes termos:

Querida Maria Isabel

Foi tão intensa a impressão que me causou, ontem, a sua atitude nobilíssima, que sinto a necessidade de lhe repetir os protestos da minha admiração e do meu agradecimento. A Maria Isabel ergueu tão alto o seu prestígio e foi, de tal maneira, desassombrada, forte e digna, que o seu exemplo constituiu uma lição espantosa e ficará na história da luta pela democracia. Ficará, também, como um título de orgulho para todas nós, mulheres!

Considero histórica a sessão de ontem. A sua extraordinária coragem moral foi a melhor e maior homenagem que era possível prestar à memória do Prof. Bento Caraça.

Não me surpreendeu a sua decisão e nobre altivez, pois há muito admiro a sua personalidade, a sua inteligência e firmeza. Mas o que se passou ontem, na

modesta sala da Sociedade Instrução e Beneficência José Estêvão, foi qualquer coisa excepcional e inesquecível. Aperto-a ao meu coração e agradeço-lhe, como portuguesa, como democrata e como Mulher, o exemplo que nos deu e o triunfo moral que ele representa, sobre os processos de repressão empregados pelo governo que nos oprime.

Sua amiga e admiradora Maria Lamas

Quer Maria Isabel Aboim Inglez, quer Maria Lamas, que integraram as direcções do Movimento de Unidade Democrática (MUD), criado em 1945, e do Movimento Nacional Democrático (MND), criado posteriormente, assim como Virgínia Moura e muitas outras mulheres que militaram nas secções femininas destes movimentos, participaram activamente nas várias campanhas eleitorais em que os opositores ao regime conseguiram fazer ouvir as suas vozes, expressando as reivindicações das mulheres.

O exemplo mais evidente de que estas reivindicações foram sempre levantadas pelos movimentos da oposição é a importante colectânea publicada pelos Serviços Centrais da Candidatura do General Norton de Matos, intitulada Às Mulheres de Portugal (Lisboa 1949), que inclui discursos pronunciados durante a campanha da candidatura por Maria Isabel Aboim Inglez, Maria Lamas, Ema Quintas Alves (mensagem), Dr. Rodrigues Lapa, Manuela Porto, Irene Bártolo Russel, Lídia França Pereira, Maria Helena Novais (palestra), Maria Palmira Tito de Morais e Cesina Bermudes.

A luta pelos direitos políticos

Até à sua morte, em 1963, Maria Isabel manteve sempre uma consciente actividade política, contra todas as perseguições de que foi vítima. Mas o último grande golpe do fascismo foi a retirada dos seus direitos políticos. Quando da campanha eleitoral para as legislativas em finais de 1961, foi convidada a fazer parte das listas da Comissão Democrática Eleitoral por Lisboa, mas, ao tratar dos documentos para a candidatura, verificou que tinha sido retirada dos cadernos eleitorais. A esse grande choque reagiu com a sua habitual frontalidade, protestando e exigindo os seus direitos. O que nos resta desses protestos é um artigo de uma extraordinária lucidez e profundidade, publicado no jornal República, de 31 de Outubro de 1961, ocupando uma página inteira, intitulado “A Ética e a Política”:

“[...] Se me tivesse sido possível fazer uso dos meus direitos políticos que a lei me concede e os serviços de recenseamento me não asseguraram, e tivesse podido candidatar-me a deputada, como me pediram, quis e tentei por consciência de dever; e se os meus concidadãos do círculo de Lisboa houvessem de eleger-me para a Assembleia Nacional, seria a consciência do valor desta relação ético-política que viria a orientar a minha acção no órgão legislativo nacional.

Segue-se uma longa lista de reivindicações em defesa das liberdades democráticas e da paz. No final afirma:

“A concluir as minhas reflexões já longas para o espaço de um jornal, mas muito breves para a relevância do tema, direi apenas ainda que em meu juízo político a Democracia é um ideal de que temos de aproximar-nos cada vez mais pelas realizações da vontade firme dos povos. O impulso desse esforço construtivo da história tem no lema da moral kantiana a expressão da intenção que deverá animá-lo para mais rapidamente se atingir o ideal: ‘Trata a humanidade em ti e nos outros homens como um fim e não apenas como um meio’. Isto quer dizer que o homem rebaixando e amesquinhando os outros homens se avilta a si próprio. Tão elevado conceito encontrou mais tarde expressão na linguagem filosófica de Marx na condenação da exploração do homem pelo homem, em tão justa concordância com o humanismo cristão.”

 

FONTES

Declarações e documentos fornecidos pelas filhas e neta: Maria Luísa H.S. d’Aboim Inglez Cid, Margarida H.S. d’Aboim Inglez Freitas Sampaio e Margarida Coelho d’Aboim Inglez;

Fundação para a Ciência e a Tecnologia;

Jornal República, de 31 de Outubro de 1961;

Jornal O Diário, de 6 de Março de 1984;

Jornal Público, de 26 e 27 de Dezembro 2004.