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Ex aequo

versão impressa ISSN 0874-5560

Ex aequo  no.26 Vila Franca de Xira  2012

 

Invisibilidade Não Significa: Imagens de Mulheres em Obras referenciais do Skate e do Fisiculturismo no Brasil

 

Invisibility does not mean absence: images of women in reference works on skateboarding and body building in Brazil

 

L’invisibilité ne signifie pas l’absence: Images de femmes dans des ouvrages de référence sur le skateboard et le culturisme au Brésil

 

Silvana Vilodre Goellner*1; Angelita Alice Jaeger*2; Márcia Luiza Machado Figueira*3

Universidade Federal do Rio Grande do Sul / Universidade Federal de Santa Maria / Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, Brasil

 

Resumo

Fundamentada nos estudos feministas e de gênero, a partir da perspectiva pós-estruturalista de Michel Foucault, este texto analisa a pouca visibilidade conferida às atletas mulheres em duas obras consideradas referência em modalidades esportivas culturalmente consideradas de domínio masculino: o skate e o fisiculturismo. Ao dialogarmos essas obras com documentos de diferentes naturezas, identificamos o quanto o esporte é atravessado por relações de poder e por distinções de gênero, pois produzem posições de sujeito muito diferenciadas para os/as atletas, projetando luzes sobre os homens e desvanecendo as imagens das mulheres.

Palavras-chave: mulher, esporte, visibilidade.

 

Abstract

Based on Feminist and Gender Studies and adopting a Foucaultian post-structuralist approach, this text analyzes the low visibility that women have been afforded in two works considered to be fundamental references in two sports that have been culturally represented as male domains: skateboarding and body building. When we analized these works with documents from different natures we could identify how deeply power relations and gender distinctions are within the world of sport, producing differentiated subject positions for male and female athletes and focusing the spotlights on men while leaving women’s images to fade.

Keywords: women, sport, visibility.

 

Résumé

Fondé sur les études féministes et de genre et axé sur la perspective post-structuraliste de Michel Foucault, ce texte analyse la faible visibilité des sportives de haut niveau dans deux ouvrages de référence pour l’analyse des sports culturellement attribués à l’univers masculin: le skateboard et le culturisme. La mise en rapport de ces ouvrages avec des documents de différentes natures montre combien le sport est traversé par des rapports de pouvoir et des distinctions de genre; il s’ensuit des positionssujet très diverses entre les sportifs et les sportives, avec les hommes sous les feux des projecteurs et les images de femmes dans l’ombre.

Mots-clés: femme; sport; visibilité.

 

Introdução

Os corpos potencializados, hígidos, saudáveis, magros e sexualizados tornaram- se centrais na cena contemporânea. São os referentes visuais deste tempo, cuja espetacularização se dá – não apenas, mas também – pela produção de uma homogeneidade visual que converte em sombra as imagens dissonantes. No campo do esporte, essa homogeneização opera de diferentes maneiras, dentre elas, e sobre a qual centraremos nossa análise, através da pouca visibilidade conferida às atletas mulheres que ousam adentrar modalidades culturalmente consideradas como masculinas ou masculinizadoras.

Tomando o esporte como um local de generificação dos corpos (Goellner, 2001), este texto analisa alguns silenciamentos acerca da inserção e da participação das mulheres em duas modalidades específicas: o skate e o fisiculturismo. A escolha pela análise de tais modalidades justifica-se porque no cenário esportivo brasileiro essas práticas são representadas1 como espaços de homens e para homens, seja pelo fato de o músculo ser cultural e socialmente considerado como um atributo do corpo masculino e ter no fisiculturismo a centralidade do seu culto (Jaeger, 2009), seja porque o skate, além de ser considerado um esporte de risco, desenvolve-se no espaço público (ruas, praças e parques), identificado como de domínio masculino (Figueira, 2008). Justifica-se ainda pela pouca visibilidade que várias atletas brasileiras2 têm no próprio país apesar de terem suas carreiras reconhecidas internacionalmente.

Considerando essas afirmações, a centralidade da análise recai em duas obras específicas que, além de se apresentarem como principais referências desses esportes, contemplam uma narrativa historiográfica que destaca alguns acontecimentos e personagens considerados como fundamentais para a sua estruturação no Brasil e nos Estados Unidos (país no qual as atletas das duas modalidades conquistaram reconhecimento e visibilidade). São elas: Onda Dura: 3 décadas de Skate no Brasil, editado por Eduardo Britto (2001), e Enciclopédia de Fisiculturismo e Musculação, de Arnold Schwarzenegger (2001).

