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Jornal Português de Gastrenterologia
versão impressa ISSN 0872-8178
J Port Gastrenterol. vol.20 no.5 Lisboa set. 2013
https://doi.org/10.1016/j.jpg.2013.04.002
ARTIGO DE REVISÃO
Peroxidação lipídica e obesidade: Métodos para aferição do estresse oxidativo em obesos
Lipid peroxidation and obesity: Methods to measure the oxidative stress of the obese pacientes plasma
Bruna Karoline Françaa,∗, Maria Rosa Melo Alvesb, Fernanda Maria Silveira Soutoa, Larissa Tizianea, Raquel Freire Boaventurab, Adriana Guimarãesb e Antonio Alves Jra,c
a Departamento de Medicina, Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão, SE, Brasil
b Departamento de Biomedicina Universidade Tiradentes (UNIT), Aracaju, SE, Brasil
c Serviço de Cirurgia Bariátrica, Hospital Universitário (HU), Universidade Federal de Sergipe (UFS), São Cristóvão, SE, Brasil
*Autor para correspondência
RESUMO
A obesidade é uma doença cada vez mais comum, cuja prevalência já atinge proporções epidêmicas, por estar associada a inúmeras doenças crônicas tem sido alvo de muitas pesquisas. O estresse oxidativo, aferido pela peroxidação lipídica no plasma, é apontado como alteração marcante na obesidade; sendo, portanto, um distúrbio que deve ser detalhadamente estudado a fim de elucidar possíveis abordagens para essa condição. O objetivo desta revisão é apresentar métodos que comprovam o aumento do estresse oxidativo na obesidade e sua influência nas comorbidades do obeso.
Palavras-Chave: Estresse oxidativo; Peroxidação lipídica; Biomarcadores; Obesidade
ABSTRACT
Obesity is an increasingly common disease, which prevalence has reached epidemic proportions, and extensive research has been done in many researches because of the association with many is associated with many important chronic diseases. Oxidative stress, measured through lipid peroxidation in plasma, has been pointed as a remarkable changing in obesity, and therefore, a disorder that should be thoroughly studied in order to elucidate possible approaches to this condition. The objective of this review is to present methods which confirm the increased oxidative stress in obesity and its influence on the comorbidities of the obese.
Keywords: Oxidative stress; Lipid peroxidation; Biomarkers; Obesity
Introdução
A obesidade é uma doença que tem alcançado proporções alarmantes em todo o mundo e é um importante fator de risco para o desenvolvimento de diversas comorbidades de elevada morbidade e mortalidade como diabetes mellitus, dislipidemia, aterosclerose, hipertensão arterial, resistência à insulina, esteatose hepática, doença hepática não alcoólica entre outras1-5. Nos pacientes obesos há diversos fatores que interferem na suscetibilidade do indivíduo à presença do excesso de lesões oxidativas contribuintes para as comorbidades. Dentre eles se destacam a hiperglicemia, a atividade muscular aumentada, os níveis elevados de lipídios teciduais, a inflamação crônica, as defesas antioxidantes inadequadas e a hiperleptinemia. Vários estudos mostram ainda, acúmulo de subprodutos da peroxidação lipídica no plasma de pacientes obesos6-8, no entanto são escassos na literatura artigos que versem sobre os mecanismos específicos envolvidos nesse processo.
A cirurgia bariátrica tem se mostrada como o método mais efetivo para o tratamento e a profilaxia das complicações causadas pela obesidade mórbida, já tendo sido bem demonstrada a eficácia e a segurança dos procedimentos cirúrgicos bariátricos em aumentar a longevidade e a qualidade de vida dos obesos mórbidos. A cirurgia é realizada para o tratamento das comorbidades relacionadas à obesidade mórbida, sendo a gastroplastia com «bypass» em Y de Roux, considerado o procedimento mais efetivo e recomendado como padrão ouro de tratamento9. Alguns trabalhos demonstram o impacto da cirurgia bariátrica sobre a redução do estresse oxidativo no paciente obeso, melhorando as comorbidades advindas do excesso de radicais livres e peroxidação lipídica existente na obesidade10.
