Que viagem! …
O livro coordenado por André Carmo, Espaço, Lugar e Território - Figuras do Pensamento português Contemporâneo (Carmo, 2022) é um livro imersivo e altamente inspirador, que reúne 41 referências do pensamento português sobre esta temática, oriundos das mais diversas áreas científicas, apresentados por 45 relatores. Desde já se destaca o excelente trabalho realizado por de cada um destes relatores e pela equipa de mentoria e coordenação desta obra.
Através da sua escrita o leitor é convocado a percorrer os diversos labirintos e bastidores do espólio de pensamento português oriundo de várias áreas científicas e experiências profissionais, no desbravar desta coisa que afinal une estes protagonistas (e que nos inspiram) na abordagem das questões do espaço, dos lugares, do território!
Este livro é também um livro de Re-encontros. Desde logo entre os seus protagonistas, mas também re-encontros com referências de leituras e influencers do pensamento; com memórias; com os caminhos das ideias e com práticas profissionais. Re-encontros com os essenciais nestas matérias e com os desafios persistentes. E não há dúvida: todos os protagonistas que aqui estão valem pela sua relevância, mas também por tantos outros que nos farão lembrar, exponenciando esta matriz de re-encontros.
Este livro candidata-se, assim, a concorrer para aquele lugar de destaque de livros ESSENCIAIS! Depois de se atravessar as suas mais de 400 páginas, é desde logo, essencial , ao reunir este espólio de pensamento, que irá facilitar em muito o trabalho de quem - curioso, académico ou practioner - se quiser abalançar na construção ou re-construção dos múltiplos reencontros aqui apresentados. Mas será sobretudo essencial para quem, depois da sua leitura, quiser agarrar os desafios que este livro nos deixa!
Não são precisas muitas páginas para que ao leitor, mesmo o mais diletante, se possa instalar, desde logo, a seguinte inquietação de urgência (que só sai reforçada e consolidada com a leitura integral deste livro!): Por que é que toda esta riqueza de pensamento (persistente e tantas vezes convergente em pontos essenciais!) tem tardado tanto a ser implementada de forma consistente e generalizada?
Seria isto já razão bastante para nós, os seus leitores, devermos estar sobretudo agradecidos por este empreendimento, na expectativa que algumas das ideias aqui plasmadas - e trazidas pelos protagonistas e relatores deste livro - não demorem mais a ser consideradas na sua vanguarda, relevância, pertinência ou urgência.
No entanto, há que sublinhar alguns essenciais que atravessam estas páginas. Alguns essenciais são de relevância mais substantiva e sistemática para a abordagem dos espaços, lugares e territórios. Outros serão essenciais de natureza mais curiosa e transversal (os comuns) e não menos relevantes que os primeiros.
2. Essenciais curiosos e transversais - os Comuns na configuração de Vanguardas!
Começando por estes Comuns! Na idiossincrasia de cada um, os 41 protagonistas aqui apresentados cruzam aspetos semelhantes curiosos, aliás sinalizados desde logo na introdução deste livro.
Assim, e desde logo, (i) Reflexividade crítica; (ii) abordagens multi-inter-trans-disciplinares; e (iii) abordagens sistémicas à sua complexidade, emergem como os instrumentos básicos e como os ingredientes essenciais que encontramos em todos os seus trabalhos!
Praticamente todos os protagonistas aqui apresentados são laudados por adotarem uma reflexividade crítica na sua abordagem e construção de pensamento e por também, quase todos - eles e elas - independentemente da sua formação académica numa ou noutra área de especialidade - advogarem, adotarem, e promoverem perspetivas multi- inter- trans-disciplinares na abordagem destes objetos. Por consequência, fica aqui bastante claro e assumido que espaço, lugares e territórios não são coisa de nenhum campo de saber em particular! Antes, inspiram, apelam e convocam a intervenção de vários desses campos de saber sobretudo através de abordagens sistémicas à sua complexidade. E com este “comum” aprendemos também o quanto também é preciso revolucionar as formas tradicionais de pensar para abordar a complexidade das coisas.
A acrescentar a estes comuns podemos encontrar ainda outros que, podendo não ser tão generalizados, encontram também lugar de destaque nos ambientes de produção de conhecimento sobre estas matérias!
