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Revista de Enfermagem Referência

Print version ISSN 0874-0283On-line version ISSN 2182-2883

Rev. Enf. Ref. vol.serVI no.1 Coimbra Dec. 2022  Epub June 08, 2022

https://doi.org/10.12707/rv20209 

Artigo de Investigação Histórica

Enfermeiros em Portugal no tempo de Nightingale

Nurses in Portugal at Nightingale time

Enfermeros en Portugal en tiempos de Nightingale

Paulo Joaquim Pina Queirós1  2 
http://orcid.org/0000-0003-1817-612X

Blanca Espina-Jerez3 
http://orcid.org/0000-0001-9961-072X

Nuno Miguel do Amaral Gouveia Couceiro da Costa4 

Patricia Domínguez-Isabel3 
http://orcid.org/0000-0001-6894-2270

Aliete Cunha Oliveira1  2 
http://orcid.org/0000-0001-8399-8619

Sagrario Gómez-Cantarino3 
http://orcid.org/0000-0002-9640-0409

1 Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, Coimbra, Portugal

2 Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem (UICISA: E), Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), Coimbra, Portugal

3 Universidad de Castilla la Mancha (UCLM), Toledo, Espanha

4 Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Coimbra, Portugal


Resumo

Contexto:

No século XIX assistimos à modernização hospitalar, à afirmação da ciência médica, e ao desenvolvimento exponencial da atividade dos enfermeiros.

Objetivo:

Contribuir para o conhecimento dos enfermeiros, em Portugal, no século de Nightingale.

Metodologia:

Histórica com análise e explicação de um passado acedido através do exame das suas marcas e da sua representação mental. Considerando não uma simples narrativa, mas uma descrição, tanto quanto possível explicativa.

Resultados:

Transformação ao longo de todo o século, da atividade dos enfermeiros, visível no espaço conquistado nas estruturas hospitalares, na criação do ensino, num movimento lento em direção à plena profissionalização.

Conclusão:

No século de Nightingale, um contínuo de profissionalização e disciplinar dos saberes, que está na origem da enfermagem como profissão e disciplina de conhecimento.

Palavras-chave: história da enfermagem; escolas de enfermagem; enfermeiros; enfermagem

Abstract

Context:

In the 19th century, we witnessed hospital modernization, the affirmation of medical science, and the exponential development of nurses’ activities.

Objective:

To know the activity of nurses in the Nightingale century.

Methodology:

Historical with analysis and explanation of a past accessed through the examination of its marks and mental representation. Considering not a simple narrative, but a description, as much as possible explanatory.

Results:

Transformation throughout the century, of the activity of nurses, visible in the space conquered in hospital structures, in the creation of teaching, in a slow movement towards full professionalization.

Conclusion:

In the Nightingale century, a continuation of professionalization and disciplinary knowledge, which is the origin of nursing as a profession and knowledge discipline.

Keywords: history of nursing; schools, nursing; nurses; nursing

Resumen

Contexto:

En el siglo XIX se asiste a la modernización hospitalaria, la afirmación de la ciencia médica y el desarrollo exponencial de la actividad enfermera.

Objetivo:

Conocer la actividad de las enfermeras en el siglo Nightingale.

Metodología:

Histórica con análisis y explicación de un pasado al que se accede mediante el examen de sus marcas y representación mental. No se considera una simple narración, sino una descripción lo más explicativa posible.

Resultados:

A lo largo del siglo se produjo una transformación de la actividad enfermera, visible en el espacio de las estructuras hospitalarias, la creación de la docencia y en un lento movimiento hacia la plena profesionalización.

Conclusión:

En el siglo de Nightingale, se inicia una continua profesionalización y disciplina de saberes, que es el origen de la enfermería como profesión y disciplina del conocimiento.