Devido à escassez de artigos que detalhem os mecanismos relacionados às lesões oxidativas no indivíduo obeso, esse artigo possui a importância de apresentar as vias de aumento de estresse oxidativo e sua mensuração. Assim, tal fato pode permitir a realização de pesquisas futuras e a descoberta de intervenções nesses mecanismos que sabidamente predispõem às comorbidades desses pacientes.
Estresse oxidativo e lipoperoxidação
A peroxidação lipídica constitui uma reação em cadeia dos ácidos gordos polinsaturados das membranas celulares, gerando radicais livres que alteram a permeabilidade, fluidez e integridade das mesmas11,12. Esses danos celulares, que se encontram aumentados nos indivíduos obesos, predispõem às comorbidades já citadas, como hipertensão arterial sistêmica, dislipidemia, eventos tromboembólicos, diabetes mellitus, além de neoplasias13-16.
No entanto, a geração de radicais livres constitui um processo contínuo e fisiológico. Eles são necessários para que funções como a sinalização celular e a defesa contra micro-organismos ocorram de maneira adequada. Durante os processos metabólicos, esses radicais atuam como mediadores para a transferência de eletrões nas várias reações bioquímicas. Porém, a produção excessiva pode conduzir a lesões oxidativas17. Estes radicais livres, cujo eletrão desemparelhado se encontra centrado nos átomos de oxigênio ou nitrogênio são denominados espécies reativas de oxigênio (ERO) e espécies reativas de nitrogênio (ERN), respectivamente18,19 (fig. 1).
As ERO são produtos instáveis, decorrentes da redução tetravalente sofrida pela molécula de oxigênio, aceitadora final de eletrões, durante a produção de energia na etapa de fosforilação oxidativa20 (fig. 1). As principais ERO distribuem-se em 2 grupos, os radicalares: hidroxila (HO), superóxido (O2−), peroxila (ROO) e alcoxila (RO); e os não-radicalares: oxigênio, peróxido de hidrogênio e ácido hipocloroso. Dentre as ERN incluem-se o óxido nítrico (NO), óxido nitroso (N2O3), ácido nitroso (HNO2), nitritos (NO2−), nitratos (NO3−) e peroxinitritos (ONOO−)21. Enquanto alguns deles podem ser altamente reativos no organismo atacando apenas lipídios, outros são reativos com esses e com proteínas e DNA. Na tabela 1 estão representadas algumas características das espécies radicalares mais importantes.
A produção contínua de radicais livres durante os processos metabólicos culminou no desenvolvimento de mecanismos de defesa antioxidante, que têm o objetivo de limitar os níveis intracelulares de tais espécies reativas e controlar a ocorrência de danos decorrentes17.
A instalação do processo de estresse oxidativo decorre da existência de um desequilíbrio entre compostos oxidantes e antioxidantes, em favor da geração excessiva de radicais livres ou em detrimento da velocidade de remoção desses. Tal processo conduz à oxidação de biomoléculas com consequente perda de suas funções biológicas e/ou desequilíbrio homeostático, cuja manifestação é o dano oxidativo potencial contra células e tecidos22.
Os antioxidantes, sejam naturais ou sintéticos, possuem elevada estabilidade oxidativa em função de sua estrutura molecular e, por isso, desempenham papel fundamental na prevenção da oxidação resultante da ação dos radicais livres23. Os sistemas antioxidantes existem sob a forma de compostos enzimáticos e não enzimáticos. O sistema antioxidante enzimático inclui a superóxido dismutase (SOD), glutationa peroxidase (GSH-PX), glutationa redutase (GSHRd) e a catalase (CAT). Estas enzimas são responsáveis pela remoção do ânião superóxido (O2 −), hidroperóxidos orgânicos e peróxido de hidrogênio (H2O2), respectivamente19,24. Já o sistema antioxidante não enzimático relaciona-se com um grupo de antioxidantes que podem ser congregados em compostos produzidos in vivo, como é o caso da glutationa, da ubiquinona e do ácido úrico, e em compostos obtidos diretamente da dieta tais como o a-tocoferol (vitamina-E), b-caroteno (pro-vitamina-A), ácido ascórbico (vitamina-C), e compostos fenólicos onde se destacam os flavonoides e poliflavonoides20,26. Na tabela 2 estão representados os antioxidantes enzimáticos e os antioxidantes não enzimáticos.