Por compreendermos que a história não representa o passado, mas traduz- -se em uma discursividade sobre o passado (Pesavento, 2004), analisamos as duas obras referenciais focando os textos e as imagens que foram publicados sobre as atletas mulheres, atentando para a concepção de que «tanto um texto é uma imagem, quanto uma imagem é um texto e, nesse caso, ambos são vistos e lidos simultaneamente» (Almeida, 2002: xv). Essa noção, que discursivamente posiciona lado a lado imagem e texto, borrando as fronteiras que poderiam polarizá- los ou hierarquizá-los, constitui e centraliza as análises aqui produzidas. Essa perspectiva encontra convergência teórica em Nicholas Mirzoeff (2003: 17), quando afirma que «o visual não é uma mera parte da vida cotidiana, senão a vida cotidiana em si mesma», visto que estamos cercados por distintos tipos de imagens veiculados por diferentes artefatos culturais, promovendo, assim, inúmeros modos de interpretar o mundo em termos visuais.

Adotando a perspectiva analítica proposta por Gillian Rose (2001: 6), para quem as imagens apresentam o mundo de formas bem particulares, observamos as duas obras a partir de três instâncias: os espaços de produção da imagem, o espaço da imagem em si e os espaços em que a imagem é visualizada pelos diversos públicos. Tal indicação implica considerar que a visualidade (como vemos, como somos capazes de ver e o que podemos ver) não é natural nem universal, pois marcadores sociais como gênero, classe, geração, etnia e religião, conformam nosso modo de ver. Ou seja, as imagens ou as visualidades também são tomadas como práticas sociais discursiva e linguisticamente construídas. Mais do que signos, símbolos ou conjunto de sinais, criam sentidos, acionam desejos, instituem representações que envolvem relações de poder e enunciam posições de sujeitos; enfim, constituem-se em discursos. Especificamente neste artigo, nos interessavam os discursos produzidos no campo esportivo, os quais, articulados a diferentes saberes e obedecendo a regras comuns de funcionamento, «produzem uma verdade sobre os sujeitos [...] resultam num saber [...] traduzem-se em hierarquias que são atribuídas aos sujeitos e que são, muitas vezes, assumidas pelos sujeitos» (Louro, 2003: 47).

As análises iniciais permitiram constatar a quase inexistência das mulheres atletas no referido discurso esportivo, o que nos levou a promover o diálogo dessas obras com outras fontes produzidas também no campo do esporte tais como3: livros, revistas especializadas, sites de atletas e federações, zines, reportagens, documentos oficiais, entre outros. A triangulação dessas fontes possibilitou entender as diferentes construções que incidiram sobre o objeto em estudo (Flick, 2009), permitindo examiná-las meticulosamente, buscando olhá-las de diferentes perspectivas, rastreando vestígios que marcaram os discursos colhidos para a análise e seus efeitos, observando os sujeitos dessas vozes e o contexto de sua produção (Rose, 2001).

As análises fundamentaram-se em vertentes dos estudos feministas e de gênero, inspirados na perspectiva pós-estruturalista de Michel Foucault, especialmente nas questões afetas à produção dos discursos. Com base nesses campos teóricos, entendemos que as produções discursivas que circulam em torno do skate e do fisiculturismo produzem aquilo que nomeiam ou que deixam de mencionar. Em outras palavras: a escassez de referências acerca da existência de mulheres praticantes desses esportes não implica afirmar sua ausência. As fontes aqui revisitadas indicam que, desde seus primórdios, elas vêm protagonizando diferentes formas de vivenciá-los, em que pese o silêncio narrativo sobre essa presença.

Lembremos com Foucault (2005) que, embora os discursos sejam constituídos de signos, eles fazem mais que utilizar esses signos para designar coisas. É esse mais que é preciso fazer aparecer e que é preciso descrever. Esse algo a mais que o autor menciona sugere que, além de designar coisas, objetos, pessoas, mundo, os discursos também criam coisas, produzem novos objetos; enfim, formam «sistematicamente os objetos de que falam» (Silva, 2001: 43).

Os discursos são práticas sociais que envolvem relações de poder produzidas nos diferentes campos do saber e nas diferentes instâncias sociais. Como práticas sociais, seus enunciados produzem posições de sujeito e, desde esses lugares, os indivíduos produzem suas experiências e as formas através das quais se reconhecem como sujeitos. Para Foucault (2005), todos os sujeitos estão imersos num campo discursivo, e a produção dos sujeitos está imersa em relações de poder e saber, implicados mutuamente. Poderíamos dizer que, se por um lado os discursos são produzidos imbricados às relações de poder que instituem o que eles dizem e como dizem, por outro, envolvem os efeitos de poder que são colocados em funcionamento nos discursos e através deles. De outro modo, podemos entender que essas relações envolvem enunciados, falas, visibilidades, textos e imagens que constituem práticas sociais que estão permanentemente engendradas às relações de poder, as quais produzem, reproduzem e atualizam essas relações.