Palavras clave: historia de la enfermería; escuelas de enfermería; enfermeros; enfermeira

Introdução

O século XIX foi um século essencial para os enfermeiros. As atividades de cuidar, que desenvolviam há séculos, expandem-se, ganham espaço, e adquirem importância no leque das várias atividades assitenciais em presença. Os sinais de proto-profissionalização que vêm de longe, reforçam-se, e a profissionalização ganha folgo em direcção à plena concretização no século XX. O século XIX é também o século de Florence Nightingale (1820-1910), um século de lançamento das bases da enfermagem contemporânea. Movimento em que Nightingale se insere e é protagonista. Sobre Nightingale, os seus meritos, o seu indescutível contributo, o seu papel como acelerador da profissionalização, já muito se tem escrito. Enfatize-se, as suas capacidades de liderança, a noção de missão claramente estabelecida no âmbito do anglicanismo protestante, os seus conhecimentos, a visão da necessidade de loby para afirmação e visibilidade do grupo, da imprescindível qualificação dos enfermeiros e enfermeiras materializado na criação da escola de enfermeiras de S. Thomas em Londres. Conhecida Nigtingale, importa conhecer os enfermeiros e as enfermeiras do seu tempo.

O século XIX é o século do positivismo, do higienismo, dos métodos experimentais na medicina, da modernização hospitalar nas suas estruturas e práticas. “Em meados do século XVIII a maioria dos hospitais portugueses … destinavam[-se] a pobres, eram instituições de assistência” (Lopes, 2019, p. 160). Hospitais, onde “… a pobreza vai procurar o agasalho para se curar” (Lopes, 2019, p. 160). E sobre esta transformação na instituição hospitalar, afirma Maria Antónia Lopes: “Hoje diríamos que procura o tratamento, o saber dos especialistas, a cura, não o agasalho.” (Lopes, 2019, p. 160). Com a modernização hospitalar e o impulso científico na medicina, “as funções domésticas do pessoal de enfermagem até então desempenhadas tornavam-se insuficientes e não permitiam assistir correctamente os médicos nas novas terapias” (Silva, 2014, p. 64). Percebe-se assim como “em meados do século XIX a impreparação dos enfermeiros de ambos os sexos preocupava os médicos dos hospitais mais importantes.” (Lopes, 2019, p. 168). Constata-se que “… o pessoal laico que trabalhava nas enfermarias era incapaz de acompanhar os progressos técnicos e científicos que marcaram o século XIX.” (Silva, 2014, p.63). Complementarmente, constituí uma constatação histórica que “antes do século XIX não havia em Portugal enfermeiras hospitalares de ordens ou congregações religiosas, os frades enfermeiros em hospitais eram residuais e os hospitais escapavam à tutela religiosa” (Lopes, 2019, p. 155). A dotação e a formação de enfermeiros e enfermeiras qualificados para corresponder aos novos desafios, passa pela discussão entre a opção religiosa e laica.

As viagens científicas a vários países da Europa e a leitura de revistas médicas estrangeiras, sobretudo francesas, forneceram aos clínicos portugueses os argumentos contra a enfermagem religiosa e a favor de um pessoal de enfermagem laico. Do memo modo, aperceberam-se das vantagens da criação de escolas de enfermagem e dos benefícios que a formação científica traria aos seus auxiliares, e convenseram-se de que seria a única possibilidade para melhorar os cuidados de saúde no meio hospitalar. Assim, defenderam também a abertura de tais estabelecimentos, baseando-se sobretudo no caso das escolas da Assistance Publique de Paris, que serviram de modelo às primeiras tentativas de formação do pessoal de enfermagem em Portugal. (Silva, 2014, p. 73).

Propomo-nos percorrer algumas das fontes históricas disponíveis, guiados pelo objetivo de contribuir para o conhecimento dos enfermeiros, em Portugal, no século de Nightingale, e pela seguinte questão de investigação: o que podemos saber, objetivamente, acerca dos enfermeiros em Portugal, no século de Nightingale?

As etapas do trabalho histórico passam pela identificação de algumas das fontes primárias disponíveis, análise com leitura e seleção de informação que relevante, extração de dados significativos, sua divulgação e contrução de síntese de divulgação científica.

Metodologia

Esta investigação desenvolveu-se com metodologia histórica. Orientou-nos a análise e explicação de um passado acedido através do exame das suas marcas e da representação mental que resulta desse exame. Considerando que a produção historiográfica, não uma simples narrativa, mas uma descrição, tanto quanto possivel explicativa, onde: “A História-vivida desapareceu, mas é re-presentada pela História-escrita” (Mattoso, 2020, p. 20). Sendo que: “Ao escrever a História construímos uma representação, ou seja, uma réplica do que aconteceu” (Mattoso, 2020, p. 19).