O desequilíbrio entre os sistemas antioxidante e pró-oxidante, com predomínio da ação oxidante e dano consequente, resulta no estresse oxidativo23,25-27. Este promove alterações como peroxidação lipídica, fragmentação de DNA e oxidação de diferentes moléculas, levando à morte celular17. Alguns estudos têm demonstrado métodos capazes de quantificar os níveis de estresse oxidativo no plasma12,13,15.
Obesidade e estresse oxidativo
Os pacientes obesos comumente possuem um desequilíbrio entre gordura, peso corporal, lipoproteínas e lipídios, o que interfere na suscetibilidade do organismo a lesões oxidativas.
Sabe-se que existem pelo menos 3 mecanismos através dos quais a obesidade pode produzir peroxidação lipídica28. A obesidade aumenta a necessidade metabólica do miocárdio, com o consequente aumento do consumo de oxigênio. Com isso, a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) como os superóxidos e os peróxidos de hidrogênio aumenta devido à maior respiração mitocondrial. Se a produção dessas espécies de oxigênio exceder a capacidade antioxidante da célula, o estresse oxidativo pode ocorrer, resultando emperoxidação lipídica29. O segundo mecanismo através do qual a obesidade pode aumentar a peroxidação lipídica é através da lesão celular progressiva e cumulativa devido à pressão pela grande massa corporal. A injúria celular, por sua vez, libera citocinas como o fator de necrose tumoral que gera espécies reativas de oxigênio30. Um último mecanismo proposto é que através de uma dieta hiperlipémica se altere o metabolismo do oxigênio, pois as moléculas dos ácidos gordos com duplas ligações são vulneráveis a reações oxidativas e consequentemente podem levar a peroxidação lipídica31.
Em crescente discussão na literatura é a hipótese de que a obesidade «per se» causa aumento da peroxidação lipídica plasmática e diminuição das enzimas citoprotetoras eritrocitárias32. O estudo de Olusi (2002), com o objetivo de confirmar essa hipótese, avaliou a peroxidação lipídica e a citoproteção eritrocitária através da medida das concentrações plasmáticas do malondialdeído (p-MDA) e da atividade das enzimas superóxido dismutase (SOD) e glutationa peroxidase (GPX) em pacientes obesos sem outras comorbidades. Esse estudo chegou à conclusão que a obesidade, mesmo não associada ao tabagismo, à diabetes mellitus, à hipertensão arterial, à hiperlipidemia, a doenças renais ou hepáticas está relacionada ao aumento da peroxidação lipídica e à diminuição da atividade de enzimas citoprotetoras, e deve, portanto, receber a mesma atenção que a obesidade associada a complicações28. A consequência de uma baixa atividade de enzimas citoprotetoras é o dano celular progressivo que pode levar a aterosclerose, ao cancro e a outras doenças.
Diversas medidas como intervenções farmacológicas e cirúrgicas, prática de atividades físicas para redução do peso, restrição calórica e mudanças comportamentais têm sido propostas para o tratamento da obesidade e consequente redução do estresse oxidativo. Terapia com antioxidantes, desde que em dose e tempo de tratamento adequado, também parece válida. Todas essas intervenções favorecem a perda de peso que se associa a uma redução na produção de espécies oxidantes e a uma melhor capacidade antioxidante, favorecendo uma redução dos fatores de risco e uma melhoria das comorbidades33.
