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Revista de Enfermagem Referência

versão impressa ISSN 0874-0283versão On-line ISSN 2182-2883

Rev. Enf. Ref. vol.serVI no.2 Coimbra dez. 2023  Epub 07-Ago-2023

https://doi.org/10.12707/rvi22049 

Artigo Teórico/Ensaio

Atividades de extensão em enfermagem: Medidas excecionais em tempos de pandemia por COVID-19

Extension activities in nursing: Exceptional measures during the COVID-19 pandemic

Actividades de extensión en enfermería: medidas excepcionales en tiempos de pandemia por COVID-19

Maria da Conceição Gonçalves Marques Alegre de Sá1 
http://orcid.org/0000-0003-4095-8822

Elaine dos Santos Santana2 
http://orcid.org/0000-0002-5550-8018

João Luís Alves Apóstolo1  2  3 
http://orcid.org/0000-0002-3050-4264

Paulo Joaquim Pina Queirós1  2 
http://orcid.org/0000-0003-1817-612X

Rosa Carla Gomes da Silva3  4 
http://orcid.org/0000-0002-3947-7098

1 Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), Coimbra, Portugal

2 Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E), Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Coimbra, Portugal

3 Centre for Evidence Based Practice: A JBI Centre of Excellence (PCEBP), Coimbra, Portugal

4 Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), Escola Superior de enfermagem do Porto, Porto, Portugal


Resumo

Enquadramento:

A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, ciente do valor das unidades de extensão na articulação do tripé Ensino-Investigação-Extensão tem na sua estrutura a Unidade de Prestação de Serviços à Comunidade e Coordenação das Atividades de Extensão na Comunidade (UPSCCAEC).

Objetivo:

Descrever o trabalho desenvolvido pela UPSCCAEC em 2019 e 2020, destacando a sua capacidade adaptativa mediante a pandemia pela COVID-19.

Principais tópicos em análise:

Utilizaram-se como fonte de dados os relatórios de atividades realizadas no contexto da UPSCCAEC nos anos civis de 2019 e 2020, e realizou-se a comparação com achados nos dois anos, os quais foram discutidos à luz do referencial teórico disponível, considerando a pandemia COVID-19 e o impacte a nível das Instituições do Ensino Superior (IES) em seus processos formativos, de investigação e extensão.

Conclusão:

A atividade da UPSCCAEC nos referidos anos contribuiu para a afirmação da instituição, do desenvolvimento académico, e constituiu recurso de excelência na resposta aos atuais desafios da sociedade, particularmente num período caracterizado por enorme turbulência resultante da pandemia COVID-19.

Palavras-chave: enfermagem; educação superior; aprendizagem; extensão comunitária; pandemia COVID-19

Abstract

Background:

The Nursing School of Coimbra knows the importance of extension units in the articulation between teaching, research, and extension. For this reason, the School has a Service Provision and Community Extension Activities Coordination Unit (UPSCCAEC).

Objective:

To describe the work developed by the UPSCCAEC in 2019 and 2020, highlighting its adaptive capacity in the face of the COVID-19 pandemic.

Main topics under analysis:

The reports of activities carried out within the scope of the UPSCCAEC in 2019 and 2020 were used as a data source. A comparison was made with findings in the two years, discussed based on the available theoretical framework and considering the COVID-19 pandemic and its impact on Higher Education Institutions’ training, research, and extension processes.

Conclusion:

The UPSCCAEC’s activity in those years contributed to the institution’s excellence and academic development and successful response to the current societal challenges in a time of great instability due to the COVID-19 pandemic.

Keywords: nursing; education higher; learning; community-institutional relations; COVID 19 pandemic

Resumen

Marco contextual:

La Escuela Superior de Enfermería de Coímbra, consciente del valor de las unidades de extensión en la articulación del trípode Enseñanza-Investigación-Extensión, cuenta en su estructura con la Unidad de Prestación de Servicios a la Comunidad y Coordinación de Actividades de Extensión Comunitaria (UPSCCAEC).

Objetivo:

Describir el trabajo desarrollado por la UPSCCAEC en 2019 y 2020, y destacar su capacidad de adaptación frente a la pandemia por COVID-19.

Principales temas en análisis:

La fuente de datos utilizada fueron los informes de las actividades realizadas en el marco de la UPSCCAEC en los años civiles de 2019 y 2020, y se realizó una comparación con los hallazgos en ambos años, los cuales se discutieron considerando el marco teórico disponible, la pandemia del COVID-19 y el impacto en las Instituciones de Educación Superior (IES), en sus procesos de formación, investigación y extensión.

Conclusión:

La actividad de la UPSCCAEC en estos años contribuyó a la afirmación de la institución, al desarrollo académico y constituyó un recurso de excelencia para responder a los desafíos actuales de la sociedad, particularmente en un período caracterizado por enormes turbulencias derivadas de la pandemia del COVID-19.