Procurámos o acesso a fontes primárias, e concentrámo-nos na exploração dos “Annuários da Universidade de Coimbra” (Universidade de Coimbra, n.d.), e dos “Diários das Sessões das Câmaras Parlamentares na Monarquia Constitucional” (Assembleia da República, n.d.); nos livros de António Augusto Costa Simões, “A minha Administração dos Hospitaes da Universidade. Uma gerencia de 15 annos, sob a reforma de 1870” (Simões, 1888), e “Hospitaes Extrangeiros de Construcção Moderna. Allemães, Belgas, Suisso, Italianos e Hespanhoes” (Simões, 1901), ambos, editados pela Impressa da Universidade de Coimbra e disponíveis na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra. Os Anuários da Universidade de Coimbra, estão acessíveis em cópias digitais de 73 anuários, entre 1866/67 e 1955/56, com algumas interrupções, em alguns anos letivos. Os “Diários das Sessões das Câmaras Parlamentares na Monarquia Constitucional” estão acessiveis, para as seis câmaras em funcionamento durante o periodo da monarquia constitucional, no website da Assembleia da República de Portugal. Nestas fontes primárias, tirando partido da sua disponibilidade on-line, procurámos a localização de material de interesse para este estudo através dos descritores de pesquisa: enfermagem; escola de enfermagem; serviços de enfermagem; enfermeiro(s); enfermeira(s); parteira. Utilizámos, ainda, como fontes, sínteses de investigações anteriores, já publicadas, em que participámos como autores e co-autores. Aí, encontrámos suporte para o enquadramento, para completar, aprofundar e contextualizar a informação recolhida das fontes primárias. Por fim produzimos uma síntese analítica e descritiva, com a visão de conjunto.

Resultados e discussão

Quando chegámos ao tempo de Nightingale (1820-1910), já há muito, enfermeiros e enfermeiras cuidavam de enfermos, de pobres, viúvas e abandonados, em albergues, hospitais, mercearias e gafarias. No espaço geográfico de Coimbra, havia enfermeiros entre os funcionários dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), desde tempos bem recuados. Para os anos 1779 a 1797, nos HUC, tivemos a oportunidade de verificar que “a lista de funcionários permite a sua caracterização em quatro agrupamentos: os clínicos para o tratamento do corpo; os curadores da alma; o dos serviços/amenidades; o das funções de segurança” (Queirós et al., 2020, p. 7). Claramente entre a permanência de traços medievais e o alvor da modernidade, que se expressa na presença de enfermeiros-sangradores e enfermeiras-cozinheiras, de médicos externos à instituição, e por outro lado, a concretizar-se na diferenciação da enfermagem com o aparecimento da enfermeira dos partos e de ajudantes de enfermaria. Com um programa assistencial de atenção ao corpo e à alma (Queirós et al., 2020).

Diários das Sessões das Câmaras na Monarquia Constitucional

Na análise aos “Diários das Sessões das Câmaras Parlamentares na Monarquia Constitucional”, para os anos 1821-1822, verificámos estar em presença de ocupações e profissões de saúde em processo de reconfiguração. Os descritores que utilizámos na pesquisa “só revelaram abordagens pessoalizadas e no masculino. Não há enfermagem, há enfermeiros.” (Queirós et al., 2018, p. 10). Anos caracterizados pela “persistência de profissões anteriores como a de sangrador, já não a dos clistereiros da idade média, ainda assim, em evolução de cirurgião de pequenas operações, para as de cirurgião” (Queirós et al., 2018, p.10), a par de parteiras com funções claras, ensino, certidão e regulação. Também, preocupações higienistas, de organização, qualificação e segurança (Queirós et al., 2018).

As atividades de enfermeiro surgem descritas, nos diários de 1821-1822, como cuidar e acompanhar. Os enfermeiros não são expressamente identificados como empregados de saúde, contrastando com as parteiras, não tem formação formal, não são examinados, nem são certificados (Queirós et al., 2018). Sintetizávamos que o processo de diferenciação profissional para os enfermeiros ainda por estes anos, ia no início, e claramente as parteiras assumiam a dianteira (Queirós et al., 2017).

