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Revista de Ciências Agrárias

Print version ISSN 0871-018X

Rev. de Ciências Agrárias vol.39 no.3 Lisboa Sept. 2016

https://doi.org/10.19084/RCA15131 

ARTIGO

Produção de rabanete em função da adubação potássica e com diferentes fontes de nitrogênio

Radish production function of the potassium fertilization and different nitrogen sources

Bruno F. Castro, Leandro G. dos Santos, Cleiton F. B. Brito*, Varley A. Fonseca e Felizarda V. Bebé

 

* Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Campus Guanambi, Caixa Postal 09, CEP 46430-000, Guanambi – BA, Brasil. E-mail: cleiton.ibce@hotmail.com

 

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo avaliar a produção de rabanete em função da adubação potássica e com diferentes fontes de nitrogênio. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com os tratamentos arranjados em esquema fatorial 5 x 2 (cinco doses de potássio, e duas fontes de nitrogênio) com quatro repetições. As doses de potássio utilizadas foram 0, 40, 80, 120, e 160 kg ha-1 de K2O, e as fontes de nitrogênio foram o azoto amoniacal sob a forma de sulfato de amônio ((NH4)2SO4) e o azoto amídico sob a forma de ureia (CO(NH2)2. Trinta e cinco dias após sementeira foram avaliadas as seguintes variáveis: diâmetro das raízes, massa fresca da raiz, massa seca da raiz, massa fresca da folha, massa seca da folha, teor de nitrogênio foliar, números de raízes comerciais e não comerciais e produtividade. A aplicação de potássio, independentemente do fornecimento de nitrogênio, apresenta efeito no desempenho da cultura do rabanete e a dose de 103 Kg ha-1 de K2O promoveu a máxima produtividade, nas condições do presente estudo. Conclui-se que, mesmo em condições de elevado teor de potássio nos solos, a adubação potássica deve ser recomendada para obtenção de aumento de produtividade na cultura do rabanete.

Palavras- chave: Fontes nitrogenadas, Interação N x K, Raphanus sativus.

 

ABSTRACT

This study aimed to evaluate the response of radish to potassium fertilization and different nitrogen sources. The experimental design was a randomized block with treatments arranged in a factorial 5 x 2 (five doses of potassium, and two sources of nitrogen) with four replications. Potassium doses were 0, 40, 80, 120, and 160 kg ha-1 of K2O, and sources of nitrogen were ammonium sulfate ((NH4)2 SO4) and urea (CO(NH2)2). 35 days after sowing the following variables were evaluated: root diameter, fresh root mass, root dry mass, leaf fresh mass, and leaf dry mass, leaf nitrogen content, number of marketable and non-marketable roots and crop productivity. Potassium application, regardless of the nitrogen supply, influenced radish performance and the dose of 103 kg ha-1 K2O promoted maximum productivity, under our experimental conditions. We conclude that, even in high soil potassium content, potassium fertilization should be recommended to obtain higher radish yield.

Keywords: interaction N x K, Nitrogen sources, Raphanus sativus L.

 

Introdução

O rabanete (Raphanus sativus L.) é uma cultura de ciclo de vida muito curto, pequeno porte, raízes globulares e coloração avermelhada e polpa branca, com sabor picante (Maia et al., 2011), sendo consumida principalmente na forma de saladas e conservas (Silva et al., 2012).

O rabanete tem um curto período de crescimento, durante o qual forma uma grande quantidade de massa no órgão de armazenamento, o que requer uma elevada quantidade de nutrientes, especialmente nitrogênio e potássio (Oliveira et al., 2014), sendo este necessários em maior quantidade para a formação da raiz (Islam et al., 2011).

Alguns estudos com aplicação de fertilizantes minerais (Chohura e Kolota, 2010; Jilani et al., 2010; Baloch et al., 2014) sugerem que a cultura do rabanete responde de forma positiva e diferenciada a doses crescentes de potássio e nitrogénio. No entanto, há uma escassez de estudos no Brasil sobre o manejo da adubação na cultura e falta investigação relacionada com nutrição e resposta da cultura à aplicação de diferentes fertilizantes (Queiroz et al., 2011; Rodrigues et al., 2013).

