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Psicologia

Print version ISSN 0874-2049

Psicologia vol.34 no.2 Lisboa Dec. 2020

https://doi.org/10.17575/psicologia.v34i2.1517 

Crenças sobre o papel do pai numa amostra de homens Portugueses: Implicações para uma parentalidade positiva

Beliefs about the role of the father in a sample of Portuguese men: Implications for a positive parenting

 

Rita Amaral1, Lígia Monteiro1,c, Carolina Santos1 & Nuno Torres2

1Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), CIS-IUL, Lisboa, Portugal

2ISPA-Instituto Universitário, William James Research Center, Lisboa, Portugal

cAutor para correspondência


 

RESUMO

Este estudo teve como objetivo analisar variáveis explicativas da qualidade da parentalidade na perspetiva do pai, nomeadamente: as crenças sobre o seu papel e variáveis sociodemográficas como a idade, habilitações literárias e trabalho. Participaram 207 pais de famílias nucleares com crianças a frequentar o pré-escolar (105 rapazes). Os resultados indicam que existem associações significativas e positivas entre as habilitações literárias do pai, as suas crenças e a parentalidade positiva; e associações negativas entre a idade do pai e as suas crenças, e entre estas e a parentalidade negativa. Para a parentalidade positiva, as crenças sobre o papel do pai são o único preditor significativo existindo, ainda, um efeito de interação entre as crenças e as habilitações literárias. Os resultados sugerem a importância de se considerar e integrar o modo como o pai concebe o seu papel, no âmbito de programas de promoção do envolvimento parental.

Palavras-chave: Crenças sobre o papel do pai; habilitações literárias; parentalidade positiva e negativa.


ABSTRACT

The present study aimed to analyze, from father’s perspective, predictors of parenting quality, especially his beliefs about the role of the father and sociodemographic variables such as age, education and work. Participants were 207 men, from nuclear families, with children attending pre-school (105 boys). Results showed positive and significant associations between father’s education, beliefs about the role of the father and positive parenting; and a negative association between his age and beliefs, and father’s beliefs and negative parenting. For positive parenting father’s beliefs was the only significant predictor, plus an interaction effect between beliefs and education was found. Our results suggest the importance of considering the way the father understands and constructs his role, when delineating programs aiming to promote father involvement.

Keywords: Beliefs about the role of the father; education; positive and negative parenting.

 


Nas últimas décadas, as crenças e atitudes dos pais sobre o seu papel parental têm sido alvo de interesse por parte dos investigadores, dado considerar-se que estas cognições guiam os comportamentos e envolvimento do pai, tendo deste modo impacto no desenvolvimento da criança (Grusec & Danyliuk, 2014). Numa outra perspetiva, diversos autores têm estudado o papel do pai com vista à promoção da igualdade de género nos domínios da família e trabalho (Wall, 2015). 

Nas sociedades ocidentais e, mais especificamente, no contexto português enormes transformações sociodemográficas, políticas e culturais têm conduzido a mudanças na estrutura, papéis, e dinâmicas das famílias (Cabrera et al., 2000; Wall, 2015). São exemplo disso a implementação de políticas promotoras da igualdade de género no contexto laboral e familiar, visando aproximar as mulheres do mercado de trabalho e de um investimento nas suas carreiras, e os homens de um maior envolvimento na família, nos cuidados e educação dos filhos (Wall, 2015; Wall et al., 2016). Tal é, particularmente, relevante numa sociedade maioritariamente constituída por casais de duplo emprego. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) (2019), 70% das crianças portuguesas (0 - 14 anos) vivem em agregados familiares onde ambos os pais trabalham a tempo inteiro, valor muito superior ao dos países pertencentes a esta organização (47%). Por outro lado, a alteração de medidas legislativas de assistência à família, promoção da paternidade e igualdade de género têm contribuído para a construção de uma nova visão do papel do pai (Wall et al., 2016). Exemplos disso são: a transformação da licença de maternidade em licença parental, em que os pais passaram a estar incluídos, tendo direito a 20 dias obrigatórios de licença parental paga, após os primeiros 30 dias do nascimento do filho (art.º 43 do Decreto-Lei nº90/2019), e as alterações nas políticas de divórcio e da partilha das responsabilidades parentais (art.º 1906 do Decreto-Lei nº 59/99).