Na introdução deste livro encontramos também sinalizada a partilha de referências, leituras e contextos comuns ao desenvolvimento deste pensamento. Se os protagonistas retratados tanto nos inspiram, é também relevante poder viajar nas suas fontes de inspiração comuns, porque nelas reencontramos outros pensadores, mas não só! Encontramos igualmente práticas, experiências partilhadas e valores que sustentaram inquietações, dilemas, vontades e ousadias de trilhar caminhos palmilhados!
É este comum de partilha de referências, mas também de práticas, experiências e valores onde encontramos desconfortos e reconfortos no desbravar de encontros com o espaço, lugares e território. Há sempre uma inquietação que move todos estes protagonistas, vinda de onde vier! … Ou seja, através deste comum também aprendemos que estes nossos objetos inquietam, desassossegam, desafiam e não deixam quem os toca indiferentes.
Nas suas inquietações, estes protagonistas também fazem acompanhar a sua atividade de pensadores por impulsos de intervenção cívica: seja através da mera disseminação ou presença em espaços públicos de debate ou intervenção na gestão da coisa pública; seja metendo diretamente a “mão na massa”, experimentando, testando, desenvolvendo soluções; ou mesmo participando ativamente na gestão da coisa pública e em movimentos associativos e cívicos de promoção e defesas de causas.
Na sua enorme diversidade de interesses e percursos, também partilham valores: como a justiça e a ética social; o reconhecimento de assimetrias, desigualdades e contradições; a identificação e defesa de direitos; a ambição e responsabilidade de advogar o bem-estar e a qualidade de vida; o reconhecimento da agência individual, coletiva e pública no e do Espaço, lugares e territórios; e leit motivs de mudanças e transformações a entender e/ou ver acontecer. Valores, estes que apelam a um “ engagement ” e a “ compromissos ” da teoria com a ação!
Este comum, acrescenta uma agenda e uma dimensão política (latu senso) para a generalidade dos nossos protagonistas: “Espaço, Lugares e Território” não sendo objetos exclusivos de nenhum campo de saber em particular, são-nos aqui também apresentados como coisa de domínio público e coletivo, ou seja, como objetos de co-construção e co-responsabilização coletiva.
O que também aprendemos nesta viagem de comuns é que espaço, lugares e territórios são objetos intrinsecamente relacionais e vivos! Enquanto tal, instigam e acolhem relações; dão, recebem e interagem entre si e com os seus fazedores, ocupantes e utilizadores; comunicam (falam e respondem a outras falas); são irrequietos e dinâmicos; respiram de humanidade na sua essência existencial de inquietude e insatisfação, mas também de sentidos, desejos e capacidade transformadora. Aprendemos com os protagonistas deste livro que quem quer sossego e ambientes asséticos é melhor não se meter por estes caminhos!
Nesta partilha abnegada também são percetíveis momentos de vai-e-vem; momentos de “lodo” ao longo dos processos de desenvolvimento de ideias e percursos; assim como o reconhecimento do papel do tempo e da angustia do erro; e a ambição de ir mais além, de inovar nas formas de fazer e na qualidade ou surpresa dos resultados alcançados. Muitos deles de vanguarda.
Entre estes elementos de vanguarda apadrinhados por este painel de protagonistas destaca-se, desde logo, a capacidade para ousar fazer ligações improváveis e abordar temas fraturantes ou emergentes, de mãos dadas com o desenvolvimento de pensamento crítico e, amiúde, com ruturas significativas com instituídos e mainstreamings. Mas também o desenvolvimento de um olhar para ver e a abertura aos restantes sentidos e aos sentires no desbravar de materialidades e imaterialidades ou no fazer reemergir “as traseiras”, “os opacos”, os “esquecidos”, os “residuais” dos espaços e lugares. Também entre estes elementos de vanguarda, as escritas, as oralidades e/ou as práticas utilizadas na comunicação de ideias, ganham, amiúde, lugar de referência, muitas delas explorando registos de denuncia, crítica construtiva, imagética e mesmo poética.
