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Análise Psicológica

versão impressa ISSN 0870-8231versão On-line ISSN 1646-6020

Aná. Psicológica vol.35 no.4 Lisboa dez. 2017

https://doi.org/10.14417/ap.1142 

O suporte social e a personalidade são significativos para os objetivos de vida de adolescentes de diferentes configurações familiares?

Catarina Pinheiro Mota1, Inês Oliveira2

1Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – UTAD / Membro do Centro de Psicologia da Universidade do Porto

2Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – UTAD

Correspondência

 

RESUMO

O suporte social tem vindo a ser evidenciado na literatura pela sua relevância no que concerne à planificação e estabelecimento de objetivos de vida de jovens adolescentes. Vivências emocionais adversas no contexto familiar, nomeadamente perdas significativas e transições podem, todavia, condicionar este processo. A presente investigação objetiva analisar o papel do suporte social no desenvolvimento de objetivos de vida de jovens de diferentes configurações familiares (famílias tradicionais e jovens em acolhimento residencial), sendo ainda testado o papel mediador da personalidade na associação anterior. A amostra foi constituída por 350 jovens adolescentes portugueses de ambos os géneros, com idades compreendidas entre 13 e os 18 anos, provenientes de famílias tradicionais e em regime de acolhimento residencial. Para recolha de dados foi utilizado o Social Support Appraisals (SSA), Purpose in Life Test (PIL-R) e o Inventário de Personalidade dos Cinco Fatores (NEO-FFI-20). Foram testados modelos de mediação para as diferentes configurações familiares, sendo que os resultados sugeriram que o suporte social apresenta uma associação positiva significativa com os objetivos de vida, e a personalidade desempenha um efeito mediador na associação anterior. Os resultados foram discutidos à luz da teoria da vinculação, considerando a relevância do suporte social no desenvolvimento da personalidade e construção dos projetos de vida.

Palavras-chave: Acolhimento residencial, Suporte social, Objetivos de vida, Personalidade.

 

ABSTRACT

Social support has been shown in the literature as relevance with respect to the planning and establishment of young adolescent life goals. Adverse emotional experiences within the family, including significant losses and transitions may, however, limit this process. This research aims to analyze the role of social support in the development of life goals of young people from different family configurations (traditional families and young people in residential care), still being tested the mediating role of personality in the previous association. The sample was composed by 350 young Portuguese adolescents of both genders, aged between 13 and 18 years, from traditional families and residential care. For data collection was used the Social Support Appraisals (SSA), Purpose in Life Test (PIL-R) and The Five Factors Personality Inventory (NEO-FFI-20). Mediation models were tested for different family configurations, and the results suggested that social support has a significant positive association with the life goals, and personality plays a mediational effect in the previous association. The results will be discussed in light of attachment theory, considering the importance of social support in personality development and construction of life projects.

Key words: Residential care, Social support, Life goals, Personality.

 

Introdução

A literatura tem vindo a apontar que as relações estabelecidas com as figuras significativas são relevantes para a definição de objetivos de vida (e.g., Chu, Saucier, & Hafner, 2010; Samp, Parker, & Duvall, 2006; Schnittker, 2007; Tomé, Camacho, Matos, & Diniz, 2011). Nesta perspetiva, parece pertinente remontar à teoria da vinculação, onde se compreende que o ser humano acarreta uma predisposição intrínseca para o estabelecimento de laços de afetividade que tendem a prolongar-se ao longo do tempo. Assim sendo, a qualidade da relação que se estabelece com as figuras primordiais de cuidado, onde estão patentes características de procura de proximidade, podem ocasionar bases seguras (Ainsworth, 1989; Bowlby, 1988).

É através desta base segura que se despoletam sentimentos de segurança e confiança que permitem uma maior predisposição para as crianças se descobrirem a si mesmas e estabelecerem relações com os outros. Para além disso, é na relação obtida com as figuras primordiais de cuidado que se tendem a interiorizar as características inerentes à mesma, orientando a elaboração de modelos internos dinâmicos, que permitem orientar e interpretar os seus comportamentos e os dos outros, bem como elaborar as suas escolhas face ao futuro (Ainsworth, 1989; Bowlby, 1988). Ao longo do ciclo desenvolvimental as relações estabelecidas com outras figuras significativas ganham relevância na vivência dos jovens e tendem a modificar-se e a expandir-se do contexto familiar para um contexto social mais alargado e variado (Antunes & Fontaine, 2005; Hill, Ramirez, & Dumka, 2003; Pratta & Santos, 2007). Este tipo de relações podem ser estabelecidas com figuras inerentes ao contexto escolar (e.g., professores, funcionários da escola), laboral (e.g., colegas de trabalho), com os grupos de pares (amigos), par romântico ou, eventualmente ao contexto institucional (e.g., monitores, funcionários da instituição). Deste modo, a qualidade das relações estabelecidas parece constituir um elemento determinante para desenvolvimento pessoal e social dos jovens, facilitando-os na exploração do mundo exterior e na construção da sua autonomia e identidade (Antunes & Fontaine, 2005; Costa & Mota, 2012; Gulaçti, 2010; Mota, Costa, & Matos, 2016; Mota & Matos, 2008; Pratta & Santos, 2007; Santos, 2005).