Considerando as fontes desta pesquisa, tanto Britto (2001) quanto Schwarzenegger (2001) autorizam-se e são autorizados a dizer sobre o skate e o fisiculturismo, dada a longa participação nos esportes sobre os quais escrevem. Nas suas obras, produzem posições de sujeito muito diferenciadas para os/as atletas, projetando luzes sobre os homens e desvanecendo as imagens das mulheres.

Essa afirmação não implica dizer que as atletas sucumbem à pouca visibilidade que eles lhes conferem, muito menos que elas inexistem no âmbito de tais esportes. Ao contrário: elas elaboram distintas estratégias para neles permanecerem e se fazerem ver. Afinal, «o outro sobre o qual a relação de poder é exercido, é um outro que se mantém, até o final, como um sujeito de ação, o outro responde, reage, contesta, aceita, etc.» (Louro, 2002: 17). Em síntese, as mulheres foco deste estudo borram as fronteiras dos discursos que historicamente instituem limites à sua participação em esportes culturalmente dominados pelos homens. E, ao fazê-lo, constroem-se como sujeitos dessas práticas, a despeito daquilo que sobre elas é dito ou silenciado.

 

Os estudos feministas, de gênero e o esporte

Nas últimas décadas, o esporte tem figurado, ainda que timidamente, como um tema sobre o qual estudiosos/as vinculados/as aos estudos feministas e de gênero debruçaram seus olhares atentando para as relações de gênero que o atravessam na medida em que se traduz como uma instância que fabrica sujeitos masculinos e femininos. Todavia essa percepção nem sempre foi consensual entre os estudos do esporte e os estudos feministas. O corpo, central na formação da identidade de gênero fomentou uma vasta produção sobre construção das masculinidades e feminilidades em vários campos acadêmicos. No entanto, no âmbito específico do esporte, essa centralidade não se fez notar com a mesma frequência e intensidade (Hargreaves,1986; Flintoff e Scraton, 1992; Hall, 1996; Botelho- Gomes, Silva e Queirós, 2000).

Essa situação se modificou nas duas últimas décadas, cujas pesquisas focalizadas nas mulheres e em suas relações com o esporte tornaram visível a inequívoca importância do gênero como uma categoria de análise (McKay, Messner e Sabo, 2000). No Brasil, desde a década de 1980 esse tema figura como uma possibilidade investigativa de várias/os autoras/es. Apesar das diferentes correntes epistemológicas e metodológicas que utilizam, tornaram visíveis trajetórias particulares que construíram e constroem histórias sobre o esporte nacional. Permitiram também conhecer diferentes mulheres cujos corpos ressignificaram atribuições que naturalmente lhes foram designadas, inclusive no que respeita à participação em modalidades que, segundo o discurso oficial, não condizem com a sua natureza.

Em que pesem as diferentes abordagens privilegiadas, é importante salientar que essas pesquisas colaboraram para minimizar a centralidade atribuída aos argumentos de cunho biológico, como aqueles que legitimavam a exclusão ou, ainda, a restrição da participação das mulheres no esporte. Ainda assim, nos dias de hoje, não são raros os discursos que nomeiam como masculinas algumas modalidades esportivas e, por assim serem representadas, não são facilmente recomendadas para a prática de mulheres, seja no campo do lazer, seja no esporte que se ensina na escola ou na expressão do alto rendimento. O skate e o fisiculturismo, aqui analisados, não fogem dessa representação.

