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Nascer e Crescer

versão impressa ISSN 0872-0754

Nascer e Crescer vol.25  supl.2 Porto dez. 2016

 

RESUMO DAS COMUNICAÇÕES ORAIS

 

CO16_02

Enterocolite por citomegalovírus em lactente

 

 

Raquel Oliveira1; Alzira Sarmento1; Sandra Rocha1; Carla Teixeira2; Laura Marques2; Hernâni Brito3; Ermelinda Santos Silva4; Paula Regina Ferreira1

1 Serviço de Neonatologia e Cuidados Intensivos Pediátricos, Centro Materno Infantil do Norte, CHP
2 Serviço de Infeciologia e Imunodeficiências do Serviço de Pediatria, Centro Materno Infantil do Norte, CHP
3 Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar Póvoa de Varzim -Vila do Conde
4 Unidade de Gastrenterologia do Serviço de Pediatria, Centro Materno Infantil do Norte

 

 

Introdução: A enterocolite por citomegalovírus (CMV) é uma infeção oportunista frequente nos doentes imunodeprimidos. Nos lactentes a infeção pode ser congénita, perinatal (secreções do canal de parto) ou pós-natal (leite materno ou transmissão horizontal). A clínica é variável sendo rara a infeção gastrointestinal isolada.

Caso Clínico: Lactente de 1 mês e meio, com irmão    de 5 anos, saudável. Parto eutócico às 37 semanas, baixo peso ao nascimento. Aleitamento materno exclusivo até ao mês e meio, altura em que foi levada ao SU com dejeções líquidas com sangue, 24h após introdução de leite adaptado. Pela suspeita de intolerância às proteínas do leite de vaca retomou leite materno exclusivo com restrição de produtos lácteos à mãe. Internada 4 dias depois por aumento do número de dejeções e vómitos. Os exames complementares de diagnóstico foram normais. Verificou-se agravamento clínico com recusa alimentar e febre e iniciou antibioterapia. Reiniciou leite extensamente hidrolisado, com normalização  do  trânsito  intestinal,  recuperação  ponderal e teve alta. Reinternada 48h depois com desidratação grave, por vómitos e diarreia profusa. Após estabilização inicial transferida para o CMIN. Apresentava acidose metabólica hiperclorémica, hipernatremia, hipoalbuminemia, anemia e exame de urina sugestivo de síndrome nefrítico agudo pelo que foi admitida no SCIP. A investigação efetuada revelou PCR CMV positiva (2633 cópias). Iniciou ganciclovir com melhoria da diarreia às 72h. A PCR CMV no líquor e teste de Guthrie foram negativos. Restantes exames culturais negativos. Avaliação por oftalmologia e a ecografia transfontanelar normais. Pedido à mãe PCR CMV no sangue, HIV 1 e 2, negativos e serologias CMV: IgM negativo/IgG positivo (199,8U/mL). Reiniciou alimentação ao quinto dia com fórmula de aminoácidos, com boa tolerância, seguido de leite extensamente hidrolisado. Alta medicada com valganciclovir e orientação multidisciplinar.

Discussão: Apesar de as manifestações gastrointestinais serem raras na infeção por CMV no lactente, o diagnóstico deve ser considerado nos casos de diarreia intratável com enteropatia exsudativa, pois respondem à terapêutica com ganciclovir. Neste caso, a infeção pós-natal é mais provável (PCR negativa no Guthrie; PCR e serologias maternas sem evidência de infeção recente) e pode ter sido adquirida por transmissão horizontal, através do irmão, dado que a prevalência da infeção na infância é elevada (50 a 80%).

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