Em crescente destaque encontra-se a cirurgia da obesidade, tendo em vista o número crescente de obesos e a efetividade das técnicas cirúrgicas em melhorar as comorbidades associadas e em aumentar a qualidade de vida33,34. Alguns estudos têm sido realizados com intuito de comprovar as melhorias promovidas pela cirurgia bariátrica na obesidade e em suas comorbidades decorrentes do estresse oxidativo. Estudo com pacientes do serviço de cirurgia bariátrica no Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS) submetidos à cirurgia de «bypass» gástrico analisou o perfil lipídico dos indivíduos antes e após a cirurgia bariátrica. Como resultado, houve uma melhoria após o procedimento, sendo a maior redução constatada nos níveis médios de triglicerídeos (32,0%), além de um aumento do colesterol associado à lipoproteína de alta densidade (HDL)33. Outro estudo, realizado na mesma instituição, avaliou o impacto da cirurgia bariátrica sobre o risco de evento cardiovascular em obesos através do escore de Framingham, que foi calculado antes e após 6 meses de cirurgia. Os resultados foram significativamente diferentes, sendo que o risco de Framingham, o colesterol total, o HDL e a pressão arterial obtiveram valores melhores quando comparados ao pré-operatório, comprovando que a cirurgia bariátrica reduz o risco de ocorrência de evento cardiovascular em pacientes obesos40. Além destes benefícios, a análise da fibrose hepática antes e após a cirurgia bariátrica através do NAFLD Fibrosis Score comprovou que há redução no grau de fibrose hepática dos pacientes submetidos à gastroplastia35.
Estudo desenvolvido pelo Departamento de Cirurgia da Universidade Federal do Paraná acompanhou 50 pacientes com obesidade mórbida e portadores de doença hepática não-alcoólica durante o período de 1 ano após terem sido submetidos à gastroplastia com «bypass» em Y de Roux. O trabalho comprovou a melhora significativa da doença hepática não alcoólica, cuja fisiopatologia envolve o aumento do estresse oxidativo presente no obeso10.
Métodos para aferição da peroxidação lipídica
Os estudos acerca da avaliação do estresse oxidativo vêm adquirindo relevância significativa, pois os marcadores oxidativos desempenham fundamental papel na gênese de enfermidades crônicas degenerativas. Assim, são importantes ferramentas que possibilitam o planejamento de ações eficazes no controle e prevenção de tais doenças35.
Atualmente, no entanto, não há consenso sobre qual o método mais útil, mais confiável, mais acurado ou específico para os diferentes tipos de dano oxidativo36. Enquanto os trabalhos de sistematização prosseguem, é útil conhecer os principais marcadores e os métodos mais utilizados para sua quantificação.
A deteção direta das ERO em sistemas biológicos é dificultada pelas suas concentrações extremamente baixas (da ordem de 10−11M) e pelas suas altas velocidades de reação, chegando ao ponto de as taxas de produção serem iguais às taxas de reação com biomoléculas35. Os subprodutos das ERO podem ser aferidos diretamente por técnica de ressonância paramagnética de eletrões, porém o custo e outras limitações desta avaliação dificultam seu uso regular38.
Os métodos mais utilizados para aferição indireta das ERRO e, consequentemente, das lesões oxidativas são os espectrofotométricos e cromatométricos, que medem a atividade enzimática (superóxido dismutase - SOD, catalase, glutationa peroxidase - GSH-Px e glutationa redutase - GSH-Rd) e/ou a concentração de tripeptídeos (glutationa reduzida - GSH) e aldeídos (malondialdeido - MDA). Estas medidas podem ser realizadas em tecidos, sangue e outros fluidos. A lipoperoxidac¸ão de membranas é habitualmente monitorada pelo método do MDA (malondialdeido) e o estresse oxidativo, por dosagens de GSSG (forma oxidada da glutationa) e/ou pelo cálculo da razão GSSG/GSH26.
Esses métodos baseiam-se no uso de biomarcadores que, segundo Zwart et al. 29 e LaBaer39, possuem características passíveis de avaliação e mensuração, como indicadoras de processos biológicos normais, processos patogênicos ou de resposta farmacológica a uma intervenção terapêutica. Como tal, refletiriam mudanças em sistemas biológicos relacionadas à exposição ou aos efeitos de xenobióticos, ou outros tipos de fatores, como os relacionados a doenças.
