SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.15 número1Investigação clínica e epidemiológica: como prepararA rare case of submucosa lipoma mimicking a malignantgastric tumor índice de autoresíndice de assuntosPesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Serviços Personalizados

Journal

Artigo

Indicadores

Links relacionados

  • Não possue artigos similaresSimilares em SciELO

Compartilhar


Jornal Português de Gastrenterologia

versão impressa ISSN 0872-8178

J Port Gastrenterol. v.15 n.1 Lisboa fev. 2008

 

Como avaliar a investigação clínica.

O exemplo da avaliação crítica de um ensaio clínico


António Vaz Carneiro *

 

 

Resumo

O papel da ciência na prática clínica é, hoje em dia, absolutamente insubstituível. A publicação permanente de estudos e ensaios clínicos produz evidência (prova científica) de boa qualidade, sobre a qual é possível o médico tomar decisões sólidas, mesmo que num contexto de incerteza e risco. Para além disso, a combinação entre a gestão de recursos cada vez mais escassos e dispendiosos por um lado, com responsabilização dos médicos por parte da sociedade na prestação de cuidados eficazes mas custo-efectivos, por outro, cria novas exigências de rigor e racionalização da prática médica.

Hoje em dia, a evidência científica proveniente de estudos clínicos pode caracterizar-se – em relação à existente digamos há 30 anos atrás – em três pontos: 1) existe muito maior quantidade de estudos; 2) a qualidade destes é muito melhor; e 3) estes podem pode ser rápida e eficazmente localizados (através de meios informáticos que pesquisam as grandes bases de dados biomédicas). Portanto a questão não deverá ser “Existe uma resposta para a minha questão?” (a resposta será na maior parte dos casos afirmativa), mas sim “Estes dados que encontrei são fiáveis?”. Por estas (e outras) razões, torna-se absolutamente fundamental que o médico saiba analisar a qualidade metodológica dos artigos que seleccionou para ler.

Neste artigo apresentamos, como exemplo de avaliação da  investigação clínica, um esquema de análise crítica de ensaios clínicos.

 

 

Summary

The role of science in medical practice is nowadays absolutely irreplaceable. The continuous publication of studies and clinical trials produces evidence of good quality, based on which physicians can base their decisions, even in a uncertain and risky environment. Moreover, the combination of rare and expensive resource management with professional accountability of doctors in efficacious and cost-effective care creates new rational needs and demands. Nowadays, scientific research from clinical studies can be looked upon from three standpoints of view (as opposed from 30 years ago): 1) there is a much bigger number of studies; 2) their quality is higher and 3) they can be located easily (through search of electronic databases). So the question is not “Is there an answer to my questions?” (most of the time the answer will be yes), but “Are these data I locate reliable?”. For these (and other) reasons, is absolutely mandatory that doctors know how to critically appraisal the clinical evidence from studies.In this paper we present a scheme of critical appraisal of clinical trials, as an example of evaluation of clinical research.

 

 

Texto Completo disponível apenas em PDF

Full text only available in PDF format

 

 

Bibliografia

 

1. Sackett DL, Haynes RB, Guyatt GH, Tugwell P. Clinical Epidemiology. 2 ed. Boston: Little, Brown and Company; 1991.        [ Links ]

2. Wright J, Hill P. Clinical Governance. 1st ed. Edinburgh: Churchill Livingstone; 2003.

3. Soares I, CarneiroAV. Princípios de análise metodológica de ensaios terapêuticos. Parte I - Validade dos resultados. Rev Port Cardiol 2002; 21: 457-469.

4. Soares I, CarneiroAV. Princípios básicos de análise metodológica de ensaios terapêuticos. Parte II - Importância dos resultados. Rev Port Cardiol 2002; 21: 613-626.

5. Soares I, CarneiroAV. Princípios básicos da análise metodológica de ensaios terapêuticos. Parte III - Aplicabilidade dos resultados ao doente individual. Rev Port Cardiol 2002; 21: 783-795.

6. Carneiro AV. Princípios básicos de selecção e uso de testes diagnósticos:  análise dos resultados dos estudos diagnósticos. Rev Port Cardiol 2001; 20: 1135-1139.

7. Carneiro AV. Princípios básicos de selecção e uso de testes diagnósticos: propriedades intrínsecas dos testes. Rev Port Cardiol 2001; 20:1267-1274.

8. Carneiro AV. Princípios de selecção e uso de testes diagnósticos: aplicabilidade prática ao doente individual. Rev Port Cardiol 2002;21: 75-79.

9. Levine M, Walter S, Lee H et al. Users' guides to the medical literature. IV. How to use an article about harm. JAMA 1994; 271:1615-1619.

10. Carneiro AV. Avaliação crítica de artigos sobre prognóstico: regras práticas. Rev Port Cardiol 2002; 21: 891-900.

11. Oxman AD, Cook DJ, Guyatt GH, The Evidence-Based Medicine Working Group. Users' guides to the medical literature. VI. How to use an overview. JAMA 1994; 272: 1367-1371.

12. User´s Guides to the Medical Literature. A Manual for Evidence- Based Clinical Practice. 1st ed. Chicago: JAMA & Archives Journals AMA; 2001.

13. Greenhalgh T. How to read a paper. 3d ed. London: BMJ Books; 2006.

14. Altman DG, Schulz KF, Moher D et al. The revised CONSORT statement for reporting randomized trials:explanation and elaboration. Ann Int Med 2001; 134: 663-694.

15. Carneiro AV. Cálculo da dimensão da amostra em estudos clínicos: princípios metodológicos básicos. Rev Port Cardiol 2003; 22:1513-1521.

16. Matthews JNS. Introduction to randomized controlled trials. 2nd ed. Boca Raton: Chapman & Hall/CRC; 2006.

17. Fletcher RH, Fletcher SW. Clinical epidemiology. 4th ed. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins; 2005.

18. Schulz KF, Grimes DA. Allocation concealment in randomised trials: defending against deciphering. Lancet 2002; 359: 614-618.

19. Simon SD. Statistical evidence in medical trials. 1st ed. Oxford: Oxford University Press; 2006.

20. Lang TA, Secic M. How to report statistics in medicine. 1st ed. Philadelphia: ACP; 1997.

21. Straus SE, Richardson WS, Glasziou P, Haynes RB. Evidence-based Medicine. How to practice and teach EBM. 3d ed. Edinburgh: Elsevier; 2005.

22. Schulz KF, Grimes DA. Sample size calculations in randomised trials: mandatory and mystical. Lancet 2005; 365: 24-25.

23. Schulz KF, Grimes DA. Unequal group sizes in randomised trials: guarding against guessing. Lancet 2002; 359: 966-970.

24. Schulz KF, Grimes DA. Blinding in randomised trials: hiding who got what. Lancet 2002; 359: 696-700.

25. Gotzsche PC. Blinding during data analysis and writing of manuscripts. Control Clin Trials 1996; 17: 285-290.

26. Carneiro AV. Aplicação ao doente individual dos resultados dos ensaios clínicos: regras práticas. Rev Port Cardiol 2003; 22: 259-268.

 

* Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência, Faculdade de Medicina de Lisboa, Portugal.