Aproximando-nos do final do século XIX, a análise dos diários das sessões, das várias câmaras, fazem-nos relaçar vários aspetos. No ano de 1880, os representantes, interessaram-se: pelas condições de trabalho, igualdade de tratamento na reforma entre enfermeiros navais e os de terra, pela necessidade de enfermeiros e enfermeiras para o Lazareto de Lisboa (Pereira et al., 2017a); pela organização dos quadros de pessoal militar em dois grupos diferenciados, enfermeiros e ajudantes de enfermagem (Queirós et al., 2017a, p. 162). Os descritores de pesquisa enfermeiro/os, nos diários de 1883, indica-nos a “necessidade de contratação, quer para o hospital S. José, quer devido à epidemia de febre typhoides, quer devido à falta de enfermeiros navais” (Pereira et al., 2017b, p. 37). Em 1885, encontrámos referência à formação de médicos regentes para as escolas de enfermeiros, e ao acesso a enfermeiro de 2ª classe condicionado à prática e exame. No sector militar, verifica-se, uma clara estruturação da enfermagem com hierarquia (Queirós et al., 2017b, p. 54). Da análise efetuada aos diários de 1893, concluímos que “os enfermeiros ainda viviam condições de trabalho precárias, com baixa remuneração em comparação com outros profissionais . . . um serviço penoso que tem por único futuro a miséria” (Pereira et al., 2017, p. 38). Em 1896, encontrámos que “a reorganização dos serviços de saúde do ultramar contabiliza enfermeiros, problematiza as irmãs hospitaleiras, dá conta de maqueiros” (Queirós et al., 2016a, p. 243). Estão presente questões de disciplinaridade, com a formação específica para o ultramar, e de profisionalidade com o embrião de carreira, funções e vencimentos (Queirós et al., 2016a). Os maqueiros são formados nos espaços ultramarinos, os enfermeiros em Lisboa (Queirós et al., 2016b).

Quando analizámos os diários da década 1900-1910, encontrámos de forma expessiva referências à enfermagem militar, com informação relevante sobre a Escola Prática de Enfermeiros Navais, as condições de tirocínio dos enfermeiros no Hospital Colonial. Constatámos estar em presença de uma enfermagem militar, à época, com níveis de estruturação superiores à enfermagem civil (Queirós et al., 2019). E ainda a manutenção de referências à querela religiosa expressa na polémica ação do Padre Reyman, e no questionar da presença dos irmãos de S. Filipe de Nery, instalados nos Hospitais Civis de Lisboa (Queirós et al., 2019). Além disso, referência à vantagem da especialização de enfermeiros na área dos alienados, ao impedimento dos enfermeiros homens atuarem junto das alienadas, e dá nota de doentes a evadirem-se dos estabelecimentos, por falta de enfermeiros (Queirós et al., 2019).

Dois livros de António Augusto Costa Simões

Costa Simões, nasceu a 1819 e morreu em 1903, médico, professor da Universidade de Coimbra, administrador dos HUC, introduziu o ensino experimental na medicina portuguesa, sentiu necessidade de qualificação do pessoal hospitalar e criou em 1881, a primeira escola de enfermeiros em Portugal, precisamente em Coimbra. Para a persecução dos seus objetivos viajou pela europa, inteirando-se do que mais moderno se fazia. Inserindo-se nas correntes higienistas, preocupou-se com a organização e funcionalidade dos espaços hospitalares.

A leitura e análise do livro “Hospitaes Extrangeiros de Construcção Moderna. Allemães, Belgas, Suisso, Italianos e Hespanhoes”, de Costa Simões, publicado em 1901, permitiu-nos identificar um conjunto de Instituições visitadas por Costa Simões com referências a enfermeiros (Tabela 1), de onde recolhemos ao seguintes tópicos de análise: i) Os espaços hospitalares, os quartos dos enfermeiros, e as residências; ii) as dotações de enfermeiros e enfermeiras; iii) a formação de enfermeiros e enfermeiras; iv) as irmãs da caridade.