O rabanete necessita de grandes quantidades de nutrientes num período de tempo relativamente curto. Em função disso, a aplicação de fertilizantes deve ser eficiente utilizando fontes e doses de forma adequada, principalmente de N e K, os dois nutrientes normalmente requeridos em maiores quantidades pelas culturas.

O nitrogênio é componente essencial de aminoácidos e proteínas, ácidos nucléicos, hormonas e clorofila. O potássio está envolvido em diversas reações bioquímicas necessárias ao metabolismo vegetal. Além disso, a definição de uma dose adequada de potássio é de grande importância devido ao efeito antagonista deste nutriente no a absorção de outros catiões (Na+, Ca2+, Mg2+) (Nurzynska-Wierdak et al., 2012).

Ocorre interação entre esses iões, sendo que a resposta de uma cultura ao potássio depende, em grande parte, do nível em que se encontra a nutrição nitrogenada (Srinivas e Naik, 1990). Em rabanete, encontrou-se que o conteúdo de K aumentou com doses crescentes de N (Inam et al., 2011). Além disso, a proporção adequada de fertilizantes N-K não é apenas importante para alto rendimento, mas também necessário para a qualidade de rabanete (Xinmin et al., 2007).

Desta forma, são relevantes as pesquisas que visem estudar os efeitos isolados e a interação da adubação potássica e nitrogenada, principalmente, na cultura do rabanete. A partir desses resultados, pode recomendar-se aos produtores quais as doses e fontes mais adequadas, que maximizem a produção de forma eficiente.

Neste contexto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a produção de rabanete em função da interação entre adubação potássica e duas fontes diferentes de nitrogênio.

 

Material e Métodos

O estudo foi conduzido no período de agosto a setembro de 2014, no campo experimental do setor de agricultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, Campus Guanambi, Município de Guanambi (14º13’30”S; 42º46’53”W; 525 m de altitude), região sudoeste da Bahia. O clima é considerado semiárido, com precipitação média anual de 664 mm, temperatura média anual de 26ºC e umidade relativa do ar média anual de 64%. O solo da área experimental é um Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico típico, textura média, fase caatinga hipoxerófila, relevo plano a suave ondulado (Donato et al., 2010).

O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados com os tratamentos arranjados em esquema fatorial 5 x 2 (cinco doses de potássio, e duas fontes de nitrogênio) com quatro repetições. As doses de potássio utilizadas foram 0, 40, 80, 120, e 160 kg de K2O ha-1, sendo utilizado o cloreto de potássio, e as fontes de nitrogênio foram o sulfato de amônio e a ureia.

Cada unidade experimental possuía a dimensão de 1,0 m de comprimento por 0,8 m largura (0,8 m²). Foram utilizadas 10 plantas úteis por parcela experimental. O rabanete foi cultivado em canteiros preparados, com auxílio de enxada rotativa acoplada ao trator.

Uma amostra média do solo foi colhida na área do ensaio, na profundidade 0-0,20 m para caracterização química (Quadro 1). Com base na interpretação da análise, os solos dos canteiros receberam uma adubação de 9 kg de P2O5 ha-1 sob a forma de superfosfato simples.

O fósforo, potássio e parte do nitrogénio (30 kg de N ha-1 foram aplicados em adubação de fundo). O restante nitrogénio (60 kg de N ha-1) foi aplicado em cobertura no sexto dia após a emergência da planta.

A sementeira do rabanete ‘Crimson Gigante’, foi realizada transversalmente em espaços de 0,2 m entre linhas. As plantas foram irrigadas, por microaspersão, diariamente, duas vezes por dia, até o momento da colheita. Em cada rega foi aplicado um volume suficiente para manter a umidade próximo da capacidade de campo.

Os amanhos culturais realizados foram o desbaste das plantas de rabanete aos sete dias após sementeira de forma às plantas na linha ficaram espaçadas 0,1m (40 plantas por parcela), aplicação de piretróide (Decis 25 EC) para controle da Vaquinha-verde (Diabrotica speciosa), e o controle de plantas daninhas através de capina manual.