Nos rastros da história do esporte, frequentemente encontramos vestígios que sugerem aos homens as práticas corporais que solicitem força, velocidade, resistência e potencialização muscular e às mulheres práticas que exercitem flexibilidade, agilidade, leveza e suavidade (Goellner, 2004). Segundo Miriam Adelman (2006), o esporte é um espaço permeado por intensos conflitos em torno do que pode ou deve fazer um corpo masculino e um corpo feminino, uma vez que esse campo também produz e faz circular determinadas representações de masculinidade e feminilidade que são inscritas nos corpos, marcando os modos de viver dos seus praticantes. Essas marcas produzem efeitos e comumente são reclamadas para justificar a inserção, a adesão e a permanência de homens e mulheres em diferentes práticas corporais e esportivas. Por outro lado, essas mesmas marcas podem ser convocadas para excluir, proibir ou silenciar mulheres (e também os homens) que ousam ou desejam investir em práticas e/ou funções esportivas que historicamente não lhes foram indicadas, e talvez hoje, em muitas culturas, ainda não o sejam. Ao mesmo tempo, não há como negar que o esporte feminino no novo milênio está rompendo fronteiras físicas do passado e produzindo novas identidades culturais e esportivas (Hargreaves, 2000). Interessa ainda destacar que a generificação dos corpos envolve relações de poder, cujo efeito se «expressa através da construção de diferentes tipos de masculinidades e feminilidades, alguns/mas dominantes e outras/os subordinadas/os» (Sabo, 2002: 42). Isso significa dizer que algumas feminilidades e masculinidades, às vezes, ocupam posições de sujeito privilegiadas em relação a outras, envolvendo as posições que as representações ocupam em determinados arranjos de poder. Nessa perspectiva, o gênero assume uma dimensão política e, como categoria de análise, possibilita criar fissuras, abrir brechas e borrar as fronteiras produzidas entre aquilo que foi enunciado como feminino e como masculino, marcadamente no campo das práticas corporais e esportivas.

As skatistas e as fisiculturistas que são exibidas ou ocultadas nas obras aqui analisadas evidenciam serem plurais as representações das mulheres no esporte, subvertem a norma e explicitam, através da sua diferença, o quão tênues são os discursos e as práticas que objetivam homogeneizações, harmonias, persistências, continuidades. O silenciamento sobre seus corpos e performances sugere o murmúrio de uma intensa presença, cuja pouca visibilidade não elimina, nem mesmo oculta essas atletas.

 

Visibilidades construídas: as skatistas e os modos de se fazer ver

Motivadas pelas indagações sobre a ausência de referências ao skate feminino em vários veículos que tematizam esse esporte, seguimos o rastro de algumas fontes para trazer do esquecimento histórias invisíveis. Tal intenção aflorou da leitura de uma publicação produzida com o objetivo de narrar a história do skate brasileiro, entre os anos de 1970 e 2000. Intitulado Onda Dura: 3 décadas de Skate no Brasil (Britto, 2001), o livro apresenta 105 páginas e nele há apenas uma ínfima referência às mulheres, na qual o editor informa que, no ano de 1995, foi realizado, na cidade de São Paulo, o primeiro campeonato feminino da década.

A invisibilidade das atletas é percebida, ainda, naquilo que a publicação mostra como imagens significativas desse esporte. No livro, aparecem mais de 70 fotos com atletas fazendo manobras radicais: nenhuma delas é de uma skatista e as únicas duas que publica são bastante emblemáticas. Na primeira, aparece a vencedora do primeiro campeonato dos anos 1990, no entanto a atleta não é fotografada em ação como são os homens. Ela está de costas, segurando o skate e revelando uma imensa tatuagem que colore essa parte de seu corpo. A leitura que fazemos dessa construção textual em nenhum momento é atribuída a alguém que acabou de vencer um campeonato de skate. O que se vê é um belo e tatuado corpo feminino.

A outra fotografia exibe uma modelo profissional desfilando para a marca 140 Silvana Vilodre Goellner, Angelita Alice Jaeger, Márcia Luiza Machado Figueira esportiva Mad Corner, em um evento de moda realizado na cidade de São Paulo, em 1995. A imagem exibida é de uma mulher cruzando a passarela com a parte de cima do corpo sem roupa, tendo seus seios cobertos apenas por um skate.

Se a cultura se relaciona com a produção e a troca de significados entre membros de uma sociedade (Hall, 1997), podemos inferir que as imagens são determinantes na produção dos significados atribuídos aos corpos e as subjetividades nas sociedades contemporâneas. Portanto sua publicação nunca é inocente, pois elas interpretam o mundo e apresentam-no de formas bem particulares (Rose, 2001).

As mulheres exibidas nesse livro são figuras ilustrativas no cenário de uma história protagonizada por homens. Nesse contexto, não importa mostrá-las deslizando nas pistas ou arriscando manobras em gestos ousados. A maneira como estão ali colocadas mostram outro lugar, e este certamente não é o de ação sobre o skate. As duas imagens publicadas legitimam representações normatizadas de feminilidade, circunscrevendo as mulheres no universo da beleza, da delicadeza e da graciosidade: são duas mulheres belas, expondo seus corpos, e não seus atributos esportivos – o que, em tese, deveria ser o motivo principal para se fazerem presentes em um livro que narra alguns fragmentos da história do skate nacional.