Tendo por base as relações afetivas de proximidade com as figuras significativas, torna-se passível afirmar que o suporte social se constitui como parte integrante do contexto por excelência para o desenvolvimento e ajustamento social dos indivíduos, surgindo assim como uma variável influente nos planos, interesses e orientações futuras dos jovens adolescentes (Nurmi, 1991; Silva, Melo, & Mota, 2016; Vietze, 2011). Alguns autores definem suporte social como a existência e disponibilidade dos sujeitos para demonstrar a sua confiança, preocupação, valoração, aprovação e amor para com os outros (e.g., Dunbar, Ford, & Hunt, 1998; Sarason, Levine, Basham, & Sarason, 1983). A perceção que se tem do suporte social tende a ir de encontro ao grau de satisfação das necessidades básicas (e.g., pertença, segurança, identidade e afiliação), que resultam da interação com os outros (Antunes & Fontaine, 1994, 2005; Sarason et al., 1983).

Uma rutura nos relacionamentos sociais parece resultar numa desorganização nas vivências dos jovens, deixando-os mais vulneráveis e suscetíveis de problemas de foro emocional (Sarason & Sarason, 2009). Esta questão é particularmente relevante nas transições familiares como é o caso do acolhimento residencial, o qual pode condicionar a rede de apoio dos jovens adolescentes (Siqueira, Betts, & Dell’Aglio, 2006; Siqueira & Dell’Aglio, 2006; Wekerle, Waechter, Leung, & Leonard, 2007). A literatura tem vindo a evidenciar que a institucionalização de jovens adolescentes, à luz da teoria da vinculação, tende a despoletar sentimentos de perda significativa, solidão e abandono, que por vezes podem causar um impacto emocional negativo e falta de interesse pela vida (e.g., Boada, 2006; Fante & Cassab, 2007; Simsek, Erol, Öztop, & Münir, 2007; Siqueira et al., 2006). Porém, apesar de este processo gerar dificuldades nas vivências dos jovens, não é irreversível sob o ponto de vista da reorganização dos modelos internos dinâmicos. Alguns autores apontam ainda para o facto do processo de acolhimento residencial surgir como facilitador do desenvolvimento humano (Fante & Cassab, 2007), na medida em que parece contribuir para o restabelecimento de relações afetivas com outras figuras de referência (Mota et al., 2016; Mota & Matos, 2010, 2015; Siqueira et al., 2006). Perante esta realidade, a reorganização das relações afetivas parece apontar para a possibilidade dos jovens ultrapassarem esta situação de maior fragilidade, resultado da manutenção das ligações com outras figuras alternativas dentro da própria instituição. Assim sendo, a qualidade das ligações estabelecidas dentro da instituição tendem a contribuir para a reorganização dos modelos internos dinâmicos dos jovens e para o potenciar de um maior sentimento de pertença e confiança (Mota & Matos, 2008, 2014, 2015). Por sua vez, o restabelecimento destas relações facilita um desenvolvimento mais resiliente e adaptativo (Mota et al., 2016; Mota & Matos, 2010, 2014) e parece estar relacionado com uma melhoria na satisfação com a vida e na reformulação dos próprios objetivos de vida (Fante & Cassab, 2007; Frankl, 2007).

