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Revista Portuguesa de Educação

versão impressa ISSN 0871-9187versão On-line ISSN 2183-0452

Rev. Port. de Educação vol.36 no.1 Braga jun. 2023  Epub 30-Jun-2023

https://doi.org/10.21814/rpe.31766 

Editorial

Editorial

Íris Susana Pires Pereirai 
http://orcid.org/0000-0003-0647-2319

Maria Helena Martinhoi 
http://orcid.org/0000-0001-5697-1568

Maria João Gomesi 
http://orcid.org/0000-0001-5927-0601

i Centro de Investigação em Educação, Instituto da Educação, Universidade do Minho, Portugal


Ciência Aberta na Revista Portuguesa de Educação

Este editorial assinala o início de um novo ciclo no trajeto da Revista Portuguesa de Educação (RPE), já que o presente número (n.º 1, Vol. 36) é o primeiro que reúne trabalhos entretanto disponibilizados na modalidade de publicação contínua.

Com esta mudança, a RPE reforça o seu papel na construção da Ciência Aberta. Na comunidade académica, esta prática, que tem vindo a ganhar ampla aceitação a nível internacional, assume a realização da atividade científica “de modo aberto, colaborativo e transparente, facilitando a partilha e a comunicação dos processos e resultados (dados, publicações e outros)” (Universidade do Minho, 2019). Assenta na defesa da democratização do conhecimento científico, pugnando por uma conceção de ciência como um ecossistema dinâmico, transparente, participado e em constante elaboração (Ainsworth, 2019; Saggiomo, 2022). Com a defesa da Ciência Aberta procura-se ampliar o (re)conhecimento, o impacto social e económico, e potenciar o rigor e a integridade do processo de investigação, promover a sustentabilidade da Ciência, multiplicar as oportunidades de inovação, assim contribuindo para o reforço da responsabilidade social científica Ciência Aberta (2015).

O compromisso da RPE com a Ciência Aberta não é novo. Sendo uma das mais antigas publicações periódicas de carácter científico sobre Educação em Portugal (Revista Portuguesa de Educação, 2023), a RPE tem vindo a adotar progressivamente boas práticas de Ciência Aberta. A revisão cega por pares e a deteção de plágio, a utilização de uma licença de compartilhamento aberto1 online, a disponibilização gratuita dos artigos resultantes do processo de revisão, a sua inclusão em bases de indexação (nomeadamente SciELO, Clarivate Analytics e SCOPUS), em quatro diretórios (DOAJ, REDIB, Latindex e ERIH Plus) e em três bases de dados (RedALYC, MIAR e PUBLINDEX), são algumas evidências da aposta que a RPE tem feito na construção da Ciência Aberta. Os dados de indexação são também evidências do reconhecimento da qualidade da revista e das suas publicações, a que também se soma a avaliação da RPE pela Qualis CAPES, como A1, e da SCOPUS, como Q3, ambas na área de Educação.

Na comunidade de discurso académico, a publicação em fluxo contínuo é “uma nova modalidade de publicação que consiste em publicar o artigo individualmente, logo que seja aprovado, sem necessidade de aguardar pelo fecho de uma edição para publicar os artigos” (UMinho Editora, 2022, p. 1). O elevado volume de manuscritos originais que a RPE tem vindo a receber tornou impreterível a adoção desta modalidade de edição. Ainda assim, a publicação de dois números semestrais é mantida. Durante o período em que cada número permanece aberto (o primeiro, de janeiro a junho, e o segundo, de julho a dezembro), são disponibilizados os artigos e demais trabalhos que, nesse período, são aceites para publicação, submetidos a edição linguística de acordo com as normas adotadas e paginados conforme a cronologia de publicação. No final desse período, os trabalhos são reunidos num número, como o que aqui apresentamos.

A adoção da modalidade de edição em fluxo contínuo trouxe mudanças imediatas e também reforçou algumas linhas identitárias da RPE. A maior celeridade na divulgação dos trabalhos aceites para publicação e, em particular, a quantidade (mais de duas dezenas) de textos reunidos neste número são evidências das maiores mudanças e, também, das mais imediatas. Todavia, é igualmente interessante perceber como a diversidade de procedência dos autores, de temáticas e das opções metodológicas permanecem.

Com efeito, o leitor encontra neste número artigos que dão a conhecer perspetivas de diferentes agentes dos contextos educativos sobre: a saúde física e emocional no contexto escolar e de educação para a saúde alimentar, física e sexual; o abandono do ensino superior; a educação ambiental com crianças pequenas; a educação de mulheres em prisões; o papel dos diretores de escolas na construção da autonomia e da flexibilidade curricular; o conceito de cidadania entre estudantes com um determinado perfil político; o papel das soft skills na intervenção precoce na infância; e a construção de aprendizagens em contextos de formação contínua. Há também estudos de instrumentos com potencial para mediar diferentes âmbitos da ação educativa (por exemplo, questionários de aferição da literacia em avaliação de docentes e de avaliação de gaguez de crianças) bem assim como de processos inovadores de desenho curricular. O número inclui ainda artigos que envolvem a análise documental de jornais, documentos reguladores, dois artigos de revisão de literatura sobre assuntos referentes à educação de crianças com Necessidades Educativas Especiais, um artigo de análise de tarefas de aprendizagem matemática, e ensaios que analisam os contributos de diferentes pensadores para o entendimento de várias dimensões da Educação. Há ainda duas recensões. Os autores reunidos neste número são originários de quatro continentes.

A publicação em fluxo contínuo parece, assim, significar a expansão da diversidade que já caraterizava a RPE, desta forma contribuindo para consolidar revista como interface de divulgação do conhecimento científico produzido em Educação.

Mas o n.º 1, Vol. 36 marca também o início de uma transformação do trabalho editorial da RPE. A publicação deste número trouxe, sem margem para qualquer dúvida, a multiplicação exponencial do esforço de todos os implicados, tendo sido necessário aprender a conciliar o volume de submissões, a morosidade do processo de revisão e a esperada rapidez da publicação. A experiência de edição deste número mostra que, do ponto de vista de uma revista científica, a construção da Ciência Aberta é um bem público exigente.

Desejamos que as leituras sejam inspiradoras!

Referências:

Ainsworth, R. (2019). Research Culture is Broken; Open Science can Fix It | TEDxMacclesfield. https://www.youtube.com/watch?v=c-bemNZ-IqALinks ]

Ciência Aberta (2015). Sobre a Ciência Aberta. https://www.ciencia-aberta.pt/sobre-ciencia-abertaLinks ]

Revista Portuguesa de Educação (2023). Sobre a Revista. https://revistas.rcaap.pt/rpe/aboutLinks ]

Saggiomo, V. (2022). Open science for inclusive science | TEDx Wageningen University [Video]. https://www.youtube.com/watch?v=tB_HeqnonNMLinks ]

UMinho Editora. (2022). Boletim Informativo 2022 Sobre a Publicação Contínua. https://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/76811/1/Boletim_Informativo_PublicacaoContinua_UMEd_2022.pdfLinks ]

Universidade do Minho. (2019). Ciência Aberta. https://www.uminho.pt/PT/investigacao/cienciaabertaLinks ]

1A RPE utiliza a Licença Creative Commons BY-SA 4.0, que permite a partilha e a adaptação do conteúdo com autoria devidamente explicitada.

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