Na contramão dessa representação, recorremos a outros documentos, muitos deles produzidos por skatistas mulheres. Esses vestígios marginais, porém reveladores (Ginzburg, 2003), possibilitaram a reconstrução de pequenos fragmentos nos quais as atletas figuram como protagonistas. Tornou-se fonte privilegiada o zine Check It Out Girls4, publicado em 1999 por skatistas paulistas, com o objetivo de divulgar o skate feminino no Brasil e no mundo. Nas suas páginas, é possível identificar muitas alusões às mulheres, diferentemente do que Britto (2001) publicou no seu livro. A reportagem Evolução, assinada por Lisa Araújo, fornece indícios de que, nos anos 1980, as mulheres já praticavam o skate, participando, inclusive, de campeonatos.

Em 1970 já existia skate feminino nos EUA, então lá é muito natural o respeito e o alto nível das skate girls. No Brasil, em 1980, o skate feminino era representado por Leni Cobra, Mirinha, Mônica Polistchuck e outras, correndo campeonatos com os garotos. Infelizmente, as garotas da antiga não estão mais na ativa, pois se estivessem, estariam detonando como as gringas. Elas devem ter desanimado pela falta de apoio e incentivo da época e mudaram suas vidas. No entanto, só em 95 que a categoria voltou com tudo, representada pelas rankiadas de hoje, que não se deixaram abater. Correm campeonatos, viajam pras roubadas e treinam pra evoluir. Também estão surgindo novas revelações, garotas que começam a andar mandando flips e descendo corrimãos. Esse é um dos méritos do skate feminino em sua evolução pois o espaço aberto dá oportunidade para as garotas se atirarem mais (Araújo, 1999: 1).

A narrativa é outra pois menciona campeonatos, atletas, manobras, ousadias, evolução e as imagens exibem as mulheres realizando diferentes manobras com seus skates. Aqui são as suas performances que protagonizam a cena.

Além desses registros, na edição comemorativa aos 10 anos de existência da revista de maior circulação dessa modalidade no Brasil, a 100%Skate, publicada em julho de 2006, há uma matéria produzida por uma skatista na qual entrevista atletas de diferentes gerações que descrevem suas trajetórias no esporte, bem como suas percepções sobre o desenvolvimento do skate feminino no país. Afirma a reportagem: «o fato é que, no decorrer de tantos anos de história no skate feminino brasileiro, muitas coisas mudaram. Mas, apesar de muitas barreiras terem sido quebradas, o skate feminino tem muito que evoluir» (Leine, 2006: 98).

Ao análise de diferentes fontes de investigação, indica a existência de caminhos distintos que, ora mais, ora menos, possibilitaram a aparição das skatistas brasileiras. Os exemplos mencionados sinalizam o quanto os discursos produzem os sujeitos que nomeiam ou, ainda, que tornam invisíveis. Com isso, afirmamos que a pouca visibilidade que as skatistas brasileiras têm resulta, não da sua ausência nesse esporte, mas fundamentalmente da construção de uma rede discursiva que as posiciona nas margens, seja no passado, seja no presente.

Representativa dessa diferenciação de posição de sujeito ocupada por atletas homens e atletas mulheres de tal modalidade foi a distinção que a mídia brasileira, inclusive especializada em skate, fez acerca da participação de skatistas no circuito internacional no ano de 2005. Ao relatar as conquistas que o skate brasileiro teve na Europa, o editor da revista 100%Skate escreveu: «Sandro Dias Mineirinho foi o campeão do circuito europeu no vertical, Daniel Vieira alcançou o mesmo no street. De quebra, este foi ainda o primeiro brasileiro a vencer na Alemanha na sua modalidade. Não é pouca coisa» (Muraro, 2005: 114). Todavia, nesse mesmo circuito, o Brasil ganhou um título inédito até então: a atleta Karen Jones tornou-se Campeã Mundial do Vertical Feminino. No entanto seu nome sequer é mencionado. As conquistas relatadas pelo editor são do skate masculino – o referente.

Tão logo venceu o campeonato, a atleta enviou um e-mail ao site Skate para Meninas, cujo texto foi publicado na íntegra com o título Campeã Mundial. Comemora a atleta:

Só mando notícias agora porque tem net aqui no campeonato, é a primeira vez que sento com calma na frente do computador. Falando especificamente do Vert Feminino rolou competição. Eu vim para correr com os caras [...] então foi muito melhor do que eu esperava. Andei de boa, acertei tudo, isso me deixou mais feliz! No final da session eu achava que tinha ganho mas não contava na certeza porque sabe como são as coisas nesses campeonatos, às vezes algum nome pesa mais que o skate [...] Foi a maior festa. Eu ganhei no feminino, o Mineirinho no masculino e o Daniel Vieira no street (Jones apud Figueira, 2008: 103).