Palabras clave: enfermería; educación superior; aprendizaje; relaciones comunidad-institución; pandemia COVID-19

Introdução

As Instituições do Ensino Superior (IES) têm para com a sociedade a missão de promover a melhor formação possível nos seus estudantes, de fomentar a investigação e a inovação do conhecimento no seio da comunidade, mas também a responsabilidade social de contribuir ativamente e em tempo útil com ações de base transformacional da comunidade (Brito et al., 2021).

A noção de serviço de extensão é transversal a várias unidades de ensino/ cursos das IES e visam levar o melhor conhecimento ou serviços disponíveis, dos quais estas instituições são detentoras, em prol do bem comum, à sociedade. Nesta ótica, a visão do serviço de extensão é procurar soluções para os problemas das pessoas e das sociedades, enquanto, simultaneamente, permite o desenvolvimento de competências nos estudantes pela aplicabilidade das aprendizagens em contexto real e transferência do conhecimento pela investigação produzida para a sociedade em geral, e cidadãos em particular (Brito et al., 2021; Conceição et al., 2020).

Estes serviços de extensão são praticados por vastas unidades de ensino, um pouco por todo mundo, e possivelmente com um maior destaque no Brasil. Neste âmbito, há várias iniciativas de atividades de extensão, em áreas tão distintas como agricultura (Camargo & Bocca, 2019) fisioterapia (Ferreira et al., 2021) e enfermagem (Amado, 2017; Cavalcante et al., 2019).

Em Portugal, as IES usam recorrentemente o serviço de extensão como uma estratégia de ensino, investigação e de reconhecimento pela assessoria/consultadoria e formação. Estas respostas de responsabilidade social das IES são utilizadas em distintas áreas, com um claro destaque na área da Saúde (Amado, 2017). As escolas de enfermagem portuguesas têm também uma forte tradição no desenvolvimento da missão da responsabilização social, conduzindo os seus estudantes, durante os processos de aprendizagem em contexto de prática clínica, a desenvolverem atividades de ensino e estudos de investigação baseados na comunidade ou em projetos de intervenção comunitária a alvos mais vulneráveis (Amado, 2017; Brito, 2018; Brito et al., 2017).

Os serviços de extensão para além de promoverem o desenvolvimento das comunidades, pela transferência do conhecimento, produtos ou serviços, permitem suprimir as necessidades dos cidadãos trazendo melhores condições ou recursos, mas simultaneamente conduzindo à inovação e desenvolvimento pela estreita relação entre as IES e a sociedade.

Deste modo, as atividades realizadas na esfera do serviço de extensão permitem não somente a produção e disseminação do conhecimento produzido no seio da academia, mas conduzem a uma práxis do conhecimento académico que possui como fundamento a troca de saberes entre o ensino superior e a sociedade (Conceição et al., 2020; Silva et al., 2018). Portanto, a formação profissional, principalmente na área da saúde, como é exemplo a formação dos enfermeiros, prevê no universo ensino-aprendizagem o desenvolvimento de competências que permitam através da educação, da investigação e da extensão, a aproximação e o diálogo transversal com os contextos sociais, culturais, psicológicos e de saúde, nos quais este processo de formação está inserido (Silva et al., 2018; Nobre et al., 2017).

A partir do pensamento de Paulo Freire (2006), a extensão pode ser compreendida como uma ação cultural que acontece mediante co-participação dos indivíduos no processo do aprender, e por tal razão, não deve ser verticalizada, de modo que “coisifique” o sujeito e que desconsidere o saber da comunidade. Posto isto, as atividades de extensão estimulam a partilha de práticas impulsionadoras das IES centradas no contexto real, próximas do cidadão, tradutoras de práticas educativas de qualidade para os estudantes e ações em prol do bem comum para a sociedade; rompendo, assim, com as visões de que o conhecimento está centrado nos muros das instituições científicas, e de que os cidadãos serão meramente sujeitos passivos.

Nesta lógica, as unidades de extensão das IES são a articulação do tripé Ensino-Investigação-Extensão por meio de iniciativa que fomentam o bem público e o desenvolvimento do ensino e investigação (Moraes et al., 2018; W. P. Silva, 2020). A Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), ciente do valor deste serviço, tem na sua estrutura a Unidade de Prestação de Serviços à Comunidade e Coordenação das Atividades de Extensão na Comunidade (UPSCCAEC), sendo segundo os seus estatutos uma Unidade diferenciada da ESEnfC que tem por objetivo coordenar os projetos de prestação de serviços à comunidade, juntamente com a Presidente e os coordenadores das unidades científico-pedagógicas (UCPs; Escola Superior de Enfermagem de Coimbra [ESEnfC], 2020).

A ESEnfC é uma IES dedicada ao ensino da enfermagem em Portugal, comprometida com a promoção da saúde global e o desenvolvimento sustentável, pela educação integral de enfermeiros, mas dedicando-se também à investigação, inovação e ainda à criação e difusão de uma cultura cientifica. Os diferentes projetos desenvolvidos pela UPSCCAEC da ESEnfC contam com docentes e estudantes e ajudam a responder aos desafios da sociedade, transferindo e desenvolvendo os conhecimentos científicos e práticos que caracterizam a ESEnfC (ESEnfC, 2020). Com a prestação de serviços à comunidade disponibilizado pela UPSCCAEC contribui-se para o desenvolvimento da missão institucional, e reafirma-se uma das principais áreas de responsabilidade social da ESEnfC, visto que além de promover cidadania e educação para a saúde, disponibiliza serviços de caráter inovador (ESEnfC, 2020).

Diante do exposto, o presente artigo tem o objetivo descrever o trabalho desenvolvido pela UPSCCAEC nos anos de 2019 e 2020, destacando a sua capacidade adaptativa nos processos de ensino/aprendizagem, mediante a situação pandémica por SARS-CoV-2.

Desenvolvimento

Dar-se-á a conhecer o trabalho desenvolvido pela UPSCCAEC tendo por base a análise documental, que utilizou como fonte de dados os relatórios de atividades realizadas no contexto desta unidade nos anos civis de 2019 e 2020, que agregam todas as atividades desenvolvidas no contexto do serviço de extensão da ESEnfC. Os relatórios de atividades submetidos à aprovação da Presidente da ESEnfC, servem o cumprimento das orientações contidas no Art.º 70, alínea f) dos Estatutos da ESEnfC da Lei n.º 62/2007, de 10 de setembro, e pretendem dar conta do trabalho desenvolvido na UPSCCAEC, tendo em vista as prioridades determinadas para o Eixo Extensão e Prestação de Serviços à Comunidade, no Plano de Atividades: Orientações Estratégicas da ESEnfC para os anos de 2019 e 2020.

Estes relatórios sustentam-se essencialmente nas informações dos relatórios de cada projeto inscrito na UPSCCAEC fornecidos pelos respetivos coordenadores e nos dados da própria Unidade. Estes procuram dar visibilidade aos resultados alcançados, decorrentes da atividade realizada pelos vários projetos inscritos, e ainda realçar as atividades de prestação de serviços especializados, realizadas por alguns dos docentes.

Para a análise dos dados foi realizada a comparação com achados dos referidos anos (2019 e 2020), os quais foram discutidos à luz do referencial teórico disponível acerca da temática tendo também por base o fenómeno pandémico, vivenciado pela população mundial, que teve um grande impacte em várias dimensões da sociedade, incluindo a nível das IES e seus processos formativos, de investigação e extensão.

Considerando que não houve contacto de qualquer natureza com os envolvidos nos projetos e acrescentando o facto de que a recolha dos dados decorreu exclusivamente a partir dos relatórios de atividades realizadas, não houve necessidade de revisão ética deste estudo.

Docentes e as atividades de extensão

Os projetos de extensão inscritos nos anos de 2019 e 2020 integraram professores das oito UCPs da ESEnfC, correspondendo ao número de 78 docentes envolvidos, em cada um dos anos. Destes 78 docentes, em 2019, 40 estiveram envolvidos em mais do que um projeto, e no ano de 2020 este número correspondeu a 35 docentes envolvidos em 2 ≥ projetos.

Relativamente aos membros que compõe a equipa dos projetos de extensão, verifica-se ainda o envolvimento de outros profissionais, para além dos docentes do quadro da ESEnfC, em regime de tempo integral, sendo estes membros assistentes convidados, professores convidados, professores jubilados, enfermeiros e ainda outros profissionais de instituições parceiras, conforme apresentação da Tabela 1.

Tabela 1 : Caracterização da equipa dos projetos de extensão nos anos 2019 e 2020 

2019 n (%) 2020 n (%)
Docentes 78/91(85,71%) 78/93 (83,87%)
Assistentes convidados 14/76 (18,42%) 8/117 (6,84%)
Professores convidados 3/19 (15,79%) 12/27 (44,44%)
Enfermeiros 20 36
Professores jubilados 2 -
Profissionais de instituições parceiras 1 6
Não docente - 1
Estudantes 569/1449 (39,27%) 1150/1472(78,12%)
Total 687 1291

Nota. n = Frequência absoluta; % = Frequência relativa.

Estudantes e as atividades de extensão

A participação dos estudantes nos projetos tem sido uma aposta da ESEnfC, tendo-se conseguido uma significativa participação, principalmente a nível Curso de Licenciatura em Enfermagem (CLE). Os projetos desenvolvidos em 2019 contaram com a participação efetiva de 569 estudantes num total de 1449. Em 2020, apesar das circunstâncias pandémicas terem contribuído para um decréscimo das atividades de extensão conseguiu-se o envolvimento de 1150 estudantes (num total de 1472; Tabela 1).