Os marcadores de peroxidação lipídica são classificados em primários (os hidroperóxidos lipídicos) e secundários, que derivam da b-ruptura dos hidroperóxidos lipídicos. As principais metodologias utilizadas para a avaliação da lipoperoxidação oxidativa em sistemas biológicos medem a formação de produtos gerados durante as diferentes fases deste processo. Portanto, é importante utilizar as várias técnicas disponíveis, pois a sua escolha dependerá do propósito do investigador, ou seja, da fase do processo de LPO que se pretenda avaliar A tabela 3 exemplifica alguns biomarcadores para doenças selecionadas39.
Malondialdeido
O malondialdeido (MDA) é um biomarcador, produto secundário da peroxidação lipídica, derivado da-ruptura de endociclização de ácidos gordos polinsaturados, tais como ácido linoléico, araquidônico e docosahexaenóico20,40. Ele é considerado, atualmente, um candidato potencial para ser escolhido como um biomarcador geral de lesão oxidativa em plasma26,27.
O método introduzido por Yagi (1976) tem sido amplamente utilizado. O princípio deste método consiste na reação do MDA com o ácido tiobarbitúrico (TBA), formando como produto um cromógeno de cor rosa fluorescente capaz de ser detectado através de leitura espectrofotométrica e cuja absorção ocorre em l de 532nm e fluorescência em 553nm37,39.
Apesar de sua simplicidade e facilidade de execução, o teste do TBA não é específico para o malondialdeido, reagindo com uma ampla variedade de compostos como açúcares, aminoácidos, proteína, aminas e bilirrubina. Por este motivo é também denominado teste das substâncias que reagem com o ácido tiobarbitúrico (Thiobarbituric Acid-Reactive Substances - TBARS)35,41.
O teste de TBARS, apesar de sabidamente inespecífico, ainda apresenta ampla aplicação devido, especialmente, à sua facilidade de execução e baixo custo em comparação aos demais métodos. A possibilidade de reação do TBA com substâncias intervenientes tem como consequência superestimar a extensão do processo de peroxidação lipídica, decorrente da detecção não só do malondialdeido, mas também de compostos interferentes. Assim, uma adaptação relevante de tal técnica consiste em associá-la com a separação do composto malondialdeido-TBA (MDA-TBA), por meio de técnicas cromatográficas22,41,42.
Alguns estudos referem o uso do método de avaliação do estresse oxidativo pelo TBARS em obesos. No Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, realizou-se estudo em indivíduos obesos em pré-operatório de cirurgia bariátrica para quantificação da lipoperoxidação plasmática utilizando o MDA como marcador (técnica de análise da formação de substâncias reativas a TBARS). Neste estudo, foram analisados 22 indivíduos de ambos os gêneros, distribuídos em grupo obesidade e controle. Como resultado, o nível médio de MDA foi estatisticamente superior no grupo obesidade (p = 0,04), permitindo inferir aumento da produção de espécies reativas de oxigênio e maior estresse oxidativo em obesos6.
Sobre o efeito da dieta restritiva e da perda de peso na geração das ERO, outro estudo concluiu que a concentração plasmática de TBARS diminuiu 87,9±5,8% no grupo obeso na quarta semana de dieta43. Em pesquisa experimental com ratos Cani et al. observaram que os animais tratados com dieta hipercalórica apresentaram concentração de TBARS significativamente mais elevada que o grupo controle44.
Detecção do 4-hidroxinonenal
O 4-hidroxi-2-nonenal (HNE), um aldeído insaturado, é o produto quantitativamente mais importante da degradação peroxidativa de ácidos graxos ômega 641.