Nesses excertos, podemos evidenciar dois enunciados que falam de um mesmo circuito e das conquistas de um grupo específico – «skatistas do Brasil». No entanto um deles negligencia a vitória da atleta, mesmo que tenha conquistado um título bastante significativo para o skate nacional. Aqui podemos pensar, tal qual evidenciou Foucault (2004b), que os enunciados posicionam os sujeitos de modo particular nos discursos. Cauê Muraro (2005), ao ignorar a participação e a conquista inédita de Karen Jones para o Brasil, está posicionando apenas uma representação hegemônica de atleta do skate – a do sexo masculino. Tal menção indica que as conquistas posicionadas como as mais importantes são as dos homens, as quais são reafirmadas na relação de poder que o editor tem, de dizer quem deve estar presente no que foi por ele produzido para ser divulgado. Silenciar a respeito do esforço e do trabalho que a atleta imprimiu sobre si para chegar nessa posição faz parte dessa rede discursiva que reforça a permanência da norma, invisibilizando, de certo modo, o skate feminino no Brasil.

 

A visibilidade sombria das arquiteturas corporais femininas no fisiculturismo

A emergência do fisiculturismo possui uma história marcada por invisibilidades, disputas e tensões que o constituem como um esporte admirado e desejado, mas também rejeitado, ignorado e excluído. A vertente feminina do esporte emerge na década de 1980 e, desde então, vem se constituindo e afirmando consoante a aceitação ou não da potencialização cada vez maior dos músculos das mulheres.

As arquiteturas corporais femininas excessivamente transformadas pelo exercício físico foram alvo de reações, inclusive no interior desse esporte cuja centralidade situa-se no volume, na densidade e na simetria da potencialização muscular, assim como, na sua espetacularização. Baseada em argumentos relacionados à estética e à saúde, a International Federation of Body Building proclamou em 2004 a diminuição de 20% do volume muscular das atletas com a justificativa de controlar o excesso das mulheres, pois seus corpos estavam produzindo uma aparência considerada como masculina prejudicando a feminilidade das atletas (Jaeger, 2009).

Talvez essa seja uma das razões pelas quais, na obra referência da modalidade, intitulada Enciclopédia de Fisiculturismo e Musculação, haja escassa menção às mulheres, a suas performances e seus corpos. Escrita por Arnold Schwarzenegger, traduzida e publicada no Brasil em 2001, o livro teve sua sétima reimpressão no ano de 2009. Em um único volume de 800 páginas, o autor produz uma narrativa focalizando a emergência e a constituição do fisiculturismo e conta com mais de 500 imagens, a maior do próprio autor exibindo poses clássicas do fisiculturismo, constituindo-o como um lugar de homens e para homens.

O que capturou nosso olhar nessa obra que abrange um conjunto referencial de saberes sobre o fisiculturismo, foi a posição de sujeito negada às mulheres atletas ainda que o autor faça algumas recomendações aos homens e às mulheres que desejam se constituir atletas desse esporte. Os métodos de construção das arquiteturas corporais, os cuidados na produção e na exibição do corpo, as estratégias de preparação para a competição, a escolha dos alimentos que auxiliam na potencialização dos corpos, do traje e da música para a exibição e a tonalização da pele são minuciosamente ensinados e dirigidos aos homens.

Como um vulto quase indecifrável, as mulheres aparecem na Enciclopédia em dois breves momentos: primeiro, quando o autor produz em duas páginas a sua noção de fisiculturismo feminino, afirmando que «possuem os mesmos músculos que os homens e devem ser livres para desenvolvê-los como desejarem, [todavia] o aspecto mais significativo do fisiculturismo para as mulheres é a sua influência na saúde e na aptidão física» (Schwarzenegger, 2001: 45). Depois, ainda mais brevemente, quando indica não ter um treinamento específico para as mulheres, pois elas devem treinar como os homens, visto que «suas células não sabem que vocês são mulheres« (Schwarzenegger, 2001: 83).

