SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
 issue20Validation of a form to assess the self-care competence of the person with ventilation ostomy author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Services on Demand

Journal

Article

Indicators

Related links

  • Have no similar articlesSimilars in SciELO

Share


Millenium - Journal of Education, Technologies, and Health

Print version ISSN 0873-3015On-line version ISSN 1647-662X

Mill  no.20 Viseu Apr. 2023  Epub Mar 25, 2023

https://doi.org/10.29352/mill0220.28786 

Editorial

A globalização da educação sexual europeia no século XXI

Laura Alonso-Martínez1 
http://orcid.org/0000-0001-5425-5090

Madalena Cunha2  3  4  5 
http://orcid.org/0000-0003-0710-9220

1 Universidad de Burgos, Facultad de Educación, Burgos, España.

2 Instituto Politécnico de Viseu, Escola Superior de Saúde, Viseu, Portugal

3 Health Sciences Research Unit: Nursing - UICISA:E, ESEnfC, Coimbra, Portugal

4 SIGMA - Phi Xi Chapter, ESEnfC, Portugal

5 CIEC - UM, Braga, Portugal


EDITORIAL

A educação sexual é um processo de ensino e aprendizagem baseado em provas que abordam atitudes, comportamentos e crenças relacionados com a saúde sexual e a sexualidade. Deve ser adaptado individual e coletivamente e basear-se na promoção do respeito pelos direitos sexuais humanos. A educação sexual é essencial para a construção de sociedades mais inclusivas e para a melhoria da saúde sexual da população. É importante compreender o impacto da legislação sobre o estabelecimento de currículos educacionais em diferentes níveis de ensino. O governo, através da educação, deve contribuir para reduzir a discriminação sexual e o comportamento sexual de risco. Globalmente, o conteúdo da educação sexual é muito diversificado. Contudo, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 adotados pelas Nações Unidas (ONU, 2015) estabelecem o caminho conjunto a seguir pelos países e sociedades. Os objetivos destinam-se a melhorar a vida de todos os cidadãos, incluindo os objetivos de saúde e bem-estar, educação de qualidade e igualdade das mulheres. Além destes objetivos globais, numerosas organizações internacionais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2022) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, 2018), têm apelado repetidamente aos governos que melhorem o acesso equitativo à educação sexual e aos programas de saúde. As desigualdades existentes por país continuam a ser graves e a influenciar negativamente a saúde dos seus residentes (OMS, 2021). Na maioria dos países onde tal educação é transmitida, o seu principal objetivo é muitas vezes a prevenção de infeções sexualmente transmissíveis (DST, Boonstra, 2015). Portanto, os conteúdos obrigatórios e regulamentados do currículo estão orientados para o controlo de DST e contraceção e ainda esta abordagem restritiva não consegue responder ao desafio relacionado com o aumento do comportamento sexual de risco e destas infeções. A dificuldade de abordar esta questão a nível internacional exige o estabelecimento de estratégias de colaboração em matéria de Saúde Global entre países (UNESCO, 2018).

A educação sexual na Europa tem mais de meio século de história. A Suécia foi o primeiro país a adicioná-la ao seu currículo educacional em 1955 (Parker et al., 2009). Posteriormente, entre os anos 70 e 80, a Finlândia e outros países nórdicos incorporaram-no progressivamente nos seus currículos. Mais tarde, entre os anos 90 e 2000, França, Reino Unido, Portugal, Espanha, Estónia, Ucrânia e Arménia juntaram-se sucessivamente a esta proposta, por ordem de incorporação nos seus currículos escolares. Finalmente, em 2003, a Irlanda e os restantes países europeus aderiram de forma progressiva (EEGSE, 2016). Para saber mais sobre as propostas educativas de cada país, é necessário analisar o seu currículo, abordagem e metodologia de ensino (Calvo, 2021). Em geral, nos países mediterrânicos e da Europa Oriental, prevaleceu uma visão biologista influenciada pelas ideologias morais do país, contra uma visão mais profissionalizada e individualizada que foi ensinada nos países nórdicos (Cunha-Oliveira et al., 2021). O organismo responsável, na maioria dos países europeus, pela sua regulamentação é o equivalente do Ministério da Educação, em relação a outros Ministérios como os Assuntos Sociais ou a Saúde e em cooperação com os seus departamentos (UNESCO, 2018). A preocupação sobre a transmissão do Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), após ter sido declarada uma pandemia nos anos 80, revolucionou a importância de integrar a educação sexual na Europa. Esta circunstância levou os governos a desenvolver estratégias no âmbito de programas de educação para a saúde, para evitar a transmissão deste vírus (OMS, 2021).