Mas entre estes elementos de vanguarda é sobretudo de sublinhar a importância da partilha e convivências com contextos ou experiências desafiadoras que proporcionaram o reencontro direto ou em diferido de muitos destes protagonistas em torno delas, e que são identificadas como oportunidades instigadoras de ousadias e avanços relevantes em que “nada ficou como dantes”! Aqui é de realçar, por exemplo, o quanto desafiaram e uniram tantos destes protagonistas a região do Vale do Ave; a realidade dos clandestinos e da habitação de promoção pública; os projetos do SAAL e da EXPO; os exercícios de planeamento e ordenamento do território a várias escalas; ou os desafios ambientais e de sustentabilidade. Uma vez mais aqui os objetos e as próprias práticas sobre eles levadas a cabo, inquietaram instituídos, instigaram mudanças paradigmáticas; e a desafiaram trilhos de vanguarda aos nossos protagonistas.
3. Alguns Essenciais de relevância substantiva e sistemática
Este livro também nos transporta por uma viagem e uma leitura de “essenciais substantivos e sistemáticos”. É de sinalizar pelo menos quatro grandes ramos destes essenciais de relevância substantiva e sistemática. Desde logo, um largo e extenso debate em torno do intra e do inter, na configuração de relações polifónicas e de redes e espaços de outras tantas e generativas interações, sem esquecer fronteiras, muros, híbridos, centralidades, influências, fachadas, bastidores, encontros, desencontros e conflitos. Espaço, lugares e territórios são apresentados por múltiplos dos protagonistas deste livro como “paisagens sócio-ecológicas” (António Figueiredo, Fernando Pessoa, Firmino da Costa, Filomena Silvano, Isabel Guerra, José Rio Fernandes, José Mattoso, José Franco, José Reis, Luis Batista, Manuela Raposo Magalhães, Nuno Portas, Teresa Pinto Correia) todas elas a convocar vários “pluri-“ e “multi-“ dimensões na configuração da sua complexidade; nas especificidades das suas redes de interação; ou na profundeza exploratória das suas particularidades, das suas constelações virtuosas e sistémicas ou mesmo da sua “consciência poética”. O intra e o inter sempre a consubstanciar e ilustrar, das mais variadas maneiras, a natureza indelével relacional dos espaços, lugares e territórios!
Aqui podemos encontrar polifonias do intra na exploração de sociabilidades, quotidianos, memórias, narrativas, habitus, modos de ser, modos de vida e de recomposição social passiveis de nos fazer entender amiúde os espaços, lugares e territórios como coisa vivida e com vida própria (Anabela Rita, António Firmino da Costa, Filomena Silvano, Graça Índias Cordeiro, Onésimo Almeida, Paula Godinho, Teixeira Lopes, Virgílio Borges Pereira). E podemos encontrar polifonias do inter, sempre em confirmação desta vitalidade relacional, quer no debate sobre as identidades e alteridades ou no confronto entre o eu e o outro, em encontros e desencontros, aberturas à diversidade ou enquistamento em conflitos, na configuração de estereótipos, mitos, entraves ou possibilidades na afirmação destes Espaços, Lugares e Territórios (Anabela Rita, Brandão Alves, Bruno Soares, Carlos Silva, Firmino da Costa, Filomena Silvano, Fonseca Ferreira, João Ferrão, Jorge Carvalho, José Eduardo Franco, Margarida Pereira, Paula Godinho, Teixeira Lopes, Teresa Barata Salgueiro, Teresa Pinto Correia, Vítor Figueiredo, Vítor Matias Ferreira); e nas suas materialidades (António Figueiredo, Teixeira Lopes) ou dimensões mais simbólicas (Fernando Pessoa, Graça Índias Cordeiro, José Eduardo Franco). É ainda nestas polifonias do inter que o reconhecimento das diferentes escalas ganha relevância nos seus diálogos, surdezes, cacofonias, hiatos, fronteiras, muros ou rios a carecer de soluções de travessia, nas suas urgências (António Covas, Filomena Silvano, Firmino da Costa, Isabel André, João Ferrão, Jorge Gaspar, Margarida Pereira, Nuno Portas, Rosa Pires, Silva Dias, Simão Lopes, Teixeira Lopes, Teresa Sá Marques).