A construção e o significado do papel do pai são, em parte, moldados pelo contexto histórico e sociocultural (Palkovitz, 2002; Roopnarine, 2015). Progressivamente, tem-se passado de uma visão tradicional de homem/pai como o pilar financeiro e disciplinador da família, para uma visão mais progressista de um pai sensível, afetuoso e ativamente envolvido nos cuidados e rotinas da criança (Pleck, 2010). Estes pais consideram o compromisso e investimento no seu papel parental como igualmente prioritário, relativamente à capacidade de garantir financeiramente a satisfação das necessidades da família (Palkovitz, 2002). Segundo Wall (2015), as gerações mais novas de pais tendem a ser críticas face às gerações anteriores, considerando-as como distantes e mais autoritárias. Estes “novos” pais têm vindo, progressivamente, a desafiar os ideais tradicionais de masculinidade, valorizando e integrando dimensões outrora, exclusivamente, associadas à mulher na sua parentalidade (Wall, 2015). Sigel e McGillicuddy-DeLisi (2002) salientaram que as cognições sobre o papel do pai são muitas vezes baseadas na integração de componentes mais tradicionais e progressistas, conduzindo deste modo a uma visão multifacetada e complexa do papel do pai. Tal é espelhado nas entrevistas realizadas por Palkovitz (2002) a pais americanos (entre os 20 e os 45 anos), onde são identificados aspetos centrais do que significa ser pai: o provedor económico, o modelo de género e guia moral, bem como a figura afetuosa, presente e disponível.

Este tipo de crenças tem implicações na importância que o pai atribui aos papéis específicos que desempenha na vida da criança, o que influencia a sua predisposição para os exercer (Favez et al., 2016; Palkovitz, 2002; Rane & McBride, 2000; Sigel & McGillicuddy-DeLisi, 2002). Pais com crenças igualitárias face aos papéis de género, e que percecionam o seu papel como fundamental para o desenvolvimento dos filhos, tendem a participar ativamente no cuidado aos mesmos, adotando comportamentos promotores do seu desenvolvimento (Nangle et al., 2003). Um estudo realizado com famílias nucleares portuguesas verificou que pais com crenças mais modernas sobre o seu papel se encontravam mais envolvidos nos cuidados diretos à criança, nas atividades de ensino/disciplina e na brincadeira (Monteiro et al., 2019). Contrariamente, pais com crenças mais tradicionais tendem a colocar maior ênfase no seu papel enquanto pilar económico da família, tendo o trabalho como prioridade, face ao seu envolvimento nas rotinas familiares (Huffman et al., 2014).

Estilos parentais

No contexto da parentalidade, uma das dimensões analisadas são os estilos e práticas parentais. Segundo Darling e Steinberg (1993), as crenças dos pais sobre a parentalidade são expressas, entre outros, nos seus estilos e práticas parentais. Os estilos são definidos como um conjunto de atitudes, valores e crenças relativas à criança, transmitidos através do clima emocional nas interações com a criança, e que se refletem nas estratégias e comportamentos adotados pelos pais (práticas parentais) (Darling & Steinberg, 1993).

Baumrind (1966) definiu três estilos clássicos baseados no controlo exercido sobre a criança e a responsividade às suas necessidades: o estilo autoritativo, frequentemente associado a uma parentalidade positiva, remete para a responsividade e suporte às necessidades da criança, e para o estabelecimento claro de regras e limites. Estes pais tendem a encorajar o diálogo com a criança, reconhecendo a sua individualidade e perspetiva quando existem discordâncias. Contrariamente, o estilo autoritário é marcado por baixo suporte, e elevados níveis de controlo e disciplina, sendo valorizada a obediência da criança. Os pais autoritários utilizam a punição como forma de controlo dos comportamentos da criança, restringindo a sua autonomia e expressão. O estilo permissivo é definido pela responsividade às necessidades da criança, mas baixo estabelecimento de regras e limites, acompanhado de elevada aceitação dos seus desejos e ações. Estes pais evitam exercer controlo sobre as atividades da criança, conduzindo a baixos níveis de monitorização da mesma e das suas rotinas.

Diversos estudos tendem a indicar que os estilos autoritário e permissivo se encontram frequentemente associados a uma parentalidade negativa (e.g., Braza et al., 2015; Williams et al., 2009), dado apresentarem consequências negativas para o ajustamento socioemocional e comportamental de crianças e jovens (e.g., Chora et al., 2019; Jia et al., 2014; Kuppens & Ceulemans, 2019). No entanto, alguns autores salientam que os efeitos dos estilos parentais podem variar em função da cultura (Garcia & Guzman, 2017). Por exemplo, estudos com amostras chinesas verificaram que o estilo autoritário se encontrava associado a melhores resultados académicos para as crianças e jovens (e.g., Kang & Moore, 2011).

Crenças sobre o papel do pai e estilos parentais

Espera-se que as crenças dos pais sobre os papéis a desempenhar na vida da criança influenciem os seus comportamentos na interação com a mesma (Darling & Steinberg, 1993; Grusec & Danyliuk, 2014). Pais com crenças mais modernas tendem a adotar comportamentos e práticas parentais positivas (afetos e monitorização), promotoras do desenvolvimento da criança (McBride et al., 2004). Por outro lado, pais com uma visão mais tradicional de género e dos seus papéis tendem a adotar um estilo mais autoritário (Garcia & Guzman, 2017; Russel et al., 1998), considerando a sua função principal o disciplinar e impor regras/limites (Gaertner et al., 2007). No mesmo sentido, Rentzou et al. (2019) verificaram que pais com crenças mais modernas sobre o seu papel adotam um estilo mais autoritativo, e menos autoritário e permissivo.

Variáveis sociodemográficas

A idade, as habilitações literárias e o estatuto laboral/horas de trabalho do pai são algumas das variáveis a considerar na compreensão da parentalidade, não só ao nível do que o pai faz, mas da qualidade do seu envolvimento (Cabrera et al., 2014; Palkovitz, 2002).

Relativamente à idade, diversos estudos encontraram associações entre a idade do pai e os seus estilos parentais. Por exemplo, pais mais velhos tendem a utilizar um estilo mais autoritativo (e.g., Chora et al., 2019; Halpenny et al., 2010) e menos autoritário (Russel et al., 1998), enquanto outros reportaram que pais mais novos utilizam com maior frequência práticas (e.g., punição física) associadas ao estilo autoritário (e.g. Dietz, 2000).

No que concerne às habilitações literárias dos cuidadores, verifica-se que pais com habilitações mais elevadas tendem a adotar um estilo mais autoritativo (e.g., Campbell & Gilmore, 2007; Monteiro et al., 2017; Van Holland De Graaf et al., 2018), associado à parentalidade positiva. Tal poder-se-á dever à existência de mais recursos, assim como à procura de informação sobre as características e competências da criança em diferentes idades, e do seu impacto (enquanto pai) no desenvolvimento desta, o que se reflete na qualidade de parentalidade (Morawska et al., 2009; Tamis-LeMonda et al., 2004). Contrariamente, pais com habilitações literárias mais baixas tendem a utilizar um estilo mais autoritário (e.g., Campbell & Gillmore, 2007) e mais práticas punitivas (e.g., Van Holland De Graaf et al., 2018). Santos e Cruz (2008) encontraram, ainda, uma associação negativa entre as habilitações dos pais e o estilo permissivo.

O trabalho, em particular, a carga laboral é uma variável de carácter contextual com potencial impacto na parentalidade (e.g., Cabrera et al., 2014). Há que considerar que pais cujos horários de trabalho são mais exigentes tendem a sentir-se mais exaustos, e a experienciar níveis de stresse e de conflito trabalho-família mais elevados (Crouter et al., 2001; Shreffler et al., 2011). Tal poderá contribuir, por exemplo, para a utilização de práticas punitivas (Dietz, 2000; Strazdins et al., 2006), ou para a adoção de um estilo permissivo e pouco envolvido (Russel et al., 1998). No entanto, outros estudos (e.g., Chora et al., 2019; Monteiro et al., 2017; Van Holland De Graaf et al., 2018), não reportaram qualquer associação entre os estilos e as horas de trabalho dos pais.