Mais recentemente, a quantificação de HNE no plasma passou a ser realizada com pentafluorobenzil-hidroxilamina para formar o derivado pentafluorobenziloxima, que é analisado por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas com ionização química negativa (GC/NICI-MS) usando HNE deuterado como padrão interno. Nesse método, apesar de haver um aumento significativo na recuperação de HNE do plasma (60-80 versus 8%), sua concentração permanece, ainda, mais baixa do que a de outros aldeídos marcadores de peroxidação lipídica, devido, provavelmente, à ligação aos grupos sulfidrila ou amina de proteínas42,45, sendo motivo de crítica. Um problema adicional é que o HNE pode ser gerado durante as fases de armazenamento, extração e análise, produzindo resultados erroneamente elevados5,12.
Detecção dos isoprostanos (8-epi-prostaglandina 2a,8-epi-PGF2a)
Outro método de avaliação do estresse oxidativo baseado na oxidação lipídica, consiste na aferição dos isoprostanos, compostos derivados da ação de radicais livres sobre os ácidos graxos polinsaturados35,46-49. Os isoprostanos pertencem à família dos eicosanoides, de origem não enzimática e são produzidos pela oxidação do ácido araquidônico. Inicialmente, são formados nos fosfolipídios da membrana celular e depois liberados para os fluidos biológicos pela fosfolipase37. Ao contrário do que ocorre com os hidroperóxidos lipídicos (produtos primários da peroxidação lipídica), que se decompõem rapidamente nos fluidos e tecidos humanos, F2-isoprostanos são produtos secundários da peroxidação lipídica quimicamente estáveis podendo, inclusive, ser dosados na urina. Essa estabilidade é a razão pela qual a sua quantificação desperta interesse, com o aparecimento de muitos protocolos para sua análise. Além disso, são produtos específicos da peroxidação lipídica, estando presentes em quantidades detectáveis em todos os fluidos biológicos e tecidos, sua formação aumenta drasticamente em modelos animais de dano oxidativo44. Como MDA, ele é, também, considerado um candidato potencial para ser escolhido como um biomarcador geral de dano oxidativo no plasma.
Entre as técnicas empregadas para detecção de isoprostanos destacam-se os radioimunoensaios (radioimmunoeassays - RIA), os imunoensaios enzimáticos (Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay - ELISA) e as técnicas cromatográficas (separação) associadas à espectrometria de massa (detecção) (GC-MS). A aplicação de técnicas imunológicas, na aferição de 8-iso-PGF2a tem limitada especificidade, decorrente das possíveis reações cruzadas com outros prostanoides. A GC-MS tem boa especificidade, no entanto, consiste em uma técnica onerosa e, consequentemente, de difícil execução em estudos populacionais20,33,47. Assim, os métodos radiométricos e imunológicos são mais utilizados37,50.
A aferição de isoprostanos pode ser realizada em fluidos biológicos, soro e plasma sanguíneo e urina, sendo que a utilização de urina tem maior aplicabilidade.
Hidrocarbonetos: etano e pentano
A quantificação de compostos voláteis constitui em outra técnica de aferição da oxidação lipídica. Entre tais compostos destacam-se, além dos isoprostanos e aldeídos, os hidrocarbonetos: etano e pentano. Estes 2 últimos são formados mediante peroxidação lipídica dos ácidos graxos polinsaturados da série ômega 3 e 6, respectivamente. Os hidrocarbonetos são os mais voláteis e dessa forma são os mais frequentemente utilizados35,51-53.
A aferição baseia-se na concentração de hidrocarbonetos exalados no ar expirado. Existe uma grande variedade de técnicas para tal propósito, estas variam em relação à forma de coleta, armazenamento e processamento das amostras. Como decorrência desta falta de padronização, ocorre relevante variação entre os resultados provenientes de diferentes estudos. A análise das amostras, usualmente, se dá por meio de GC. Apesar da grande variedade de técnicas, as limitações são comuns e convergem para o fato da contaminação das amostras com a presença de etano e pentano no ambiente52.