Um segundo ramo de essenciais de relevância substantiva e sistemática reúne campos relacionados com os sentidos, as disfunções, os valores, a ética, o tempo das coisas (ora efémero, ora estrutural na sua espessura!) e os ritmos e tempos das transformações e mudanças almejadas. Aqui Espaços, Lugares e Territórios são-nos apresentados nas suas “vitalidades orgânicas” ou “metamorfoses” de braço dado com o Tempo. Alguns protagonistas trazem a lupa da “espessura social” (António Figueiredo) para a leitura de permanências e mutações; outros, trazem-nos instrumentos tais como o de “Plano-Processo” (Costa Lobo) ou “obra-aberta” (Nuno Portas); outros, apelam e discutem o que seriam riscos ou soluções de desenvolvimentos futuros instigados por modelos de urbanidade ou de maior eficácia da ação pública e das suas políticas. Muitos (para não dizer quase todos) juntam a este debate de sentidos ambições de natureza societária (i.e. no combate a desigualdades, assimetrias, etc.), de defesa de éticas e valores (i.e. justiça social e espacial, por exemplo); e de formulação de direitos (i.e. ao lugar, à cidade, à dignidade de condições de vida). É também através deste ramo que os protagonistas deste livro apresentam argumentários, pistas e, amiúde, instrumentos para a sua exploração enquanto Espaços, Lugares e Territórios de ação individual, coletiva, através de alianças estratégicas, institucional e pública.
E por isso, não faltam neste livro inúmeros contributos, instigações e propostas em torno de um terceiro ramo, que remete para as questões da governancia, da aprendizagem e intervenção coletiva e dos “nós górdios” das paisagens e dimensões institucionais e regulatórias (António Figueiredo, Brandão Alves, Bruno Soares, Costa Lobo, Fonseca Ferreira, Isabel Guerra, João Ferrão, Jorge Carvalho, José Alberto Fernandes, José Reis, Luis Baptista, Manuela Raposo Magalhães, Margarida Pereira, Silva Dias, Simão Lopes, Soromenho Marques, Teixeira Lopes, Teresa Barata Salgueiro, Teresa Pinto Correia). Estas questões emergem quase sempre associadas aos campos de (im)possibilidades e possibilidades instaladas ao desenvolvimento dos espaços, lugares e territórios; e a propostas de desenvolvimento de coresponsabilidades e soluções colaborativas - acompanhadas de todos os “ multi- “, “co-“, e conjugadas em todos os gerúndios e plurais que possam imaginar (Bruno Soares, Costa Lobo, Isabel André, Isabel Guerra, João Ferrão, Margarida Pereira, Nuno Portas, Rosa Pires, Silva Dias, Teixeira Lopes). Espaço, Lugares e Territórios são assim apresentados como espaços acionáveis, através de aprendizagens e intervenções coletivas e públicas. É aqui que se encontram viagens pela (i) exploração de experiências coletivas do espaço, na configuração de sentidos comuns para a ação; (ii) pela noção de “Plano-Ação” (Bruno Soares); (iii) pelos caminhos da cidadania ativa através da implicação e participação no bem comum; e (iv) pelos meandros da construção de uma coresponsabilidade social em torno dos espaços, lugares e territórios.
É também a propósito desta natureza acionável que vários protagonistas deste livro partilham da noção de “plano-processo” (Costa Lobo) - na sua capacidade mobilizadora e de implicação de um leque alargado de atores na produção e gestão desses planos e dos seus recursos - ou evidenciam lacunas, ilustram potenciais e soluções e apelam ao papel das Políticas Públicas e da sua “paisagem institucional” (João Ferrão) na fabricação de espaços, lugares e territórios que se venham a afirmar no seu potencial de desenvolvimento, prosperidade e propiciadores de qualidade de vida.
Não poderá deixar de se referir a presença da discussão sobre inúmeros “ and-if… ” - a exponenciar forças ou ambições transformadoras, e, com isto um quarto ramo de essenciais de relevância substantiva e sistemática. Este livro transporta-nos também para os espaços de inovação, os lugares de intervenção transformadora, ou para os territórios de utopia, sempre acompanhados de brotos de esperança, algumas soluções e quase sempre muitas urgências na sua realização.