Relativamente às características da criança controladas nestes estudos - idade e sexo -, os resultados reportados foram mistos. Alguns autores (e.g., Chora et al., 2019; Santos & Cruz, 2008) não encontraram diferenças em função do sexo, enquanto outros indicam que os pais utilizavam um estilo mais autoritativo com as raparigas e autoritário com os rapazes (e.g., McKinney & Renk, 2007; Russel et al., 1998). Para a idade da criança diversos são os estudos que não reportam associações com os estilos parentais (e.g., Chora et al., 2019; Monteiro et al., 2017; Tavassolie et al., 2016). Contrariamente, no estudo de Rentzou et al. (2019), pais de crianças entre os 2 e os 6 anos tendiam a utilizar um estilo mais autoritário com as crianças mais velhas, e Woolfson e Grant (2006) indicaram que pais de crianças em idade escolar utilizavam um estilo mais autoritativo, comparativamente com pais de crianças em idade pré-escolar.

OBJETIVOS

Embora as crenças do pai sobre o seu papel sejam uma dimensão importante para a definição de padrões de afeto, práticas e valores parentais a adotar com a criança (Darling & Steinberg, 1993), o seu impacto tem sido pouco explorado no âmbito dos estilos parentais. A investigação tem-se focado, essencialmente, na quantidade e tipo de atividades em que o pai está envolvido (e.g., Kuo et al., 2018; McBride & Rane, 1997; Monteiro et al., 2019). Torna-se, assim, importante analisar o modo como os homens equacionam, integram e organizam o seu papel parental (e.g., Palkovitz, 2002; Sigel & McGillicuddy-DeLisi, 2002). O presente estudo procurou ser um contributo neste domínio, ao analisar o impacto das crenças sobre o papel do pai na parentalidade positiva (autoritativa) e negativa (autoritária e permissiva). Foram consideradas, ainda, nesta análise a idade, habilitações literárias e o trabalho do pai, controlando-se o sexo e a idade da criança.

Uma vez que crenças mais modernas estão associadas com práticas parentais positivas (e.g., McBride et al., 2004), espera-se que valores mais elevados de crenças (i.e., crenças modernas) sobre o papel do pai contribuam para a perceção de uma parentalidade positiva. E que valores mais baixos nestas crenças (i.e., crenças tradicionais) contribuam para uma parentalidade mais negativa (e.g., Rentzou et al., 2019). Espera-se, ainda, que a idade do pai e habilitações literárias mais elevadas contribuam para a perceção de uma parentalidade positiva (e.g., Chora et al., 2019; Monteiro et al., 2017), e que habilitações mais baixas (e.g., Campbell & Gillmore, 2007) e horários de trabalho mais exigentes (e.g., Russel et al., 1998; Strazdins et al., 2006) sejam preditivos de uma parentalidade mais negativa.

Adicionalmente, dado que as habilitações literárias dos pais tendem a estar associadas, e a prever diferentes tipos de crenças sobre o papel do pai e estilos parentais (e.g., Marks et al., 2009; Monteiro et al., 2019), testou-se o efeito moderador das habilitações literárias do pai nas relações entre crenças e parentalidade. Considerando que as habilitações mais elevadas tendem a estar associadas a crenças mais modernas (e.g., Monteiro et al., 2019), e a um estilo parental positivo (e.g., Monteiro et al., 2017), espera-se que o efeito das crenças modernas seja mais elevado na parentalidade positiva, quando as habilitações dos pais são elevadas. Contrariamente, se habilitações mais baixas estão associadas a crenças mais tradicionais (e.g., Marks et al., 2009) e estilos parentais menos positivos (e.g., Campbell & Gillmore, 2007), será expectável que o seu efeito seja mais elevado na parentalidade negativa, especialmente quando as habilitações dos pais são mais baixas.

