Pierre Bourdieu é considerado um dos maiores cientistas sociais do século XX, com especial importância no campo da sociologia. Foi através das formas como conceptualizou os processos sociais que se tornou numa referência essencial para os sociólogos e para todos os outros cientistas sociais.

Passados que foram 20 anos após o seu desaparecimento, a revista Forum Sociológico entendeu não deixar em branco esta data, disponibilizando em formato digital dois textos publicados em 2003 (N.º 9/10) num dossiê intitulado “Pierre Bourdieu: Memória e actualidade”, organizado por Luís Baptista e João Sedas Nunes.

A publicação deste dossiê foi a etapa final de um ciclo de eventos em homenagem a Pierre Bourdieu, falecido no ano anterior, organizado pela Forum Sociológico - Instituto de Estudos e Divulgação Sociológica, com o apoio da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, da Associação Portuguesa de Sociologia, da Embaixada de França, da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. O ciclo teve como momento principal o Colóquio Memória e Actualidade - Diálogos com a obra científica de Pierre Bourdieu, com comunicações de José Madureira Pinto, José Manuel Resende, Christophe Charle e Louis Pinto, que foram posteriormente convertidas em artigos e integraram o referido dossiê, juntamente com textos de Hugo Mendes, João Teixeira Lopes, João Pedro S. Nunes, Manuel Carlos Silva, Miguel Cabrita e Virgílio Borges Pereira.

No texto de apresentação do dossiê, João Sedas Nunes avança como propósitos do tributo a Pierre Bourdieu “reconhecer a importância do seu extenso e complexo legado científico” e ainda “exprimir gratidão pelos ensinamentos científicos e imperativos éticos que nos deixou” (^{Nunes, 2003}, p. 11). É com esse mesmo espírito que republicamos neste N.º 41 da Forum Sociológico os textos de de Louis Pinto e de José Madureira Pinto, esperando em breve disponibilizar online e em acesso aberto não apenas o dossiê na íntegra, mas todo arquivo da nossa revista desde 1999.

Louis Pinto, Diretor Emérito de Pesquisa do CNRS, Centre européen de sociologie et de science politique (Université Paris 1 e École de hautes études en sciences sociales) mantém no registo escrito o tom coloquial com que falou no evento, e, assumindo-se como discípulo de Pierre Bourdieu, caracteriza o autor como “um sociólogo rigoroso e aberto, ambicioso e modesto” (^{L. Pinto, 2003}, p. 66). Um dos principais contributos do texto é uma reflexão em cinco pontos acerca da revolução simbólica proposta por Bourdieu, definida enquanto “transformação fundamental do espaço dos possíveis” (^{L. Pinto, 2003}, p. 65).

José Madureira Pinto, Professor Catedrático aposentado da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, inicia o seu texto com uma nota acerca da importância da obra de Bourdieu, em especial Le métier de sociologue e Esquisse d’une théorie de la pratique, na sua própria trajetória. Propõe de seguida uma breve digressão sobre reflexividade reformista e auto-análise de acordo com Bourdieu, procurando enfrentar algumas das principais críticas dirigidas ao autor, nomeadamente no que respeita ao “caráter alegadamente determinista e estruturalista das suas posições teórico-epistemológicas.” (^{J. M. Pinto, 2003}, p. 22).

A gradecemos aos autores a permissão para republicar e disponibilizar em acesso aberto estes dois textos, para que possam chegar a um público mais alargado e contribuir para uma continuada reflexão acerca da obra de Pierre Bourdieu.