A ESEnfC por excelência, assume o compromisso de promover o ensino de enfermagem em Portugal, ao mais alto nível, comprometida com a promoção da saúde global e o desenvolvimento sustentável, sendo uma referência nacional e internacional. A oportunidade de envolver os estudantes em projetos de extensão à comunidade, no âmbito de unidades curriculares, é uma estratégia pedagógica facilitadora para o cumprimento da sua missão, por isso uma prioridade da ESEnfC. A este nível, a ESEnfC tem percorrido um caminho consistente, na procura da garantia de uma aprendizagem transformadora na formação dos seus estudantes. Tal como tem sido apoiado, e à semelhança do que vem sendo endossado pela literatura, os projetos de extensão, dão a oportunidade aos estudantes de desenvolverem competências e conhecimentos através da experiência multidimensional com a realidade na comunidade. Esta estratégia permite a conjugação dos saberes teóricos, discutidos nas salas de aulas, com o campo prático, e em simultâneo, incentiva e amplia o sentido crítico-reflexivo dos estudantes (Amado, 2017; Moraes et al., 2018; Silva et al., 2018).

Além disso, a cooperação entre estudantes, docentes, assistentes convidados, professores convidados, enfermeiros e outros profissionais de instituições parceiras torna possível a troca de experiências e a revisão de valores e saberes entre as partes. Por meio desta interação e diálogo cooperativo, que visam o enriquecimento dos processos pedagógicos e a responsabilidade social, também se mitiga o distanciamento entre IES e a comunidade promovendo uma saúde global mais sustentada e o desenvolvimento económico, social e cultural do país (W. P. Silva, 2020).

Pandemia por COVID-19 e as atividades de extensão

No que toca a apreciação global do trabalho desenvolvido, cabe destacar a situação pandémica vivida a partir de março de 2020 e o seu consequente impacte na redução acentuada das atividades previstas em plano dos projetos inscritos.

No ano de 2019, foram inscritos na UPSCCAEC, 27 projetos de extensão que cumpriram as atividades previstas. Contudo, no ano de 2020, e face as restrições de atividades de educação para a saúde nas instituições parceiras, somente 17 dos 26 projetos ativos da UPSCCAEC puderam desenvolver as atividades de extensão previamente planeadas (Tabela 2).

Tabela 2 : Dados dos projetos de extensão à comunidade nos anos 2019 e 2020 

2019 2020
n (%) n (%)
Projetos inscritos na UPSCCAEC 27 (100) 26 (100)
Projeto ativos na UPSCCAEC 27 (100) 17 (65,38)
Projetos integrados em Unidades curriculares 9 (33) 14 (54)
Projetos associados à investigação 18 (66,66) 7 (29,92)

Nota. UPSCCAEC = Unidade de Prestação de Serviços à Comunidade e Coordenação das Atividades de Extensão na Comunidade. n = Frequência absoluta; % = Frequência relativa.

Dos projetos inscritos, no ano de 2019, 33% dos projetos estão integrados em unidades curriculares (Tabela 2). Já no ano de 2020, o forte impacte da situação pandémica pelo coronavírus SARS-CoV-2, impediu a ligação dos projetos de extensão às unidades curriculares de ensino clínico a partir de março, com exceção do ensino clínico do 8º semestre, condição que será melhor apresentada na secção “Medidas excecionais em tempos de pandemia” deste artigo.

A instabilidade das instituições de saúde e a concentração dos seus esforços, no combate ao COVID-19, fez com que, por um lado, os ensinos clínicos tivessem sido suspensos a partir do 2º semestre. Por outro lado, as atividades de extensão dos vários projetos foram canceladas a partir de março, impedindo deste modo, a participação dos estudantes nas atividades planeadas para o restante ano letivo 2019/2020, no âmbito das unidades curriculares de ensino clínico (à exceção da Reformulação da Unidade Curricular em situação de excecionalidade).

No entanto, apesar dos constrangimentos ocorridos durante o ano de 2020, dos 26 projetos de extensão ativos, 14 desenvolveram as suas atividades em estreita ligação à área do ensino, o que correspondeu a 54% dos projetos de extensão ativos.

Investigação nas atividades de extensão

Já no que se refere a associação dos projetos de extensão à investigação, nota-se que no ano de 2019, 18 dos 27 projetos (66,7%) tinham investigação associada à sua atividade de extensão. Porém em 2020, a investigação associada aos projetos de extensão reflete a acentuada diminuição das atividades de intervenção comunitária, pela situação pandémica, sendo que dos 26 projetos de extensão, apenas sete desenvolveram atividades de investigação associada, ou seja, 30% dos projetos.

Ainda neste âmbito, o maior grupo de estudantes envolvidos na investigação associada aos projetos inscritos na UPSCCAEC, nos referidos anos, refere-se aos estudantes de CLE, por meio do programa de rotação de iniciação à investigação (RII) (Cardoso et al., 2022), seguindo-se dos estudantes a nível dos cursos de mestrado, doutoramento e pós-doutoramento.

A conjugação da extensão e da investigação, principalmente a nível da iniciação à investigação, deve representar tanto para os estudantes, quanto para os docentes e IES, uma conexão da proposta pedagógica, e alcançar o processo académico ao longo de todas as fases e níveis (Moraes et al., 2018).