Tabela 1: Instituições visitadas por Costa Simões com referências a enfermeiros 

Nota. a) Países visitados em 1865 e 1878, pedida informação sobre estes novos hospitais.

i) Os espaços hospitalares, os quartos dos enfermeiros, e as residências

Na explicitação dos espaços e na observação do conjunto de mapas disponibilizados na obra referida (Figura 1), surgem os quarto de enfermeiro/a, bem inseridos nas enfermarias nos seguintes hospitais: Frederico; Urban; Koch; e Militar de Bruxelas, com a indicação de quarto de enfermeiro com pequena fresta de vigilância e quarto de enfermeiro com pequeno fogão de tisanaria; mas também em Anvers, Mons, e Berne, este último quarto tem aberturas de vigilância para a enfermaria, e para o quarto de isolamento; em Aaran dois quartos com frestas de vigilância; em Roma, um quarto para o enfermeiro com o pequeno fogão de tisanaria e dois quartos para enfermeiros designados por guardias; no Hospital Militar de Madrid, surge a indicação de ao lado da enfermaria, ficaram dois quartos de enfermeiros, nos quais se descreve um pequeno fogão para aquecimento de medicamentos, e ainda compartimentos para o enfermeiro no pavilhão de alienados e no pavilhão de hidroterapia; no Hospital Rubio, em Madrid e no de Santo André em Génova, também quarto para enfermeiros. Verificamos no Hospital Militar de Bruxelas, um jardim dos enfermeiros junto à habitação dos mesmos e latrina para seu uso; em Roma, uma casa de enfermeira; No Hospital Rubio de Madrid o pavilhão de serviços administrativos ocupado pelo dormitório e mais alojamentos dos enfermeiros.

Figura 1: Os quartos dos enfermeiros/as nas enfermarias. Adaptado deSimões,1901  

Somos levados a considerar estar em presença de enfermeiros/as bem inseridos no espaço, em quartos e compartimentos contíguos ou no interior das enfermarias, e com espaços habitacionais, de alojamento no perímetro hospitalar. Os quartos inseridos nas enfermarias com função de acolhimento do enfermeiro, de vigia, de apoio com a tisanaria (aquecimento de alimentos e de medicamentos), eventualmente ainda, um misto de quarto de dormir e de sala de trabalho.

ii) As dotações de enfermeiros e enfermeiras

Neste livro, Costa Simões, faz expressamente referência a dotações de pessoal para o Hospital Militar de Bruxelas, para o Hospital de Santo André em Génova, e para o Hospital de Hamburgo. Em relação aos hospitais de Hamburgo e Bruxelas, calcula o rácio de enfermeiros por doentes, sendo que no segundo agrupa aos enfermeiros outros cuidadores e as irmãs da caridade, de forma expressiva, compara o que encontra, com o que prevê, de dotação para os HUC. Na realidade, a diferença entre o que encontra nos hospitais referidos e o que prevê é de uma ordem de grandeza considerável. De notar, que Costa Simões, refere para o Hospital de Hamburgo a existência de serventes para coadjuvar os enfermeiros, mas em número não determinado.

Significativamente a informação sobre o Hospital de Santo André revela-nos uma estruturação de carreira piramidal, com enfermeiros, enfermeiros adjuntos, enfermeiros chefes, subordinados a uma suore infermiere (Tabela 2).

Tabela 2 : Dotações de enfermeiros e enfermeiras referidas por CostaSimões, 1901  

Instituição Dotação
Hospital de Hamburgo 1 enfermeiro para 10 doentes
Hospitais da Universidade de Coimbra 1 enfermeiro para 40 a 50 doentes
Hospital Militar de Bruxelas 1 enfermeiro (e outro pessoal aux.) para 4,58 doentes. 1 enfermeiro (e outro pessoal aux.) + irmãs caridade para 3,97 doentes
Hospital de Santo André em Génova 18 enfermeiros 6 enfermeiros adjuntos 3 enfermeiros chefes Subordinados a uma Suore Infermiere