Aos 35 dias após sementeira foi efetuada a colheita do rabanete, sendo considerado 10 plantas úteis por parcela. Foram avaliadas as seguintes variáveis: diâmetro das raízes (DR)(mm), massa fresca da raiz (MFR) (g planta-1), massa seca da raiz (MSR) (g planta-1), massa fresca da folha (MFF) (g planta-1), massa seca da folha (MSF) (g planta-1), teor de nitrogênio foliar, número de raízes comerciais e produtividade. Os valores de DR, MFR, MSR, MFF, MSF e teor de nitrogênio foliar foram obtidos da média das 10 plantas úteis.

Após a colheita, as plantas foram devidamente identificadas, e separadas em parte aérea (folhas) e raiz. As raízes foram lavadas para retirar o excesso de solo e em seguida foram pesadas, assim como a parte aérea, para determinação da massa fresca. Posteriormente, o material colhido foi seco em estufa com circulação forçada de ar a 65°C, ate atingir peso constante.

O diâmetro das raízes foi medido com um paquímetro e expresso em milímetros. Para determinação da produtividade (g m-2) multiplicou-se a média da MFR (g) por 10 e em seguida por 0,8 m-2.

Após determinação da massa seca, as 10 folhas foram passadas no moinho de facas tipo Wiley com peneira de malha 20 mesh, obtendo-se uma amostra homogênea para posterior análise do teor de nitrogênio, determinado pelo método semi-micro Kjeldahl (Tedesco et al., 1985). Em todos os tratamentos foram realizadas as leituras do teor de nitrogênio. Em relação ao número de raízes, foram consideradas comerciais aquelas que apresentavam diâmetro superior a 30 mm.

Os dados foram inicialmente submetidos ao teste de normalidade e homogeneidade, em seguida procedeu-se à análise de variância e, havendo significância, foi realizado a análise de regressão. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey com nível de 5% de significância. As análises estatísticas foram realizadas com auxílio do programa computacional Sisvar (Ferreira, 2008).

 

Resultados e Discussão

O resumo da análise de variância com os respectivos valores de F para as variáveis avaliadas consta do Quadro 2. A massa fresca da parte aérea e massa seca de raiz foram influenciadas pelas fontes de nitrogênio e doses de potássio e pela interação entre esses fatores a níveis de 1% e 5% de significância, respectivamente. O diâmetro de raiz sofreu influência apenas da interação entre os fatores. Já as variáveis massa fresca de raiz, massa seca da parte aérea e a produtividade foram influenciadas de forma isolada pelas doses de potássio. O teor de nitrogênio total presente nas folhas foi influenciado pelas fontes de nitrogênio de forma isolada.

O teor médio de nitrogênio total nas folhas do rabanete foi 6,83 e 6,37 dag kg-1 quando a fonte de azoto utilizada foi a ureia e o sulfato de amónio, respectivamente, tendo diferido estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

O modelo quadrático foi o que melhor se ajustou aos valores de massa fresca de raiz de rabanete em função da adubação com diferentes doses de potássio (Figura 1). De acordo com o modelo de regressão foi estimado que o maior valor de MFR (52,47 g) pode ser encontrado com a dose de 111,37 kg de K2O ha-1 sendo que essa dose proporciona incremento de 4,96 g o que equivale a 10,44% de massa fresca de raiz quando comparado com a ausência de potássio.

 

 

O solo utilizado no presente estudo apresentou teor elevado de potássio (2,6 cmolc dm-3) (Quadro 1), representando assim um solo com altas reservas e provavelmente com alta capacidade de fornecimento deste nutriente, resultando em baixo incremento com a adubação potássica.

Maia et al. (2011), avaliando o desenvolvimento e qualidade do rabanete sob diferentes fontes de potássio, verificaram que a massa fresca das raízes apresentou os maiores valores nas plantas que receberam adubação potássica. Estes resultados corroboram os do presente estudo. O fato das doses de potássio influenciarem a massa fresca da raiz demonstra o quanto esse nutriente é importante para o rabanete.

O modelo quadrático de regressão foi o que melhor se ajustou aos valores de MFPA do rabanete em função da adubação com diferentes doses de potássio (Figura 2). De acordo com este modelo de regressão, estimou-se que o maior valor de MFPA (21 g) foi encontrado com a dose 121,6 kg de K2O ha-1, sendo que essa dose proporciona um incremento de 4,41 g, valor este que equivale a 26% da MFPA quando comparado com ausência de potássio.