Visto que um modelo ideal de extensão deve considerar contribuições reais para a cidadania e para a transformação social, o desafio que se impõe no seu desenvolvimento está também imposto na relação entre o ensino e a investigação, com o objetivo de promover ganhos para a saúde global das comunidades locais (Brito, 2018).

Áreas de prestação de serviço nas atividades de extensão

Relativamente a caraterização da prestação de serviços e atividades de extensão na comunidade realizadas nos referidos anos, estas compreendem as áreas de intervenção comunitária, formação, assessoria e consultadoria (Tabela 3).

Tabela 3: Caraterização da prestação de serviços e atividades de extensão na comunidade 

Nota. n = Frequência absoluta.

As atividades de intervenção comunitária desenvolvidas no âmbito dos projetos de extensão no ano de 2019 representaram 3127 sessões que beneficiaram 11851 pessoas, já em 2020 foram alcançados 10230 beneficiários, em 127 sessões realizadas (Tabela 3).

Ainda nesta área de intervenção, registou-se a participação em projetos que objetivam a solidariedade social (n = 2, em 2019). As atividades de solidariedade social enquadraram-se no âmbito de atividades de peregrinação, de exclusão social e de pobreza e a participação na campanha de recolha de bens para o Banco Alimentar, por iniciativa da UCP de Enfermagem Fundamental e do Gabinete de Empreendedorismo.

Em 2020, apenas um projeto integrou a área de intervenção de solidariedade social, e as atividades foram desenvolvidas em parceria com o Centro Municipal de Integração Social de Coimbra e a Associação Acreditar, direcionadas a pessoas adultas em situação de pobreza. Os temas explorados incluíram atividades de avaliação de risco de saúde, sensibilização sobre etiqueta respiratória e distanciamento social, giro de rua (ações nas ruas para população em situação de vulnerabilidade) e consultas de aconselhamento de enfermagem sobre hábitos saudáveis.

No que toca à área de formação no ano de 2019 foram realizadas 90 sessões chegando a 924 indivíduos. Destes destacam-se, maioritariamente, alunos, professores e funcionários da área da educação (como as instituições do ensino secundário e do ensino básico), enfermeiros; pais e idosos. Em 2020, as atividades desta mesma área foram desenvolvidas em 67 sessões com uma abrangência de 1999 pessoas (tabela 3). As formações em ambos os anos incidiram sobre temáticas como a prevenção de comportamentos de risco, promoção de comportamentos saudáveis em jovens, saúde dos idosos, saúde materna e reanimação.

A terceira área de atuação das atividades de extensão dos projetos compreende a prestação de serviços de assessoria e consultadoria.

Relativamente ao serviço de assessoria, em 2019 tais ações contemplaram 53 instituições de ensino e uma instituição de solidariedade social, e em 2020 foram realizadas atividades de assessoria em três das 53 instituições de ensino que possuem parceria com a ESEnfC, e uma instituição de solidariedade social.

A prestação de consultadoria foi diferente nos dois anos em análise. Em 2019, o serviço de consultadoria foi solicitado por 27 instituições de ensino, e em 2020, apenas requerida no âmbito empresarial. Neste contexto a prestação de serviço de consultadoria e assessoria em 2019 foi realizada no âmbito de cinco projetos, envolvendo maioritariamente pessoas da área da educação e do poder autárquico, já em 2020 apenas integrou três projetos de extensão inscritos envolvendo o setor empresarial e de solidariedade social.

As áreas de atuação da intervenção comunitária e da formação, que caracterizam os serviços e atividades de extensão desenvolvidos pela UPSCCAEC, endossam a constituição da extensão universitária como uma forma de aproximação social, que dialoga e interage com a comunidade a partir das suas necessidades, ao mesmo tempo que reafirma o compromisso da universidade com a transformação social (W.P. Silva, 2020). Ações de extensão desta natureza demonstram concordância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas (United Nations, 2020), no sentido de promover mudanças de condutas, adoção de hábitos saudáveis para melhor qualidade de vida e promoção de saúde e educação.

A caracterização dos serviços prestados na área de assessoria e consultadoria reafirma a transição da extensão não somente centrada na prestação de cuidados de saúde, mas construindo uma cultura de inovação e desenvolvimento, integrando uma importante mudança nos âmbitos académico e corporativo sustentada na troca de experiências (Conceição et al., 2020; W. P. Silva, 2020).

Atividades de extensão e os seus parceiros

As atividades dos projetos de extensão têm vindo a desenvolver-se em estreita ligação com instituições prestadoras de cuidados pelos reconhecidos ganhos interinstitucionais, mas, particularmente, por permitir a articulação entre o ensino, a clínica e a investigação.