Essas referências mostram-se paradoxais, pois, ao mesmo tempo em que o autor equipara as possibilidades e as necessidades de treinamento entre homens e mulheres, remetendo essa igualdade à constituição biológica, deixa escapar a noção da diferença produzida em uma instância que fixa e universaliza representações que enunciam as mulheres. Ao proferir esse discurso, Schwarzenegger produz representações que classificam, nomeiam, julgam, visibilizam, silenciam e marcam os corpos das mulheres atletas. Ou seja, embora não invisibilize a presença feminina, ele a secundariza, diluindo o protagonismo das atletas em uma obra que discursivamente institui e visibiliza o fisiculturismo como uma produção masculina. Em síntese, a posição de sujeito central que é a masculina.

A visibilidade sombria destinada às mulheres na Enciclopédia pode ser percebida também na colaboração de Bill Dobbins, cujo nome é mencionado na capa da obra. Este fotógrafo é autor do livro Modern Amazons (2002), no qual exibe um conjunto de 112 imagens em que atletas mulheres do fisiculturismo expõem seus corpos em poses que em nada lembram o esporte. Além desse, publicou outro livro5 e ainda possui um site6 nos quais explora os contornos corporais das atletas, privilegiando a erotização do músculo, fotografando-as em cenários e gestos diversos e, muitas vezes, centralizando seu olhar sobre o corpo nu que é exibido em múltiplas posições e contextos.

A relação das obras de Schwarzenegger (2001) e Dobbins (2002) não se apoia apenas no fato de que ambos produzem seus modos de ver e representar o fisiculturismo. O que surpreende é a observação de que a colaboração de um fotógrafo reconhecido pelas imagens que produz de corpos femininos potencializados não tenha registrado na Enciclopédia a inscrição mais singular e forte do seu trabalho, uma vez que as imagens publicadas de sua autoria são de atletas homens. Em síntese, entre as 500 fotografias que fazem volume na obra referencial do fisiculturismo, apenas uma delas põe em cena uma mulher, e essa imagem não é da autoria de Bill Dobbins.

A imagem em questão apresenta uma mulher posicionada entre dois homens e se trata de uma fotografia de George Geenwood, datada de 1970, na qual se vê Frank Zane, o vencedor do Mister Universo Amador, e Arnold Schwarzenegger, que venceu o Mister Universo Profissional. Entre eles, está a vencedora do Miss Biquíni, Christine Zane. Embora a mulher seja o centro da foto, é para os volumosos corpos masculinos que o olhar é atraído. Há um contraste entre a delicadeza do corpo feminino e a robustez dos corpos masculinos, e a atleta parece traçar uma tênue linha entre os corpos dos homens. Ao mesmo tempo, parece que está apoiada em um suporte ou pedestal, pois se ergue tal qual um troféu entre os dois homens, e sua altura lhe permite ficar acima de Frank e Arnold, mas neles está apoiada. Frank ainda pousa a mão sobre o joelho de Christine, sugerindo certa intimidade, o que, ao que tudo indica, está autorizada pelo sobrenome Zane, que ambos assinam.

Essa imagem, assim como a pouca referência às mulheres nos textos, indica que a Enciclopédia de Fisiculturismo e Musculação produz uma visibilidade sombria sobre a presença feminina na constituição do fisiculturismo. Ao dialogar essa obra com outras fontes, tal presença é frequentemente mencionada, como atestam as revistas especializadas7 e alguns sites da internet8. Nessas são exibidas imagens que apresentam a participação das mulheres em competições no passado e no presente, bem como são narradas trajetórias particulares nas quais as atletas descrevem os processos de produção das arquiteturas corporais exigidas por esse esporte.

Tanto quanto no skate, o silêncio das fontes oficiais demandou às fisiculturistas a criação de estratégias de visibilidade e reconhecimento nas quais se posicionam como protagonistas e registrando suas histórias e vivências, tais como livros9, DVDs10 e sites personalizados. Neles as atletas narram os processos de produção da sua potencialização muscular, divulgam as suas participações e vitórias em campeonatos, exibem imagens que mostram os minuciosos contornos dos seus corpos e vendem roupas, acessórios, suplementos alimentares, programas de treinamento além de seus próprios serviços como personal trainers, consultoras ou modelos fotográficos. Fabricam assim modos de arrecadar verbas e financiar sua permanência no esporte.

Essas estratégias de visibilidade e afirmação no contexto esportivo remetem às palavras de Gilles Deleuze (2006: 68), quando assinala que «cada formação histórica vê e faz ver tudo o que pode, em função de suas condições de visibilidade, assim como diz tudo o que pode, em função de suas condições de enunciado». Esse excerto possibilita pensar que as atletas produzem modos de se fazerem ver, lançando mão de diferentes estratégias que, muitas vezes, ultrapassam o discurso do território esportivo. Suas ações impregnam imagens e textos veiculados naqueles artefatos culturais em virtude das condições de possibilidades de assim serem enunciadas, expressando as circunstâncias de produção desses discursos e representações que enunciam as condições de construção desses corpos, possibilitando ver permanências, descontinuidades e reafirmações produzidas acerca da presença das mulheres no fisiculturismo.