 

 

A partir da dose 121,6 kg de K2O ha-1 os valores de MFPA começam a diminuir. Desta forma, não é recomendada, para este solo, a aplicação de doses superiores à que proporciona o máximo, pois, a adubação excessiva com potássio pode levar ao aumento na concentração salina do solo, que se traduz na redução da absorção de outros catiões, principalmente cálcio e magnésio, promovendo redução na produtividade da cultura e perdas por lixiviação (Raij et al., 1997).

O modelo quadrático foi o que melhor se ajustou aos valores de MSPA de rabanete em função da adubação com diferentes doses de potássio (Figura 3). De acordo com este modelo de regressão, foi estimado que o maior valor de MSPA (1,84 g) pode ser encontrado com a dose de 98,33 kg de K2O ha-1, sendo que essa dose proporciona um incremento de 0,3 g o que equivale a 18% de MSPA quando comparado com a ausência de potássio.

 

 

Assim como para a MFPA, também para a MSPA se observou um baixo incremento (apenas 18%) com a aplicação da dose máxima de potássio. Este fato também se verificou para MFR, onde o incremento foi de 10,44%. De acordo com Fernandes (2006), pesquisas realizadas em solos brasileiros não tem apresentado acentuada resposta à fertilização potássica, provavelmente devido a fatores como teores de potássio adequados no solo, presença de fontes de minerais de potássio e contribuição de formas não trocáveis deste elemento. Os resultados do presente estudo podem, possivelmente, ser explicados pelaelevada fertilidade do solo utilizado no experimento.

De acordo com El-Desuki et al. (2005), uma maior produção de raízes de rabanete pode ser obtida em função de um maior número de folhas e uma maior área foliar, sendo isso atribuído a uma maior interceptação de luz, o que geraria uma maior produção de fotoassimilados. Desta forma, o incremento da MSPA pode indicar que houve aumento do número de folhas e de área foliar do rabanete com a adubação potássica.

Para Filgueira (2008), o incremento tanto da massa seca da parte aérea, quanto da fresca, é importante, pois, em hortaliças tuberosas se constata correlação direta e positiva entre o peso da parte aérea e a produtividade. Diferentemente do que foi relatado por este autor, os dados deste estudo demonstram que embora tenha havido incremento de massa fresca e seca de raiz e de parte aérea, não houve efeito significativo na produtividade.

Para os valores diâmetro de raiz do rabanete em função da adubação com diferentes fontes de nitrogênio e doses de potássio verifica-se que o modelo de regressão que melhor se ajustou foi o quadrático, para ambas as fontes de nitrogênio. No entanto, para a fonte nitrogenada ureia o coeficiente de determinação da reta foi baixo, indicando que os valores estimados pela equação estão muito distantes dos observados (Figura 4).

 

 

De acordo com este modelo de regressão, para a fonte sulfato de amônio, foi estimado que o maior valor de massa fresca de raiz (47,49 g) pode ser encontrado com a dose de 62,6 kg de K2O ha-1, contudo, essa dose proporcionou um incremento de apenas 1,96 g o que equivale a 4,3% de diâmetro de raiz quando comparado com a dose 0 kg de K2O ha-1.

Verifica-se também que o fornecimento da maior dose de potássio (160 kg de K2O ha-1) proporcionou o menor diâmetro de raiz (42,8 mm), sendo observada uma redução de 6% em relação à dose 0 kg de K2O ha-1. Esse resultado pode, possivelmente, estar relacionado com o aumento da concentração salina do solo, o que pode interferir na absorção de outros catiões, principalmente cálcio e magnésio.

Dantas Junior et al. (2014) verificaram que o aumento da dose de nitrogênio incrementou o diâmetro comercial sendo 38 mm o máximo valor. Resultados semelhantes com a mesma cultivar de rabanete (Crimson Gigante) foram encontrados por Oliveira et al. (2014), que verificaram que a aplicação de 120 kg de N ha-1 proporcionou o maior diâmetro de raiz (37,7 mm).