iii) A formação de enfermeiros e enfermeiras

A propósito do Hospital Rubio de Madrid, Costa Simões, dá-nos importante informação sobre o funcionamento das equipas de enfermeiros, do ensino, e dá continuidade à discussão religiosa. Identifica, como merecedor de especial atenção, entre o pessoal de serviço, o que diz respeito às enfermeiras. Refere que o serviço de enfermagem é feito por alunas, divididas em dois grupos, 8 internas e 24 externas. As internas dirigem o serviço das externas, estas, divididas em duas equipas de 12 alunas, que asseguram o funcionamento em dois turnos, das 8 horas às 13 horas e das 13 horas às 20 horas. As internas são distribuidas também por turnos para diferentes serviços indentificados como “de enfermarias, de salas de operações, da cozinhas, da lavanderia, da rouparia, etc.” (Simões, 1901, p. 278). A enfermeira mais graduada tem a designação de superiora, com autoridade sobre todas as outras. As enfermeiras externas não têm remuneração, apenas o ensino-gratuito, que as habilita a obter o diploma de enfermeiras ao fim de dois anos. As enfermeiras internas “além do mesmo ensino gratuito que recebem, têm ração e vestido, e o direito a serem tratadas gratuitamente nas suas doenças” (Simões, 1901, p. 283). A estas enfermeiras

em resultado da instrucção theorica e practica, que recebem na escola de enfermeiras e nos differentes serviços hospitalares, é-lhes concedido, no fim de dois annos de tirocinio, uma carta ou diploma d’esse curso, que as habilita a um modo de vida, e poderá dizer-se a uma profissão propriamente dicta. (Simões, 1901, p.278)

Costa Simões faz ainda referência ao facto, da higiene pessoal destas “empregadas” ser muito cuidadosa, banho diário obrigatório. Costa Simões insere-se na contemporaneidade da reforma das instalações, das práticas assistenciais, da formação do pessoal hospitalar, onde os princípios higienistas encontram expressão em coisas simples como: o facto de por estes anos, das batas dos enfermeiros do HUC, deixarem de ser pretas, para passarem a ser brancas, conforme documentado no arquivo fotográfico da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra.

iv) As irmãs da caridade

As irmãs da caridade, são referidas, neste livro, no Hospital de Berne, Hospital de Santo André, Hospital de Anvers, Hospital de Mons, e Hospital Militar de Bruxelas. Uma amostra da sua presença em vários hospitais no espaço europeu. De destaque, a presença de uma suore infirmiére em Génova, com funções que hoje identificamos como de supervisão/direção. Coisa diferente, é o que se passou em Portugal. Costa Simões, claramente refere, como verificaremos mais à frente, na análise do segundo livro de Costa Simões, que: “Para a [mesma] substituição das irmãs da caridade não teria razão de ser uma escola de enfermeiros de Coimbra, onde nunca funccionou aquella instituição” (Simões, 1888, p.333). Também Maria Antónia Lopes, sobre este assunto, indica-nos que: “quando no último quartel do seculo XIX muitos médicos se opuseram à enfermagem hospitalar religiosa, não se batiam contra a sua reintrodução, mas contra a sua entrada, a qual configurava uma novidade absoluta no nosso país.” (Lopes, 2019, p. 55).

As referências de Costa Simões, às irmãs da caridade, no livro “Hospitaes Estrangeiros de Construcção Moderna” são sobretudo de identificação das casas, edifícios e jardins ocupados, pelas irmãs, nos perímetros hospitalares. De forma contudente, em relação ao Hospital de Berne, alude a uma grande sala apropriada a refeitório e casa de recreio dos doentes, que terá melhor aplicação, em lugar de destinada como está “só para o gozo das irmas da caridade” (Simões, 1901, p.165).

No âmbito, das alusões ao Hospital Rubio de Madrid, colhemos a informação que as enfermeiras internas estavam subordinadas a um regime de práticas religiosas, tais como algumas orações ao levantar e ao recolhar e pouco mais. Estas práticas religiosas “não tendem a tolher-lhes a liberdade de se despedirem quando queiram, nem estão policiadas por quaesquer corporações ecclesiasticas. Só obedecem ás prescripções do regulamento sob a superintendencia do medico director” (Simões, 1901, p. 278-9).