MÉTODO

Participantes

Duzentos e sete pais (homens) em famílias nucleares portuguesas (130 casados e os restantes a viver em união de facto), com idades compreendidas entre os 27 e os 56 anos (M = 37.52; DP = 5.73) participaram no estudo. As suas habilitações literárias variavam entre o primeiro ciclo e o doutoramento (M = 13.27; DP = 3.41). Todos os pais trabalhavam a tempo inteiro (M = 41.35; DP = 6.25). As crianças tinham idades compreendidas entre os 36 e os 77 meses (M = 55.52; DP = 10.03), dos quais 105 eram rapazes. Todas frequentavam jardim-de-infância em instituições particulares de solidariedade social e escolas privadas com fins lucrativos, no distrito de Lisboa.

 

Instrumentos e Procedimento

O estudo está integrado num projeto mais amplo aprovado pela comissão de ética do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. Os pais foram recrutados através dos jardins-de-infância que as crianças frequentavam, tendo sido informados dos principais objetivos do projeto e assinado um consentimento informado antes de qualquer recolha de dados. Apenas uma criança por família participou (criança-alvo). Quando os pais tinham mais do que um filho em idade pré-escolar, foi-lhes pedido que respondessem a pensar apenas na criança mais velha.

Informação sociodemográfica. A ficha de dados sociodemográficos preenchida pelos pais visou recolher informação relativa à sua idade, habilitações literárias, estado civil, estatuto laboral, horas de trabalho, e à idade e sexo da criança.

Crenças sobre o papel do pai. Os pais responderam ao questionário What is a father (Schoppe, 2001, adaptado do questionário The Role of the Father (Palkovitz, 1984; Monteiro et al., 2015) que analisa em que medida os pais percecionam o seu papel como importante para o desenvolvimento das crianças. O questionário é originalmente constituído por 15 itens (e.g., os pais desempenham um papel central no desenvolvimento da personalidade das crianças). Os pais responderam indicando a sua concordância com as afirmações apresentadas, utilizando uma escala de 5 pontos: (5) Concordo Fortemente; (3) Não concordo, Nem Discordo; (1) Discordo Fortemente. Os itens tradicionais são invertidos, pelo que valores mais elevados refletem crenças mais progressistas e modernas por parte dos pais, ou seja, a perspetiva de que os pais devem estar envolvidos nos cuidados aos filhos, de que são capazes, sensíveis, e importantes para o seu desenvolvimento. O alfa de Cronbach indica um valor de consistência interna aceitável (.65).

Parentalidade positiva e negativa. Os pais responderam ao questionário “Parenting Styles and Dimensions Questionnaire - PSDQ” (Robinson et al., 2001; Pedro et al., 2015). A versão reduzida é constituída por 32 itens organizados nos três estilos parentais definidos por Baumrind (1996): o estilo autoritativo (18 itens) (e.g., “Sou sensível às necessidades e sentimentos do meu filho.”); o estilo autoritário (10 itens) (e.g., “Castigo fisicamente o meu filho para o disciplinar.”) e o permissivo (4 itens) (e.g., “Digo ao meu filho que o castigo e depois não cumpro.”). Os itens são respondidos numa escala de 5 pontos que vai desde (1) Nunca a (5) Sempre. Tal como noutras amostras de mães (e.g., Torres et al., 2015; Williams et al., 2009), e pais (Santos & Cruz, 2008), obteve-se uma correlação positiva significativa e moderada (Cohen, 1988) entre o estilo autoritário e permissivo (r = .36, p < .001). Assim, optou-se por considerar duas dimensões de parentalidade: a positiva (constituída pelos itens do estilo autoritativo), e a negativa (agregando os itens dos estilos autoritário e permissivo). Os alfas de Cronbach obtidos foram de .76 para a parentalidade positiva e de .77 para a parentalidade negativa.