Assim, mesmo em um campo historicamente representado como um espaço masculino e a despeito da posição secundária que lhes é conferida em alguns artefatos culturais, em outros tantos se observa que as mulheres atletas se posicionam como sujeitos de suas vidas esportivas, marcam nos corpos as suas ousadias, criam alternativas e se reinventam, buscando construir e ampliar a visibilidade dos seus feitos no fisiculturismo brasileiro.

 

Considerações finais

As estratégias de visibilidade promovidas pelas skatistas e pelas fisiculturistas, em busca da significação da sua ação e do seu posicionamento como sujeitos dessas práticas esportivas, evidenciam a dimensão da positividade do poder, conforme cunhou Foucault (2004a), ao afirmar que este é sempre produtivo. Indicamos, portanto, que, ao produzirem modos de se fazerem ver e de permanecerem no esporte, as atletas colocaram em ação disputas de poder, entendido aqui como prática de ações possíveis que perpassa as relações entre sujeitos e instituições, inclusive e fortemente as relações de gênero.

Essa afirmação não implica posicionar atletas no lugar de vítimas. Outrossim, recorremos às condições de possibilidade que neste tempo e espaço circunstancial as posicionam diferentemente dos homens. Ao apontar aqui alguns fragmentos de seu protagonismo e as disputas que travam em busca de reconhecimento e significação, destacamos que o esporte, assim como qualquer outra prática social, é um campo generificado de disputa e revela-se como um espaço cujo acontecer está atravessado por relações de poder, o qual se expressa através de diferentes formas: nas desigualdades de acesso e permanência no esporte, na quantidade de campeonatos realizados, no maior ou menor espaço disponibilizado pelos diferentes artefatos midiáticos, nas premiações distintas, enfim, em uma série de situações em que se evidenciam distinções para homens e mulheres, seja no esporte praticado como exercício de lazer e sociabilidade, seja voltado para alta performance e competição. As diferenças no campo esportivo expressam- se, ainda, nos discursos que produzem as masculinidades e as feminilidades desejantes, a partir dos quais outros modos de ser e parecer são colocados na ordem do desvio, da margem e do invisível.

 

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Recebido a 14 de junho de 2011 e aceite para publicação a 31 de outubro de 2012.

 

Notas:

*1Professora Associada da Escola de Educação Física da UFRGS, Brasil. Doutora em Educação. Pesquisadora Produtividade Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. vilodre@gmail.com

*2Professora Adjunta do Centro de Educação Física e Desportos da UFSM, Brasil. Doutora em Ciências do Movimento Humano. angelufsm@yahoo.com.br

*3Professora da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, Brasil. Doutora em Ciências do Movimento Humano. marluafig@gmail.com

1Entendida como um sistema linguístico e cultural, a representação é arbitrária, indeterminada e vinculada às relações de poder, dado que sua produção envolve «o poder de nomear, de descrever, de classificar, de identificar, de diferenciar – o poder de definir, enfim, quem está incluído e quem está excluído de quais grupos/posições sociais» (Meyer, 2000: 58).

2No skate: Karen Jones, Leticia Bufoni, Eliana Sosco, entre outras. No fisiculturismo: Silvia Finocchi, Juliana Malacarne, Larissa Cunha, entre outras.

3A seleção dessas fontes obedeceu a critérios de representatividade junto às modalidades em estudo, analisando aquelas que traziam os discursos e as imagens produzidas pelos órgãos e instituições representativas dos esportes, assim como as que eram de propriedade das próprias atletas.

4Esse zine originou a revista Check It Out, que é publicada nos Estados Unidos tendo como editoras as skatistas brasileiras Lisa Araújo e Luciana Ellington.

5The women: Photographs of the top of female bodybuilders (1994).

6Disponível em: < http://www.billdobbins.com >. Acesso em 10 jun. 2011.

7MuscleMag, Iron Magazine, Jornal de Musculação e Fitness, Super Treino, entre outras.

8< http://ifbb.com/halloffame >; < http://www.nabba.com.br >; < http://www.cbcm.com.br/; entre outros.

9Muttoni, Loana (2007). O segredo da boa forma. São Paulo, Phorte Editora; entre outros.

10Carvalho, Andrea (2012). DVD de Treinamento: Total body workout; entre outros.

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