Embora escassas, evidências empíricas têm vindo a denotar a relevância do suporte social no estabelecimento de objetivos de vida de jovens adolescentes (e.g., Massey, Gebhardt, & Garnefsky, 2008; Salmela-Aro, 2009). Nesta medida, tem sido enfatizado o papel da família, dos pares e dos amigos, sugerindo que os jovens adolescentes pertencentes ao mesmo grupo tendem a compartilhar os seus objetivos de vida, denotando similitude nas vivências (Salmela-Aro, 2009). Para além disso, também se tem constatado que fatores como sendo os antecedentes familiares compartilhados pelos jovens adolescentes tendem a influenciar o delineamento de objetivos de vida. Assim sendo, é passível averiguar que os jovens que não provêm de uma família tradicional denotam uma maior suscetibilidade em termos de orientação e planificação de objetivos de vida (Amado, Ribeiro, Limão, & Pacheco, 2003; Creed, Tilbury, Buys, & Crawford, 2011; Salmela-Aro, 2009). De igual modo, Henriques (2008) realizou um estudo que visa analisar os objetivos de vida de jovens adolescentes em regime institucional, evidenciando que os jovens que denotaram uma menor perceção do seu suporte social apresentaram expectativas do futuro muito reduzidas, pouco otimistas e menos estruturadas, o que contribui para uma maior desesperança e suscetibilidade na definição dos seus objetivos de vida.

De acordo com o exposto, torna-se pertinente salientar que os jovens adolescentes parecem mover-se no sentido de estabelecer objetivos de vida, quer sejam de natureza familiar ou profissional (Frankl, 2007; Massey et al., 2008). Segundo Peralta e Silva (2003) os objetivos de vida integram duas dimensões, objetivos e sentido de vida. Os objetivos de vida prendem-se com a experiência afetiva do ser humano, nomeadamente face aos propósitos e aspirações que dão sentido à sua vida. Por sua vez, o sentido de vida, relaciona-se com a vertente cognitiva e a consciência que o indivíduo tem acerca do significado e sentido que atribui à sua vida. Neste sentido, parece que os jovens adolescentes tendem a delinear os seus objetivos de acordo com as suas características pessoais, as experiências de aprendizagem vivenciadas anteriormente e as oportunidades e limitações percecionadas pelo ambiente em que se encontram (Massey et al., 2008; Nurmi, 1991; Nurmi, Salmela-Aro, & Aunola, 2009).

Nesta medida, para além do suporte social, outros fatores têm sido apontados como relevantes no que concerne ao estabelecimento de objetivos de vida de jovens adolescentes, nomeadamente a personalidade (Massey et al., 2008; Nurmi et al., 2009; Páramo, Straniero, García, Torrecilla, & Gómez, 2012). McCrae e Costa (2008) apontam a personalidade como uma das principais fontes que contribui para as diferenças individuais no que confere ao estabelecimento de objetivos de vida. Alguns autores referem-se ainda aos objetivos pessoais como o reflexo de traços da personalidade de cada indivíduo (e.g., Emmons, 1986; Reisz, Boudreaux, & Ozer, 2013). Entenda-se por traços de personalidade os padrões que perduram ao longo do tempo, os quais envolvem pensamentos, sentimentos e comportamentos que caracterizam a forma típica como os indivíduos tendem a responder em diferentes situações (Roberts, 2009).

Os traços de personalidade têm vindo a ser apontados como um dos principais preditores do comportamento humano, associando-se ao esforço que os indivíduos têm para alcançar projetos de vida, o qual envolve as suas crenças, motivações, valores e desejos (e.g., Cantor et al., 1991; Emmons, 1986; Trautwein, Ludke, Roberts, Schnyder, & Niggli, 2009). Estudos realizados por McCabe, Yperen, Elliot e Verbraak (2013) e Vasalampi et al. (2014) corroboraram esta ideia, enfatizando uma relação estreita entre traços da personalidade e a planificação e busca de objetivos de vida. Para além disso, é pertinente verificar que embora escassa, a literatura sugere os traços de personalidade como um dos principais fatores influentes na perceção do suporte social (e.g., Rogers, Creed, &Glendon, 2008; Swickert, 2009; Swickert, Hittner, & Foster, 2010).

Embora a literatura denote lacunas no que concerne ao estudo da relação entre o suporte social, a personalidade e os objetivos de vida, parece expectável que as características pessoais dos indivíduos possam evidenciar um efeito mediador na associação entre o suporte social e o desenvolvimento de objetivos de vida.

 

Objetivos

O presente estudo visa analisar o papel do suporte social no desenvolvimento dos objetivos de vida de jovens de diferentes configurações familiares, sendo ainda testado o papel mediador da personalidade na associação anterior. Tendo em consideração os objetivos específicos, pretende-se, em primeira instância, testar a associação entre o suporte social, a personalidade e os objetivos de vida. Pretende-se de igual modo analisar em que medida a personalidade pode exercer um efeito mediador na associação entre o suporte social e o desenvolvimento de objetivos de vida.