Os espaços de inovação emergem aqui amiúde quando bem saciados por boas redes e fontes de informação e conhecimento. Mas quem nos conduz por estes caminhos (António Figueiredo, Fernando Pessoa, Isabel André, Isabel Guerra, João Ferrão, Jorge Gaspar, José Reis, José Rio Fernandes, Manuela Raposo Magalhães, Margarida Pereira, Nuno Portas, Rosa Pires, Silva Dias, Teresa Sá Marques) também nos diz que a sua consolidação ganha força e raízes (e por isso resultados mais expressivos e promissores) quando se alia conhecimento com (i) visões sistémicas e holísticas da sua “espessura territorial, económica, social e institucional” (António Figueiredo) e sobre as ambições para seu desenvolvimento e sustentabilidade; (ii) com oportunidades de experimentação (i.e. a abertura ao learning by doing, gestão virtuosa de recursos, etc.); (iii) com o poder e a responsabilidade das Políticas Públicas (através de soluções articuladas, place-based e de proximidade); ou ainda (iv) com a implementação e desenvolvimento de sistemas de governancia colaborativa alargada - em composição de atores - e integrada - em termos de níveis e escalas de intervenção. Ou seja, através da adoção de novas formas de pensar, sentir e agir suscetíveis de alavancarem “inovação social”.
Já os espaços de utopias (que não podem ser outra coisa que não realizáveis, no entendimento de vários dos protagonistas deste livro!) apontam para a exploração de ligações improváveis, mas virtuosas e passíveis de ser encontradas na diversidade de ativos de experiências e vivências do espaço, dos lugares e dos territórios (i.e. aprendendo e ouvindo os seus silêncios, as suas falas vernaculares, a arte e criatividade que neles pulsa ou escalando soluções alternativas que não estando no mapa e nos roteiros em voga, prometem proficuidades ou a saída de impasses). Estes espaços de utopia também são apresentados como exigindo inconformismos e ousadias de rutura com o instituído e com as tendências dominantes (como o fizeram, com frutos, muitos dos protagonistas deste livro!). Exigem os tais “co-“, “multi-“ “inter-“, com todos os seus plurais e gerúndios e a coragem de neles se deixarem enovelar, em arrepio do ditame das réguas e esquadros ou da segurança das linearidades das coisas que tanto serve de conforto, mas tanto dela nos afasta!
A estes espaços de utopia , alguns chamaram “ArtistiCidade” (Graça Dias); “Espaços Socialmente Criativos” (Isabel André); “Espaços de Ação Transformativa” (Isabel Guerra) “Espaços de Coesão, Justiça e Sustentabilidade” (João Ferrão); “Cultura do Território” (Margarida Pereira); “Espaços de Autodeterminação Cívica da Apropriação” (Nuno Portas); “Construção de Sítios (em vez de construção nos sítios!)” (Vítor Figueiredo); ou ainda a grande “República Ecológica” (Soromenho Marques) - assente no principio da “casa comum” e da “unidade política entre pessoas, instituições e essa mesma casa comum”.
4. E por isto…
Como qualquer bom livro “essencial” é de crer que este vai ser um dos que, no entanto, sempre se irá desvendar ao olhar de cada leitor ou renovada leitura!
Por tudo isto, este livro não apresenta apenas protagonistas nas suas idiossincrasias de percursos e processos de produção de pensamento relevante, nem apenas utilíssimas sínteses ou referências bibliográficas para leituras complementares - embora isso seja já uma enorme mais-valia! Este livro supera-se, ao permitir igualmente uma leitura e uma viagem à volta do seus comuns e elementos de vanguarda; dos essenciais transversais; dos “ativos” de conhecimento que merecem melhor lugar que o seu arrumo numa prateleira lá de casa. Este livro desafia o leitor ao permitir aprofundar leituras cruzadas e de meta- análise, mas também ao instigar a que todos estes “ativos”, estes “comuns”, e “essenciais” sejam assumidos como tal, para investimento imediato, para utilização inteligente, para contrariarem a nossa tendência museológica ou nostálgica quando estamos perante livros desta natureza!