Das organizações profissionais com ligação aos projetos durante o ano de 2019, destacam-se as instituições de ensino e de solidariedade social, seguidas ainda das instituições de saúde. Em 2020, as instituições foram na sua maioria de saúde e destas foram maioritariamente unidades de cuidados de saúde primários, seguido de instituições de educação, incluindo os três níveis de ensino: básico, secundário e superior e ainda o ensino profissional; instituições municipais, particularmente Câmaras Municipais; instituições de solidariedade social e ainda outras instituições, nomeadamente associações.

Considerando que a transformação social e a democratização do conhecimento são resultados muito positivos mediante as ações e serviços prestados, a ESEnfC tem procurado estabelecer sólidas parcerias com a comunidade. A preocupação para que a extensão esteja vinculada à comunidade deve refletir o estabelecimento de fortes parcerias com as diversas instituições da comunidade onde estão inseridos tais serviços (Nobre et al., 2017). Além disso, o intuito de sustentabilidade social carece da constituição de redes e da participação das estruturas públicas, nas atividades e nos projetos que visam responder às necessidades de saúde da sociedade. É com este propósito que se tem desenvolvido o trabalho na UPSCCAEC que também já mereceu reconhecimento na literatura (Amado, 2017).

Medidas excecionais em tempos de pandemia por COVID-19

A situação pandémica previamente exposta impede a realização do ensino clínico do 8º semestre no ano letivo 2019/2020 em instituições de saúde de modo regular, como decorria até então. As novas circunstâncias levaram à necessidade de medidas excecionais para a realização da área opcional da referida unidade curricular, aprovada em Conselho Técnico Cientifico da ESEnfC. Ao longo do percurso formativo foram garantidas as condições de aprendizagem, de modo que os estudantes construíram o conhecimento e desenvolveram competências através da interação social e sob a orientação pedagógica de um docente que desempenhou o papel de facilitador da aprendizagem.

Neste contexto, surge a reformulação da unidade curricular de ensino clínico da área opcional - 8º semestre do CLE composta por duas componentes: obrigatória e opcional - Reformulação da Unidade Curricular (UC) em situação de excecionalidade.

Após a reformulação desta unidade curricular foi dada a possibilidade aos coordenadores dos projetos de extensão à comunidade de elaborarem propostas de participação nesta unidade curricular, de ensino clínico do 8º semestre - reformulação da UC em situação de excecionalidade na sua componente opcional. As propostas elaboradas pelos coordenadores dos projetos de extensão e aprovadas pelo Conselho Técnico Cientifico, nortearam-se pelo princípio da participação dos estudantes em atividades de extensão nas áreas da saúde, proporcionando a construção de conhecimento e desenvolvimento de competências previstas para este ensino clínico, sob a orientação do(s) professor(es) do projeto(s) e do orientador pedagógico de percurso formativo da unidade curricular.

Nesse sentido, demonstra-se quão dinâmico pode ser o conceito de extensão, considerando a adaptação e articulação que lhe é possível assumir mediante as necessidades e mudanças evidenciadas na e pela sociedade (A.R. Silva, 2020). Neste caso em particular, a oportunidade foi suscitada pela nova condição, imposta pela situação pandémica e agravada pela necessidade de os estudantes do CLE finalizarem a sua formação. Isto porque, em plena situação pandémica as instituições de saúde, entre outras, tais como as estruturas residenciais para pessoas idosas (ERPI), enfrentavam grandes défices de recursos humanos em geral e de enfermagem muito em particular.

A contribuição dos projetos de extensão na Reformulação da UC em situação de excecionalidade, consubstanciou-se em nove ofertas que permitiram a realização do ensino clínico da área opcional do 8º semestre a 152 estudantes, num total de 932 horas, envolvendo 61 professores (Tabela 4).

Tabela 4 : Participação dos projetos de extensão na unidade curricular de ensino clínico da área opcional do 8º semestr e 

Designação do projeto Carga Horária (horas) Estudantes envolvidos n Professores envolvidos n
Projeto o(u)sar e ser laço branco- utilização das tecnologias e-health para a prevenção da violência nas relações de intimidade 170 10 6
Antecipar a experiência de ser idoso 50 10 6
Covid19-moveee. intervenção breve e intensiva para jovens e idosos sobre precauções de segurança de covid-19 140 26 14
Ser saudável -promoção da saúde sexual e reprodutiva 100 4 4
Projeto formar para cuidar em humanitude 30 52 2
Motivar para o empreendedorismo: poliempreende 40 8 6
Promoção da saúde mental dos idosos em tempos difíceis - com tacto 90 18 9
Reformulação dos sistemas de informação enfermagem utilizando a cipe. Padrão de documentação na gestão da doença crónica 170 15 7
Projeto Terna Aventura - Apoiar a transição para a parentalidade usando ferramentas digitais 142 9 7
Total 932 152 61

Nota. n = Frequência absoluta.

A contribuição dos projetos de extensão para esta unidade curricular, caracterizou-se pela inovação e capacidade de envolvimento dos estudantes, tornando o processo de aprendizagem ativo, atraente e potenciador de múltiplas aprendizagens. Foi uma experiência duplamente inovadora, não só pelas metodologias de aprendizagem que utilizou, como também pelos resultados produzidos e percebidos ao longo do processo experiencial dos estudantes (Tabela 5).