Plano de Análises

Em primeiro lugar calcularam-se as estatísticas descritivas das variáveis em estudo, e de seguida as correlações bi-variadas entre as variáveis sociodemográficas, as crenças sobre o papel do pai e as dimensões da parentalidade. Testou-se, ainda, a existência de diferenças em função do sexo da criança para as variáveis em estudo utilizando análises de variância (ANOVAs). De seguida, realizaram-se dois modelos de regressão hierárquica múltipla para a parentalidade positiva e negativa, sendo as mesmas regredidas nas variáveis preditoras em 4 blocos (sociodemográficos das crianças, sociodemográficos do pai, crenças sobre o papel do pai, efeitos de interação). E por último, o efeito de interação encontrado foi explorado através da análise simples dos declives da regressão recorrendo ao método pick-a-point (Aiken & West, 1991).

RESULTADOS

Foram realizadas análises preliminares descritivas e correlacionais para as crenças sobre o papel do pai e as dimensões da parentalidade. As análises descritivas são apresentadas na Tabela 1. As associações entre as crenças sobre o papel do pai, a parentalidade, e as variáveis sociodemográficas foram analisadas através de correlações de Pearson. Verificou-se que as crenças se encontram positivamente e significativamente associadas à parentalidade positiva (r(205) = .30, p < .001, = .09) e negativamente associadas com a parentalidade negativa (r(205) = -.16, p = .02, = .03). Relativamente às variáveis sociodemográficas apenas foi encontrada uma correlação positiva e significativa entre a parentalidade positiva e as habilitações literárias do pai (r(204) = .16, p = .02, = .02); e uma correlação negativa e significativa entre a idade dos pais e as suas crenças sobre o papel do pai (r(201) = -.17, p = .02, = .03). Foram, ainda, realizadas ANOVAs de modo a testar a existência de diferenças em função do sexo da criança, não tendo sido encontradas diferenças significativas para: as crenças sobre o papel do pai (F(1, 205) = 1.44, p = .23), a parentalidade positiva (F(1, 205) = .07, p = .80) e a parentalidade negativa (F(1, 205) = .89, p = .35).

De modo a testar o efeito das variáveis preditoras nas dimensões da parentalidade, efetuaram-se dois modelos de regressão hierárquica múltipla para a parentalidade positiva e negativa. Cada dimensão da parentaildade foi regredida nas variáveis preditoras organizadas em quatro blocos: (1) Sociodemográficos da criança; (2) Sociodemográficos do pai; (3) Crenças sobre o papel do pai e (4) Efeito de interação entre as crenças e as habilitações literárias, tendo as variáveis sido previamente centradas, de modo a diminuir a multicolinariedade (Aiken & West, 1991). Os modelos são apresentados na Tabela 2.

Os resultados indicam que o modelo relativo à parentalidade positiva explica 14% da variância e é significativo (F(7, 194) = 5.83, p < .001, R2a= .14). Os preditores individuais foram examinados, sendo que apenas as crenças sobre o papel do pai são um preditor significativo (b = .37, p < .001). Testou-se, ainda, o efeito de interação entre as crenças e as habilitações literárias do pai e (b = -.09, p < .001). Para a parentalidade negativa o modelo testado não é significativo (F(7, 194) = .60, p = .76), assim como nenhum dos preditores incluídos.

De modo a explorar o efeito de interação encontrado, realizou-se uma análise simples da significância dos declives da regressão. Para tal, foram calculados os efeitos das crenças na parentalidade positiva, em função das habilitações dos pais, tendo sido criadas para o efeito três níveis de habilitações literárias: baixas (N = 36) (M = 8.25, DP = .27), médias (N = 101) (M = 12.28, DP = .89), e elevadas (N = 69) (M = 17.35, DP = .12). Estas foram obtidas recorrendo ao método pick-a-point (Aiken & West, 1991), considerando a média das habilitações literárias (M = 13.27, DP = 3.41), sendo os níveis definidos por um desvio-padrão abaixo da média, a média e um desvio-padrão acima da média, respetivamente. Verificou-se que para os pais com habilitações literárias baixas (b = .66, p < .001) e médias (b = .35, p < .001), o efeito das crenças na parentalidade positiva é significativo, contrariamente aos pais com habilitações literárias elevadas (b = .05, p = .69).