 

Método

 

Participantes

No estudo participaram 350 jovens adolescentes portugueses, 125 a residir em acolhimento residencial (35.7%) e 225 de famílias tradicionais (64.3%). A institucionalização dos jovens deve-se a motivos de abandono ou negligência parental, tendo sido excluídos adolescentes cujas razões se prenderam com comportamentos de cariz desviante. Os jovens compreendem idades entre os 13 e os 18 anos (M=15.00; DP=1.61), respeitando 178 ao género feminino (50.9%) e 172 (49.1%) ao género masculino.

 

Instrumentos

 

Questionário Sociodemográfico, teve como propósito a obtenção de informações individuais dos participantes, sendo aplicado em conjunto com o protocolo de instrumentos. O questionário continha dados tais como: o género, a idade e o tipo de configuração familiar.

 

Social Support Appraisals (Vaux, 1986; adaptação de Antunes & Fontaine, 1994) para avaliar a perceção do suporte social. Trata-se de um instrumento composto por 30 itens, com 4 quatro dimensões, nomeadamente a perceção do apoio face à família (7 itens; “A minha família estima-me muito”), amigos (8 itens; “Os meus amigos respeitam-me”), professores (7 itens; “Os meus professores estimam-me”) e à generalidade (8 itens; “Sinto que as pessoas me dão valor”). Cada item encontra-se disposto por uma escala de tipo Likert, com seis alternativas de resposta, que variam entre “Discordo totalmente e Concordo totalmente”. Importa referir que alguns itens encontram-se apresentados de forma invertida (4, 11,18, 22, 28, 29 e 30). A consistência interna do instrumento foi medida através do alfa de Cronbach, apresentando respetivamente: apoio família=.89, apoio amigos=.84, apoio professores=.81, apoio em geral=.82. Efetuou-se uma análise fatorial confirmatória de primeira ordem, sendo que se reportaram adequados valores dos índices de ajustamento χ2(44)=204.26; χ2/gl=4.64; CFI=.94; SRMR=.04 e RMSEA=.09.

 

Inventário de Personalidade dos Cinco Fatores (NEO-FFI-20) adaptado para a população portuguesa por Bertoquini e Pais-Ribeiro (2006), a partir da Revised NEO Personality Inventory (McCrae & Costa, 2004). Diz respeito a um instrumento que visa avaliar a personalidade em jovens e adultos, através de 20 itens distribuídos por 5 fatores, nomeadamente o neuroticismo (4 itens; “houve alturas em que experimentei ressentimento e amargura”), extroversão (4 itens; “Sou uma pessoa alegre e bem-disposta”), abertura à experiência (4 itens; “Não dou grande importância às coisas da arte e da beleza), amabilidade (4 itens; “Tendo a pensar o melhor acerca das pessoas”) e conscienciosidade (4 itens; “Esforço-me por ser excelente em tudo o que faço”). No caso deste instrumento, este não foi utilizado na sua íntegra, sendo que apenas se considerou pertinente incluir as dimensões que foram mais significativas, nomeadamente o neuroticismo, extroversão e conscienciosidade. Neste sentido, a consistência interna do instrumento foi medida através do alfa de Cronbach, denotando respetivamente: neuroticismo=.51, extroversão=.72 e conscienciosidade=.78. Os itens estão distribuídos num escala de tipo Likert com quatro alternativas de resposta que variam entre “discordo fortemente e concordo fortemente”. Importa referir que alguns itens encontram-se apresentados de forma invertida (1, 3, 11, 13, 14, 18 e 19). Relativamente aos resultados da análise fatorial confirmatória na presente amostra confirma-se o ajustamento dos valores χ2(77)=193.73, p=.001; χ2/gl=2.52, CFI=.90, SRMR=.06 e RMSEA=.07.

 