Tabela 5: Materiais desenvolvidos no âmbito do Ensino clínico da área opcional - 8º semestre reformulação da UC em situação de excecionalidad e 

Projeto Materiais para intervenção comunitária desenvolvidos pelos estudantes
O(U)sar e Ser Laço Branco- Utilização das tecnologias ehealth para a Prevenção da Violência nas Relações de Intimidade Construção de Frequently Asked Questions (FAQ), Quiz, biblioteca online, testemunhos de jovens que viveram uma situação de violência destinados a serem integrados no Site do projeto.
Antecipar a Experiência de Ser Idoso Processo de planeamento, execução e avaliação de um projeto de extensão e de um estudo de investigação associada ao projeto de intervenção e as implicações sociais e familiares do desenvolvimento deste tipo de projetos.
COVID19-moveee. Intervenção breve e intensiva para jovens e idosos sobre precauções de segurança de COVID-19 Realização e validação de intervenção motivacional para melhorar as precauções de segurança individuais e coletivas (PSIC) na prevenção da infeção COVID19 nos grupos 18-35 e maiores de 65 anos. Serviu de base de candidatura a financiamento em Portugal e no Brasil.
Ser saudável - promoção da saúde sexual e reprodutiva Construção de ferramentas tecnológicas para o desempenho dos profissionais de saúde e estudantes, no âmbito da educação para a saúde, com vista a construção de um site.
Projeto Formar para cuidar em Humanitude Procedimentos cuidativos relacionais, facilitadores dos cuidados em situações complexas, evitando comportamentos de agitação, oposição/recusa aos cuidados, promovendo a autonomia e o autocuidado.
Motivar para o Empreendedorismo: Poliempreende Construção um “Pitch” de apresentação de um projeto. Os projetos foram apresentados no dia 7 julho de 2020, no Concurso Regional Poliempreende perante um Júri Regional.
Promoção da saúde mental dos idosos em tempos difíceis - com tacto Criação de um algoritmo de atendimento psicossocial. Levantamento dos recursos da comunidade e dos recursos audiovisuais, web e redes sociais dos idosos do grupo Anos de vida (Q). Preparação das intervenções (exercícios de respiração, relaxamento, mensagens de normalização sobre medo e ansiedade, entre outras), utilizando tecnologias digitais. Construção de um manual de atendimento, e de formação dos participantes no atendimento.
Reformulação dos sistemas de informação enfermagem utilizando a CIPE- Padrão de documentação na gestão da doença crónica Construção de um manual de apoio para os profissionais, referentes a um conjunto de focos centrados nos doentes que ficam à guarda das Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) do ACES Baixo Mondego.
Projeto Terna Aventura - Apoiar a transição para a parentalidade usando ferramentas digitais Conceção e implementação de recursos educativos digitais, para a promoção da literacia dirigidos a casais a vivenciar processos de transição para a parentalidade, durante o período pré-natal e pós-parto.

Relatos semelhantes da contribuição da extensão na aprendizagem de estudantes são identificados na literatura científica de modo positivo (Amado, 2017; Silva et al., 2018). As ações executadas por tais estudos incluíram desde a elaboração de manuais, folhetos, guias e vídeos para melhorar a compreensão dos utentes e a adesão às intervenções de enfermagem. Além disso, através do exercício e incentivo à comunicação efetiva, os serviços de extensão demonstram promover melhor compreensão teórico-prática e desenvolvimento de competências, representando um alicerce para os cuidados baseados na evidência e sustentado num cuidado humano e num pensamento crítico, o que fará com que este futuro profissional assuma uma postura muito mais comprometida com a comunidade (Amado, 2017; Silva et al., 2018).

As ações desenvolvidas neste âmbito, apesar de decorrerem em um novo cenário, com a imposição de novos desafios, endossam a responsabilidade social e o senso crítico de cidadania que a extensão universitária permite desenvolver.

No âmbito da situação pandémica, os estudos vieram demonstrar o desafio que foi imposto às IES no desenvolvimento e articulação de respostas perante as antigas e novas necessidades da sociedade. E ainda manifestaram a importância da extensão e o poder transformador que as instituições de ensino possuem na promoção da saúde e na relação com a comunidade (Diniz et al., 2020). Em concordância com o propósito de permitir o desenvolvimento de competências e aprendizagens por parte dos estudantes, e simultaneamente procurar solucionar questões/problemas das pessoas na sociedade, as diferentes atividades e projetos promovidos pelos serviços de extensão, procuraram atender às necessidades em saúde de adultos, crianças, idosos.

Estas atividades abrangeram as mais diversas temáticas relacionadas com a saúde em geral, bem-estar, saúde mental, qualidade de vida, educação, violência, direitos humanos, bem como os cuidados específicos associados ao vírus SARS-CoV-2. Com esta oportunidade reafirmou-se o compromisso social das IES com a sociedade, e delineou-se uma estratégia eficaz, criativa e inovadora por parte dos docentes e estudantes, que se reinventaram a partir das ferramentas tecnológicas e desenvolveram/aprimoraram competências, tal como preconizado por Diniz et al. (2020), Costa (2020) e A.R. Silva (2020).

Desta forma, em consonância com o princípio da integralidade, compreende-se que o trabalho desenvolvido por meio dos projetos de extensão alicerça-se no paradigma de rutura da prática fragmentada, e defende a premissa de que o currículo não se reduz a um produto resultante do conjunto. Além disso, conforme vem sendo destacado na literatura científica, com a experiência de expansão das atividades de ligação à comunidade, os estudantes exercitam e refletem sobre fatores fundamentais para o planeamento e implementação de uma assistência com qualidade (Costa, 2020; A.R. Silva, 2020), que mesmo diante de situações adversas impostas por uma nova realidade, permitiram dar resposta aos desafios sociais e de aprendizagem através das ações propostas pela reformulação da UC (Gadotti, 2017).

Conclusão

O trabalho desenvolvido no âmbito dos projetos de extensão da UPSCCAEC é demonstrativo da sua efetiva presença na comunidade. As atividades desenvolvidas e os serviços prestados pela UPSCCAEC durante os anos de 2019 e 2020 representam um forte contributo para o desenvolvimento da instituição, dos seus professores e estudantes, ao mesmo tempo que se constitui como um forte contributo social, económico e cientifico. Apesar da redução do número de projetos ativos e do impacte imposto pela situação pandémica no ano de 2020, foi possível alcançar indicadores muito superiores ao que era expectável perante à situação pandémica, tanto no âmbito da intervenção comunitária e da formação com um amplo número de beneficiários alcançados, como nos serviços de assessoria e consultadoria prestados e instituições parceiras envolvidas.

O caminho percorrido na ligação entre o ensino, extensão e investigação, tem permitido reconhecer a necessidade de se melhorar a articulação entre a planificação proposta para as unidades curriculares, e o desenvolvimento dos estudantes em contexto de intervenção/formação dos projetos em que estão inseridos, nomeadamente ao nível dos conteúdos e da avaliação.

Por compreender que a extensão representa uma área cultural, científica e educativa, os serviços prestados pela UPSCCAEC atuam como fator de aproximação da comunidade académica com a sociedade, e de sinergias, pois se permitem que sejam ampliados os contributos de cada elemento, dentro e fora dos muros da IES, estabelecendo uma relação de múltiplos benefícios.

Para além do ambiente de promoção da inovação, responsabilidade social e cidadania, a UPSCCAEC procura dar resposta aos desafios que são impostos ao ensino superior, no sentido de relacionar o ensino com a realidade económica, social e cultural do país e romper com paradigma da reprodução de conteúdos, assim como também procura o envolvimento dos estudantes na investigação e no empreendedorismo de modo a impactar as respostas para questões fundamentais da atualidade e da sociedade em mudança, preparando-os para a imprevisibilidade e para um futuro inclusivo e multicultural.

Portanto, podemos afirmar que a atividade da UPSCCAEC durante os anos de 2019 e 2020 contribuiu para a afirmação da instituição, do desenvolvimento académico e constituiu-se enquanto recurso de excelência na resposta aos atuais desafios da sociedade e às exigências da competitividade, particularmente num período caracterizado por enorme turbulência resultante da situação pandémica COVID-19. Neste sentido, ressalta-se a necessidade e a importância de desenvolver-se estudos que procuram avaliar o impacte no ensino, no desenvolvimento docente e na saúde das populações, e evidenciar o valor social e económico das atividades de extensão realizadas pelas IES nas áreas de atuação.

Agradecimentos

Pela informação fornecida nos relatórios dos projetos de extensão inscritos na Unidade de Prestação de Serviços à Comunidade e Coordenação das Atividades de Extensão na Comunidade.

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Como citar este artigo: Sá, M. C., Santana, E. S., Apóstolo, J. L., Queirós, P. J., & Silva, R. C. (2023). Atividades de extensão em enfermagem: Medidas excecionais em tempos de pandemia por COVID-19. Revista de Enfermagem Referência, 6(2), e22049. https://doi.org/10.12707/RVI22049

Recebido: 02 de Maio de 2022; Aceito: 24 de Fevereiro de 2023

Autor de correspondência Elaine dos Santos Santana E-mail: elainesantana@esenfc.pt

Conceptualização: Sá, M. C., Santana, E. S., Silva, R. C.

Tratamento de dados: Santana, E. S., Silva, R. C.

Metodologia: Sá, M. C., Santana, E. S., Silva, R. C.

Redação - rascunho original: Sá, M. C., Santana, E. S., Silva, R. C.

Redação - revisão e edição: Sá, M. C., Santana, E. S., Queirós, P., Apóstolo, A., Silva, R. C.

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