A representação gráfica do efeito de interação encontra-se ilustrada na Figura 1. Verificou-se que para os pais com habilitações literárias baixas e médias, o aumento do valor das crenças (mais modernas) resulta numa parentalidade mais positiva.

DISCUSSÃO

A compreensão da qualidade da parentalidade é fundamental dada a vasta literatura existente sobre o seu impacto no desenvolvimento da criança (e.g., Belsky, 1984; Lamb & Lewis, 2010). Apesar do crescente interesse relativo ao papel do pai, a maioria dos estudos sobre a parentalidade continua a ser, essencialmente, sobre a mãe. O presente estudo procurou ser um contributo neste sentido ao focar-se na figura paterna, e no impacto que as crenças sobre o papel do pai, assim como a sua idade, habilitações literárias e trabalho têm no exercício da sua parentalidade (Palkovitz, 2002; Palkovitz & Hull, 2018; Sigel & McGillicuddy-DeLisi, 2002).

Ao nível das associações bi-variadas verificou-se que os pais mais velhos tendem a possuir crenças mais tradicionais sobre o seu papel (e.g., Monteiro et al., 2019; Wall et al., 2016). Verificou-se, ainda, que pais com crenças mais modernas se percecionam como tendo uma parentalidade mais positiva, enquanto pais com crenças mais tradicionais se percecionam como tendo uma parentalidade mais negativa (e.g., McBride, et al., 2004; Rentzou et al., 2019). A literatura indica, modo geral, que pais com habilitações literárias mais elevadas se percecionam como tendo uma parentalidade mais positiva (e.g., Campbell & Gilmore, 2007; Monteiro et al., 2017). Tal poder-se-á dever a um maior conhecimento do pai sobre o desenvolvimento da criança e do seu impacto no mesmo, o que terá implicações positivas para os comportamentos e estratégias por si adotadas (Morawska et al., 2009).

Com vista a analisar o contributo das crenças sobre o papel do pai e das variáveis sociodemográficas do pai, foram testados modelos de regressão múltipla hierárquica para a parentalidade positiva e negativa. Somente o primeiro modelo (parentalidade positiva) se revelou estatisticamente significativo, explicando uma percentagem relativamente baixa de variância (14%). Em relação aos preditores testados, apenas as crenças sobre o papel do pai são um preditor significativo da parentalidade positiva. Segundo Palkovitz (1984) pais com crenças mais progressistas/modernas sobre o seu papel consideram que são importantes para o desenvolvimento das crianças, e que são capazes de cuidar, serem sensíveis e disponíveis nas interações com as mesmas. Deste modo, estes pais tendem a adotar comportamentos parentais mais positivos e promotores do desenvolvimento infantil (e.g., Fox & Bruce, 2001; McBride et al., 2004).

Testou-se, ainda, o efeito de interação entre as crenças e as habilitações literárias do pai na parentalidade positiva, verificando-se que este apenas é significativo para os pais cujas habilitações são consideradas como baixas e médias. Ou seja, nesta amostra, pais com este tipo de habilitações, mas que possuem crenças mais modernas sobre o seu papel, percecionam-se como tendo uma parentalidade mais positiva. Sugere-se que o ter crenças mais progressistas sobre o papel de pai (ou seja, os pais se percecionarem como importantes para o desenvolvimento e bem-estar da sua criança) tem particular relevância quando os pais possuem habilitações literárias baixas e médias. Embora alguns estudos apontem para que as habilitações literárias mais baixas se encontrem associadas a uma parentalidade mais negativa (e.g., Campbell & Gillmore, 2007), o facto destes pais terem crenças mais modernas poderá agir como um recurso/fator promotor de uma parentalidade mais positiva. Este efeito de moderação torna-se particularmente interessante, considerando modelos teóricos já existentes (e.g., Palkovitz & Hull, 2018) que sugerem que os pais, de um modo geral, se encontram motivados para utilizar os recursos que possuem, articulando-os com potenciais limitações pessoais e/ou contextuais com vista a criar oportunidades positivas para o desenvolvimento dos filhos. Este é, contudo, um resultado a explorar em estudos futuros, nos quais se deverão utilizar fontes de informação independentes, e por exemplo a observação dos comportamentos parentais para a qualidade da parentalidade.