Purpose in Life Test (PIL-R) (Crumbaugh & Maholick, 1969) traduzido e adaptado para a população portuguesa por Peralta e Silva (2003). Este é um instrumento de autorrelato que visa avaliar os objetivos, ambições, metas e aspirações que dão sentido e significado pessoal à vida, em adolescentes e adultos. O instrumento original remete para 3 partes, sendo apenas utilizada a primeira parte que apresenta 20 itens, que se distribuem por dois fatores, nomeadamente a componente afetiva (dimensão vivencial) e a componente cognitiva (dimensão existencial). Importa referir que o instrumento não foi utilizado na sua inteireza, sendo apenas empregadas as variáveis mais significativas, nomeadamente: a satisfação com a vida (inerente à dimensão vivencial com 5 itens; “A minha vida é vazia e cheia de desespero”), o modo como o indivíduo avalia os seus objetivos, ambições, metas e progressos alcançados (inerente à dimensão existencial com 4 itens; “A minha existência pessoal não tem qualquer sentido nem objetivo”) e a avaliação da coerência das convicções, valores e escolhas consideradas pelo indivíduo como fundamentais para dar um sentido à vida (inerente à dimensão existencial com 4 itens; “Enfrentar as minhas tarefas do dia-a-dia é uma fonte de prazer e satisfação”). Os itens estão dispostos numa escala do tipo Likert com sete alternativas de resposta que variam de “discordo totalmente” a “concordo totalmente”. De mencionar ainda que o instrumento denota alguns itens na forma invertida (1, 3, 4, 5, 6, 8, 9, 11, 13, 16 e 20). A consistência interna do instrumento foi medida através do alfa de Cronbach, respetivamente: satisfação com a vida=.84, modo como o indivíduo avalia os seus objetivos, ambições, metas e progressos alcançados=.76 e a avaliação da coerência das convicções, valores e escolhas consideradas pelo indivíduo como fundamentais para dar um sentido à vida=.68. No que concerne aos resultados da análise fatorial confirmatória na presente amostra confirma-se o ajustamento dos valores χ2(24)=67.48, p=.001; χ2/gl=2.81, CFI=.96, SRMR=.04 e RMSEA=.07.

 

Procedimento e estratégia de análise de dados

A recolha dos dados foi realizada num só momento em instituições da zona Norte e Centro e Sul de Portugal de forma aleatória, sendo realizado um pedido de autorização prévio junto das direcções de agrupamentos de escolas e ainda de instituições de acolhimento, onde foi apresentado o projeto e os seus objetivos. Aquando da administração, foram apresentados os objetivos gerais do estudo, pelo que, tratando-se de uma administração coletiva, foram dadas instruções estandardizadas de esclarecimento no que diz respeito ao preenchimento dos questionários de autorrelato, sendo garantidos todos os procedimentos éticos, nomeadamente o carácter sigiloso e confidencial da informação inerente aos questionários, assim como a índole voluntária da participação no estudo, pelo que todos os participantes acederam à participação no estudo.

O tratamento foi realizado considerando uma prévia limpeza da base de dados, através da exclusão de missings e outliers. De modo a verificar os pressupostos de normalidade dos dados efetuou-se o cálculo dos valores de assimetria (skeweness) e achatamento (kurtosis). Ainda de modo a explorar a normalidade dos dados recorreu-se à análise do teste Kolmogorov-Smirnov, histograma e Q-Q plots (Pallant, 2002). Procedeu-se à análise dos dados, através de análises correlacionais, médias e desvio padrão das variáveis propostas em estudo, recorrendo ao programa estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences), versão 20.0. Posteriormente, de modo a verificar o efeito mediador da personalidade na associação entre o suporte social e objetivos de vida em jovens provenientes de famílias tradicionais e em acolhimento residencial, fez-se recurso aos modelos de equações estruturais, através do programa EQS 6.1. De mencionar que os modelos de equações estruturais fazem recurso ao Teste de Sobel, o que permite averiguar o efeito indireto que a variável independente (suporte social) acarreta na variável dependente (objetivos de vida), através da variável mediadora (personalidade) (Baron & Kenny, 1986). O modelo hipotetizado que explica a mediação anteriormente supracitada encontra-se exposto na Figura 1.

 

 

 

Resultados

 

Associação entre o suporte social, personalidade e objetivos de vida dos jovens

Os resultados indicam, tal como esperado, que existem correlações significativas entre todas as variáveis (Tabela 1). Constata-se uma associação positiva e significativa, de magnitude moderada, entre o suporte social e os objetivos de vida (r=.206 até r=.514, p<.01). O mesmo se verifica na associação entre o suporte social e as variáveis da personalidade, verificando-se correlações moderadas e significativas no sentido positivo com as variáveis extroversão e conscienciosidade (r=.230 até r=.510, p<.01) e, no sentido negativo, entre o suporte social e a variável neuroticismo (r=-.159 até r=-.415, p<.01).

 

 

Por último, evidenciam-se, de igual modo, correlações moderadas e significativas entre as dimensões da personalidade e objetivos de vida, sendo esta verificada no sentido positivo entre os objetivos de vida e as dimensões da personalidade extroversão e conscienciosidade (r=.134 até r=.649) e, no sentido negativo, no que concerne à associação com a variável neuroticismo (r=-.349 até r=-.519, p<.01).

 

O suporte social e objetivos de vida de jovens provenientes de famílias tradicionais e em acolhimento residencial: Efeito mediador da personalidade

Foi testado o efeito preditor do suporte social no desenvolvimento dos objetivos de vida dos jovens, constatando-se uma valor significativo e positivo na equação inicial (β=.85*). Posteriormente foi realizada a testagem da mediação da personalidade de acordo com o teste de Sobel para os jovens provenientes de famílias tradicionais. De acordo com o previsto, a análise de equações estruturais permitiu observar um efeito inicial do suporte social no desenvolvimento de objetivos de vida (β=.85*). De igual modo, foi passível verificar que o suporte social denota também uma predição significativa e positiva na personalidade (β=.77*), assim como se verifica um efeito positivo e significativo da personalidade no desenvolvimento de objetivos de vida (β=.91*).

No modelo final, após introduzida a personalidade enquanto mediadora, atestou-se que o efeito inicial direto do suporte social nos objetivos de vida (β=.85*) diminuiu (β=.003*), perdendo magnitude de efeito, observando-se deste modo uma mediação parcial através da personalidade (Sobel test z=.77, SE=.44, p<.001, β=.75) (Tabela 2). No que concerne aos índices de ajustamento do modelo, estes encontram-se adequados (χ2(31)=131.52, p=.001; CFI=.93; SRMR= .06; RMSEA=.10) (Figura 2).

 

 

 

 

No que concerne aos jovens em acolhimento residencial, o modelo de equações estruturais, denotou a existência de um valor inicial significativo, embora de baixa magnitude, no efeito do suporte social nos objetivos de vida (β=.17*). Na sequência da testagem do papel mediador da personalidade na associação anterior, analisou-se o efeito do suporte social na personalidade, onde foi passível verificar a existência de uma predição significativa (β=.83*). Num terceiro passo, analisou-se o efeito da personalidade nos objetivos de vida, pelo que se verificou a inexistência de um efeito significativo entre as variáveis (β=.19). Dada a inexistência de um efeito significativo entre a personalidade e os objetivos de vida, não foi passível reunir todas as condições necessárias para efetivar a testagem da mediação de acordo com o teste de Sobel. Neste sentido, o modelo de equações estruturais aponta para que exista um efeito direto significativo do suporte social para os objetivos de vida e ainda, no desenvolvimento da personalidade, sendo que neste caso a hipótese do efeito mediador da personalidade não se verificou.

 

Discussão

O presente estudo visa analisar o papel do suporte social no desenvolvimento dos objetivos de vida de jovens de diferentes configurações familiares, sendo ainda testado o papel mediador da personalidade na associação anterior. Para além disso, pretendeu-se ainda testar as associações entre o suporte social, a personalidade e os objetivos de vida.

No que concerne à associação entre as dimensões das variáveis em investigação, verificou-se que todas se associam de forma positiva, à exceção da dimensão neuroticismo, que revela uma associação negativa com todas as dimensões das variáveis. Embora a literatura encontre algumas lacunas ao nível da ligação entre as variáveis em estudo, é passível assumir que os jovens adolescentes com maior perceção do seu suporte social tendem a apresentar um maior investimento e interesse no estabelecimento dos seus objetivos de vida (Hill, Ramirez, & Dumka, 2003; Nurmi, 1991; Samp, Parker, & Duvall, 2006). Evidências empíricas sugerem que as relações pessoais mantidas com as figuras de suporte social (como sendo a família, os amigos e os pares) constituem um conjunto de experiências que promovem nos jovens uma autoavaliação positiva, motivação, e autoconfiança nas suas capacidades, o que se torna significativo para a realização dos seus objetivos (e.g., Massey et al., 2008; Salmela-Aro, 2009). Assim sendo, tal como esperado, os jovens adolescentes com uma maior perceção do apoio da família, dos amigos e dos professores, denotaram uma visão positiva de si e uma maior motivação e expetativa nas suas capacidades para alcançar objetivos de vida. Por sua vez, os resultados auferiram ainda que o suporte social se encontra associado positivamente às dimensões da personalidade conscienciosidade e extroversão ainda que, negativamente ao neuroticismo dos jovens adolescentes. Nesta medida, é possível aduzir que a perceção que os jovens têm do suporte social, parece contribuir para o desenvolvimento de determinados traços de personalidade, nomeadamente pela perceção de aceitação e abertura nas relações, que vão moldando a forma como cada sujeito se desenvolve. No que concerne à associação entre o suporte social e o neuroticismo, os resultados corroboram a literatura, na medida em que uma baixa perceção da disponibilidade de apoio social se encontra fortemente associada com altos níveis de neuroticismo (e.g., Swickert, 2009). Swickert et al.(2010) acrescentam ainda que maiores níveis de suporte social se encontram associados a elevados níveis de extroversão e conscienciosidade. Assim, torna-se relevante equacionar que os jovens adolescentes com uma maior perceção do seu suporte social tendem a denotar um maior círculo de amigos, podendo potenciar um cariz de maior extroversão e exploração do meio, assim como níveis inferiores de desajuste psicológico.

Os resultados apontaram ainda que a personalidade denota uma associação com todas as variáveis dos objetivos de vida. Assim, a conscienciosidade e a extroversão revelam uma associação positiva, ao invés do neuroticismo que apresentou um contributo negativo em todas as variáveis dos objetivos de vida. Estes resultados corroboram os estudos que têm vindo a demonstrar que disposições básicas de personalidade dos adolescentes tendem a estar significativamente relacionadas com o envolvimento nos objetivos de vida (e.g., Rogers et al., 2008). Um estudo realizado por Vasalampi e colaboradores (2014) com uma amostra de 4133 jovens adolescentes com o objetivo de analisar a associação entre a personalidade, a motivação e o estabelecimento de objetivos de vida, corrobora as conclusões da presente investigação, sendo que os traços de personalidade denotam um efeito significativo no esforço para delinear objetivos de vida.

Ao encontro do que tem vindo a ser discutido, os resultados sugerem o papel mediador da personalidade na associação entre o suporte social e o estabelecimento de objetivos de vida, ressaltando que este resultado apenas se verifica em jovens de famílias tradicionais. Assim sendo, os resultados permitem observar um efeito preditor do suporte social face ao desenvolvimento dos objetivos de vida, sendo facilitados pela personalidade dos jovens. Deste modo, um suporte social percebido de forma positiva pelos jovens de famílias tradicionais parece exercer um papel relevante no desenvolvimento da personalidade, fomentando o desenvolvimento dos objetivos de vida dos jovens.

Todavia, foi possível averiguar que o mesmo não acontece nos jovens em acolhimento residencial. De acordo com este resultado, parece pertinente inferir que o suporte social nos jovens provenientes de instituições parece ser significativo na predição dos objetivos de vida, assim como no desenvolvimento da personalidade. Porém, o papel mediador da personalidade não se verifica, pelo que se sugere na presente amostra a possível existência de outros fatores de maior significância para os jovens em acolhimento residencial, para além da personalidade, como sendo a qualidade dos fatores relacionais. Ainda assim, é passível verificar que o suporte social assume relevância na construção da personalidade destes jovens.

A literatura sugere que os jovens adolescentes tendem a delinear os seus objetivos de acordo com as suas características pessoais, as experiências de aprendizagem vivenciadas anteriormente e as oportunidades e limitações percecionadas pelo ambiente em que se encontram (e.g., Massey et al., 2008; Nurmi, 1991; Nurmi et al., 2009). Salmela-Aro (2009) aponta ainda que os jovens tendem a ajustar os seus objetivos pessoais com base nos eventos de vida e transições desenvolvimentais que patenteiam ao longo do seu desenvolvimento. Assim, tendo em conta o contexto de acolhimento residencial, parece passível inferir que os resultados da presente investigação eram expectáveis, denotando-se nos jovens em acolhimento residencial uma magnitude de efeito inferior no que concerne à predição do suporte social no desenvolvimento dos objetivos de vida. Este resultado pode ser fundamentado por toda a exposição a vivências emocionais adversas que estes jovens estiveram expostos e para a menor disponibilidade pessoal e perceção de suporte por parte dos demais, o que parece contribuir para um comprometimento do modo como tendem a avaliar as suas expetativas face ao futuro.

Amado e colaboradores (2003) e Creed et al. (2011) reforçam esta ideia sugerindo que os jovens em acolhimento residencial tendem a apresentar expetativas face ao futuro pouco otimistas e pouco estruturadas, comparativamente com jovens de outras configurações familiares. Os estudos são escassos no que confere a esta associação, inclusive em contexto de acolhimento residencial, pelo que se torna uma limitação para fazer o paralelo entre estes jovens e os que provém de famílias tradicionais. Todavia os resultados seriam expetáveis face à própria transição para a instituição, pautada por descontinuidades e um significativo sentimento de insegurança, a qual parece despoletar dificuldades emocionais nos jovens adolescentes conduzindo-os a uma maior internalização (Sarason & Sarason, 2009; Siqueira et al., 2006). Para além disso, estes resultados podem ainda ser justificados pelo facto dos jovens em acolhimento residencial integrarem um grupo com maior exposição a fatores de risco pela perceção de menor suporte social, comparativamente com os jovens provenientes de famílias tradicionais, podendo condicionar a associação entre a sua personalidade e os objetivos de vida futuros (Attlar-Schwartz, 2008).