O método didático mais utilizado tem sido o ensino por pares na aula e os recursos materiais utilizados tendem a ser atualizados numa base contínua e cientificamente através de literatura anterior publicada e aprovada pela União Europeia e/ou pelos governos de cada país (UNESCO, 2018). No entanto, a metodologia didática com uma abordagem interativa e uma atenção integrante da sexualidade tem sido a mais eficaz na Europa (De Haas e Hutter, 2019). Outro aspeto comum nos países europeus é que a educação em sexualidade é geralmente ensinada pelos professores. Contudo, voluntários e pessoal de Organizações Não Governamentais (ONG) são frequentemente contratados pelas escolas para fornecer esta educação ou complementá-la (UNESCO, 2018). Desta forma, pode haver uma distanciação científica destes ensinamentos, se não for contado com profissionais especialistas em saúde sexual que apoiam a formação lecionado. Por outro lado, o envolvimento conjunto dos serviços locais de saúde sexual permite uma educação sexual mais eficaz ao compreender o ambiente que rodeia os estudantes fora da aula (Sperling, 2021). A sexualidade é uma questão que afeta a toda a população e a formação qualificada deve ser incorporada em todas as áreas profissionais de uma forma interdisciplinar.

A nível transnacional, existem restrições comuns que influenciam a sua implementação, tais como: a diferença entre áreas urbanas e rurais, as diferentes identidades religiosas e a diversidade cultural existente nas sociedades globalizadas (OMS, 2021). As pessoas que vivem em zonas rurais, as minorias religiosas, os migrantes, os jovens e outros indivíduos em risco de exclusão social continuam a ser os grupos com menor acesso aos recursos educativos e sanitários e com uma maior incidência de novas infeções por DST (UNESCO, 2018). A legislação atual dificulta a implementação de estratégias de educação em saúde pública que abordam de forma abrangente a sexualidade (ONU, 2015). São necessários fazer mais estudos que investiguem sistematicamente o impacto legislativo, educacional e social, e para desenvolver intervenções sobre questões de sexualidade que confrontem, desaprovam, e assumam a responsabilidade por atitudes e comportamentos sexuais negativos, tais como: a violência baseada no género, o preconceito contra a diversidade e a deficiência sexual, a privação afetiva, as relações disfuncionais em ambientes presenciais e em linha, a privação de liberdades sexuais, a transmissão de DST e outras questões que afetam a saúde sexual dos indivíduos. Estas intervenções devem basear-se em assegurar a aquisição de atitudes e comportamentos positivos que respeitem os Direitos Humanos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Boonstra, D. (2015). Advancing sexuality education in developing countries: evidence and implications em Ponzetti, J.J.(Ed.), Evidence-based Approaches to Sexuality Education (1ed.). Nueva York, United States: Routledge. https://doi.org/10.4324/9781315755250 [ Links ]

Calvo, S. (2021). Educación sexual con enfoque de género en el currículo de la educación obligatoria en España: avances y situación actual. Educatio Siglo XXI, 39(1), 281-304. https://doi.org/10.6018/educatio.469281 [ Links ]

Cunha-Oliveira, A., Camarneiro, A. P., Gómez-Cantarino, S., Cipriano-Crespo, C., Queirós, P. J. P., Cardoso, D., Santos, D. G., y Ugarte-Gurrutxaga, M. I. (2021). The Integration of Gender Perspective into Young People’s Sexuality Education in Spain and Portugal: Legislation and Educational Models. International Journal of Environmental Research and Public Health, 18(22), 11921. https://doi.org/10.3390/ijerph182211921 [ Links ]

De Haas, B., e Hutter, I. (2019). Teachers’ conflicting cultural schemas of teaching comprehensive school-based sexuality education in Kampala, Uganda. Culture, Health & Sexuality, 21(2), 233-247. https://doi.org/10.1080/13691058.2018.1463455 [ Links ]

EEGSE-European Expert Group on Sexuality Education (2016). Sexuality education-what is it? Sex Education, 16(4), 427-431. https://doi.org/10.1080/14681811.2015.1100599 [ Links ]

Organização Mundial de Saúde (2021). Intervenciones de salud sexual y reproductiva en el compendio de la OMS sobre la CSU. Organização Mundial de Saúde. https://www.who.int/publications/i/item/9789240022867Links ]

Organização Mundial de Saúde. (2022). Salud Sexual. Organização Mundial de Saúde. https://www.who.int/health-topics/sexual-health#tab=tab_1Links ]

ONU. (2015). Resolución 70/1. Transformar nuestro mundo: la Agenda 2030 para el Desarrollo Sostenible aprobada por la Asamblea General el 25 de septiembre de 2015. ONU. https://www.un.org/sustainabledevelopment/es/Links ]

Parker, R., Wellings, K., y Lazarus, J.V. (2009). Sexuality education in Europe: An overview of current policies. Sex Education, 9(3), 227-242. https://doi.org/10.1080/14681810903059060 [ Links ]

UNESCO. (2018). Orientaciones técnicas internacionales sobre educación en sexualidad. UNESCO. https://www.who.int/docs/default-source/reproductive-health/isbn-978-92-3-300092-6.pdf?sfvrsn=eba2c2c9_8Links ]

Sperling, J. (2021). Comprehensive sexual health education and intersex (in)visibility: an ethnographic exploration inside a California high school classroom. Sex Education, 21(5), 584-599. https://doi.org/10.1080/14681811.2021.1931834 [ Links ]

Recebido: 27 de Novembro de 2022; Aceito: 03 de Dezembro de 2022; Publicado: 31 de Janeiro de 2023

Autor Correspondente Laura Alonso-Martinez C/ Villadiego, 1 09001 Burgos- Espanha lamartinez@ubu.es

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons