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Medicina Interna

versão impressa ISSN 0872-671X

Medicina Interna vol.30 no.1 Lisboa mar. 2023  Epub 10-Mar-2023

https://doi.org/10.24950/rspmi.1524 

Cartas ao Editor/ Letters to the Editor

Resposta à Carta ao Editor: Ecografia Point-of-Care: Vamos Ensinar os nossos Internos desde o Início

Reply to the Letter to the Editor: Point-of-Care Ultasound: We will Train our Residents from the Beginning

1Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar Universitário do Porto, Porto, Portugal

2Serviço de Urgência do Centro Hospitalar Universitário do Porto, Porto, Portugal

3Serviço de Cuidados Intensivos do Centro Hospitalar Universitário do Porto, Porto, Portugal


Ramalho et al, na última edição desta revista, levantam a questão da integração do ensino de ecografia point-of-care (EcoPOC) no internato de Medicina Interna (MI).1 A evolução da EcoPOC enquanto complemento à anamnese e exame físico rigorosos na marcha diagnóstica permitiu reduzir o leque de diagnósticos diferenciais e, consequentemente, o tempo até ao diagnóstico e ao respetivo tratamento; assim como aumentar a eficácia e segurança na realização de procedimentos. O reconhecimento da relevância da EcoPOC pelos internos de formação específica de MI é um passo essencial para garantir o fluxo contínuo de formação e a continuidade das próximas gerações na vanguarda da prática médica.

No entanto, apesar de firmemente estabelecida a utilidade de EcoPOC e respetiva importância do seu ensino, encontra-se ainda em debate o método para a sua implementação. Os autores levantam três importantes questões: a acessibilidade a aparelhos de ultrassonografia (AUS), a ausência de um curriculum uniformizado de formação e a necessidade de docentes adequadamente treinados.

Atendendo à tendência para maior portabilidade e redução de custo dos AUS, e sabendo que muitos hospi-tais portugueses possuem já algum tipo de AUS disponível, o primeiro ponto será provavelmente ultrapassado a curto prazo. A sua maior disponibilidade comparativamente a out-ros exames complementares reforça a importância da apre-ndizagem e disseminação da EcoPOC entre internistas.

Quanto à formulação de um curriculum estruturado, é global a preocupação e o debate sobre o caminho a percorrer.2-4Atenta a esta discussão, a Federação Europeia de Medicina Interna (EFIM) incluiu a EcoPOC no seu curriculum oficial e em 2020 publicou um documento de consenso que estabelece competências básicas em ecoPOC para o internista assim como os cenários clínicos nos quais a sua utilização é recomendada.5 O documento define metas para o ensino de EcoPOC, assim como sugere objetivos de número de estudos e tempo de ensino a cumprir em programa de treino.

Em Portugal, até ao momento, o ensino de EcoPOC tem passado maioritariamente por cursos organizados por entidades dedicadas ao ensino médico pós-graduado, um primeiro passo natural e essencial para a implementação da EcoPOC no país. No entanto, uma formação que vise a utilização autónoma e adequada desta técnica no quotidiano do internista terá que implicar um plano mais estruturado de educação que propicie um treino contínuo e consistente ao longo do internato.

A relevância da integração da formação de EcoPOC durante o internato prende-se também com a garantia de perpetuação do ensino da técnica através da consequente aquisição de docentes capazes e qualificados, dado garantir que todo o especialista em MI obterá uma base de conhecimentos em EcoPOC que lhe permita formar outros.

Compreendendo a importância deste tema, o serviço de MI a par com o Serviço de Urgência e o de Cuidados Intensivos do Centro Hospitalar Universitário do Porto, instituíram recentemente a formação dos internos de MI em EcoPOC. Inicia-se no primeiro ano e prolonga-se durante todo o internato, com a aplicação de forma tutelada de EcoPOC no internamento de medicina, cuidados intensivos e urgência de acordo com as recomendações da EFIM.

Acresce a discussão integrada dos exames realizados, realização de journal clubs, apresentação de casos clínicos e estímulo à investigação científica na área. Da mesma forma, sob aprovação pelo Colégio de Especialidade, pretende-se manter formação inter-hospitalar, em estágios trimestrais, dirigidos a internos de MI com indisponibilidade de recursos humanos e materiais ao ensino de EcoPOC.

A formação em EcoPOC integrada no internato é uma realidade que o nosso centro, a par de outros, já aplica, mas terá de expandir-se para corresponder às expectativas das gerações futuras de Internistas no que toca a esta tão necessária competência.

REFERÊNCIAS

1. Ramalho A, Midões C, Veiga R, Mariz J. Ecografia Point-of-Care (POCUS): Devíamos estar a Ensinar os nossos Internos desde o Início? O Ponto de Vista duma Interna de Medicina Interna. Med Interna. 2022; 29: 295-6. doi.org/10.24950/rspmi.672 [ Links ]

2. Nathanson R, Le MT, Proud KC, LoPresti CM, Haro EK, Mader MJ, et al. Development of a Point-of-Care Ultrasound Track for Internal Medicine Residents. J Gen Intern Med. 2022;37:2308-13. doi: 10.1007/s11606-022-07505-5. [ Links ]

3. Olgers TJ, Azizi N, Blans MJ, Bosch FH, Gans RO, Ter Maaten JC. Point-of-care Ultrasound (PoCUS) for the internist in Acute Medicine: a uniform curriculum. Neth J Med. 2019;77:168-76. [ Links ]

4. Ambasta A, Balan M, Mayette M, Goffi A, Mulvagh S, Buchanan B, et al. Education Indicators for Internal Medicine Point-of-Care Ultrasound: a Consensus Report from the Canadian Internal Medicine Ultrasound (CIMUS) Group. J Gen Intern Med. 2019;34:2123-9. doi: 10.1007/s11606-019- 05124-1. [ Links ]

5. Torres-Macho J, Aro T, Bruckner I, Cogliati C, Gilja OH, Gurghean A, et al. Point-of-care ultrasound in internal medicine: A position paper by the ultra-sound working group of the European federation of internal medicine. Eur J Intern Med.2020;73:67-71. doi: 10.1016/j.ejim.2019.11.016. [ Links ]

Suporte Financeiro: O presente trabalho não foi suportado por nenhum subsidio o bolsa ou bolsa.

4Proveniência e Revisão por Pares: Não comissionado; revisão externa por pares.

Financial Support: This work has not received any contribution grant or scholarship.

7Provenance and Peer Review: Not commissioned; externally peer re-viewed.

8© Autor (es) (ou seu (s) empregador (es)) e Revista SPMI 2023. Reutilização permitida de acordo com CC BY-NC. Nenhuma reutilização comercial. © Author(s) (or their employer(s)) and SPMI Journal 2023. Re-use permitted under CC BY-NC. No commercial re-use.

Recebido: 17 de Janeiro de 2023; Aceito: 20 de Janeiro de 2023

Correspondence / Correspondência: Sara Raquel Pereira Martins - sararaquelpm@gmail.com Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar Universitário do Porto, Porto, Portugal Largo do Prof. Abel Salazar, 4099-001 Porto

Declaração de Contribuição SRPM, APG, MBR, JN, MC - Redação do artigo. Todos os autores aprovaram a versão. Contributorship Statement SRPM, APG, MBR, JN, MC - Drafting of the article. All authors approved the final draft.

Conflitos de Interesse: Os autores declaram não possuir conflitos de interesse.

Conflicts of Interest: The authors have no conflicts of interest to declare.

Creative Commons License Este é um artigo publicado em acesso aberto sob uma licença Creative Commons