Em nota de rodapé, Costa Simões explicita que estas práticas religiosas no Hospital Rubio de Madrid, fazem lembrar as do Hospital de Lyon (França) onde as enfermeiras usam hábito, parecido com o hábito de algumas ordens religiosas, têm serviço de coro e outras práticas um tanto mais largas do que as do Hospital Rubio, mas ainda assim, são dirigidas pelo capelão sem subordinação a qualquer ordem religiosa. Acrescenta ainda, que em Marselha, foi deliberado que as irmãs da caridade fossem substituídas por enfermeiras laicas, embora sujeitas a um regime como em Lyon. Concluí Costa Simões, que as práticas religiosas persistem neste hospital, por exigência dos benfeitores, afirmando que: “para um optimo serviço de enfermagem não se carece de taes reclamos, de taes practicas de beaterio” (Simões, 1901, p. 279).

Do livro, “A minha Administração dos Hospitaes da Universidade. Uma gerencia de 15 annos, sob a reforma de 1870”, de Costa Simões, editado pela Imprensa da Universidade de Coimbra, 1888, colhemos informação significativa. Em Paris, desde 1877 ou 1878, foram criadas escolas de enfermeiros para habilitar pessoal estranho às ordens religiosas e substituir com vantagem as irmãs da caridade que faziam serviço hospitalar (Simões, 1888). Em Inglaterra em 1860, Nightingale consegue abrir a Escola de Treinamento. Em outubro de 1881, por iniciativa de Costa Simões, abre nos HUC, a primeira escola de enfermeiros a que se seguiram outras em Lisboa (1886) e Porto (1887), todas elas com uma duração curta. Afirma Simões:

A minha iniciativa na creação d’esta escola, nos hospitais da universidade, teve por fim dar melhor instrucção aos enfermeiros e enfermeiras, e habilitar as creadas do estabelecimento a poderem concorrer ás vagas, que se estavam dando, no quadro das enfermeiras, á falta de pessoal habilitado na localidade com as simples noções de instrucção primaria. (Simões, 1888, p. 333)

A escola de enfermeiros dos HUC tinha uma única cadeira de serviços de enfermagem e três cadeiras preparatórias: instrução primária; português; e tradução da língua francesa. Se facilmente entendemos a necessidade de instrução primária e o português, teremos de compreender a tradução da língua francesa para que as estudantes pudessem ler os manuais que Costa Simões trouxe de França. A formação na escola dos HUC teria de ser mais limitada, pela baixa qualificação das candidatas, quando compara com as sete cadeiras em 1886 da escola de Salpètriére, Bicêtre e do hospital da Caridade (Simões, 1888).

A cadeira de serviços de enfermagem, teria uma forte instrução prática, junto do leito dos próprios doentes, tratando-se: dos processos de pôr em limpo um paralítico; vestir a camisa a um reumático; de transportar a braços um inválido; de levar os caquéticos para camas ao ar livre; de ministrar um banho geral a um inválido; de aplicações externas aos doentes; curativos nas várias moléstias cirúrgicas; do serviço a parturientes e recém-nascidos (Simões, 1888).

Perante a manifesta dificuldade com a língua francesa, traduziu-se e iniciou-se a publicação de um - Guia do Enfermeiro -, constando de noções elementares de anatomia humana, noções gerais de fisiologia, curativos, apósitos, ligaduras, algumas operações de pequena cirurgia, noções gerais de matéria médica e de farmácia.

N’esta publicação, além das noções praticas dos serviços de enfermaria, e das instrucções que dava a todo aquelle pessoal, sobre as qualidades que deve ter um enfermeiro, e dos deveres para com os doentes, para com os seus subordinados, para com os colegas, para com o chefe dos enfermeiros e para com os directores de enfermaria. (Simões, 1888, p. 335-6)

Para o entendimento do quadro ideológico de fundo desta iniciativa de Costa Simões atente-se: “não basta instruir o médico um tratamento bem indicado, é necessário que um hábil enfermeiro o saiba executar; não basta bem mandar, é necessário saber bem obedecer.” (Simões, 1888, p. 337). Para, mais à frente, referir a sua recomendação aos colegas médicos professores na escola de enfermeiros:

Que advertissem, porém que o serviço de quem trata doentes está bem longe de poder ser dignamente recompensado quando se cumpre religiosamente o nosso dever; porque não há recompensa que pague os bons serviços de um zeloso enfermeiro. (Simões, 1888, p. 338).