Sugere-se que a aferição do etano tenha maior viabilidade em predizer a peroxidação lipídica, entre as causas destaca-se o fato do etano ser metabolizado em menor extensão que o pentano, ser menos solúvel em tecidos, exibir menor coeficiente de variação diária na sua taxa de exalação e, ainda, sofrer menor influência de fatores intervenientes na sua taxa de exalação53.
Teste do alaranjado de xilenol (xilenol-orange)
Os hidroperóxidos são produtos primários da peroxidação dos AGPI55, daí a importância da sua medida, uma vez que a maioria dos métodos avalia seus produtos de degradação. Um dos métodos utilizados para se determinar a concentração de hidroperóxidos em amostras biológicas é aquele que utiliza o xilenol-orange. Este método baseia-se no princípio de que os hidroperóxidos oxidam ferro II a ferro III, o qual reage com o xilenol orange, produzindo um cromóforo que tem absorção máxima em 560nm55. Os resultados são relativamente reprodutíveis e o método pode ser usado para a determinação de hidroperóxidos em fase aquosa e lipídica56. É um método simples, que não exige equipamentos sofisticados, porém é inespecífico, pois pode sofrer interferências de diversas substâncias presentes no plasma sanguíneo.
Cromatografia líquida de alta eficiência com detecção por quimiluminescência
O método de CLAE com detecção por quimiluminescência tem sido bastante utilizado na mensuração específica de hidroperóxidos lipídicos54,56,57,45,58,59. Utilizando este método é possível a quantificação de hidroperóxidos presentes em amostras biológicas, sem interferências de outras biomoléculas.
Esse método tem demostrado alta sensibilidade, podendo-se detectar níveis abaixo de 10 nmol/L, dependendo da qualidade do detector.
Cromatografia líquida de alta eficiência acoplada à espectrometria de massas
O uso da técnica de cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (CLAE-EM) para a análise de amostras biológicas é recente, tendo havido importante avanço na última década.
Uma das vantagens mais importantes desta técnica é permitir a separação, quantificação e elucidação estrutural das substâncias presentes na amostra, de maneira contínua, sem a necessidade de purificação ou derivatização prévias, permitindo análise muito mais rápida e eficiente. Outro ponto importante é a possibilidade de se analisar substâncias não voláteis ou termolábeis, o que seria difícil em outras técnicas como a cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas60.
A técnica de CLAE-EM tem sido utilizada em diversos trabalhos na análise de derivados lipídicos e seus produtos de oxidação60-65 e representa o que há de mais avançado em técnicas de detecção e caracterização qualitativa e quantitativa de biomoléculas em matrizes biológicas. Além disso, os resultados obtidos por esta técnica apresentam elevadas especificidade e sensibilidade.
Dosagem de ácidos hidroxieicosatetranóicos
Os ácidos hidroxieicosatetranóicos são derivados da oxidação do ácido aracdônico e os ácidos hidroxioctadecanóicos (HODE), resultantes da oxidação do ácido linoléico66.
Estes compostos já foram encontrados aderidos à placa aterosclerótica e cogita-se que sua presença está associada a placas instáveis e sujeitas à ruptura67.
A presença destes compostos pode ser determinada, após a extração da fração lipídica do material a ser analisado, por técnicas de cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE).
Conclusão
A obesidade tem prevalência mundial crescente e a análise de fatores que participam na fisiopatologia das comorbidades tem elevada importância. Nesse sentido, o estudo do estresse oxidativo nos obesos tem papel fundamental. Tal atitude pode balizar medidas futuras para prevenir o surgimento dessas doenças, bem como colaborar no tratamento.
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Agradecimentos
Agradecemos ao Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) da Universidade Tiradentes (UNIT) e ao Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Sergipe pelo apoio para desenvolvimento dessa linha de pesquisa acerca da aferição e comprovação dos elevados níveis de estresse oxidativo na obesidade.
Conflito de interesses
Os autores declaram não haver conflito de interesses.
*Autor para correspondência
Correio eletrónico: bpfranca@yahoo.com.br (B.K. França).
Recebido a 28 de junho de 2012; aceite a 14 de abril de 2013