Este resultado destaca a relevância da reorganização e (re)estabelecimento dos seus modelos internos dinâmicos com outras figuras significativas de afeto, para além do suporte familiar, dentro e fora da instituição (Mota & Matos, 2008, 2014; Mota et al., 2016; Nurmi, 1991).

Deste modo, o presente estudo permite acrescentar conhecimento à literatura em Portugal, na medida em que destaca o papel da personalidade na associação entre o suporte social e os objetivos de vida de jovens de diferentes configurações familiares, destacando-se uma diferença numa população ainda escassamente abordada sob este ponto de vista, como são os jovens em acolhimento residencial. Porém, fica claro o papel da personalidade enquanto facilitador do desenvolvimento de objetivos de vida, embora apenas em jovens provenientes de famílias tradicionais, sendo relevante aprofundar a importância de outros fatores no estabelecimento de objetivos de vida em jovens em acolhimento residencial, como sendo os de ordem relacional.

 

Implicações práticas, limitações e pistas futuras

Com a presente investigação pretendeu-se contribuir para o avanço do conhecimento no que concerne à associação entre o suporte social, personalidade e objetivos de vida em adolescentes de diferentes configurações familiares. Acresce a esta questão as lacunas inerentes a evidências empíricas em Portugal, que tenham como alvo jovens em acolhimento residencial, nomeadamente no que concerne à associação das variáveis em estudo. Esta investigação torna-se por isso relevante para a abordagem de aspetos do foro emocional dos jovens e implicações do suporte social no desenvolvimento de expectativas futuras. Ainda assim, pretende-se alertar para o papel relevante das instituições como elo de ligação no desenvolvimento emocional destes jovens. Neste sentido, a presente investigação surge como uma mais-valia para a desmistificação das conceções negativas que se tendem a atribuir às instituições de acolhimento. Para tal, realça-se a importância que o papel das relações afetivas acarretam no (re)estabelecimento adaptativo dos jovens. Por sua vez, espera-se que este estudo sirva como um estímulo para o desenvolvimento de projetos que poderão ser implementados nas instituições de acolhimento, de modo a incentivar os jovens adolescentes para o desenvolvimento de objetivos de vida.

Porém, não podem deixar de ser apresentadas algumas limitações inerentes à presente investigação. Assim, a dimensão da amostra parece ser uma limitação, dada a dificuldade em aceder às instituições de acolhimento, limitando também a representatividade desta população em Portugal. Trata-se de um estudo de cariz transversal, o qual não permite a estabelecer uma relação temporal entre as variáveis, tornando-se difícil verificar causualidade entre as mesmas. Destaca-se ainda o recurso a instrumentos de autorrelato, passível de enviesamento das respostas. Para finalizar, dado o ponto de partida que este estudo acarreta, torna-se pertinente enfatizar algumas pistas futuras que coadunam o seu posterior seguimento. Assim sendo, seria pertinente recorrer a estudos longitudinais, no sentido de avaliar a evolução e as transformações evidenciadas ao longo do desenvolvimento dos jovens, sendo passível verificar causualidade entre as variáveis. Para além disso, seria ainda pertinente complementar os dados recolhidos com o recurso a entrevistas realizadas com as figuras de afeto, nomeadamente, pais, amigos, professores e funcionários das instituições, de modo a perceber as implicações do desenvolvimento relacional e a personalidade dos jovens, permitindo controlar ainda fatores externos na predição dos objetivos de vida.

 

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CORRESPONDÊNCIA

A correspondência relativa a este artigo deverá ser enviada para: Catarina Pinheiro Mota, Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – UTAD, Quinta dos Prados, Edifício da Escola de Ciências Humanas e Socais – Polo I, 5000-801 Vila Real, Portugal. E-mail: catppmota@utad.pt

 

Este estudo foi parcialmente financiado pela FCT no âmbito do projeto PEst-C/PSI/UI0050/2011 e FEDER através do programa COMPETE no âmbito do projeto FCOMP-01-0124-FEDER-022714.

 

Submissão: 22/08/2015 Aceitação: 02/01/2017

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