Annuários da Universidade de Coimbra

Os anuários da Universidade de Coimbra (Universidade de Coimbra, n.d.), no período entre 1896-97 e 1926-27, referem homens e mulheres enfermeiros e parteiras, dos HUC e seus anexos. De um total de 104 nomes concretos, identificáveis, verificamos a coincidência de apelidos dos nomes, levando a supor a existência de redes familiares. Estamos perante funções definidas, hierarquizadas, indiciando a existência de uma carreira estabelecida, sempre com subordinação médica. Os hospitais são os locais de aprendizagem e formação dos enfermeiros, neste período mais voltados para competências práticas. A oficialização da escola de enfermagem dos HUC, em maio de 1919, está presente nos anuários, com indicação dos professores universitários regentes, ligados à escola e à formação dos enfermeiros. Surgem designações, que, entretanto, desapareceram, como enfermeiro duchista, enfermeiro massagista, e referência a enfermeiros militares. Não há registo de enfermeiros/as religiosos nos HUC, pois efetivamente não existiam. Os enfermeiros são considerados pessoal auxiliar e não pessoal clínico. O enfermeiro-chefe surge com lugar de destaque, com diferenciação salarial. As mulheres vencem menos que os homens (Queirós et al., 2020).

Conclusão

No século de Nightingale (1820-1910) deu-se um forte impulso no movimento de transformação das atividades, ocupações, desenvolvidas pelos enfermeiros e pelas enfermeiras, no sentido da sua profissionalização. Torna-se claro: o acelerar da estruturação das funções e categorias; a dimensão da profissionalizado por oposição às irmãs da caridade; à ocupação física dos espaços hospitalares bem inseridos nos seio das unidades de internamento e do alojamento no periímetro dos hospitais; o início do ensino formal em escolas de enfermerios por toda a europa e em Portugal.

Nightingale insere-se neste movimento, motivada por mandato expresso do anglicanismo britânico, tem papel impulsionador, irradiando desde Inglaterra, espalhando-se por mimetismo e resposta a necessidades concretas por toda a Europa. Mas não de forma única, já que em França e com forte influência em Portugal, os modelos de uma enfermagem laica e de ambos os sexos, distânciada das propostas de Nightingale, têm nesta época um peso significativo. O movimento positivista, da afirmação da ciência em todas as esferas de vida e na saúde também e a necessária modernização das estruturas e dos espaços assistencias, tornou necessário ao funcionamento de hospitais modernos como instituições de tratamento, a formação e a presença de pessoal mais qualificado. Por isso, encontramos todo o acelerar da profissionalização com as funções de enfermeiros a acompanhar o movimento positivista das ciências. Enfermagem, só mesmo na última década do século XIX e início do século XX, antes existia a prática, a ação, os homens e as mulheres, enfermeiros e enfermeiras, mas não o coletivo profissional. Este, ainda não tinha expressão suficientemente forte, para que surgi-se a palavra que o traduzisse - enfermagem.

No século de Nightingale, um contínuo de profissionalização e disciplinar de saberes, que originará claramente a enfermagem como profissão e disciplina de conhecimento. Esta investigação contribui para a clarificação do processo de profissionalização da enfermagem em Portugal, das influências Nightinglianas mas também da enfermagem ligada ao movimento positivista.

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6Como citar este artigo: Queirós, P. J., Espina-Jerez, B., Costa, N. M., Domínguez-Isabel, P., Oliveira, A. C., & Gómez-Cantarino, S. (2022). Enfermeiros em Portugal no tempo de Nightingale. Revista de Enfermagem Referência, 6(1), e20209. https://doi.org/10.12707/RV20209

Recebido: 22 de Dezembro de 2020; Aceito: 30 de Junho de 2021

Autor de correspondência Paulo Joaquim Pina Queirós E-mail: pauloqueiros@esenfc.pt

Conceptualização: Queirós, P. J., Oliveira, A. C.

Tratamento de dados: Queirós, P. J., Espina-Jerez, B.

Metodologia: Queirós, P. J., Domínguez-Isabel, P.

Redação - rascunho original: Queirós, P. J., Espina-Jerez, B., Costa, N. M., Domínguez-Isabel, P.

Redação - análise e edição: Queirós, P. J., Espina-Jerez, B., Gómez-Cantarino, S.

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