O modelo testado referente à parentalidade negativa não atingiu significância estatística, e nenhum efeito direto ou de interação se revelou significativo. Segundo Bornstein e colaboradores (2018), as relações entre as crenças e os comportamentos parentais são consideradas complexas, podendo ser influenciadas por múltiplos fatores. Assim, sugere-se que a parentalidade negativa possa ser melhor explicada por outras variáveis, como por exemplo o stresse parental. Diversos estudos reportam que maiores níveis de stresse, associados ao exercício da parentalidade, têm implicações para o bem-estar psicológico dos pais, influenciando negativamente as práticas parentais adotadas (e.g., Ponnet et al., 2013; Shreffler et al., 2011). Por exemplo, o stresse associado ao conflito trabalho-família, remetendo para a conciliação entre os diferentes papéis desempenhados pelo pai (e.g., provedor financeiro e cuidador), tem implicações negativas para os pais, contribuindo para uma maior irritabilidade, inconsistência e menos afeto no exercício da parentalidade (e.g., Cooklin et al., 2016).

Segundo Cabrera et al. (2014), os papéis que os pais assumem na vida da criança variam em função de diversos fatores individuais e contextuais. Sugere-se para estudos futuros, a análise de diferentes fatores contextuais - como a estrutura familiar -, e ao nível mais macro, o contexto socioeconómico e cultural no qual os pais/famílias vivem (Cabrera et al., 2014). Tal assume particular relevância nas sociedades atuais, cada vez mais diversificadas ao nível das estruturas familiares e do ponto de vista sociocultural (Roopnarine, 2015).

O presente estudo apresenta algumas limitações a considerar. Em primeiro lugar, este estudo é de natureza transversal e correlacional, não permitindo a inferência de causalidade entre as variáveis analisadas. Segundo, será importante analisar uma amostra mais diversificada em termos sociodemográficos. Em terceiro, as medidas utilizadas são de autorrelato, pelo que as respostas dadas poderão ter sido influenciadas (em parte) por alguma desejabilidade social. Por exemplo, os pais podem sentir-se inibidos em relatar determinados comportamentos, em particular aqueles que impliquem punição física, e que são socialmente menos desejáveis. Refira-se, ainda, que os mesmos sujeitos reportaram não só as suas crenças sobre o papel do pai, como os seus estilos parentais, pelo que em estudos futuros será pertinente a utilização de múltiplos informantes (e.g., mães), e de diferentes metodologias (e.g., observação de comportamentos e entrevistas). Estas poderão contribuir para uma perspetiva mais aprofundada do significado e importância que os pais atribuem a diferentes facetas do seu papel, e o modo como as conciliam com as visões da sociedade atual (e.g., Balancho, 2004).

Apesar das limitações identificadas, os resultados obtidos são um contributo para o estudo da parentalidade no masculino, salientando a importância de se considerar a visão do próprio pai sobre o seu papel no desenvolvimento da criança e na família (Cabrera et al., 2014; Lamb & Lewis, 2010; Pleck, 2010). O estudo reveste-se, ainda, de um potencial prático para o delineamento de programas de promoção do envolvimento e bem-estar parental, dado o impacto positivo das crenças nas práticas e comportamentos dos pais (Freeman et al., 2008; Grusec & Danyliuk, 2014), o que poderá ser particularmente relevante na intervenção com famílias em risco e sinalizadas (Freeman et al., 2008; Scott & Crooks, 2007). Finalmente, ainda que seja fundamental considerar especificamente o pai, há que integrar a mãe nestas análises, de modo a obter uma verdadeira compreensão do que é a parentalidade, dos fatores que a influenciam, e do seu impacto no desenvolvimento infantil (e.g., Lechowicz et al., 2019).

 

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Historial do artigo

Recebido

07/2019

Aceite

10/2020

Publicado

12/2020

 

cMorada para correspondência:

Lígia Monteiro, Avenida das Forças Armadas (Ala Autónoma, gabinete 101), 1649-026, Lisboa, Portugal. E-mail: Ligia.Monteiro@iscte-iul.pt

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