No presente estudo, o maior diâmetro de raiz (47,5 mm) ficou a dever-se, possivelmente, ao efeito da interação N x K. Segundo Prado (2008), o N em quantidades adequadas, pode favorecer o crescimento da raiz, pelo fato de o crescimento da parte aérea aumentar a área foliar e consequentemente a fotossíntese e o fluxo de carbohidratos para a raiz, favorecendo o seu crescimento. Vale ressaltar que esse efeito é otimizado na presença do K e vice-versa.

O modelo quadrático foi o que melhor se ajustou aos valores de massa seca de raiz de rabanete em função da adubação com diferentes fontes de nitrogênio e doses de potássio, porém para a fonte nitrogenada sulfato de amônio, o coeficiente de determinação foi baixo, indicando que os valores estimados pela equação estão muito distantes dos observados (Figura 5). De acordo com este modelo de regressão, para a ureia, foi estimado que o maior valor de massa seca de raiz (3,76 g) pode ser encontrado com a dose de 102 kg de K2O ha-1, sendo que essa dose proporciona incremento de 1,56 g o que equivale a 71,2 % de massa seca de raiz quando comparado com a dose 0 kg de K2O ha-1.

 

 

A menor resposta à aplicação de azoto na forma de sulfato de amónio pode ser devida a uma interação entre os iões K+ e NH4+ que competem pelo mesmo sitio de troca na superfície dos coloides do solo, resultando em menor absorção de K+ pela presença de NH4+. De acordo com Xu et al. (2002), essa competição entre os cátions K+ e NH4+, pode em alguns casos resultar em declínio de produtividade.

Doses superiores a 102 kg de K2O ha-1 promoveram maiores incrementos da massa fresca de raiz com a aplicação da ureia. Este fato pode estar associado ao maior acúmulo de potássio nas raízes. Pois, o aumento dos teores de minerais nos tecidos da planta, principalmente o potássio, aumenta também seu potencial osmótico, e consequentemente, a absorção de água (Marschner, 2012). Assim, a manutenção da quantidade de água nas células e tecidos das plantas é frequentemente consequência do acúmulo de potássio.

Foloni et al. (2013) verificaram que a produtividade de batata-doce comercializável respondeu à aplicação de N em cobertura somente quando a adubação nitrogenada foi combinada à potássica, em níveis relativamente elevados de K. Estes resultados e o do presente estudo reforçam a argumentação de Cantarella (2007), de que, no manejo da adubação mineral, as interações mais comuns relacionadas ao N são as que acontecem com o K, sendo que, o suprimento balanceado de N e K frequentemente aumenta a resposta a ambos, sendo o inverso também verdadeiro.

Segundo Cecílio Filho et al. (1998) o efeito do potássio é mais pronunciado na produção de raízes de rabanete do que na produção de massa seca da parte aérea. Este fato verificou-se no presente estudo, pois, houve incremento de apenas 18% na massa seca da parte aérea e de 71% para a massa seca de raiz com a aplicação da dose estimada que propicia o máximo incremento.

O modelo quadrático foi o que melhor se ajustou aos valores de produtividade de rabanete em função da adubação com diferentes doses de potássio (Figura 6). De acordo com o modelo de regressão foi estimado que o maior valor de produtividade (651,5 g m-2) pode ser encontrado com a dose de 103 kg de K2O ha-1.

 

 

A resposta da produtividade do rabanete à adubação potássica pode estar relacionada com o aumento de sua disponibilidade no solo, e com a função que esse nutriente exerce na planta, pois, o K é importante por incrementar a translocação de carbohidratos, melhorar a eficiência de uso da água e potencializar a adubação nitrogenada (Marschner, 1995).

 

Conclusões

A aplicação de potássio, independentemente do fornecimento de nitrogênio, apresenta efeito no desempenho da cultura do rabanete e a dose de 103 Kg ha-1 de K2O promove a máxima produtividade, nas condições do presente estudo.

Conclui-se que, mesmo em condições de elevado teor de potássio nos solos, a adubação potássica pode ser recomendada para obtenção de aumento de produtividade na cultura do rabanete.

 

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Recebido/received: 2015.10.01

Recebido em versão revista/received in revised form: 2016.03.07

Aceite/accepted: 2016.03.17

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